Nico

– Então Nico, esses são meus problemas.

A arena estava negra. Jovens de variadas idades, diferentes porem todos iguais. Os cabelos negros e a pele pálida como Nico, Os olhos de alguns eram negros, outros bicolores, mas todos muito sombrios.

– Galera! – os campistas olharam para Percy – Esse é o Nico e ele vai me ajudar nas aulas de vocês. Digam oi!

Todos encararam Percy. Nico fez um aceno, mas nenhum respondeu. Será que Nico também era assim?

– Nico esses são os filhos e filhas de Hécate e Nyx. – Nico engoliu seco e paralisou ao ouvir o ultimo nome. – Nico tudo bem?

– Tudo sim, só sai um pouco de mim. É então por onde começamos?

– Não vamos começar. Já terminamos. – A garota era um pouco menor que Nico. Era fria, sombria, Nico temeu que fosse assim que as pessoas o viam. – Sou Jade, filha de Nyx, não chegue perto de mim filho do submundo, as conseqüências não serão boas. – Nico ficou com muito medo.

O cabelo caia nos olhos da garota, tinha mechas em tons de roxo e suas roupas lhe lembravam um pouco Thalia.

– Não chego perto de você se você não chegar perto de mim. Convenhamos Jade, mas meu pai detém sua mãe lá no andar de baixo, uma hierarquia que vamos manter aqui em cima.

A garota o encarava, e ele a encarava de volta. Eram quase vizinhos, mas nunca tinham trocado um único olhar. Os outros campistas estavam em volta. Um garoto do chalé de Hácate interferiu.

– Me chame de Jake. Filho de Hécate. Os dois, por favor, não briguem, estão assustando nosso monitor bobão. – Percy estava afastado do grupo.

Jake era alto, não muito alto, mas alto. Os cabelos eram curtos e os olhos, um azul e o outro estranhamente púrpura. A aura do garoto era diferente, passava uma sensação diferente. Nico se sentia perdido ao seu lado. Ao ouvir seu nome Percy se aproximou.

– Então, formem duplas e já pra arena.

Eram de treze a quinze campistas, contando Nico e Percy. Percy dava assistência e Nico só o acompanhava.

– Monitor, estamos em numero impar – Era Jade – E eu estou sem par. – Ela olhou pra Nico.

– Nico você se importa?

– Sem problema algum. – Nico desembainhou a espada. – Pronta Jade? – Nico não entendia de onde surgirá essa rixa, acabaram de se conhecer e já se odiavam.

Os dois ficaram afastados do centro.

– Então Jade você tem experiência? Quer começar ou... – Ela atacou com a espada, no reflexo rápido Nico a defendeu. – Uou, mas já? Tudo bem, eu pego leve com você.

A garota se irritou ainda mais e o atacou. Nico defendeu. Começaram um duelo de espadas muito bom.

– Caso você não saiba Di Angelo, eu treino muito.

– Caso você não saiba garotinha, eu luto muito.

As espadas dançavam como em uma musica metálica. Cruzavam em cima, em baixo, defendiam nas laterais e em todas as outras direções possíveis. Giros e piruetas começaram a entrar na dança.

– Você realmente luta bem.

– Sem papo garoto. – Ela atacou de novo.

A luta dos dois não parava. Nico estava até aproveitando o momento. Era bom ter um pouco mais de ação no dia. Percy chamou Nico.

– Espere um pouco Jade – Ela não parava. – Jade, por favor, pare. – Nico estava na defensiva até agora. – Pelos deuses Jade! – Ela não parava de atacá-lo. Uma pequena onda de raiva subiu e quando Nico se deu conta Jade estava no chão com um corte no rosto.

– Pelos deuses garota! Não sabe se defender? - Ela estava quieta com a mão no corte. Nico respirou fundo e estendeu a mão a ela – Venha vou te levar pra enfermaria.

– Não precisa. Eu sei chegar lá.

– Ei o que está acontecendo? – Percy correu até eles.

– A boneca esqueceu-se da defesa. Vou levá-la pra enfermaria. – Nico pegou o braço de Jade e a levantou. – Vamos. – Ela relutou, mas no final cedeu e foi saindo puxada por Nico.

Deixaram a arena pra trás.

– Pronto já pode me soltar.

– Pra você sair correndo? Nunca. – Não se olhavam.

– Sabe você não manda em mim.

– Sou mais velho mando sim.

– Tenho treze anos.

– Tenho mais. – Nico se sentiu em uma discussão infantil. – Me desculpe por te acertar.

– Foi bom. Se eu tivesse te acertado, não seria só uma vez. Você defende bem.

– Depois de algumas batalhas você aprende que às vezes é melhor uma boa defensiva do que um ataque agressivo.

Ficaram em silêncio. Nico reparou na cara emburrada da garota, estranhamente, ela Le lembrava Bianca e Hazel juntas, porem mais dura na queda.

– Pronto – a garota o acordou – chegamos à enfermaria, pode me deixar.

– Não, vou acompanhar você.

Ela suspirou, mas aceitou, sabia que Nico iria persistir. Nico a sentou em uma maca e logo um filho de Apolo apareceu.

– Nico! O que te traz aqui? - Nico acenou com a cabeça e o garoto percebeu o machucado no rosto de Jade – Eita, isso ai está sangrando. Melhor você deitar pra eu estancar e ver se vai precisar de pontos, vou trazer um pouco de Ambrosia pra você.

Nico ajudou a garota a se deitar.

– Obrigada.

– Nossa um sinal de boa educação.

– Não fique feliz. Sabe pensei que você fosse mais quietão, na sua, nas sombras.

– Eu era, mas rolou muita coisa de uns tempos pra cá. – Ele estava ao lado da cabeceira com os braços cruzados – sabe? Tuuuudo o que aconteceu que o acampamento inteiro já sabe.

Ela assentiu. O enfermeiro voltou com ataduras, Ambrosia e mais alguns materiais.

– Sabe onde está Will?

– Sinceramente, queria que ele estivesse aqui. Isso aqui ta um tédio hoje. Ninguém se machuca, nem uma alma da o ar da graça e todos os meus irmãos lá, aproveitando papai querido. – Ele limpava o machucado da garota. Nico se sentou na maca ao lado.

Cerca de dez minutos depois, o rosto de Jade estava em seu devido lugar.

– Pronto. Mas você vai ficar aqui mais um pouquinho por causa da Ambrosia, se tiver dor pode precisar de mais.

– Eu fico com ela – Jade olhou para Nico – Não reclame – ela suspirou.

– Ok então, vocês se importam se eu der uma saída? Sério estou aqui há um bom tempo.

Nico fez um sinal com a mão e o campista saiu.

– Você não precisa ficar.

– Mas vou. Quero saber por que você me odeia.

– Eu não odeio você! Eu odeio outra pessoa que me faz odiar você.

– O que? Como assim? Garota você é louca.

– Não interessa. Digamos apenas que você é uma pessoa muito diferente, e atrai muitos olhares nos chalés mais obscuros.

Nico ficou pasmo. Nunca esperou ouvir isso de alguém.

– Quer dizer que... Você tem raiva de mim por eu estar, bem, namorando alguém que não é você?

– Mais ou menos. Se fosse alguém de qualquer chalé era suportável, mas, de Apolo! Por favor, o que você viu?

– Não sei, simplesmente acontece.

– Ta, mas ainda não gosto disso.

Nico sorriu.

– Não se preocupe se não fosse pelo Will, quem sabe não é?

Os olhos de Jade se arregalaram.

– Quer dizer que... Como eu posso dizer você pode... Mudar de idéia?

– Não. – Nico respondeu rápido demais – Quer dizer, não. Mas é que você é uma garota diferente, seus irmãos também, nunca havia reparado no seu chalé até hoje. – ela desanimou – Mas posso te contar uma coisa? Will tem muito medo de vocês, Apolo falou que algo ruim poderia acontecer caso chegássemos perto de vocês.

– Você acha que eu, quer dizer, nós faríamos algum mal pra ele? – O tom dela não disfarçava.

– O que você aprontou?

– Ainda nada, mas uns dois de Hécate estavam me ajudando a preparar uma surpresa...

– Se você fizer qualquer coisa, sua vida acaba.

– Calma ai, agora a gente se conhece, não vou fazer nada. – Nico arqueou a sobrancelha – Prometo. – ela cruzou os dedos em cima do coração.

– Seu dedos estão cruzados.

– Estão? Nem tinha percebido – ela sorriu. Ficou menos sombria, mas Nico ainda tinha receio de se aproximar.

Will entrou correndo pela porta, o sorriso de Jade desapareceu.

– Nico. Lago. Fogo. VEM!

Nico olhou pra Jade que já estava se levantando e saíram da enfermaria as pressas.