Avatar: A lenda de Mira - Livro 1 Água escrita por Sah


Capítulo 24
Verdade




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Parecia um sonho, mas era real. Era muito mais real do que todas as minhas outras experiências.

— Mira?

Ela me disse. Mas eu não sabia como respondê-la. Tudo era muito confuso.

— Você é mais teimosa do que eu fui. Mas não posso te culpar.

— O que você quer comigo?

— O que eu quero? Ah, temos que resolver alguns impasses. Está na hora de você acreditar.

— Acreditar?

— Sim. Nós somos o Avatar! E eu estou aqui para te contar a minha história e te convencer que não adianta mais negar.

A garota que se diz Korra andava de um lado para o outro.

— Como eu começo? Ah sim vou começar pelo fim da guerra com a Kuvira.

“Um portal bem no centro de Republic City, isso era incrível. Vida começou a brotar ao seu redor. Plantas e mais plantas que curavam de tudo, parecia ser um sonho. A primeira vez que eu levei Asami para o mundo espiritual foi perfeito. Ficamos lá por mais de um mês. Nos casamos e lá planejamos nosso futuro. Quando voltamos soubemos que mais portais estavam se abrindo em diversos locais. Mas não só isso, diversos espíritos estavam migrando do mundo espiritual para o nosso mundo. Não só espíritos bons, mas por causa do equilíbrio, espíritos ruins e antigos também estavam aparecendo“.

— Você conheceu Koh não foi? Ele também foi um dos que se libertaram.

“Convencer Koh a voltar para o mundo espiritual foi difícil, para ele o bem e o mal não importavam ele só queria rostos. Várias pessoas se sacrificaram para mandá-lo de volta. Mas o pior não foi isso. Ele me disse que não adiantaria por que o meu mundo e o dele em breve tornar-se-iam um só.

O espírito do Rio Yue Bey foi um dos poucos a não querer que os dois mundos se fundissem. Ele disse que uma das minhas vidas passadas sabia como impedir isso. Eu me desesperei eu havia perdido a minha conexão com elas. Não haveria como impedir isso.

Mas eu não desisti, foi complicado mais eu achei a biblioteca de Wan Shi Tong. O espírito Coruja não queria que nós procurássemos outra resposta. Ele sabia o que estava acontecendo, mas ele me disse que isso era uma consequência dos próprios atos dos humanos. Usar energia espiritual como arma. Mas nos o enganamos e o mandamos para longe dali. Levamos quase meio ano e não encontramos nada, enquanto isso o mundo estava cada vez mais caótico. Asami encontrou uma forma, em um dos antigos livros da nação do ar, havia uma esperança, uma forma para restabelecer a minha conexão com a minhas vidas passadas. Mas isso iria custar a minha vida e daquela pessoa que eu mais amava.

O grande espírito, mais antigo até que Raava e Vaatu , aquele que ajudou na criação dos dois mundos, precisávamos encontra-lo.

Ele estava no limite entre os dois mundos, onde seres vivos nunca poderiam ir. Fui sozinha até o grande espírito. Ele não falava, mas tivemos uma conexão instantânea. Eu logo soube o que eu deveria fazer. Eu tinha que entregar para ele minha vida e da pessoa que era mais importante para mim. Foi uma decisão difícil, eu cheguei a pensar em desistir do mundo. Mas eu não poderia ser egoísta naquele momento, então eu concordei. E essa foi a única condição, eu tinha recuperado minha conexão, e sabia exatamente o que fazer.

Fechar todos os portais requereu sacrifícios. Nós nunca mais poderíamos voltar ao mundo espiritual em vida, e os dobradores iriam desaparecer. Depois que tudo estava em ordem novamente eu morri. Eu achei que Asami havia morrido também. Mas a condição era que eu pudesse sacrificar a pessoa que eu mais amava, mas ela não iria ser sacrificada. “Eu reencarnei em Haru, e depois em você”.

Eu não deveria acreditar. Mas as imagens que vieram em minha mente depois disso diziam ao contrário. Eu estava falando comigo mesma. Eu me lembrei desses fatos como se fossem memórias. Eu era o Avatar.

— Então eu não sou uma dobradora de água?

— Não, você é da antiga nação do fogo. Sua mãe fugiu de lá com o seu pai quando descobriu que estava grávida.

— Isso faz sentido.

— Ela sabia que você seria o Avatar, sua mãe sempre teve conexão com os espíritos. Ela era uma iluminada. E ela sabia se você caísse nas mãos daquele lugar, o mundo não teria paz novamente.

— Mas e aquele avatar que eles apresentaram?

— É falso. Isso faz parte dos planos da União do Fogo.

Ela estava certa! Por que eu neguei tanto?

— Você negou por que estava condicionada a isso.

— Você pode ver o que eu penso?

— Nós somos a mesma pessoa. Eu sei como você pensa. Você demonstrou ser a avatar desde muito cedo. Sua mãe tentou escondê-la do seu pai. Mas uma organização nos descobriu e queria você a qualquer custo. Sua mãe deu a vida para que você pudesse fugir. Naquele dia você caiu no Rio, e o espírito do Yue Bay limpou sua memória.

— O rio limpou minha memória?

— E difícil entender, mas ele foi um dos espíritos que ficaram aqui no seu mundo. Ele está perdendo forças e por isso ele atrai os dobradores de água. Ele está te procurando. Você será aquela que o mandará de volta. Você será o ultimo resquício do mundo espiritual.

Korra estava ficando transparente.

— Quando você quiser conversar é só se concentrar, eu ou qualquer outro avatar iremos te ajudar.

Ela desapareceu por completo. Eu notei que meu corpo também estava desvanecendo.

Eu estava ouvindo um som. Um bipe constante. Senti coisa no meu braço e alguma coisa na minha garganta. Eu deveria entrar em desespero. Mas me mantive calma e com dificuldade eu abrir meus olhos.

Eu estava em uma sala branca. Alguns aparelhos estavam ao meu lado. Uma moça olhou para mim e se assustou.

— Doutor! Ela acordou!

E ela saiu da sala me deixando sozinha.

Um homem se aproximou. Ele como a moça estava de branco. Ele pegou uma lanterna e iluminou os meus olhos.

— A desentube

A moça o obedeceu.

Tossi.

— Mira?

— Sim?

— Você está respirando direito?

— Acho que sim.

— Você sabe o que aconteceu?

— Tenho flashs de memória. Alguma coisa na aula noturna.

Minha cabeça estava doendo. Mas tudo veio de uma vez só. Eu me lembro do que tinha acontecido. Eu sabia quem eu era.

— Mira, eu não quero te alarmar nesse momento, mas você ficou dois meses em coma.

— Dois meses?

Não! Isso não fazia sentido. Eu não passei nem uma hora desacordada.

— Você estava com inicio de infecção pulmonar. E aquele surto na lua cheia fez você se sobrecarregar.

— E meu pai?

— O senhor Iroh veio te ver ontem. E seus amigos também. Já pedi para que ligassem para a sua família.

Agora eu tenho um objetivo. Tudo o que eu passei fez sentido. Eu sinto que sou eu mesma.

— Doutor, eu posso ir embora? Você sabe eu fui emancipada. Então eu não preciso de ninguém para me tirar daqui.

— O problema é que eu não posso te dar alta. E seu pai pediu a revogação da sua emancipação, no momento a sua emancipação está congelada.

— Ele descobriu? Então ele deve estar furioso.

— Digamos que ele não ficou muito feliz em saber disso.

Eu não estou me desesperando. As minhas emoções estão bem mais controladas.

Eles me examinaram.

A tarde eu recebi minha primeira visita.

Meu pai me abraçou forte. Ele demorou muito para me soltar.

— Mira. Nunca mais faça isso comigo.

— Pai? O senhor pode me soltar. Eu ainda estou respirando com dificuldade.

Eu pude ver lágrimas nos seus olhos.

— Como estão os gêmeos?

Ele limpou os olhos na camisa.

— Eles estão bem. E estão morrendo de saudades.

Eu não perguntei sobre Wana nem ele me disse nada. Ficamos um tempo sem trocar uma palavra.

— Depois que você estiver melhor. Eu quero que me conte tudo. Quem te deu o aval para ser emancipada. Foi um pesadelo quando você desmaiou na aula. Eu não pude fazer o meu papel de pai. Só pude visitar você quando eu pedi a revogação.

Eu respirei profundamente.

— Algumas coisas aconteceram. E eu não posso mais ficar preocupada com assuntos tão banais.

— Mira?

— O que foi?

— Você não está falando como a Mira.

— Não estou?

— Você pareceu a sua mãe agora pouco.

— Minha mãe?! Ah sim. Ela falava desse jeito não é? Tão despreocupada.

— Mira, eu não posso ficar muito. Você lembra? Amanhã é o festival.

Isso alarmou alguma coisa na minha mente.

— Eu tenho um papel a cumprir amanhã. Saiba que eu te amo muito e tudo o que acontecer foi por minha vontade própria.

E ele saiu me deixando sozinha.

O festival. Alguma coisa iria acontecer no festival.

Ninguém mais veio naquele dia. O médico não queria me dar alta. Ele disse que eu estava em observação. Mas eu tinha que sair dali. Eu precisava falar com Meelo. Eu precisava falar com alguém. Eu precisava fazer as pessoas acreditarem que eu havia voltado.


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