Edward Cullen - Livro I

Eu gostava quando Bella e eu íamos caçar juntos. Era sempre divertido vê-la tão sexy e feroz, diferente das vezes em que eu precisava protegê-la. Ela agora parecia ser menos frágil, embora isso me intrigasse, eu até que gostava.
Me afastei bruscamente dela. Prendi a respiração e me concentrei nos gritos em minha cabeça.
— Edward! Edward o que foi ? Eu o machuquei...não sabia que ainda era forte assim, me desculpe eu... — Bella as vezes me lembrava Ashley com toda a sua insegurança, mas eu não a ouvi direito. Fechei os olhos e fiz sinal para que ela esperasse um segundo. Foi o suficiente para ver as imagens de Ashley e Felix por perto.
— Alyssa, Ashley pediu que ela nos procurasse, vamos! — eu a puxei pelas mãos e começamos a correr. O rastro de Alyssa ainda não estava perto o suficiente para que pudéssemos achá-la.
— Por onde ? Não consigo escutá-la — Bella parecia tão desesperada quanto eu.
— Espere — eu parei no meio do caminho, e esperei que Alyssa se aproximasse. Ela acabaria pensando no que estava vendo, e então poderíamos achá-la.
— Está demorando muito, Edward ! — Bella estava impaciente.
Ela estava certa. Alyssa deveria ter seguido o caminho oposto ao da nossa casa, porque eu já não ouvia mais seus pensamentos.
— Vamos nos separar, eu vou ligar para Esme e avisar os outros, você vai procurá-la em direção ao lago, eu vou pelo outro lado.
— Não podemos nos separar ! — eu segurei seu braço.
— Edward, não temos tempo para uma discussão, Alyssa está sozinha por aí, não sabemos se Felix é o único aqui!
Eu concordei ao trincar os dentes e balançar a cabeça. Ela estava certa. Sempre estava.
— Nos vemos em alguns minutos. — suspirei, indo procurar Alyssa.
Eu sabia onde Ashley havia ido, então achei melhor tomar aquele rumo e tentar rastrear o cheiro de Alyssa dali em diante. Minha surpresa foi ver que Ashley é Felix já não estavam ali.
Minha irmã... Eu não deveria ter inventado uma caçada hoje, mas agora era tarde demais para se lamentar. Eu precisava achar minha sobrinha e saber que ela estava segura.

Nunca havia sido um bom farejador, Jasper sempre fora melhor nisso do que eu, porém agora eu tinha uma missão importante a cumprir, e mentalmente me prometi que não falharia, por Ashley. Eu devia isso a ela.
Tive que fechar meus olhos uma vez e me concentrar onde o cheiro de Alyssa estava mais forte. Não foi tão difícil distinguir o cheiro humano do odor forte irreconhecível. Se Ashley estivera ali mais cedo como eu havia visto nas lembranças de Alyssa, alguém sem dúvidas havia laqueado seu rastro.

Continuei seguindo o rastro, e escutei um ganido de lobo que eu conhecia bem vindo do lago. As imagens que Jacob via, agora estavam invadindo minha mente. Rosnei, furioso e acelerei meus passos, chegando à beira do lago o mais rápido possível.
— Faça o que você quiser com o bando, chame Sam — propus me abaixando — Depois peça a Carlisle para vir aqui o mais rápido que puder, e por favor — olhei em seus olhos por alguns segundos, lhe suplicando — Não deixe que Renesmee saia de perto dos outros.
Ele rosnou uma vez impaciente, mas não discutiu comigo. Apenas concordou e saiu em disparada pela mata.
— Alyssa — eu tentei soar calmo, escondia todo o pavor para que ela não notasse o quanto eu estava preocupado, porém, todo o esforço que eu fazia era em vão. A mente de Alyssa estava muda. Ela também estava inconsciente, então eu não conseguia pensar em outro meio de me comunicar com ela.
Suspirei e decidi chegar seus batimentos cardíacos e sua respiração.
— Edward ! — Bella soou desesperada ao meu lado, já se abaixando e ficando ao meu lado. Seus olhos observando tudo atentamente.
— Carlisle, ele é melhor nisso do que eu...Jacob já...? — hesitei.
— Eu só vim checar vocês, vou cuidar de Renesmee, ela deve estar apavorada...— Bella acabou parando de falar, ela sabia que eu não conseguiria pensar em outras coisas agora, não que eu não fosse capaz, mas estava atordoado demais para me preocupar com mais alguma coisa, por hora — Certo, eu vou cuidar do resto. — ela me deu um beijo na bochecha com doçura e preocupação — Ela vai ficar bem, as duas vão.
E dizendo aquilo, Bella sumiu.
A respiração de Alyssa estava ficando fraca. Havia alguns arranhões nos joelhos e nos braços e seu rosto estava completamente sujo de terra.
— Vamos cuidar de você e encontrar sua mãe logo, eu prometo — minha voz saiu sufocada.
— Quais são os sintomas ? — a voz de Carlisle me surpreendeu.
— Ela está com dificuldades para respirar. Caiu sobre o braço, provavelmente tem algumas fraturas...
— Deixei-me avaliar.
Carlisle se aproximou, checando cada milímetro do corpo de Alyssa. Eu não sai de seu lado um só minuto.
— Mamãe...— sua voz fraca me chamou atenção. Ela abriu os olhos uma vez, e encontrou os meus — Ash...ley! — ela mal conseguia falar, e logo fechou os olhos com força quando Carlisle apertou alguma parte de seu corpo .
— Ela fraturou uma costela, precisamos levá-la para casa sem deixar que ela se mova muito...eu vou ter que aplicar a morfina agora.
Foi só então que notei que Carlisle havia trazido a maleta de primeiros socorros.
— Eu posso levá-la — me ofereci.
— Onde está a Ashley, ela pediu para...aí ! — Alyssa se agitou.
Olhei para Carlisle imediatamente e ele como sempre soube o que fazer. Aplicou a morfina para que Alyssa se acalmasse e não sentisse dor.
— Ela está bem — menti, não soou tão bem como eu queria, mas ela já estava fechando os olhos, então eu teria tempo o suficiente para pensar em uma mentira melhor.
Eu a levei para casa. Carlisle ligou para Alice no caminho, porém os poucos minutos que ela teve foram os suficientes para arrumar a biblioteca em uma mini ala hospitalar.
Carlisle ficou com Alyssa, Esme ao lado dos dois. Eu queria ficar, mas ver aquela biblioteca montada daquele jeito me fazia lembrar da época em que Bella estava grávida. Eu amava Renesmee, porém algo dentro de mim ainda tinha medo de lembrar daquele passado, daquele tipo de lembrança...
— Conseguiram avisar Seth ? — eu precisava desviar minha atenção para outra coisa. Alyssa estaria segura agora e ainda precisávamos achar minha irmã.
— Jacob o avisou, ele deve estar a caminho — Alice falou.
— Pai!
Os braços de minha filha envolveram minha cintura. Renesmee estava ofegante, as lágrimas quentes escorrendo por todo seu rosto.
Eu retribui o abraço e lhe afaguei os cabelos, lhe dando um beijo no topo de sua cabeça.
— Está tudo bem, querida — tentei lhe assegurar com minhas palavras, mas nem eu mesmo acreditava nelas.

Livro II - Ashley
Algumas horas antes...

Me celular vibrava impacientemente no bolso de minha calça jeans. Eu peguei, esperando ser uma ligação de Seth, mas não reconheci o número. Estranho! Geralmente ele não usava o telefone da loja para fazer ligações pessoais...
— Seth... — deixei minha voz morrer ao escutar os ruídos do outro lado da linha.
— Ashley, não tenho muito tempo.
— Alec! — eu reconheceria a voz dele mesmo que se passassem cem anos.
— Pegaram Ella e eu...
A ligação estava péssima. Suas palavras saíram cortadas mas o que consegui ouvir no final foi o suficiente para me fazer ficar preocupada.
" Ashley, preciso de sua ajuda".

Dias atuais.

— Ao menos me deixe saber se Alyssa está com eles... — insisti.
Felix me pegou pelo queixo e deixou suas garras afiadas me arranharem.
— E deixar com que os Cullen venham atrás de você? Ou talvez o idiota do seu marido transfigurador? — ele me soltou bruscamente no chão. Eu cai contra a terra molhada.
Bufei e deixei o assunto de lado. Se Aro queria minha família longe ele teria que achar outro tipo de plano para mantê-los fora do caminho. Me sequestrar não adiantaria muita coisa. Seth seria o primeiro a vir atrás de mim, seguido por Carlisle e todo o resto... A menos que ele quisesse exatamente isso!
Eu parei no mesmo lugar ao perceber que estava finalmente entendendo o plano de Aro.
— Ande logo, não temos a eternidade — Felix rosnou para mim, suas sobrancelhas erguidas.
Balancei a cabeça, como se fizesse esquecer alguma coisa, e continuei a caminhada para sabe-se lá onde.
Eu queria muito descobrir para onde estávamos indo, ao mesmo assim Alice poderia ver alguma coisa e manter todos em segurança se o plano de Aro incluísse matá-los, todavia, seria fácil demais para Aro montar tal planejamento, ele gostava muito mais das coisas enigmáticas.
— Estou com sede, estamos andando há dias! — resmunguei — Podemos parar ao menos para caçar ? — me joguei no chão, me encostando em uma árvore.
Felix veio rapidamente até mim, me puxando pelo braço.
— Ande, ou vou carregá-la — cuspiu — Aro deixou tudo bem claro para mim, então nada de caçar.
Estreitei meus olhos para ele.
— Você sempre seguiu as ordens de Aro, não foi ?
Nos últimos dias, antes de tumulto com Felix, Edward me ajudou a treinar meu dom. Ele é Carlisle ainda acreditavam que eu poderia absorver lembranças sem ao menos tocar em alguém, e eu realmente consegui fazer isso uma ou duas vezes no máximo, porém exigia muito esforço e era um pouco cansativo absorver lembranças, não que uma vampira se cansasse, isso nunca acontecia, mas eu compreendia Alice quando ela dizia que estava com dor de cabeça por não ver o futuro, absorver lembranças era o efeito inverso, é claro, dependendo do passado de cada um. Se aquele que eu escolhera para revirar seu passado tivesse coisas sombrias, era difícil tirar as imagens da cabeça. Com os humanos geralmente era mais fácil, eles pareciam não ter tanta preocupação quanto nos, pelo menos era o que eu achava.
— Não faça isso, Cullen. — Felix se aproximou lentamente de mim, ele estava desconfiado, tudo porque eu tinha desafiado Aro meses atrás.
— Ou o que ? Vai me matar ? — eu ri, me levantando e ficando quase em sua altura — Bom, você trairia Aro se fizesse isso é tenho certeza que teria o mesmo destino que ele, não seria a primeira vez que você o desafiaria.
Estalei meus dedos e sorri, dando alguns passos para frente.
Felix ficou sem palavras, e logo me passou à frente. Eu sorri convencida por ainda consegui testá-lo. Meus pensamentos logo mudaram o rumo, indo para longe dali. Eu desejei por um minuto que Edward tivesse perto o suficiente para me ler e me ajudar a sair daquela armação, mas ao mesmo tempo eu queria que ele ficasse longe e seguro com os outros, que ninguém viesse atrás de mim para não se ferir. A única coisa que me questionava o tempo inteiro era de Alyssa estava bem, se ela conseguira encontrar os outros e se manter segura. Eu chorei sem lágrimas e sem soluços por alguns instantes, enquanto minha consciência gritava para mim que Aro poderia usá-la contra mim. Eu morreria para salvá-la se isso acontecesse, não tinha dúvidas disso. Faria qualquer coisa por sua segurança, assim como Carlisle havia feito por mim algum dia.

Livro III - Edward
Duas costelas quebradas e um deslocamento no braço direito, foram os ferimentos mais graves que Alyssa tivera. Carlisle achava melhor colocá-la sobre o efeito da morfina, mas mesmo sendo uma criança, ela insistia em suportar a dor para nos ajudar a busca de sua mãe. Aly era tão valente quanto Ashley, e eu admirava isso nela.
— Alyssa, querida, você se lembra o que aconteceu ? — Esme achou melhor deixá-la no sofá da sala perto de todos nós. Seth estava sentado no sofá com as pernas de Alyssa em cima dele, enquanto Esme apoiava sua cabeça.
— Qualquer coisa, Aly. — Seth a incentivou.
Ela fez uma careta uma vez e olhou para os lados até me encontrar. Eu concordei uma vez que entendi o que ela queria, Renesmee geralmente fazia o mesmo quando tinha sua idade.
Alyssa suspirou, estava cansada, e todo o estresse só piorava a coisa toda, mas precisávamos dela, ela poderia ser a chave que precisávamos para encontrar Ashley.
— Floresta...Felix — murmurou no mesmo instante que estremeceu.
— Está tudo bem, você está segura agora — Seth a garantiu, fazendo com que ela abrisse os olhos e sorrisse fracamente para ele, concordando com aquela teoria.

— Ele mordeu o pescoço dela. — Alyssa falou baixinho de repente. Eu imaginei que ela quisesse somente que Esme ouvisse, mas tínhamos a audição bastante aguçada, então todos os olhos se voltaram para ela no exato momento que terminou sua frase. Seth soltou um estrondo com a boca, porém logo se acalmou ao ver que Alyssa estava se encolhendo cada vez mais no sofá.
— Não precisa tocar no assunto se não quiser — assegurou.

Ela olhou ao redor, seus olhos cansados encontraram os meus e soube exatamente que ela me diria tudo, mas não em voz alta.Alyssa fechou os olhos e suspirou. Ela começou a passar as lembranças em sua mente, me fazendo analisar cada detalhe. Eu sabia que ela não queria tocar no assunto, e seria menos doloroso se ela pudesse se comunicar sem pronunciar uma palavra sequer. Aly ainda estava fraca demais para falar muita coisa, e provavelmente se o fizesse acabaria em choro e soluços, o que aumentaria a dor em suas costelas fraturadas.
— Edward...— Bella veio para o meu lado de imediato, me abraçando. Eu fiz um sinal para que ela aguardasse alguns instantes, e sabendo bem o que eu estava fazendo, Bella somente concordou.
Imagens nítidas preencheram minha mente. Alyssa estava com Ashley, elas conversavam casualmente até tudo acontecer. Eu consegui senti o medo de Alyssa ao encontrar os olhos rubis de Felix. Ela ficou tão hipnotizada que só compreendeu o que estava acontecendo quando Ashley lhe pediu que fugisse. Meu coração poderia estar paralisado há anos, mas de alguma forma ele se apertou ao perceber o que Alyssa tinha pensado que Ashley havia desistido dela. Eu havia visto aquele sentimento antes atrás em Bella e na minha própria irmã quando fugi para a Itália, e jamais imaginei que veria aquilo novamente. Ela somente compreendeu que Ashley estava tentando salvá-la quando Felix conseguiu render Ashley e lhe deu uma mordida no pescoço. A última lembrança da mãe adotiva que Alyssa havia guardado agora, era de sua mãe gritando para que ela corresse.

Eu vi Alyssa chorar em desespero correndo por entre as árvores ao mesmo tempo que pensava em voltar para buscar Ashley. Ela tentou fazer aquilo uma vez, mas as lágrimas atrapalhavam sua visão, a fazendo-a tropeçar e rolar pelas pedras até cair na beira do lago e perder a consciência.
O resto, eu me lembrava perfeitamente.
Alyssa se mexeu inquieta no sofá e arfou.
— Esme, as costelas — meu tom de voz saiu seco, eu ainda fixava meus olhos em Alyssa quando Carlisle se aproximou do sofá.
— Você precisa descansar — ele colocou a mão na testa de Aly — Está com febre — Observou.
— Estou bem, não preciso dormir — ela tentou se mexer, mas Esme e Seth a mantiveram no lugar.
— Alice, pode pegar a maleta no escritório ?
Alice concordou, e voltou segundos depois com a maleta. Carlisle tirou um Tylenol e Rosalie surgiu com o copo d'água.
— É só um remédio para abaixar a febre — Carlisle explicou quando Alyssa olhou para ele com desconfiança.
— Porém você vai ter que tomar a morfina daqui há alguns minutos — Carlisle foi irrelevante.
— Mas...
— Aly, obedeça seu avô. — Seth suspirou, ele havia ficado a madrugada inteira acordado, sabia que estava exausto mas ele jamais deixaria Alyssa sozinha.
Quando finalmente Alyssa dormiu nos voltamos ao ponto inicial de discutirmos sobre o de Ashley poderia estar. Eu me sentia frustrado é um pouco cansado -como se isso fosse possível,- então fui para o antigo quarto de Ashley, que agora geralmente era usado por sua filha. Fiquei próximo a janela me lembrando das noites em que ela estava ali, ainda uma adolescente insegura cujo só se preocupava com seus pesadelos medonhos e as aulas de matemática. Eu soltei um sorriso bobo ao me lembrar dos primeiros dias de Ashley conosco. Ela sem dúvidas me morria de vergonha até hoje se eu tocasse no assunto, mas eu ainda achava divertido provocá-la ao lembrar de seus primeiros pensamentos adolescentes ao nos vermos pela primeira vez, era como quando Rosalie havia sido transformada por Carlisle, mas a graça de tudo era que Ashley tinha pensamentos mais infantis. Eu desejei por um minuto que aquilo jamais mudasse, por outro lado, eu também estava feliz por ela, por minha irmã antes insegura e amedrontada por seu passado agora ser uma mulher madura, responsável e confiante. Eu estava feliz por ela ter construído uma família, mas agora, tudo poderia estar acabado, e eu precisava fazer alguma coisa, logo.
Os passos de Bella se aproximaram, mas eu não me virei para olhá-la. Estava perdido olhando os altos pinheiros, meus pensamentos em minha irmã, eu estava preocupado, com saudades e me sentindo inútil por não conseguir descobrir onde ela estava.
— Talvez Aro tenha feito como Victoria e colocado a decisão nas mãos de outra pessoa...— Bella lavou minha cintura.
— Acho que não — suspirei — De qualquer modo, eu vou encontrá-la.
— Você sempre encontra — Bella concordou.
— Dessa vez não é tão fácil quanto parece. — enterrei meu rosto em seus cabelos, seu cheiro de morango me deixou distraído.
— Edward, nós vamos acha-lá, Ashley deixou claro o que Aro queria e eu sei que você também sabe. — sua voz se elevou duas oitavas.
— Eu não vou deixar que ele destrua isso.
— Ashley também não, na verdade nenhum de nós vamos deixar que ele faça isso, eu garanto.
Minhas sobrancelhas estavam se unindo quando eu concordei e colei meus lábios nos de Bella. Eu precisava daquilo para me sentir melhor e ela pareceu não recusar a proposta, retribuindo o beijo fervorosamente.

— O que está fazendo ? — por algum estranho motivo, eu não conseguia ler a mente de Alyssa naquele instante. Esme estava na cozinha lhe preparando um café da manhã. Bella e Renesmee também ajudavam em alguma coisa, enquanto Rosalie ficava na sala passando os canais de TV para que Aly escolhesse alguma coisa que a pudesse distrair. Alice ainda estava frustrada sem conseguir ter uma visão, então havia ido atrás de Jasper caçar, mas eles estavam em uma altura adequada na qual eu conseguiria ouvir suas mentes, caso algo acontecesse. Carlisle havia acabado de verificar Alyssa depois que Bella e eu aconselhamos Jacob e Seth a descansarem- eles foram muito a contra-gosto, é claro.
— Está coçando, tio Ed — ela resmungou, eu ri, Ashley me chamava assim quando queria me pedir alguma coisa. — Eu queria tirar essa coisa logo — ela fez um bico, depois de desistir de enfiar o cabo do telefone no gesso, ultimamente Alyssa insistia em ficar com o telefone sem fio por perto, ela achava que Ashley poderia ligar a qualquer momento, e eu desejei que ela estivesse correta sobre aquilo.
— Você não vai conseguir nada com o telefone, acredite — eu peguei um lápis de cor que ela havia usado para colorir seus desenhos no dia anterior — Tente com isso — estendi o objeto para ela.
Alyssa olhou para mim com alguma cumplicidade quando conseguiu coçar o braço machucado.
— Melhor ? — eu sorri.
— Muito melhor — ela concordou.— A pequena sereia! — ela gritou de repente.
— Você já viu isso cem vezes com a Ash...— Rosalie se calou, ela tinha medo de magoar Aly.
— Ela também estava enjoada do filme — Alyssa suspirou cansada, Carlisle a mantinha com as doses de morfina por conta da dor nas costelas. — Deixa em qualquer canal então — ela resmungou e soltou um bocejo.
— Alguém precisa dormir — observei.
— Não consegui dormir depois que tive outro pesadelo, meu pai ficou comigo acordado também...— confessou baixinho.
— Descanse um pouco, Seth está fazendo isso agora, acredito que você também precise.
— Hum...— ela murmurou, e mais uma vez eu sorri um pouco ao ver que ela já estava quase adormecida.
— Ela vai ter que acordar para tomar café — Rosalie falou.
— Eu duvido que ela vá comer alguma coisa além de uma torrada, ela puxou a mãe.
— Eu sei...— Rosie bufou — Quando vamos procurá-la ?
Esme apareceu na sala com Bella e Renesmee logo atrás.
— Estamos planejando isso, mas também precisamos ter cuidado com Alyssa, Carlisle não acha seguro deixá-la sozinha. Bella e o único escudo que temos, e não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo.
— Também não podemos ficar parados e deixar que venham até nós — Bella resmungou.
— Mas que droga! — Alice bateu à porta depois que Jasper entrou.
— Shh, ela acabou de pegar no sono — Renesmee a repreendeu.
— Desculpe — Alice retrucou, eu sabia bem que ela estava irritada por não conseguir ter suas visões, e não a culpava por isso.
Meu celular vibrou em meu bolso. Senti meus olhos se estreitarem, geralmente era Bella ou Nessie que me ligavam diariamente e elas estavam bem na minha frente. Pensei em recusar a ligação, poderia ser apenas alguém oferecendo um pacote novo para a linha telefônica, mas suspirei e decidi atender.
— Cullen — minha voz saiu ríspida, mas seja lá quem fosse, eu não queria ouvir, não era um momento apropriado para que eu conversasse com alguém educadamente.
— Alyssa, ela está com você ? Por favor, me diga que você a encontrou ? E Seth ?
Eu fiquei mudo. Queria lhe perguntar tantas coisas. Onde ela estava? quem estava com ela ? Ela estava segura ? Aro estava envolvido nisso ?
— EDWARD, VOCÊ ESTÁ AÍ ? — ela gritou meio chorosa exigindo minha atenção.
Eu vi todos os pares de olhos voltados para mim esperando por notícias, então decidi colocar no viva-voz e diz sinal para que Alice chamasse Seth o mais rápido possível, ele iria gostar de falar com a esposa e descobrir seu paradeiro.
— Você tem dois minutos, Cullen! — rosnou Felix, eu reconheceria a voz dele.
— Cala a porra da sua boca, fizemos um acordo, ou você quer ser prejudicado também ? — Ouvi Ashley praguejar de volta. A linha chiou por alguns minutos, e Seth apareceu nas escadas com uma cara meio sonolenta.
— Edward, da pra responder, eu sei que você está aí, posso ouvir sua respiração — ela resmungou depois pareceu ofegar — É Alyssa, ela...você encontrou ela, não foi ? — típico de minha irmã.
— Alyssa está bem — eu finalmente consegui dizer alguma coisa e a ouvi respirar aliviada do outro lado da linha — Onde você está ? Eu vou encontrá-la...
— Seth, ele está aí também, não é ? — Ela me interrompeu.
— Sim — respondi impaciente — Ele está aqui, vou colocá-lo na linha...
— Não! Não quero falar com ele — ela disse apressadamente. Minhas sobrancelhas começaram a tentar se unir em tamanha confusão.
— Quarenta segundos! — Ouvimos a voz de Felix novamente.
— Você quer mesmo contar os segundos, comece a contar os seus últimos então ! — Ashley rosnou.
Carlisle parou ao meu lado imediatamente, eu havia me esquecido que ele estava no escritório.
— Filha, será que você pode nos dizer se está tudo bem, estamos preocupados — ele como sempre estava calmo.
Ela suspirou.
— Tudo ok. Peça para Seth cuidar de Alyssa por mim, eu não sei se vou poder voltar para casa, é complicado...olha, não quero que venham atrás de mim, eu estou em uma...
A ligação caiu. Eu tentei retornar para o número, mas caiu direto na caixa postal.
— Era a mamãe ? — eu mal havia percebido que Alyssa estava acordada.
Estávamos todos tensos na sala e ela notou isso. Nada passava despercebido ao seus olhos.
— Ela não vai voltar ? — seus olhos se encheram de lágrimas, e os soluços preencheram a sala.
— Querida, eu acho...— Carlisle começou.
— EU NÃO QUERO DORMIR, EU QUERO A MAMÃE! — ela berrou de volta e se sentou rapidamente no sofá.
Pelo canto do olho vi Seth esconder a decepção e caminhar até Aly a pegando-a com cuidado no colo.
Carlisle engoliu em seco decepcionado e fechou os olhos com força uma vez.
— Edward, podemos rastrear a ligação, essas coisas deixam rastros — Esme puxou Carlisle para o sofá, afagando sua perna com a mão.
— Ela está certa, mesmo que Felix consiga se livrar do celular, podemos ver de onde o sinal veio, se conseguirmos isso logo vamos achá-los — Jasper concluiu.
Joguei meu celular no ar para que ele pegasse e concordei com a hipótese. Poderíamos fazer isso, é claro, mas será que funcionaria ? Eu esperava sinceramente que sim, e no fundo, sabia que podíamos ter uma esperança, Ashley era esperta e logo estaria conosco novamente.


Livro IV - Ashley
— Seu estúpido! Espero que saiba bem o vou fazer com você depois! — cuspi.
Felix havia jogado o celular descartável em uma árvore com tanta força que ele se espatifou no chão logo após ter quebrado em mil pedaços, é claro.
Felix me ignorou e me puxou pelo braço me arrastando para sei-la-onde.
— Quer me matar ? Primeiro você vai ter que me pegar — ele debochou.
Eu bufei de raiva mas decidi não falar mais nada, me soltando de seus braços e correndo sozinha.
Minha mente vagou sem rumo, parando nos últimos segundos em que tive perto de Alyssa. O jeito que ela olhou para Felix e sua voz ao rosnar para ele me fez lembrar de uma época distante, quando eu ainda era humana eu havia voltado de Nova Iorque para casa de meus pais.

O ambiente era frio e escuro, eu mal sincronia enxergar alguma coisa, além de um par de olhos focados em mim e o sorriso assustador de Brad ao ver meu corpo exposto no colchão sujo. Eu tentava me cobri de todas as formas para que ele não me visse, mas isso só fazia com que ele gargalhasse por eu não poder me mexer. Ele havia me amarrado com cordas que esfolavam minha pele macia.
Uma mão fria tocou minha bochecha. Eu levantei imediatamente da cama, mesmo cambaleando, consegui ficar de pé.
— Desculpe, eu só vim verificar você — Esme disse com doçura, mas eu ainda me sentia furiosa com ela e com Carlisle por terem me arrastado até Forks. Eu não queria ver ninguém, não queria que ninguém soubesse o que havia acontecido comigo, mas graças ao meu irmão leitor de mentes, todos sabiam exatamente porque minha mudança de humor acontecia constantemente durante um dia.
Carlisle entrou no quarto e flagrou Esme sentada em minha cama com os olhos tristonhos. Ele suspirou e se aproximou de mim, tentando me puxar pela mão cuidadosamente.
— Não me toque ! — eu rosnei, me encolhendo contra a parede.
Carlisle ficou sem ação, pela primeira vez na vida eu o vira sem saber o que me dizer. Seus olhos estavam escuros, haviam olheiras arroxeadas debaixo deles e Esme também não escapava dessas mínimas imperfeições. Eu sabia que eles estavam sem caçar a dias desde que eu havia voltado, e me sentia culpada por ter causado aquele drama todo em uma família que sempre fora perfeita. Aos poucos eu percebi que meu lugar não era e Forks, muito menos com os Cullen. Eu precisava deixá-los antes que magoasse mais alguém, ou no caso, me ferisse ainda mais.
— Ele é seu pai, Ashley — Esme falou baixinho — Não vai te machucar.
Esme estava olhando para baixo. Se ela fosse humana estaria chorando, eu tinha certeza.
Deixei que minhas costas escorregasse pela parede, e me encolhi no canto do quarto já soluçando. A culpa não era minha nem dos Cullen. Carlisle e Esme não haviam me arrastado para lá me obrigando a ficar, só queriam ter certeza de que eu ficaria bem sozinha antes de me deixarem ir.
Brad era o culpado. Eu não suportava que ninguém me tocasse. As vezes Edward ficava comigo nas madrugadas em que eu tinha pesadelos, ele me puxava para seu colo e tentava me acalmar, mas na maior parte das noites, aquilo me enfurecia de tal modo que Carlisle tinha que me dar calmantes para me tranquilizar se Jasper não estivesse por perto.
Abracei meus joelhos e enterrei minha cabeça neles. Eu queria que tudo aquilo fosse apenas um sonho ruim.
— Ashley...— Carlisle suplicou baixinho.
— Por favor, vá embora — gemi — Quero ficar sozinha.
— Nos não...— ralhou Esme.
— Esme, vamos respeitar a vontade dela — Carlisle a interrompeu, e escutei a porta sendo fechada depois que eles saíram.
Eu chorei ainda mais, furiosa comigo mesma por ter feito aquilo. Depois de estar com um pouco de dor de cabeça, decidi que deveria me desculpar e aceitar a ajuda de minha família. Tomei um banho quente e coloquei um moletom largo com uma calça de algodão e meias. Calcei minha pantufa e fui para o escritório de Carlisle. Eu sabia que Esme estaria com ele, sendo reconfortada. A sala estava em absoluto silêncio e não fiz questão de anunciar minha chegada batendo na porta. Eles podiam escutar meus passos, então sabiam que eu estava hesitante de frente para o escritório.
Suspirei e abri a porta rapidamente, encontrando Esme sentada no colo de meu pai com os olhos fechados, quase como se estivesse dormindo.
— Eu...é-eu — Gaguejei e dei meia volta, já pensando em sair porta a fora quando as lágrimas me surgiram.
— Querida, espere — Esme logo atrás de mim no segundo seguinte.
Em outras ocasiões ela tocaria meu ombro me fazendo virar para ela, mas hoje isso não aconteceria.
Ela também estava hesitante em falar é tão desconcertada quando Carlisle. Eu não saberia o que dizer, não saberia como lhe pedir que me ajudasse a voltar a ser como antes, e mais uma vez pensei em correr dali, mas ela não merecia isso, então eu me virei e enterrei a cabeça em sua blusa, ao mesmo tempo que enlaçava sua cintura e voltava a chorar.
— Eu sinto muito, mãe — minha voz saiu abafada, mas somente quando disse aquilo foi que Esme enlaçou minha cintura, retribuindo o abraço. Quando ela viu que eu estava tensa sobre seu toque mas não iria reclamar, ela conseguiu me puxar para a poltrona e me aninhar em seu colo, como se eu fosse ainda um bebê.
Suas mãos brincaram com meus cabelos e eu fechei os olhos quando consegui relaxar com aquilo. Por um minuto me lembrei de Brad puxando meus fios com força quase como se fosse arranca-los, mas o toque de Esme era suave e reconfortante.
— Não queria assusta-la — ela disse por fim.
— Eu sei...— consegui murmurar.
— Você estava com febre — Ouvi os passos de Carlisle e então abri os olhos encontrando os dele — Não precisa se desculpar, você não tem culpa do que aconteceu.
— Nem vocês — me atrevi a dizer.
Carlisle umedeceu os lábios e engoliu em seco uma vez.
— Talvez você devesse conversar com alguém, um especialista que consiga...— ele suspirou — Ashley, acho que seria apropriado que você fizesse terapia.
— E contar há mais alguém ? — ofeguei — Não! Edward já sabe, todo mundo já sabe! Se alguém quiser saber o que eu penso pode colocar ele 24 horas ao meu lado e perguntar o que se passa em minha cabeça — perguntei furiosa.
— Não quis dizer isso.
— O que seu pai está tentando dizer, e que talvez alguém possa lhe ajudar a rever os fatos, alguém que a ajude a seguir em frente. — Esme voltou a brincar com meus cabelos.
Massajei minhas têmporas, minha cabeça estava explodindo.
— Podemos falar sobre isso depois ?
Eles concordaram.
— Ainda está com febre — Esme observou.
Carlisle caçou algo em sua maleta e pegou um Tylenol para mim. Eu engoli o comprimido e lhe agradeci, depois fui para a cozinha com Esme comer um sanduíche.
Eu voltei para o escritório do meu pai quando não consegui dormir naquela noite, e fiquei lendo algumas anotações que ele fazia sobre seu trabalho. Foi naquela noite que vi toda a paixão que Carlisle tinha pela a profissão, e só então percebi que queria mesmo cursar medicina e me especializar em pediatria. E também foi naquela noite , observado as estrelas que vi que precisava deixar que eles me ajudassem e que precisava cuidar de minha família como eles cuidavam de mim. Prometi a mim mesma sob a luz da lua que nunca deixaria que nada de ruim acontecesse a nenhum Cullen. Eu os protegeria com dentes e garras, assim como eles faziam comigo.
Eu ainda mantinha minha promessa, e quando finalmente encontrei com Aro, soube que estava cumprindo a promessa quebrava feito a mim mesma anos atrás.

Aro não falou muito quando me viu. Ele capturou tudo que precisava na mente de Felix, é claro.
— Preciso que me faça um favor, querida Ashley — começou Aro.
Eu ri sem humor. Ele fez um sinal para que Felix nos deixasse a sós.
— Você não está exatamente me pedindo, Aro. — vociferei — Sequestrar pessoas não faz seu estilo.

— Oh, me desculpe Sra.Cullen, eu pedi para que Felix apenas lhe chamasse para uma conversa.
— Bom, acho que ele deve obedecer ordens de alguém, suas, para ser clara. Ele me mordeu — rosnei. Meus dedos automaticamente foram para meu pescoço. E lá estava a cicatriz que nunca sairia dali.
— Nada disso aconteceria se tivesse me dado uma resposta sobre a carta. — ele foi irrelevante.
— Acredito que isso aconteceria de alguma forma, Aro. Ou você realmente acha que eu aceitaria sua proposta por livre e expontânea vontade ? — uma de minhas sobrancelhas se arqueou.
Ele sorriu cinicamente.
— Você está certa. — disse ao unir as mãos.
Estreitei meus olhos ainda mais.
— Me fale, o que quer dessa vez ? Acabe logo com isso, ou então eu mesma o faço, sabe que eu posso. — ameacei.
— Você é tão confiante quanto seus irmãos, mas não seria valente assim com eles tão...distantes, não é mesmo ? — ele levantou as mãos e bateu a palmas delas uma vez — Você saberá o que eu quero no momento certo, por ora, é só o que irei dizer.

Ele sumiu, me deixando só.
Seria muito mais simples se estivéssemos na Itália, mas Aro fora esperto o suficiente para me levar até o Canadá. Estávamos em algum tipo de prédio abandonado, e dessa vez não havia Caius para me manter em cativeiro. Eu só desejei que minha família fosse esperta o suficiente para se manter longe de mim.