Os sete filhos da rainha escrita por Florrie


Capítulo 14
13




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Ela estava distraída observando o quão perto Margaery estava de Gendry. Imaginando o que exatamente aquela Tyrell sussurrava para o seu irmão. Pensando que até mesmo Jon estava rindo do que quer que ela tenha falando. Bella não notou a gritaria – plebeus gritam –, mas a princesa deveria ter notado que algo estava errado.

Ela então ouviu o grito de Joffrey e tudo se tornou uma loucura.

Xingamentos e maldições começaram a ecoar nas ruas e de uma hora para a outra o povo que aclamava o seu pai, começou a ofender a sua mãe. A chamaram de puta, rameira, bruxa e também de fode irmãos. Incestuosa, uma mulher gorda gritou logo ao seu lado.

Todos sabem... Era um homem gritando?... Fode o irmão... Ou talvez uma mulher... Crias do incesto... Bella olhou para a mãe que parecia horrorizada com o que estava acontecendo. Eles estavam avançando pela a Via Lamacenta para então virar no estreito Gancho e começar a subida da Colina de Aegon.

Algo tocou sua perna e Bella soltou um grito.

Um homem robusto ergueu uma criança desnutrida ao seu lado e foi olhando diretamente nos seus olhos que gritou:

– Onde está a comida que o Rei prometeu? – Ele havia perguntando a ela? Bella não sabia; pouco lhe importava tais questões. Mas eu sei que meu pai dá comida e também aquela noivinha ridícula de Gendry, do que eles estão reclamando?

O homem começou a encarar o seu busto, o meu colar, e então passou os olhos para todas as outras jóias que lhe serviam de adorno. Seu rosto retorceu em repudio e ele apertou o corpo da criança nos seus braços.

Outro grito de Joffrey. Bella então olhou irritada para o irmão, pare de atiçá-los, foi então que percebeu o rosto dele sujo com algo que poderia ser lama ou esterco. Parte dos seus fios dourados estava marrom e seus olhos brilhavam de raiva.

– Pegue Cão, pegue quem fez isso, corte-lhe a mão e depois a cabeça. – mais xingamentos. – Cem dragões de ouro para quem me entregar o homem que fez isso! – gritou. - Cem dragões para quem o denunciar.

– Deixe isso para lá Joff. – Mya pediu em meio aos gritos.

Aquilo elevou o caos, homens e mulheres se empurravam e gritavam barbaridades umas para outras e também em direção da corte. Uma criança, provavelmente assustada com o tumulto, correu desgovernada e acabou de ir a encontro com o cavalo de Joffrey. Seu irmão gritou irritado e seu cavalou acabou por pisotear a criança. Ela está morta, e foi nesse momento que ela soube que tudo estava perdido. O barulho cessou por alguns instantes e todos observam o sangue do garoto formar uma poça no chão. Deuses não.

O grito de uma mãe desesperada foi tudo o que precisou para que as ofensas voltassem e se tornassem ações. “Bastardo” gritaram “Monstro Bastardo”. Outras pessoas lançavam nomes como “Puta” ou “Fode irmãos” para sua mãe provavelmente, mas ela sentiu como se tivesse sido direcionada a sua pessoa. “Aborto” isso tinha sido para o seu tio, “Monstro”.

Ela viu quando o Alto Septão foi arrancado do seu cavalo e dilacerado por homens e mulheres. A visão lhe causou nojo e repulsa. Bella também viu quando seu tio Tyrion deu um tapa no traseiro do cavalo de Gendry e esse junto com o Rei e com sua noivinha correram para longe. Ela ficou para trás. Os cavaleiros que a defendiam tinham sido derrubados de seus cavalos e pisoteados pela a multidão em fúria.

Deuses.

– Cria de incesto. – Gritou alguém ao seu lado. Eu sou filha do meu pai seu idiota, basta me olhar. Até mesmo aqueles ignorantes podiam ver isso.

Eles não querem ver. Era como um incêndio, alguém tinha acendido uma fagulha e agora o fogaréu seguia na direção do vento. Eles não estão pensando, não passam de animais seguindo seus instintos, instintos de violência.

Eles querem sangue.

E no momento em que caiu do cavalo ela soube que eles teriam o dela.


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– BELLA.

Seu cavalo corria em toda velocidade. Tinha consciência que havia atropelado uma meia dúzia de pessoas, mas todos estavam loucos, gritando obscenidades, tentando lhe tirar do cavalo para então cortar sua garganta.

– BELLA. – Ele podia ver sua mãe com Edric, Joffrey e Myrcella correndo logo atrás. Mya estava ao lado de Jon e Sor Arys acabara de cortar o braço de um homem que tentou lhe parar. – BELLA. Ele não estava vendo sua gêmea.

Seu coração bateu tão forte que chegou a doer. Ele precisava vê-la sã e salva, precisava, ou senão seria capaz de morrer.


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Ela correu.

Sansa não saberia dizer quando foi que ela e Cerenna foram derrubadas dos cavalos, mas sabia que suas pernas só tinham decidido se mover quando ela viu o corpo de Jory Cassel todo ensangüentado jogado perto de um esgoto a céu aberto.

Ela correu o máximo que pôde sem entender por que faziam aquilo. O que ela tinha feito? Nunca foi má com nenhum plebeu. Seus soluços se tornaram mais altos e ela acabou por soltar um grito de horror quando sentiu o braço de um homem lhe puxar para um beco, nesse momento ela já tinha perdido Cerenna de vista.

– Por favor, não.

Não era apenas um homem, constatou, eram três. Todos sujos e feios. Ela chorou e gritou, rezou para que os Deuses lhe salvassem, para que seu cavaleiro de armadura aparecesse.

– Olhe a puta, cheia de jóias.

Eu não sou uma puta. Quis responder.

O que a agarrava a soltou der repente e então agarrou suas pernas. Oh não, por favor não, eles não iriam fazer aquilo, eles não podiam fazer aquilo.

– Parem, parem. – Gritou.

Eles riram.

Não. Por favor, não.

Ele rasgou metade do seu vestido e apertou suas pernas. Por favor, por favor, não.

Ela rogou pelos os irmãos, pelo o pai e pelo seu prometido. Pela a primeira vez que chegou a Porto Real desejou estar em Winterfell. Lá não tinha as mesmas belezas e encantos da capital, não havia bailes ou cantores a cada quinzena, nem príncipes ou princesas, mas ela sabia que em meio ao frio da sua terra natal estava segura. Podia correr pelos campos com Jeyne Poole e nenhum homem lhe faria mal algum.

Robb estaria vigiando com Theon, Arya estaria jogando com Bran e eu estaria com Jeyne sussurrando segredos e confissões. Ela quis então voltar, eu quero Winterfell, eu quero a neve e as vestes pesadas de pele.

– SANSA.

Ela conheceu aquela voz. Os homens olharam para trás, nesse breve instante ela viu Cerenna apoiada em um rapaz bonito de olhos azuis e também viu outro homem, grande e horrendo, mas que com uma mão quebrou o pescoço de um de seus agressores para logo depois cortar a cabeça do segundo com a espada.

Agora livre do aperto daquelas mãos imundas, a garota se arrastou para trás chorando. Seu rosto devia estar inchado e seus olhos vermelhos. As mãos não paravam de tremer e a voz não ultrapassava sua garganta.

– Mate-o. – Ela ouviu Cerenna dizer.

O Cão – ela reconheceria aquela viseira em qualquer lugar – cortou a barriga do terceiro homem deixando que seus órgãos internos caíssem no chão.

Ela queria vomitar.

– Deuses, Sansa. – A loira correu até ela, tinha um corte na testa e seus cabelos, antes perfeitamente alinhados, agora não passavam de uma confusão de fios. – Está tudo bem agora.

Os gritos continuavam do lado de fora daquele beco. Gritos de ódio e desprezo. Não estamos bem.

– Ninguém vai te machucar agora. – Eles vão, eles vão.

– Eles... Eles lhe...? – As palavras morreram na sua boca.

– Tentaram. – Ela respondeu e então olhou para o rapaz. – Ele me salvou... Ainda não perguntei o seu nome. – Ela notou que as mãos de Cerenna tremiam e sua voz parecia fraca e inconstante, muito diferente da garota atrevida que rondava a Fortaleza Vermelha.

– Daemon Sand.

O rapaz respondeu.

– Cerenna Lannister.

A loira então lhe abraçou e ela sentiu o corpo encolher.

– Não se preocupe, estamos salvos... Nós duas... Nada de ruim vai acontecer... – Sansa não sabia dizer se essa ultima parte Cerenna disse para ela ou para si mesma.


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Ela se mataria antes de deixar aquele homem imundo lhe tocar.

Bella não deixaria que algum homem a arrastasse pelas as ruas como haviam feito com Lollys. Pobre Lollys. Um grupo de pelo menos uma dezena de homens a havia carregado por uma ruela, a princesa viu quando rasgaram parte de suas vestes e até ouviu seus gritos antes que eles fossem abafados por todas as outras vozes. A princesa se recusava a ter o mesmo destino. Prefiro a morte.

Se ao menos tivesse uma faca para se matar.

Não hesitaria em corta a garganta.

O homem avançou sobre ela e Bella sentiu as costas baterem contra a parede. Ela o chutou e o esmurrou o quanto pôde, filho da puta, ela gritou em algum momento, o Rei vai lhe cortar em pedacinhos, a ameaça não surtiu qualquer efeito.

– Você não pode ter ela só para você. – Gritou um segundo homem.

– Eu peguei primeiro. – O velho imundo gritou de volta.

– Eu não sou algo que você pega. – Ela respondeu irada e então cuspiu na cara dele.

Os olhos do velho ficaram negros. Ele levantou sua mão pesada e bateu contra o seu rosto, sua bochecha logo começou a formigar e ela soube que ali ficaria uma marca. Se eu viver o suficiente. Algo que provavelmente não aconteceria.

Ninguém iria salvá-la. Ela tinha visto Sor Preston Greenfield caído em uma poça de sangue. Era ele que a tinha visto sendo derrubada, era ele que sabia onde ela estava. Agora não havia mais esperanças.

Sentiu o vestido ser rasgado e sentiu as lagrimas se acumularem no rosto. Tenham misericórdia de mim e me matem agora, eu imploro.

Ela fechou os olhos e esperou que os Deuses lhe ouvissem.

E eles ouviram.

– Um estuprador não merece nada mais do que a morte.

O velho foi arrancado para longe dela e então uma lamina atravessou o seu peito. Bella assistiu sua boca esguichar sangue e seus braços tremerem. O segundo homem, aquele que tinha reclamado com o velho, tentou correr, mas logo foi pego e em pouco segundo teve a garganta cortada.

As lagrimas não paravam de cair.

– Cheguei tarde demais? – Aquilo tinha sido uma pergunta, certo?

– Não, chegou bem a tempo.

Ela finalmente olhou o seu rosto e imediatamente o reconheceu. Cabelos escuros e olhos de víbora. Seu salvador era o príncipe Oberyn Martell. Ela quase sorriu.

– Obrigada. – Ela estava soluçando.

– Só um monstro deixaria uma moça ser estuprada, ainda mais uma princesa. – Ela tirou sua capa e jogou ao redor dos seus ombros. – E só um monstro deixaria impune o covarde que praticou hediondo crime.


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– Fode irmãos. – O rei repetiu baixinho ao seu lado. Ned sentiu um arrepio na espinha. O tumulto tinha ficado para trás e parte da corte já estava em segurança dentro da Fortaleza. – Fode irmãos.

– Pare de pensar nisso Robert.

A Senhora Tanda começou a gritar pela a filha, a mulher estava enlouquecida e ninguém conseguia acalmá-la.

– Eles... – O amigo então olhou para Joffrey. O garoto loiro e esbelto estava praguejando, dizendo que todos deveriam ser mortos, enforcados em praça publica para servir de exemplo. Metade do seu rosto continuava sujo. – Ele não se parece nada comigo.

Eddard sentiu o olhar da Rainha sob ele e Rei. Sentiu a fúria.

– Nem ele e nem Myrcella e Tommen. Todos os bastardos que conheci nasceram com minhas cores.

– Pare de pensar nisso, - repetiu – Sua filha está desaparecida Robert. Bella, a prometida de Robb, precisa mandar guardas para encontrá-la, - e pelos Deuses, sua Sansa também estava lá, - Sansa também desapareceu, - seu coração afundava só de pensar no que poderia ter acontecido.

Sansa era tão inocente e sonhadora.

Arya estava aos prantos junto com Bran e Jon parecia prestes a derramar algumas lagrimas. A pequena Myrcella também chorava abraçada com Gendry, e este parecia estar prestes a explodir. Tyrion Lannister desceu do cavalo e gritou:

– Quem ainda está lá fora?

– Minha filha. – Chorou a Senhora Tanda. – Alguém tem que voltar e trazê-la.

– Sor Preston e Aron Santagar ainda não regressaram. – Disse Sor Boros.

– Sansa, - Jon relatou enquanto abraçada Arya, - ela não está aqui.

– Meu tio, Príncipe Oberyn e também seu escudeiro Daemon Sand, - A voz da princesa dornesa lembrou a todos que haviam visitantes. A comitiva dornesa tinha se juntado em um dos cantos do pátio e sussurram coisas entre si.

– Cerenna também não está aqui e... – Mya começou, mas foi logo interrompida.

– Bella... Onde está Bella? – A voz da Rainha soou alta e chamou a atenção de todos.

– Ned, eles a chamaram de...

– Maldição Robert, - não se conteve e acabou falando mais alto do que deveria - a minha filha e a sua filha estão perdidas naquela multidão. Foque no que é importante agora, você é um Rei, aja como tal.

Cersei Lannister se aproximou furiosa.

– Mande todos os homens que estiverem à disposição Robert... Mande todos os malditos homens e traga a nossa filha de volta.

Cersei virou para os cavaleiros e gritou.

– Vão e tragam a minha filha.

Sor Boros não pareceu contente com a idéia de voltar para aquela multidão enlouquecida.

– Vossa Graça, nossos mantos brancos podem enfurecer o povo.

O rosto da Lannister se contorceu em fúria, mas foi Tyrion Lannister quem respondeu.

– Que os Outros levem a porra do seu manto. Tire-o já que tem tanto medo e encontre Bella e também Sansa Stark e o príncipe Oberyn ou eu juro pelos Deuses novos e pelos antigos que mandarei cortar sua cabeça e pendurarem nas muralhas para que todos vejam que belo covarde você é.

– Vão e encontrem Bella. – A Rainha ordenou vermelha.

E Sansa também, pensou, viva.


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Notas finais do capítulo

Adiantei um evento do segundo livro, evento esse que será importante. No meio do caos sempre tem alguém trabalhando para seu próprio beneficio.

Beijos ;* e desculpem qualquer erro.



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