Traído vol 3 de Desconhecido escrita por Um Alguém


Capítulo 7
Hunter - Feliz Natal




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Natal.

Um dia qualquer do ano em que o mundo todo sai para comprar presentes, prepara festas cheias de comidas e bebidas sem nem saber o significado desse dia.

A "magia do natal" a muito tempo se perdera para mim. Sentia falta dos natais felizes e tranquilos de quando era criança. Vince e eu passávamos o dia todo cantando músicas natalinas, depois deitávamos embaixo da árvore de natal e dormíamos esperando o papai Noel. Mágico, não?

Megan parecia ter esquecido toda aquela história de perseguição. Eu gostaria de esquecer também, afinal desde o acidente da Meg e do Christian mais nada estranho aconteceu. Mas aquele bilhete que eu havia recebido no hospital ainda rondava minha cabeça.

Todos estavam empolgados com os preparativos natalinos. Liz, Megan e Christian estavam cozinhando. Nero, Blake e Eu colocávamos pisca piscas e enfeites do lado de fora da casa. E John, Dane, Sophie e Natalie cuidavam da decoração interna.

Nero e Blake conversavam animados sobre algo que eu não prestava atenção. Nero estava no telhado e Blake em uma daquelas escadas de madeira. Eles prendiam alguns enfeites lá no alto, enquanto eu ajeitava algumas coisas na varanda.

Ouvi um barulho estranho e me virei para ver. As coisas ao redor e do outro lado da rua estavam todas iluminadas com seus pisca piscas. Olhei ao redor, ainda escutando o tal barulho, como um monte de folhas sendo esmagadas ou algo do tipo. Avistei um vulto na sombra de uma árvore do outro lado da rua.

Saí da varanda, parando à calçada. O vulto tomou forma. Pelo físico alto e forte, era um homem. Vestia roupas pretas, luvas e uma máscara. Dei mais um passo a frente e identifiquei um sorriso estranho na máscara. O tal cara tirou algo do bolso. Aquela distância não consegui identificar com certeza o que era, mas parecia um celular. Ele mexeu no aparelho por alguns segundos, depois o guardou de volta.

Logo em seguida meu celular vibrou. Peguei o celular. Uma mensagem. "Quer brincar?", dizia a mensagem. Era dele. O tal cara havia me mandado aquela mensagem. Mas como? Como ele tinha o meu número?

Assim que voltei a olhá-lo, ele saiu correndo por trás das árvores sem pensar, segui-o, correndo atrás dele por dentro do quintal de alguém. O cara era rápido e eu me esforçava para acompanhá-lo. Alguns metros à frente havia um alto portão de ferro. Senti uma satisfação enorme. "Ele está encurralado", pensei. Mas não, ele não estava. Ele pulou na parede, deu impulso com as pernas e foi de encontro ao portão, já na parte superior.

Em poucos segundos ele havia pulado um portão de no mínimo três metros. No mínimo. Parei de correr, encarando o portão. O ar chegava com dificuldade aos meus pulmões. E eu tentava entender o que havia acontecido. Meu celular vibrou de novo. Outra mensagem. "Lento demais. Você perdeu essa rodada do jogo e agora precisa aguentar as consequências", dizia.

– Merda. - resmunguei.




Não contei a ninguém o que havia acontecido. Não queria estragar o clima bom. Depois de ajudar os meninos a terminar de arrumar tudo, tomei um banho e fiquei sentado na varanda.

Li e reli mil vezes as mensagens no celular. O número que havia mandado era restrito. E a certeza de que eu conhecia aquele cara estava me enlouquecendo. poucas pessoas são tão altas. E menos pessoas ainda conseguem pular com tanta facilidade um portão daquele tamanho.

Eu podia ouvir as vozes animadas conversando lá dentro, mas não queria prestar atenção. Sentia que se pensasse mais um pouco acabaria descobrindo quem era aquele cara. Só quando John apareceu na porta me chamando para entrar permiti-me deixar aquela história maluca de lado.

Como a sala era pequena demais, resolvemos fazer a ceia na parte de trás da casa, apelidada carinhosamente de Paraíso. Era de fato um lugar lindo. O grande carvalho no centro estava iluminado com diversos pisca piscas. A mesa de madeira que costumava ficar no centro, agora estava no meio, sob o carvalho.

Quando entrei todos já estavam no "Paraíso". Alguns sentados à mesa, outros em pé. Vasculhei o lugar com os olhos rapidamente procurando a Megan, mas nenhum sinal dela. Então senti uma mão quente nas minhas costas e me virei para ver. Era ela, linda como sempre. Não. Mais linda do que o normal. Usava um vestido vermelho escuro, quase vinho, que posteriormente notei ser frente única. Seu cabelo preto estava preso no alto, com alguns frios soltos emoldurando seu belo rosto. Seus olhos cor de mel pareciam se derramar sobre mim, e sua boca vermelha quase gritava para beijá-la.

– O que foi? Por que está me olhando assim? - perguntou ela com um sorriso tímido.

– Porque eu não sabia que você conseguia ficar ainda mais linda do que já é. - disse-lhe tocando de leve seu rosto. - Você está incrível.

– Pare com isso, Hunter. - ela ruborizou e desviou o olhar, mas ostentava um largo sorriso. Eu sorri também. - Você também não está nada mal. - comentou ela voltando a me olhar.

– Eu sei que é mentira, mesmo assim, obrigado. - disse olhando minha própria roupa, que não passava de um tênis e uma calça preta, e uma camisa polo branca com detalhes verde escuro na gola.

– Não, não é mentira. Você está bem melhor do que antes, quando voltou. - comentou ela.

– Pois é, você me faz bem.

– Vamos comer ou não? Estou morrendo de fome. - gritou Dane já sentado à mesa.

Megan e eu abandonamos nossa conversa e fomos para mesa junto com o pessoal. Em uma ponta estava John, na outra Dane. À esquerda do John, Megan, Sophie, Natalie e Liz. E à direita, Eu, Blake, Nero e Christian.

Para todos aquele era um ótimo momento. Eles gargalhavam e conversavam com euforia. Mas para mim a felicidade estava distante demais. Parecia errado eu estar ali, com a Megan, me divertindo. Era como trair o Vince. Bem, de novo. Eu já o havia traído quando fiz aquelas coisas no prédio. Não precisava me sentir mais culpado ainda.

Então, enquanto todos tinham uma alegre e maravilhosa noite de Natal, eu tentava sobreviver a tudo aquilo sem enlouquecer com a culpa, pelos acontecimentos com o Vince, e com a preocupação em relação ao tal cara mascarado.

Megan não parecia tão animada quando os outros, mas se esforçava. Acho que ela também se sentia um pouco culpada. Mas ao invés de sucumbir, ela resistia. Ela me olhava com preocupação às vezes, tentando descobrir o porque de eu estar tão taciturno.

– Sorria. - disse ela como um rádio sem som, só mexendo os lábios sem deixar a voz sair. Abriu-me um sorriso fulgurante e mesmo se eu tentasse não conseguiria resistir, então sorri de volta.

Depois de comermos o máximo de comida que aguentamos, fomos todos para a sala, onde Dane e Natalie haviam montado praticamente um festa. Todos os móveis estavam amontoados em um canto, transformando a sala toda em uma grande pista de dança. Estava tudo escuro, menos pelas luzes piscantes presas em pontos estratégicos.

Dane, Christian, Natalie e Sophie dominavam a "pista de dança". John, Blake e Liz também dançavam, mas com certa veleidade. Nero, é claro, não estava no movimento dançante. Estava sentado em um canto, bebendo e observando tudo. Meu entusiasmo era nulo e preferi não participar da festa. Fui para a varanda, de novo. Estava sentado no primeiro degrau deixando a mente vagar, quando Megan sentou ao meu lado.

– Eu tenho uma coisa para você. - disse ela escondendo algo na mão. - Os meninos fizeram o que você pediu e venderam a casa do Vince. Mas antes de vender eles tiraram algumas coisas. Coisas do Vince.Pequenos pedacinhos dele. E todos esses pedaços dele estão guardados em um galpão. - ela fez uma pequena pausa e colocou uma chave nas minhas mãos. - Essa chave é do galpão, e agora é sua.

– Eu... Não sei nem o que dizer, o que pensar. - disse-lhe analisando a chave. - Obrigado. - guardei a chave e peguei uma pequena caixinha no bolso. - Também tenho algo para você.

– Não é justo. - reclamou. - Você não devia ter se preocupado com presente. O que eu te dei é seu por direito.

– O que eu vou te dar também. - entreguei-lhe a caixinha e ela abriu, revelando um frugal cordão banhado em ouro branco. O pingente era um grácil par de asas. - Todo anjo tem asas, e você como meu anjo precisava ter as suas.

– Meu Deus... É incrível. - ela tirou o cordão da caixa, suspendendo-o no ar para olhá-lo melhor.

– Quer que coloque em você? - ofereci.

– Claro. - ela me entregou o cordão e virou de costas.

– Prontinho. - anunciei quando acabei de prender o fecho.

– Feliz Natal, anjo. - sussurrei em seu ouvido.


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Notas finais do capítulo

"...You are my angel, the only one can save me now. You are my star, my sun, my breaking dawn..." De Hunter, Para Megan



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