Diário de Uma Bruxa - 2° Temporada escrita por Unseen


Capítulo 17
O Dia Mais Vergonhoso da Minha Vida


Notas iniciais do capítulo

DESUZINHO DO CÉU, A INGRIDEW FEZ MAIS COISAS DIVOSAS
Ela me fez junto da Lou: http://kainkain.deviantart.com/art/Becca-and-Louise-504465610?ga_submit_new=10%253A1420245292
E fez a Lou junto com o Ced e o Draco: http://kainkain.deviantart.com/art/Louise-Cedrico-and-Draco-504466272?ga_submit_new=10%253A1420245513
ELA É MUITO CHEROSA, SOCORRINHO :'3
Enfim, muito obrecada à todas as melhoras e peço desculpas pela demora. Aqui está o capítulo, espero que gostem :v
Boa leitura! ^^



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Eu nunca me senti tão humilhada.

Draco parecia tão chocado e revoltado quanto eu, mas voltamos em silêncio para o dormitório, junto a Filch. Por ordem daquele flamingo cor-de-rosa psicótico, ele ficou entre eu e Malfoy, nos distanciando. Sério, o que eles achavam que nós iríamos fazer? Credo.

Quando finalmente chegamos, Filch esperou para ver se iríamos mesmo subir para os dormitórios. Sussurrei um boa noite para Draco enquanto subia as escadas e ele sussurrou um "pra você também" de volta. Me deitei na cama e ouvi a porta se fechando.

Infelizmente, não conseguia dormir. Meu cérebro ainda estava ativo com todas aquelas perguntas sem resposta que me agonizavam desde sempre. "Draco era um comensal?" "O que aquele livro tinha?" "Por que Voldemort me queria viva?" "Ele podia saber o que eu estava pensando?" "Ele podia saber se eu mudasse de lado?" "Dumbledore concordava com as punições daquela mulher?" e uma nova surgiu do escuro daquele quarto. Encontrar aquele livro não tinha sido coincidência. Então significava que tinha algo sobre a minha família que eu ainda não sabia.

Lílian e Tiago eram mesmo os meus pais?

Droga, aquilo era uma ideia perturbadora, mas possível. O cálice tinha me chamado de "Louise Potter" então um deles, pelo menos, deveria ser meu pai ou mãe. Mas não significava que ambos eram. E isso me incomodou. Algo me dizia que era possível, e muito provável. E então, mais uma vez, eu não tinha certeza da minha família. Quem eu era? Uma Bramen? Uma Potter? Ou tinha algum outro sobrenome? Do jeito que as coisas iam, eu poderia ter duzentos sobrenomes além de Potter.

Descobrir de onde eu vinha seria mais difícil do que eu imaginava.

Então, sem fazer barulho, levantei meu colchão e peguei algo que tinha escondido ali: o livro.

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Como o sono não tinha vindo, fiquei lendo até as meninas acordarem. Escondi rapidamente o livro de volta, antes que percebessem, e fingi ter acabado de acordar.

– Bom dia. – falei.

Nenhuma delas respondeu. Cretinas.

– Ei, Bramen... - para a minha surpresa, Pansy falou comigo - ...que diabos é isso na sua mão?

Ah droga, tinha esquecido da marca. Puta merda, quando aquilo ia sumir?

– Nada. - a cobri com a minha manga - só...mancha de tinta.

Ela franziu o nariz.

– Credo, você não se lava não?

As outras garotas riram e resisti a tentação de bater na cara de cada uma delas. Ou de falar que era uma marca de punição por estar no corujal de madrugada...bem, não seria uma boa ideia.

Tomei banho - claro que a marca não saiu - e coloquei meu uniforme novo, que cheirava à perfume. Estava prestes a sair quando me lembrei de que seria melhor colocar luvas. Voltei, as coloquei e desci. Assim que cheguei ao salão, vi Draco. Nossos olhares se cruzaram e ele corou, desviando o olhar. Também me senti meio desconfortável. Era meio estranho que Draco fosse um comensal. Quer dizer, não era estranho do tipo surpreendente, mas era estranho tipo "Merlin-ele-é-um-comensal".

– Ei, Malfoy, o que é isso? - um dos garotos da Sonserina pulou em cima dele e puxou sua mão. Ele devia ser bem mais forte que Draco, porque o mesmo tentou puxar, mas não conseguiu se soltar.

– Droga, Carter, me solta!

– "Não devo namorar escondido" - ele riu - O que é isso?

Finalmente ele pôde se soltar.

– Nada...

– Draquinho, namorando escondido? - ele riu, junto com outros garotos - Vejo que Umbrige já te castigou.

– Espera, castigou? - ele perguntou.

– Sim, eu também tive que escrever aquelas coisas... - ele mostrou a mão com uma expressão azeda, e lá estava escrito "não devo roubar" - Logo depois do jantar de ontem, ela me pegou tentando roubar um pouco de Amortentia da sala do Snape.

– Pra que você queria isso? - Suzan, uma das inúmeras garotas caidinhas por ele perguntou, esperançosa.

– Digamos que seria divertido ver Filch apaixonado por uma coruja - ele sorriu diabolicamente, (as desapontando) e não pude deixar de pensar que era uma grande ideia - Mas não mude de assunto, Malfoy. Com quem você saiu escondido?

Ele ficou em silêncio, tentando pensar em uma resposta.

– Eu não quero falar sobre isso. Foi tudo um engano, eu só queria dar um passeio de madrugada e ela achou que eu estava namorando escondido. - ele tentou sair, mas Carter e seus amiguinhos o pararam, entrando no caminho.

– Draco, Draco, Draco. Você mente mal. - ele sorriu - Com quem era?

– Espera aí... - Pansy interrompeu, e olhou pra mim com um sorriso.

Puta merda.

Me virei discretamente e fui em direção à porta.

– Um pouco mais devagar, Bramen. - ela segurou o meu pulso - O que você tinha na mão era realmente tinta?

Respirei fundo e fiz uma cara de indignação.

– Claro que sim, sua idiota! O que? Você achou que eu ia sair com esse daí? - fiz um gesto para Draco, que pareceu ligeiramente ofendido - Agora é melhor me soltar, ou eu juro que te faço engolir esses dedos imundos.

Tudo ficou em silêncio. Eu tinha enganado eles, Graças à Merlin.

– Peguem ela.

Ou não.

Normalmente, as garotas seriam fracas demais pra me segurar, mas alguns dos meninos - interessados no que aquilo ia dar - ajudaram.

– É MELHOR VOCÊS ME SOLTAREM! - dei um pontapé em um deles, e continuei gritando.

– Pra que usar luvas num dia tão quente, Bramen? - Pansy riu e as arrancou.

Eu esperava que tivesse desaparecido, por algum tipo de magia. Do livro? De Você-Sabe-Quem? De um dos Ursinhos Carinhosos? Sei lá, qualquer um poderia ter tido misericórdia e tirado aquela maldita marca de mim. Mas não. O Universo tinha de ser tão cruel. Os Ursinhos Carinhosos só queriam caos e morte, aparentemente.

E lá estava a marca.

– EU SABIA! - ela cantarolou.

– Bramen e Malfoy... - as meninas riram.

– ISSO É TUDO UM MAL-ENTENDIDO! - gritei, me soltando. Todos estavam rindo - EU SÓ QUERIA IR ATÉ O CORUJAL, MAS AÍ DRACO APARECEU DO NADA E O FILCH TAMBÉM E...

...ninguém me escutava.

Me joguei no chão e comecei a choramingar. Draco se aproximou.

– Louise? Você está...

– DISTÂNCIA.

– Como?

– Minha vida acabou... - esfreguei a cara no tapete.

Ouvi ele suspirar.

– Credo, Louise, pare de ser tão dramática...

– Você deve beijar mal, hein, Malfoy? - um dos meninos disse.

– EU VOU QUEBRAR SEUS DENTES, LEO. - gritei, levantando meu rosto. Pela sua expressão, eu deveria estar parecida com uma maluca psicótica. Eu me sentia uma maluca psicótica.

– Você devia se acalmar... – Draco disse – Olha, eu estou indo tomar o café da manhã e...

– Que bonitinho, os dois vão tomar café da manhã juntos... – Carter riu. O lancei um olhar assassino e ele se calou. Continuei no chão. Draco suspirou e saiu do salão.

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Fiquei encolhida no sofá até que todos tivessem ido embora e até a hora da primeira aula chegar. Finalmente, depois de pensamentos um tanto depressivos, levantei e me dirigi até a sala de poções. Assim que entrei, todos me olharam, de jeitos diferentes. O pessoal da Sonserina me olhava com sorrisos sádicos, Ellen parecia extremamente satisfeita, Neville parecia...preocupado? Draco parecia estar pedindo para que eu o matasse e Harry me olhava como se eu fosse uma estranha. Assim que percebeu que eu o encarava, desviou os olhos. Então ele ia fingir não me conhecer?

Me sentei ao lado dele – o único lugar vago – enquanto todos esperavam Snape chegar.

– Oi.

Ele me ignorou.

– Vai me ignorar?

Silêncio.

– Você sabe que não aguenta muito tempo.

Mais silêncio. Fiquei encarando por um tempo até ele começar a falar – como sabia que faria.

– Eu não acredito, Louise.

– Olha, eu...

– Draco? Sério? Eu até aceitaria outra pessoa, como o Neville, o Rony...

– Não é o que você está pen... – parei – Espera, você disse Rony? Sério?

– Você entendeu. – ele finalmente olhou pra mim – Como você pôde? Estão todos sabendo! E além do mais, como eles sabem?

Suspirei.

– Olha, eu só queria ir até o corujal, então Draco apareceu e depois Filch nos encontrou, e eu juro que não estávamos fazendo nada! – ele continuou me encarando – E não era minha intenção deixar toda a escola sabendo, pode ter certeza. Foi a punição de Umbrige que...

– Espera, punição?

– Sim. – suspirei – Ela nos mandou escrever “não devo namorar escondido”- mostrei minha mão. A marca já estava sumindo, mas ainda estava meio vermelha – E de alguma forma, a caneta dela escreve na nossa mão.

– Ela te machucou? – ele não parecia ligar mais pra Draco.

– Não ela... – não sabia como responder. Ele provavelmente arrumaria um barraco – Não está doendo.

Ele apertou a marca, e foi como se tivessem esfaqueado minha pobre mão. Mordi os lábios para não gritar.

– Droga, eu menti, está doendo como o inferno, não faça mais isso.

– Louise!

– Por favor, não arrume barraco. Não vai ser bom falar isso pra Dumbledore, ele já tem problemas demais com o Ministério.

Ele pensou por alguns segundos.

– Por favor? – suspirei.

Ele revirou os olhos.

– Tá. – resmungou.

Depois de mais uns dois minutos de silêncio, ele se manifestou:

– Por favor, me prometa que vai arrumar alguém melhor do que Draco.

Ri.

– Não posso prometer nada.

Ele me olhou como se tivesse dito que amava pular de torres.

– Brincadeira. – revirei os olhos – Merlin, você leva tudo tão à sério.

Para a minha surpresa, eu não estava brincando.

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Durante toda a aula de poções, Snape ficou me olhando como se soubesse de tudo. Fiquei extremamente desconfortável, e de vez em quando, ele lançava olhares assassinos à Draco – o que era estranho, porque Draco era o segundo preferido dele. Eu estava em primeiro é claro.

Não consegui me concentrar, então é claro que Harry fez várias burradas e quase estragou a poção. Felizmente, eu o impedi de explodir a sala e matar todo mundo. Luna e Neville pareciam estar se saindo bem, e comecei a pensar como seria legal se os dois ficassem juntos.

Depois da aula de História da Magia – em que eu dormi, apoiada no ombro de Longbotton – fomos para a de feitiços. Infelizmente, Umbrige estava lá.

– Bem-vindos. – ela sorriu com aquela cara de retardada – Quero que peguem os livros que estão em cima das mesas.

Livros?

– Mas...senhorita Umbrige... – Hermione começou - ...nós não deveríamos praticar os feitiços?

– Mas é claro que não, querida! Isso é muito perigoso. Vocês vão aprender tudo que precisam com os livros.

– Mas como vamos nos preparar sem praticar? – Harry disse. Quase o mandei calar a boca. Ele já tinha se metido em confusões o bastante nos últimos...anos.

– Pra que vão se preparar? Quem iria atacar crianças?

– Hum, não sei – ele disse, com ironia – Lorde Voldemort, talvez?

Muitos se encolheram a menção daquele nome, e vi fogo brilhar nos olhos de Dolores.

– Queridos alunos...tem dito pra vocês, nos últimos dias...que um certo “Lorde das Trevas” voltou. – ela deu uma pausa – É tudo uma mentira.

– Não é! – Harry gritou.

– Harry... – sussurrei, tentando para-lo.

– É tudo uma grande mentira. Uma história para assustar crianças!

– Então quer dizer que Cedrico caiu morto porque quis?

Meu sangue gelou com a menção do nome dele. Tive vontade de dar um tapa da cara de Harry, mas me segurei.

– A morte de Cedrico Diggory foi um grande infortúnio...um acidente!

– Mas eu vi! Voldemort estava lá, Louise também viu e...

– CHEGA!

Silêncio.

– Senhor Potter, queira me acompanhar até a minha sala. Senhorita Bramen...quer vir junto? Ou prefere ficar calada?

Trinquei os dentes.

– A morte dele não foi um acidente.

Eu sentia toda a sala me encarando, e ela suspirou.

– Que pena. Vamos.

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Fomos para a mesma sala cor-de-rosa, mas dessa vez, escrevemos “não devo contar mentiras”. O que era uma mentira, porque não estávamos mentindo. Mas estávamos, se escrevíamos aquilo, então...minha cabeça está dando nós, melhor parar.

Assim que saímos, Harry chutou a parede.

– Nossa...não é culpa da parede, sabe?

– Eu não acredito! Nós não estamos mentindo! Desde que eu cheguei aqui, todos ficam me encarando e perguntando se a volta dele é verdade.

– Harry...

Ele se virou pra mim e suspirou.

– Desculpe. Estou ficando meio maluco com tudo isso.

– Percebi.

Ficamos em silêncio.

– Olha, Harry...nós temos que conversar... – cruzei os braços.

– O que foi? – ele se assustou – Você não está grávida, está?

– ...

– Ah, Santo Godric, você está. É do Draco?

– ...Harry.

Ele olhou pro chão.

– Ah, não, eu vou ser tio. Eu vou ser tio dos seus filhos...com o DRACO!

– Harry!

– Não, você é muito nova! Você só tem 16!

– HARRY.

– VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA...DO DRACO!

Alguns alunos passaram de olhos arregalados, me encarando.

– HARRY, ME ESCUTE, HOMEM!

Ele finalmente se virou pra mim.

– Eu não estou grávida do Draco, droga! – os alunos que me encaravam pareceram subitamente desapontados e saíram andando. Ele suspirou de alívio – Vamos pra biblioteca.

– Mas nós temos aula com a Minerva agora e...

– É só falarmos que Umbrige nos chamou na sala dela. Podemos perder mais alguns minutos.

Ele concordou e fomos para a biblioteca. No caminho, ele comentou com uma cara estranha que eu “estava muito magra”. Balancei os ombros como resposta.

Então chegamos e nos sentamos no chão, escondidos no meio de duas grandes estantes de livros empoeirados. Encostei as costas numa seção de “lulas mágicas”. Estranho.

– Olha, eu comecei a achar que encontrar aquele livro não foi coincidência. – comecei.

– Você ainda não se livrou dele? Louise!

– Só me escuta. – assim que ele aquietou o cu, continuei – Estou começando a pensar que talvez eu seja filha de outra pessoa.

– O que? Mas o cálice...

– Eu sei, ele disse Potter. Mas e se eu só fosse filha de um? Sabe, nós não somos gêmeos, mas temos só uma pequena diferença de idade, alguns meses. É impossível alguém ter um filho e três meses depois ter outro.

Ele ficou em silêncio.

– Eles podem ter te adotado – ele finalmente disse – e...

– Não. Ou eu não seria uma Potter.

– ...

– Um deles foi meio travesso.

– Merda.

Mais silêncio.

– Não. Eles não fariam isso, eles...

– Só porque eles morreram, não significa que são santos, Harry.

Ele suspirou de novo, e temi ter sido meio dura.

– Você tem de se livrar desse livro. Agora entendo o porquê de estar tão magra. Essa coisa está sugando a vida de você, Louise.

Balancei a cabeça.

– Depois conversamos sobre isso, temos de ir.

Então nos direcionamos até a sala de Minerva. Eu estava evitando aquele assunto já fazia algum tempo, porque:

Eu não queria pensar em algo que pudesse me matar.

Ele poderia ser a única chance de saber qual era o meu lugar.

Eu não queria me livrar dele. Parecia impossível pra mim, naquele momento.

Então eu simplesmente esqueci desse assunto.

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Depois de mais algumas aulas, fui para o jantar. Todos me encaravam, e eu os ignorava. Me sentei à frente de Draco e contei tudo o que tinha contado à Harry: sobre o livro, a minha teoria...

– Uau. – ele disse, quando eu terminei. Para a minha surpresa, ninguém ouviu, pois estavam todos prestando atenção nas próprias vidinhas. Essa é a mesa da Sonserina.

– Sim. Uau. – dei uma pausa pra mastigar - E você acredita que quando eu disse “temos que conversar” ele achou que eu estava grávida de você?! – comi um pouco mais do meu purê.

Olhei pra cima e ele estava paralisado, totalmente vermelho, como um pimentão. Seus olhos estavam baixos, concentrados no prato.

– Que foi?

Silêncio. Silêncio demais, na verdade. Percebi que a mesa toda olhava pra mim. Espera. Não só a mesa, todas as quatro mesas...ah droga, as cinco. A de Dumbledore e os professores também, com Snape segurando uma colher de sopa na metade do caminho e Hagrid cheio de milho na cara. Ellen parecia ser a única a sorrir.

– Hm...- soltei uma risada nervosa que ecoou pelo silêncio do salão - eu falei isso meio alto, não?

Mais silêncio. Corei, pensando que não era o meu dia de sorte.

– Então...eu estou indo. Com licença.

Andei o mais rápido que pude até a porta, meus passos altos demais naquele silêncio todo. Podia sentir os olhares nas minhas costas e até mesmo Filch parecia boquiaberto. Fui direto para o dormitório, sentindo uma vergonha tremenda até na minha alma.

Deitei na cama, suspirando. Para a minha surpresa, Terrance estava lá, pulando no meu colo. O abracei e ele chiou, se afastando.

– Droga, gato, você não gosta de amor? Estou tentando te dar algum.

Ele miou e se deitou na pequena almofada azul que eu tinha comprado pra ele. Seus pelos estavam bagunçados, e pensei até em penteá-los mas A) Ele provavelmente me arranharia até arrancar meus dedos fora e B) eu achava ele mais charmoso assim: os pelos pretos bagunçados, o olho azul claro contrastando com o marrom-escuro. Ele era um gato meio diabólico, mas era bonito, temos de admitir. E não era tão mau.

Suspirei e peguei o livro do meu esconderijo. Lembrei do que Sirius tinha me contado:

“O livro não tem autor. Tem vida própria. Ele pode te dizer qualquer árvore genealógica bruxa, mas tem um preço. Ele precisa de poder mágico pra poder saber disso, e ele o suga de seu leitor. Ele pode dizer quem são os pais de um órfão, mesmo que ninguém mais saiba. Ele não tem regras. Tudo o que você precisa pra ler é poder. Mas ele não aceita ser lido por qualquer um. Tem de ser alguém com um grande propósito. Não me surpreende que só você e Potter possam ler por enquanto, sempre soube que eram destinados à grandeza”

Harry tinha se recusado à ler o livro, mas eu queria saber. Eu estava curiosa pra descobrir o que ele tinha, e ver se conseguia descobrir mais sobre minha família.

Mas tinha um pequeno-grande probleminha: aquele maldito livro NÃO TINHA ÍNDICE. Então o único jeito era ler a porra toda até achar. Mas estava demorando. Já estava na metade do livro e não achava nada. Estava começando a me cansar, física e mentalmente.

Comecei a ler de onde tinha parado; uma pequena família bruxa chamada “Collins”. Virei a página e esperei que as palavras se formassem. Estranhamente, não apareceu uma grande árvore com galhos e imagens de pessoas. Apareceram apenas palavras em rimas naquelas duas grandes páginas:

O-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado irá voltar

A profecia vai se confirmar

Vingança será seu objetivo principal

E uma vida chegará ao final

Duas partes de uma só metade então

A vitória ou a derrota decidirão

A esperança de lados opostos

No destino de ambos estarão impostos

Aquilo não parecia ser uma árvore genealógica.

Tive a impressão de que era importante, então, rapidamente, anotei as palavras que pareciam ser uma profecia num bloco de papel. E assim que terminei, elas sumiram, dando lugar à uma árvore genealógica. No topo, estava escrito “Potter”. Fiquei animada. Aquela podia ser o que eu estava procurando, depois desse tempo todo.

Vi vários nomes desconhecidos pra mim, como “Rute, Freud, Sophie” e outros. Deviam ser meus bisavós ou coisa parecida.

Então eu vi.

Ω Potter Ω

Tiago Lílian --------- ***

Harry ------------------ Louise

Um nome acima do meu estava borrado. Eu não sabia se era algum tipo de brincadeira do livro, mas assim que passei o dedo em cima, pude ler.

O nome que eu menos esperava. Eu era filha de Lílian e...

Inacreditável.


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Notas finais do capítulo

MWAHAHAHAHHAHAHHAHAHAH EU ME SINTO TÃO MÁ, SÉRIO
HUM, QUE PENA, ACHO QUE VOCÊS VÃO TER QUE ESPERAR O PRÓXIMO CAPÍTULO PRA SABER QUEM É O PAI DA LOUISE
MWAHAHAHHAHAHAHHAHA
DE NADA
Bye o/