O dia se passou normalmente, e senhor Weasley disse que acompanharia Harry ao tribunal no dia seguinte. Ajudei Molly à fazer o almoço, enquanto os gêmeos só atrapalhavam. O resto do pessoal conversava na mesa, rindo e brincando. Harry parecia um pouco ansioso, mas o tranquilizei dizendo que iria junto.

– Não, não, nem pensar, mocinha. Gente demais já sabe sobre o segredinho de vocês. O que devem fazer é esconder dos poucos que ainda não sabem. Ir ao Ministério com Potter não vai ajudar. - Olho-Tonto, sempre carrancudo.

Ao meio-dia, o almoço já estava pronto - apesar de Molly ter feito a maior parte do trabalho. Os adultos tomaram um pouco de vinho e tive de me contentar com suco de abóbora. Os irmãos Weasley, no entanto, tentavam transforma-lo em vinho branco. Revirei os olhos.

E então eu tomei coragem e fiz uma pergunta que me atormentava a muito tempo.

– Por que Voldemort não me matou?

As risadas se silenciaram, a conversa morreu. Olho-Tonto olhou tortamente - ba dum tsssss - para Sirius, que estava estranhamente sério - ba dum tsss² ok parei.

– Podemos mudar de assunto? - ele pediu.

– Não.- respondi, com uma firmeza que até me assustou - Cansei de vocês escondendo coisas sobre mim. Eu sei que vocês tem as respostas que eu quero, então falem logo.

Lupin suspirou.

– Já está na hora, não?

O silêncio continuou ali.

– Venha comigo - Sirius respondeu, se levantando. O segui. Andamos por alguns corredores até que chegamos a uma porta fechada. Ele a destrancou e entramos.

Ela só tinha um pequeno abajur no canto, o piso de madeira escura e a tinta cinza deixando o ambiente com um ar solene e me dando calafrios. Na parede, eu podia ver um quadro, cheio de gente lado a lado, sorrindo e se mexendo.

– Essa é a Ordem original. - ele disse, colocando o indicador em cima de um casal - E esses são seus pais.

Observei a mulher ruiva e o homem de óculos, extremamente parecido com Harry.

– Você é mais parecida com a sua mãe, na verdade. Mas herdou os cabelos da avó. - ele riu.

Assenti, meio hipnotizada pelo sorriso da mulher na foto. Ele suspirou de novo.

– Tem mesmo uma razão para Você-Sabe-Quem a querer viva. Eu, Moody e Lupin temos uma teoria bem provável...você...

E quando eu ia descobrir talvez o segredo mais importante da minha vida, senti uma dor enorme em praticamente todos os órgãos do meu corpo e cai no chão, apagando. Cara, quantas vezes isso ia acontecer?

P.O.V. Harry

Eu estava bem curioso sobre a história de Louise, mas me segurei para não ir junto quando ela e Sirius saíram da sala. O silêncio continuou ali, todos meio ansiosos e nervosos. Hannah e Lupin estavam de mãos dadas, o que me fez levantar uma sobrancelha.

Alguns minutos depois, porém, Sirius apareceu ofegante na porta, segurando-a no colo, desacordada e pálida como um cadáver.

– Ela desmaiou. Não está respirando.