Avatar: A lenda de Mira - Livro 1 Água escrita por Sah


Capítulo 8
Convicções




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Nunca imaginei que Kiha poderia ser tão exigente. A aula era de Domínio de água nível 2. Nem imagino por que eu pulei o nível 1.

Mas apesar da nossa turma ser composta apenas por cinco dobradores, todos eram tão ruins quanto eu. Como será que passaram no teste?

— Konan, você não está prestando atenção?? – Disse Kiha Incomodada

— Me desculpe senhora. – Konan, o garoto de cabelos espetados e olhos incrivelmente azuis falou

— Sem desculpa dessa vez. Quero apenas que você acerte o alvo.

Estávamos em uma espécie de arena, muito parecida com a do meu teste. Havia muita água ao redor.

O melhor de nós era Opako, apesar de não conseguir dominar muita água, acertava o alvo. Seus movimentos eram quase parecidos com a de Kiha, ele tinha a graça necessária, apesar de não ser muito poderoso.

Os movimentos eram fáceis, uma espécie de dança, muita movimentação de braços e firmeza nos pés.

— A água é o elemento da mudança. Da vida. Estamos sempre a favor da maré. Precisamos fluir conforme a correnteza. – Falou Kiha

— Podemos curar, e lutar. Aqui vocês somente vão aprender a lutar, mas a cura está nas suas almas. Com o tempo verão que não há muitas diferenças entre elas.

— Podemos mudar de estado. Ficamos mais fortes na lua cheia. Podemos dominar pessoas com muito treino.

— Daqui uma semana será lua cheia. E diferente de antes, teremos treinamentos à noite. A escola entrará em contato com as respectivas famílias, para pedir permissão.

Aulas à noite! Estou tão animada para a lua cheia. Sempre ouvi que dobradores de água ficam muito mais poderosos na lua cheia!

— Mira? Você está prestando atenção. Essas coisas que eu estou falando, são especialmente para você.

Confirmei.

— Então, vocês estão dispensados. Amanhã eu não estarei aqui. Koro irá dar essa aula amanhã.

Ouvi alguns vivas.

— Vocês são tão ingratos. – Ela disse por fim.

— Mira! Precisamos conversar.

— Ok. – Respondo mais secamente do que pretendia.

— Amanhã, eu e você iremos até a prefeitura. Teremos que te alistar. Seu pai terá que vir junto.

Isso me deixou apreensiva. Ele nunca vai concordar com isso.

— E eu vou poder ir para casa?

—Sim, sua família já esta instalada em uma das casas do governo.

— E meu pai concordou com isso?

Ela me encarou com curiosidade.

— Por que ele não aceitaria?

— Ah, ele é muito orgulhoso. – Menti

— Certo, podemos ir então. Vou te deixar casa.

E eu a acompanhei.

O bairro onde ela me deixou era tão bonito quanto o dela. Mas era bem mais moderno, as casas pareciam enormes caixas de vidro, cimento e madeira. Tudo muito claro e amplo, muito diferente do meu antigo bairro que ficava em uma zona industrial, e que uma grossa camada de fuligem cobria tudo.

A casa em si era linda, logo na entrada havia uma fonte. Kiha me entregou uma chave, mas eu nem precisei abrir, Wana já estava me esperando com um sorriso de ponta a ponta que eu nunca vi antes.

— Que bom que você chegou. – Ela me disse com uma alegria falsa.

— Ah, sim. Bom. – Falei desconfiada.

— Seu pai já está te esperando no escritório. – Ela falou empolgada.

— Escritório?

— Sim, você não vai acreditar! Essa casa é enorme. Você tem até um quarto só para você.

— Serio?

— Vamos entrando! – Ela disse me puxando.

Ela nunca havia me tocado até hoje. A falsidade dela está transparecendo muito.

Realmente a casa é enorme. Sigo por uma escada em espiral até o que parece ser o escritório.

Bato. E entro meu pai estava de costas.

— Sabia que me promoveram no trabalho? – Ele disse.

— É mesmo?

— Sim, agora sou supervisor.

Ele não parecia empolgado ou feliz.

— Não pude falar ontem com você. Quero me desculpar por isso.

Ele está mais frio que o normal.

— Está tudo bem, eu acho.

— Mas quando você ia me contar? – Ele disse já mudando de tom.

— Contar?

Ele se vira para mim.

— Sim! Que você é uma porcaria de uma dobradora! – Ele cuspiu as palavras.

Fico assustada. Os olhos dele não demonstram raiva. Só uma indiferença profunda.

— Eu não sabia... – Sussurro

Ele ri. Uma risada assustadora.

— Wana está muito deslumbrada com essa casa. Eu não queria aceitar, mas ela estava falando por mim. Agora sou obrigado a ficar aqui, por sua causa. Você sabe que eu não poderia ter aceitado esse lugar. Você sabe que não deveríamos nos destacar.

O problema do meu pai era que ele pertencia à resistência. Mesmo que só seja na parte de produção de armas, ele é totalmente contra o governo. E esse é o nosso maior segredo.

Não quero nem comentar que vou ser obrigada a me alistar.

Fiquei em silêncio.

— Não vai falar nada? Nesse aspecto você se parece com sua mãe. Mas você tinha que ter puxado a minha personalidade não é? A única coisa que você deveria ter feito era ter matado aquela burguesa. Mas nem isso você faz direito.

Estou ficando impressionada com o que ele está dizendo. Sempre acreditei que a resistência da qual ele faz parte só depreda bens do governo e difundi sua ideologia.

— Você já tem 13 anos não é? Já está na hora de saber algumas verdades.

Ele nem sabe que fiz 14 anos ontem.

— Amanhã você não vai para escola, você irá comigo em uma reunião do UCG. E está decidido.

Ele sai do cômodo e me deixou sozinha. E agora o que eu vou fazer? Me alistar ou ir com o meu pai para a UCG?

Como as coisas podem dar tão errado. Eu vou ter que escolher. Meu pai nunca me envolveu em nada que tem a haver com a UCG. Se alguém ouvir sobre isso, nós seremos condenados a traição. E creio que só por quê sou uma dobradora isso vai piorar em 100 % minha situação.

O que fazer? Terei que fazer uma escolha. Desagradar meu pai, ou ser uma traidora.

Eu realmente queria saber os motivos do meu pai odiar tanto o Governo e ser membro dessa organização. Mas ele nunca me contou nada. Faz tempo que uma conversa minha com ele não acaba em violência.


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