– Posso te perguntar uma coisa? - perguntou Sophie. Estávamos sentados na varanda em um banco de madeira, não muito confortável.

– Claro. O que é?

– É algo que quero saber a algum tempo. Lembra-se de quando a Megan invadiu o prédio para tentar resgatar o Vince?

– Lembro sim.

– O que você pensou quando me viu lé? - perguntou ela afinal.Ela estava com a cabeça encostada no meu peito, enquanto eu a envolvia com um dos braços.

– Pensei que estava ficamos louco. - disse-lhe. - Achei que era a minha imaginação me pregando uma peça, mas aí você começou a flertar com o Gerrard e eu senti que ia surtar. Precisava fazer algo, então entrei na conversa, fazendo seu jogo, mas estava morrendo de medo do que você poderia querer fazer. E então a Megan apareceu e o restinho de sanidade que eu tinha se esvaiu. - fiz uma pequena pausa, lembrando daquele dia. - E você, o que pensava?

– Eu pensava em desistir. - contou. - Assim que te vi, pensei em sair dali o mais rápido possível. Mas aí eu pensei na Megan. Não podia deixá-la na mão. Então reuni todo o meu autocontrole e fiz o que a Megan pediu. Foi terrível. Tive que me obrigar a te ver como só mais um daqueles garotos.

– Sabe que eu nunca fui igual a eles, não é? Sabe que só estava lá porque precisava pagar o tratamento da minha mãe, certo?

– Eu sei, amor.

– Eu já te agradeci? - perguntei-lhe. Ela se desencostou de mim, me olhando confusa.

– Pelo quê?

– Por estar comigo. Por ter me perdoado. Eu nunca devia ter terminado com você, eu não queria. Mas quando descobri a doença da minha mãe eu surtei. Não queria que você tivesse que passar por aquilo, que me visse sofrer, que eu sentisse presa a mim...

– Ei, escuta. - disse ela me silenciando. - Eu queria estar ao seu lado naquele momento difícil. Queria te ajudar, te apoiar e dar força. E fiquei péssima por você ter terminado comigo. Mas não importa mias, ok? O que importa é que estamos juntos de novo. E eu te amo.

– Também te amo.

Ela me deu aquele sorriso caloroso, depois me beijou. Se me perguntasse onde eu gostava de estar, eu diria ali. Bem ali, nos braços da Sophie, entregue aos seus encantos, perdido em seus beijos.

Ficamos ali, trocando caricias e beijos, até ouvirmos a porta da frente ser aberta. Natalie e Nero de mãos dadas vindo na nossa direção.

– Desculpem a interrupção, mas a gente queria falar com vocês um minutinho. - disse Natalie.

– É sobre o Hunter. - completou Nero parando atrás da Natalie, envolvendo-a num abraço e apoiando a cabeça no ombro dela.

– O que tem ele? - quis saber Sophie curiosa.

– O que vocês acham dele ter voltado? - perguntou Nero.

– Acho que pode ajudar a Megan a superar a morte do Vince. Ou não. Mas se a Megan chamou ele, ela deve saber o que está fazendo. - disse-lhes.

– E tem isso ainda. Por que será que a Megan chamou ele? - perguntou Natalie.

– Talvez ela estivesse com saudade. - sugeriu Sophie.

– Ou talvez esteja tentando enxergar o Vince nele. - completei.

– Acho que não. - discordou Nero.

– Talvez ela goste dele. - disse Natalie. - Eles passaram um tempo juntos lá no prédio.

– E o Hunter melhorou bastante depois que conheceu a Megan. - lembrou Nero.

– A Meg gostava do Vince e mesmo não o conhecendo eu sei que ele era um cara legal. Então se a Megan gosta do Hunter, deve haver um bom motivo. - ponderou Sophie.

– Tem razão. - concordei. - O Hunter parece estar se esforçando para melhorar, e a Megan faz bem a ele.

– E ele parece fazer bem a ela também. - pontificou Natalie.

– Então talvez ele mereça um segunda chance. - propus.

– Se o Vince pôde morrer por ele, e se a Megan pôde perdoa-lo por tudo, talvez devêssemos dar uma segunda chance a ele também. - disse Nero.

– Certo . -concordou Natalie. - Agora precisamos dizer isso aos outros.

– Vou pedir para Christian conversar com o Dane. - disse-lhes.

– E eu vou falar com a Liz e John. - declarou Sophie.

Sophie não pareceu ter tido trabalho ao falar com John e Liz, mas Christian e Dane estão discutindo já a algum tempo. Eles estavam na varanda, mas dava para ouvi-los sem esforço.

Megan só apareceu para pegar um sanduíche e refrigerante para Hunter, que estava no segundo andar desde que chegara.

– Ele matou o Vince! - Dane gritou da varanda. Sua voz enchendo a sala.

– Não, ele não matou! - gritou Christian de volta. - E mesmo que tivesse matado, o que você tem a ver? - Você mesmo disse que não gostava do Vince!

– O que eu tenho a ver?! Como assim? A Megan está sofrendo esse tempo todo por causa das merdas que o Hunter fez! E, sim, eu gostava do Vince! Satisfeito?

– Você não pode culpar o Hunter pelo sofrimento da Megan, porque ele também está sofrendo! Acha que para ele foi fácil perder o irmão?!

– Claro que foi! Ele mesmo matou o irmão! - acusou Dane.

Fez-se silêncio por alguns segundos, depois Christian entrou em casa. Ele parecia cansado, derrotado. E sem dizer nada foi para a cozinha. Só então reparei em Megan parada á escada com lágrimas nos olhos. Fiz menção de que ia até ela, mas Liz segurou meu braço.

– Deixa. Ela não quer falar com a gente agora. Quer falar com o Hunter.

Liz estava certa. Mas eu queria ajudar a Megan. Me sentia na obrigação de cuidar dela pelo Vince. Mas talvez o Hunter pudesse ser mais útil a ela naquela momento.

– Bom sorte. - murmurei para ninguém em especial.