Traído vol 3 de Desconhecido escrita por Um Alguém


Capítulo 6
Megan - Acidente de carro / Hunter - Bilhete


Notas iniciais do capítulo

Bom, mais um para vocês. Aproveitem ;)



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MEGAN


O sol abandonara o céu, que agora estava escuro e cheio de nuvens pesadas prontas para desmoronar a qualquer momento sobre nós.
Por fim, acabei aceitando a carona do Christian. Liguei de novo para Hunter, avisando-o que estava voltando com Christian. E que provavelmente demoraríamos, já que Christian estava empolgado demais cantando todas as músicas que tocavam no rádio.

Estava tocando Fancy, da Iggy Azalea e Christian tamborilava os dedos no volante enquanto cantava. Era meio engraçado que alguém como ele tivesse trabalhado como segurança do Hunter e do prédio.

A chuva começou a cair levemente, fazendo o transito ficar mais intenso. Estávamos a menos de dez minutos de casa. Agora tocava Radioactive, do Imagine Dragons. Mas antes mesmo que a música chegasse ao refrão, as coisas desandaram.

Alguém atravessou a rua correndo na frente do carro. Christian se sobressaltou e desviou da tal pessoa apressadamente. Até aí, tudo é ótimo. O problema foi que ao desviar, acabamos invadindo a faixa que vinha na mão contrária. Estávamos na contramão. A rua escura e molhada. Christian não teve tempo de desviar de novo, nem eu de reagir.

Batemos de frente, bem em cheio, em um carro preto. Tudo virou um grande borrão. Um zumbido constante e brilhantes fulguravam diante dos meus olhos. Senti uma dor alucinante se espalhar por todo meu corpo.

Olhei para baixo e vi minhas pernas presas no painel retorcido do carro. Algo grudento escorreu por meu rosto. Passei a mão e ela ficou vermelha. Sangue. Eu não conseguia me mexer. Minha garganta estava seca.

Percebi a movimentação de pessoas do lado de fora. Algumas falavam comigo, me perguntando como eu estava, mas eu não conseguia responder. O para brisa do carro estava todo quebrado e espatifado. Os cacos espalhavam-se sobre Christian.

Só então me dei conta de Christian. Ele estava com a cabeça caída para frente, quase tocando o volante. Sua camisa verde estava manchada do sangue que escorria de seu braço, pescoço, ombro.

– Christian... - chamei-o forçando minha voz a sair, mas não passou de um sussurro.

Minha vontade era chorar, mas nem para isso eu tinha forças. Eu sentia o sangue escorrendo por meu rosto, encharcando meu cabelo. E meus olhos estavam pesados demais. A dor e o cansaço começavam a me dominar de modo devastador. Alguém, de algum modo alheio a minha compreensão, abriu a porta toda distorcida do carona, ajoelhando-se ao meu lado.

– Ei, ei, fiquei acorda. Não desista. - disse-me uma voz masculina. - Nós vamos te tirar daí, mas fiquei firme.

– Hunter... - chamei involuntariamente. - Hunter...

E depois tudo sumiu.





Se eu não amasse muito o Vince desejaria nunca ter conhecido ele, afinal depois que o conheci os acidentes de carro, as dores físicas e mentais e as visitas a hospitais se tornaram recorrentes de mais.
Eu estava em um quarto de hospital tão... chato quanto o último em que estive. Era tipo um quadrado totalmente branco. Na parede direita uma janela me mostrava que ainda estava de noite e chovendo. Do lado esquerdo uma porta e duas cadeiras de metal que não pareciam nada confortáveis. Ao lado da minha cama, à direita, um monitor fazia um barulho irritante.

Mas a única coisa interessante ali era uma pequena mesinha abaixo da janela. Em cima da mesa dois buquês. Um grande e frondoso de lírios e um pequeno e simples de rosas brancas. Quando eu era criança adorava os lírios do jardim da minha mãe, mas agora as rosas brancas tinham um significado especial. Dava para dizer que eram as minhas duas flores favoritas.

Estava distraída observando as flores quando ouvi a porta do quarto ser aberta. Hunter colocou só a cabeça para dentro do quarto. Sorri para ele, que retribuiu e entrou. Puxou uma das cadeiras, colocando-a ao lado da minha cama, e sentou-se.

– Como se sente? - perguntou ele.

– Dolorida.

– Você vai ficar bem, não foi nada grave. - garanti.

– Você tem meu diagnóstico? - perguntei-lhe lembrando das minhas pernas presas no carro.

– O médico disse que você tomou alguns pontos na cabeça e que perdeu muito sangue, mas já está tudo bem.

– E minhas pernas, como estão? - levantei um pouco o lençol que me cobria para dar uma olhada nas pernas. Estavam um pouco machucadas.

– Eu não sei, ainda não pude vê-las. - ele sorriu, depois ficou sério, segurando minha mão. - Eu quase morri quando fiquei sabendo do acidente.

– Como ficou sabendo?

– O motorista do outro carro não se machucou, então foi ver como você e o Christian estavam, aí você falou o meu nome e ele pegou seu celular e me ligou. - contou.

– Meu Deus, o Christian. - só então lembrei do Christian sangrando no carro. - Como ele está?

– Passou por uma micro cirurgia e agora está descansando.

– Cirurgia?

– Alguns pedaços de vidro do para brisa entraram nele, no pescoço, ombro, braço, então tiveram que operá-lo para retirar porque eram muitos. Mas ele está bem. Com o nariz quebrado, mas bem.

– Caramba...

– Gostou das flores? - perguntou ele de repente. - Reparei que no enterro do Vince você colocou rosas brancas na lapide dele, então imaginei que você gostasse.

– Gosto sim. - disse fitando as flores. - São lindas. Obrigada. - voltei a olhá-lo dando um pequeno sorriso. - E os lírios, quem trouxe?

– John.

– Sabia. - ri. - Ele está aqui?

– Não. Ele e Liz foram em casa pegar umas roupas para você e para o Christian, para quando receberem alta. Dane está com o Christian e os outros estão na sala de espera. - explicou. - Quer vê-los? Posso ir chamá-los.

– Não, agora não. - apertei sua mão que ainda segurava a minha. - Agora quero ficar só com você.

Ele abriu um largo sorriso, depois levantou da cadeira e sentou ao meu lado cama, passando um dos braços sobre meus ombros. A cama era muito pequena para nós dois, mas isso não importava.

– Descanse, anjo. - disse-me ele entrelaçando nossos dedos. Fechei os olhos e obedeci, deixando o cansaço me consumir.

__________________________________________________
HUNTER


Pouco depois de a Meg ter adormecido, o médico apareceu e me expulsou do quarto. Levantei da cama lentamente, para não acordá-la. Saí do quarto e fui para a sala de espera, onde encontrei Nero e Natalie.

– E aí, como ela está? - perguntou Nero.

– Bem, só um pouco cansada. - Cadê Blake e Sophie?

– Com o Christian. - respondeu Natalie.

– Ele já acordou? - quis saber.

– Acho que ainda não. - Nero deu de ombros. - Não sei.

– Ah, aqui, deixaram isso para você. - disse Natalie me entregando um envelope.

– Quem deixou? - perguntei confuso.

– Um garoto. Perguntei quem o havia enviado e ele disse que não sabia, que um cara alto tinha pego para entregar isso para você. - explicou Nero.

– Tá, obrigado.

Afastei-me um pouco dos dois, abrindo o envelope. Um bilhete exatamente como a Megan havia descrito os que ela recebera. Uma folha preta, letras em vermelho e um sorriso bizarro logo abaixo das palavras:

Que bom que você voltou, já estava com saudade.
Agora sim a brincadeira pode começar.


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