Traído vol 3 de Desconhecido escrita por Um Alguém


Capítulo 5
Hunter - Noite / Megan - Dia




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HUNTER

A última visão que eu tive da Megan antes de ir embora foi ela chorando. Eu acabei de voltar e já estou vendo ela chorar de novo.
Megan entrou no quarto chorando e tudo que eu pude fazer foi abraçá-la. Eu queria perguntar o que havia acontecido, mas achei melhor deixar ela se acalmar primeiro. Puxei-a até a cama, mantendo meus braços ao seu redor. Ficamos sentados, imóveis, pelo que poderiam ser horas.

– O que aconteceu? - perguntei afinal.

– Eu não aguento mais, Hunter. - desabafou. - Isso tudo é demais. Você, o Vince, morte dele, o tal cara me perseguindo, os bilhetes, e agora Dane.

– O que tem o Dane?

– Ele... ele te culpa por tudo...

– Ele está certo, então. - disse-lhe. Ela se afastou um pouco para me olhar. Segurei seu rosto com as duas mãos, secando uma última lágrima que havia ali. - A culpa é mesmo minha. Todo esse sofrimento poderia ter sido evitado se eu não fosse tão burro. Mas mesmo ele estando certo, eu não me importo com o que ele pensa de mim. Só o que importa é o que você pensa de mim.

– Você devia parar de se culpar. - sugeriu ela.

– Você também. - rebati. Ela fez uma careta e eu ri. - Não se preocupe, vai ficar tudo bem, tá? Tudo bem.

– Tomara. - disse ela, depois me abraçou de novo.


Ficamos deitados juntos a noite toda. Megan com a cabeça apoiada no meu peito, dormindo serenamente. Eu teria gostado de dormir também, mas preferia ficar acordado absorvendo cada detalhe da Megan. Acho que ela estava tendo um sonho bom, pois um pequeno sorriso despontava em sua boca. E que boca. "Pare já com isso", me repreendi.

Megan então acordou. Apoiou uma mão no meu peito e levantou a cabeça para me olhar. Dei-lhe um beijo na testa, fazendo-a rir um pouco.

– Dormi bem? - perguntei-lhe.

– Uhum. Fazia tempo que não dormia tão bem. - comentou alegre. - E você?

– Eu não dormi. Fiquei pensando um pouco. - fiz uma pequena pausa, depois continuei. - Quer me contar agora essa história de perseguição e bilhetes?

Não, ela não parecia querer contar. Mesmo assim contou. Era uma história bem estranha, para falar a verdade. Pedi-lhe detalhes e ela deu o máximo que pôde. Depois que ela acabou de contar ficamos em silêncio por um tempo.

– Sabe quem pode estar fazendo isso? Tem alguma ideia? - perguntou ela enquanto passava o dedo no meu peito fazendo desenhos imaginários.

– Na verdade, não. Não sei quem poderia fazer algo assim. - parei para pensar um pouco. - O que aconteceu com os meninos que trabalhavam para mim lá no prédio?

– Christian disse que alguns morreram quando o prédio pegou fogo, e os outros fugiram, sumiram do mapa.

– E a Jennifer?

– Ninguém sabe dela. Acha que a Jennifer ou alguém lá do prédio tem alguma coisa a ver com isso?

– Não sei. Por enquanto são só especulações. Mas prometo que vou descobrir quem está fazendo isso.

– Obrigada, Hunter. - ela se esticou e me deu um beijo na bochecha.

– E então, o que você vai querer de presente de Natal? - perguntei-lhe mudando de assunto.

– Um pouquinho de paz.

– Não sei se vou conseguir te dar isso.

– Você já está dando. - disse ela me fitando nos olhos.

Talvez eu devesse ter dito algo, mas não disse. Dei-lhe um sorriso tímido, depois me virei um pouco para ver o relógio na escrivaninha. Quase três da madrugada.

– Está tarde. Durma um pouco. - disse-lhe gentilmente.

– Certo. Mas e você? Vai dormir ou ficar pensando?

– Vou dormir. - assegurei-lhe com um sorriso.

Ela então se aninhou no meu abraço, pousando a cabeça no meu peito de novo. Fiquei mexendo no seu seu cabelo até que dormisse. Deixei minha mente sonolenta pensar um pouco em tudo que a Megan havia contado. Eram muitas perguntas para poucas respostas. Por fim, acabei cedendo ao sono e deixando que a tranquilidade do momento com a Meg me fizesse dormir.

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MEGAN

Essa noite, com certeza, foi bem melhor que a anterior. Na verdade, bem melhor que todas as noites dos últimos meses. Sem medos, angústias ou tristezas. Sem sonhos nem pesadelos. Só o conforto e a tranquilidade. Se essa noite durasse mil anos eu não reclamaria.

Mas afinal a noite acabou. Acordei um pouco mias cedo do que de costume. Hunter ainda dormia, com uma expressão relaxada. Esgueirei-me para fora da cama lenta e cuidadosamente para não acordá-lo, e fui para o banheiro.

Tomei um banho rápido, depois voltei para o quarto, terminando de pentear o cabelo. Quando entrei no quarto Hunter estava sentado no chão, ao lado da cama, mexendo na sua mochila.

– Bom dia. - disse-lhe animada ao vê-lo.

– Bom dia. - respondeu ele com um sorriso de lado. - E aí, quais os planos para hoje?

– Bom, eu já estou de férias na faculdade, mas ainda preciso ir trabalhar.

– Se quiser, posso te acompanhar até seu trabalho. - ofereceu.

– Perfeito.

Ele então levantou-se e pegou a mochila, depois saiu do quarto. Sentei na cama e fiquei penteando meu cabelo já penteado. Alguns minutos depois Hunter volta para o quarto, já com a barba feita, me pedindo para cortar seu cabelo.

Aquela não me parecia uma boa ideia, afinal eu nunca cortei o cabelo de ninguém. "Não deve ser muito difícil", pensei. Corajosamente, Hunter ficou sentado quietinho enquanto eu tentava cortar seu cabelo. Tudo bem, tudo bem, não ficou perfeito, mas também não ficou tão ruim. Tentei cortar igual a como era antes de ele ir embora, e para falar verdade ficou bem parecido. Só um pouco torto e com mais pontas do que deveria, mas se ele usar o cabelo despenteado nem vai dar para reparar nesses pequenos detalhes.

Depois desse momento de coragem (ou loucura), ele foi tomar banho. Quando voltou quase parecia o Hunter de antes, menos pelas olheira e por uma sombra de sentimentos conflitantes que caía sobre ele. E, claro, pelas roupas, que antes eram novas e em cores claras, e agora são escuras e gastas.

Na verdade, sua calça jeans foi escura um dia, a muito tempo, porque no momento era desbotada. E sua camisa preta de manga comprida está visivelmente velha. Tirando esses detalhes sem importância, ele continuava bonito.

Não vimos nem John nem Dane antes de sairmos de casa, e fiquei feliz por isso. Não queria ter que discutis com o Dane sobre o Hunter. Eu ia andando para o trabalho quase todo dia, mas com o Hunter era totalmente diferente.

Fomos conversando durante todo o caminho. Não falamos do Vince ou da sua morte, nem o tal cara que estava me perseguindo e dos bilhetes estranhos. Mantivemos uma conversa suave e descontraída, rindo e implicando um com o outro.

Foi quase desanimador chegar ao trabalho. Hunter me deu o número do seu telefone, me fazendo prometer que se eu precisasse de qualquer coisa ligaria para ele. Depois depositou um beijo na minha testa e foi embora.

O dia se arrastou, como se quisesse me manter longe do Hunter e perto dos meus pensamentos nebulosos. Trabalhei sem o menor ânimo. Minha mente toda hora vagava, tentando descobrir quem poderia ter invadido a minha casa, mas eu afastava o pensamento, me obrigando a deixar essa história maluca de lado.

Por fim (e graças a Deus) meu torturoso e cansativo de trabalho chegou ao fim. Liguei para o Hunter e pedi que fosse me buscar. Eu poderia ter pedido para alguém de carro ir me buscar, mas preferia a companhia do Hunter ao comodismo de um carro.

Como que para provar o contrário, Christian apareceu. Parou seu carro na calçada, bem na minha frente, onde eu esperava o Hunter.

– E aí, princesa. - gritou Christian de dentro do carro. - Que tal uma carona?


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Notas finais do capítulo

Beijinhos e até o próximo capítulo ;)



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