P.O.V. Louise

Comecei a rir. Não, aquilo era simplesmente ridículo. Cômico. E não era possível, essa é a pior parte. Como aquilo...como...estava sem palavras. A única coisa que era capaz de fazer era olhar o nome no papel, rir mesmo não achando graça e olhar para o papel de novo.

Peguei o livro e reli os nomes de novo. Não estava certo, não podia estar.

Ao lado do nome de Lílian, estava um nome que eu nunca esperava ver acima do meu.

Severo Snape.

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P.O.V. Draco

Depois daquela cena humilhante no salão, Louise saiu com convicção. O silêncio permaneceu, todos olhando pra mim dessa vez. Senti meu rosto ficar quente e a raiva subir pela minha garganta.

– O que estão olhando? – balancei a cabeça, me levantando – Eu não fiz nada.

Saí do salão também, batendo a porta. Assim que a fechei, pude ouvir risos e revirei os olhos.

Decidi procurar Louise. Ela provavelmente estava no dormitório. Comecei meu caminho, em direção às masmorras, enquanto meus passos ecoavam pelo corredor. Até mesmo os quadros encaravam e sussurravam quando me viam, e tive vontade de jogar um deles no chão.

–A garota tem o livro. Ela vai acabar descobrindo.

Parei. Era uma voz familiar. Eu sabia que não deveria estar escutando aquilo, então me encostei na parede. A voz vinha de uma sala.

– Você acha que sou burro, Severo? – uma voz sibilou – É claro que modifiquei o livro!

Meu sangue gelou, pois reconhecia aquela voz também: Você-Sabe-Quem. Então continuei ouvindo.

– Com todo o respeito, a garota também não é burra, senhor. Posso saber os nomes que colocou no livro?

A voz deu uma risada fria, que me deu calafrios.

– Acho que você já sabe, Severo. Afinal, você tinha uma quedinha por ela, não?

Eu podia ouvir os dedos de Snape estalando. Continuou em silêncio.

– A garota vai saber quem são seus pais, pode ter certeza. Mas agora não é o momento. Ela está indecisa, posso sentir isso. Mas também sei o que ela mais deseja.

– E...o que seria, senhor?

A voz deu outra risada.

– Uma família, Severo. A pobre garota nunca teve uma. – havia zombaria em seu tom - Ela quer ter uma família, e está cega por isso. Diga que é sua filha e ela vai aceitar. As pessoas veem o que querem ver.

Eles estavam falando de Louise, disso eu tinha certeza. Mas que livro era aquele?

Saí correndo em direção ao dormitório, subindo as escadas sem me preocupar em cair. Eu sentia que algo estava errado, terrivelmente errado. Assim, que cheguei, gritei a senha e, com impaciência, esperei a porta aparecer. A escancarei.

– Louise!

Ela apareceu no alto da escada, e não parecia nada bem. Estava com uma cara assustada, e –por algum motivo – me senti impelido à protege-la. Ela segurava um livro estranho.

– Louise? Que...que livro é esse? – senti que aquilo não era coisa boa.

Então ela desceu a escada, lentamente.

– Não...não é possível.

– Louise?

Ela finalmente olhou pra mim.

– Draco...eu...

– Louise, você está horrível. Sente.

Ela obedeceu, como se estivesse em transe. Então, depois de se acalmar, respirou fundo e me contou sobre o livro. E o que tinha visto nele.

– Ora, não me surpreende que esteja tão magra! – gritei – Esse livro precisa do seu poder, Louise.

– Eu estou bem. – ela claramente mentia.

– Louise, me dê o livro. – estendi a mão, mas ela recuou.

– Não... – havia fogo em seu olhar, e percebi que nunca a tinha visto assim – Não!

– Louise...

Ela se levantou e apertou o livro contra o peito.

– Eu não vou deixar vocês pegarem ele! Você e Harry...vocês todos estão errados!

– Louise, por favor, você não está bem! – supliquei. Ela parecia uma drogada com abstinência.

– ESTOU SIM! – lágrimas começaram a escorrer – VOCÊS NÃO VÃO PEGAR ELE, DE JEITO NENHUM!

Fui até ela e a puxei até um grande espelho na parede.

– Olhe só pra você! – balancei seus ombros – Olhe o que esse livro fez com você!

Senti toda a sua tensão ir embora, e ela relaxou um pouco, encarando aquela menina pálida e magra no espelho, cheia de olheiras.

– Eu...essa sou eu? – ela olhou pra mim com aqueles olhos verdes brilhantes, vermelhos pelas lágrimas. Senti algo estranho e percebi que meu coração pulava. Imediatamente me arrependi de ter gritado com ela.

– É sim. Você tem que se livrar disso.

Ela olhou pra o livro e depois pra mim.

– Você...você pode me ajudar?

Nunca a tinha visto tão frágil quanto desde o papel no Cálice. Toda aquela história estava acabando com ela.

– Posso. – eu disse.

Nós ficamos em silêncio por alguns segundos, e, para a minha surpresa, ela largou o livro e me abraçou. O abraço foi curto, e ela se afastou, parecendo subitamente constrangida e ciente de seu ataque.

– Valeu.

Balancei os ombros.

– Agora, vamos nos livrar dessa coisa. Eu sei o lugar perfeito.

Ela ia pegar o livro do chão, mas a impedi, entrando na sua frente. Concordamos que seria melhor que eu o pegasse.

Os outros ainda estavam no jantar, portanto, os corredores estavam vazios. Contei sobre a conversa que eu ouvi. Ela suspirou de alívio.

– Então...Voldemort modificou o livro...

– Sim. Lílian não pode ser sua mãe, ou você seria uma Evans.

[N/A: Perceberam isso no capítulo anterior, afs]

Andamos em silêncio e fiquei surpreso quando ela segurou a minha mão, e a encarei. Ela olhava para o chão, envergonhada, parecendo uma criança assustada. Sorri e segurei sua mão mais forte.

Paramos em uma parede de pedra, e pensei em um lugar cheio de tralha. Uma porta apareceu na parede, e ela me olhou com espanto.

– A Sala Precisa?

– Sim. Já veio aqui?

Ela corou.

– Ahn...Hm...com Neville...

Levantei uma sobrancelha e ela ficou ainda mais corada.

– N-Não, não é nada disso! Nós só costumávamos ensaiar para o Baile de Inverno aqui.

Me senti desconfortável, lembrando daquela cena. Não fora uma noite muito agradável.

– Espere aqui fora, vou esconder o livro.

Ela assentiu, e eu entrei, vendo a porta se fechando atrás de mim.

Quase me perdi no meio de tanta bagunça, mas encontrei um lugar perfeito: um grande armário de madeira velha. O coloquei ali dentro e o tranquei.

[AVISO: Momento Drouise meloso demais, se tem diabetes, NÃO LEIA ]

Louise me esperava sentada num degrau. Assim que me viu, pareceu relaxar.

Sentei ao seu lado e ficamos ali, em silêncio.

Me lembrei da primeira vez que a vi, num jantar de Natal, anos antes. Ela estava com uma fita prendendo seu cabelo dourado, e me estudava com aqueles grandes olhos. Durante o jantar, aquele sorriso tímido e maldoso que me lançara tinha feito meu coração bater mais rápido, do mesmo jeito que ainda fazia. Todos aqueles anos brigando e nos odiando sem necessidade pareciam tão bobos comparados aos problemas que tínhamos agora...antes, eu a via como uma garota mimada e encrenqueira...e não sabia como a via agora. Amiga?

– No que está pensando? – ela me assustou. Olhei para ela.

Ela estava próxima, próxima demais, como na torre das corujas. O seu cheiro inebriante e venenoso estava por toda a parte, e os mesmos olhos que me encararam naquela noite de Natal me encaravam agora. Percebi que ela olhava para a minha boca.

– Em nada. – menti.

Ficamos em silêncio por mais alguns segundos antes de ela soltar um risinho baixo que fez a minha alma se retorcer.

– Eu consigo ouvir seu batimento cardíaco.

E ela tinha razão. Ele estava alto e rápido, como o de uma garotinha assustada. Balancei um pouco a cabeça, tomando um cuidado especial para não me afastar.

– Estranho. – seus olhos me encararam quando eu disse aquilo.

– O que é estranho?

– O efeito que você tem sobre mim. – percebi que ela tentava esconder um sorriso.

– Hm...então quer dizer que eu tenho um efeito sobre você?

Nossos narizes se tocavam.

– Aparentemente sim.

Naquele momento, eu sabia que amava aquela garota.