Traído vol 3 de Desconhecido escrita por Um Alguém
Notas iniciais do capítulo
Dois capítulos no mesmo dia. Quem está feliz? Eu estou, pelo menos. Vejo vocês nas notas finais.
Definitivamente foi uma noite difícil. Além dos sonhos de sempre envolvendo o Vince e/ou o Hunter, essa noite minha mente foi permeada pelo carro subindo na calçada, quase me atropelando e pelo vulto estranho que vi na rua.
O sábado transcorreu como de costume. A casa estava cheia. Conversei um pouco com as meninas para me distrair, mas meus pensamentos se colidiam o tempo todo, me enlouquecendo. Por Deus, quem poderia estar fazendo aquilo? O carro, o bilhete, a sombra sinistra.
Já era de noite e estávamos todos na sala. Todos menos Christian. Liz e John no sofá, Blake e Sophie em uma poltrona, Nero e Natalie em outra e Dane e eu no chão. Dane mexia no notebook e falava algo comigo. Me sentia culpada por não estar prestando atenção ao que ele dizia. Christian por fim apareceu. Entrou em casa sem bater nem nada, sentindo-se super a vontade.
– Acabei de falar com o Hunter. - anunciou ele.
– E como ele está? - perguntou Blake.
– Bem, dentro do possível, não é?
– Ele disse onde está, ou quando volta? - perguntei-lhe ansiosa.
– Não. quer dizer, eu chamei ele para passar o natal com a gente, mas ele disse que não sabe se vem. - contou. - Bom, vou comer alguma coisa. - disse ele indo para a cozinha.
Natal. Faltava pouco mais de uma semana para o natal e eu havia me esquecido completamente. Queria ter o Vince comigo para passar o natal. Queria ele comigo naquele exato momento. Ele me protegeria, cuidaria de mim, daria carinho. E então um pensamento me ocorreu.
Levantei-me apressada e fui para a cozinha. Encontrei Christian sentado ao balcão montando um sanduíche tranquilamente.
– Ei, Meg. - cumprimentou-me assim que me viu. Depois fez uma careta. - Megan. - corrigiu-se. - Dane me contou que você não quer ser chamada de Meg.
– Tudo bem. - dei de ombros com um sorriso forçado. - Escuta, eu preciso te pedir um favor,
– Claro, pode falar.
– Preciso falar com o Hunter. - disse-lhe - Preciso que ligue para ele.
– Eu adoraria ajudar, mas não posso. Não tenho o número do Hunter. É sempre ele que me liga e sempre de um número restrito. - contou.
– E quando ele vai ligar de novo? - perguntei sem esperanças, já que normalmente Christian só fala com o Hunter uma vez na semana.
– Bom, eu não sei, mas deve ser logo, porque conte-lhe sobre o seu quase acidente de carro ontem e ele ficou preocupado. Disse que ligaria de novo para saber como você estava.
– Ótimo. Quando ele ligar da próxima vez, deixe-me falar com ele, pode ser?
– Claro, sem problemas. - concordou com um largo sorriso.
– Obrigada. - lancei-lhe um pequeno sorriso e me virei para voltar a sala.
– Megan. - chamou-me ele, fazendo eu parar e olhar para ele. - De qual dos dois você sente mais saudade: Hunter ou Vince? - encarei-o em silêncio, pensando.
– Dos dois. - disse por fim e sai da cozinha.
Na sala, parecia que alguém detona uma bomba. Estavam todos alvoroçados, andando de um lado para o outro, arrumando cabelo, as meninas retocando a maquiagem,
– Deus, o que aconteceu aqui? - perguntou Christian parando ao meu lado.
– Resolvemos sair para dançar um pouco e estamos nos preparando para ir. - explicou Dane apressado,
– Muito bom. E onde vocês vão? - quis saber Christian.
– Ainda não sabemos. - disse Natalie. - A Jennifer costumava ir uma boate no centro. Acho que o nome era Hell.
– Não, não. Essa não é boa. - reclamou Dane. - Vamos na Escotilha, lá é ótimo.
– A Escotilha está fechada para reforma. - anunciou Christian.
– Então vamos para o Denk's. - sugeriu Sophie.
– Perfeito. - comemorou Liz.
Sem chances de eu ir ao Denk's. Só de pensar naquele lugar um turbilhão de lembranças me invade. A primeira noite em que eu e Vince nos beijamos. A aposta de vodkas, a dança, a briga. Enquanto eu mergulhava em lembranças, o pessoal estava pronto, saindo.
– Você não vem? - perguntou Natalie à porta com Sophie e Liz a seu lado.
– Não, não. Eu estou com um pouco de dor de cabeça. Prefiro ficar e descansar. - menti.
– Quer que a gente fique com você? - preocupou Liz já pronta para ficar me fazendo companhia.
– Não, não precisa. Eu estou bem. Só preciso dormir um pouco.
– Tudo bem, mas se precisar de algo é só ligar, - disse Liz depois de ponderar um pouco.
Dei-lhes o meu sorriso mais convincente e elas se foram. Sentei em uma cadeira perto da janela, sem prestar atenção em nada específico. Talvez tenha se passado horas, Talvez não. O silêncio era esmagador.
De repente ouvi um barulho no andar de cima, como algo sendo quebrado, estilhaçado. Levantei-me assustada. Olhei para o alto da escada mais não vi nada. Ouvi de novo som de coisa quebrando. Senti meu coração acelerar descontroladamente.
Caminhei lentamente até a escada, depois subi pé ante pé, bem devagar, evitando emitir qualquer som. Quando terminei de subir a escada parei de frente para o pequeno corredor. Logo a direita era o meu quarto, que estavam com a porta aberta. De onde eu estava não tinha plena visão do quarto, mas este parecia vazio. Ainda a direita, alguns metros depois, o banheiro, com a porta fechada. E a esquerda, praticamente de frente para o banheiro, o quarto do John e do Dane.
Ouvi passos pesados e logo depois alguém saiu do quarto dos meninos. Não dava para ver quem era, mas notava-se que era um homem. Era bem alto. Todo vestido de preto, incluindo luvas e até uma máscara com um sorriso tão macabro quanto o que estava no bilhete da noite anterior. Em uma das mãos enluvadas ele segurava uma enorme faca.
Eu havia paralisado ao vê-lo ali, mas quando ele começou a correr na minha direção, eu despertei. Corri escada a baixo, fugindo o mais rápido que podia. Mas ele era mais rápido e me alcançou logo que terminei de descer o último degrau, me puxando pelo cabelo. Soltei um grito de dor.
– Isso mesmo, Megan. Sinta medo. - sussurrou ele com a boca colada a minha orelha. - Sinta muito medo. - ele deu ma gargalhada sem humor e me empurrou com força, me fazendo cair.
Arrastei-me no chão, tentando me afastar. Ele caminhava a passos largos na minha direção. Senti algo sólido atrás de mim e notei que havia chegado até a parede. Ele levantou a faca, apontando-a para mim, depois se agachou na minha frente.
– Começou. - avisou ele austero. Segurou-me pelo cabelo de novo e bateu minha cabeça contra a parede atrás de mim. Pontos pretos cintilaram na minha visão, e então eu apaguei.
Acordei sobressaltada. Estava na minha cama. No meu quarto. Minha cabeça latejava, mas eu não sabia se era por causa da pancada ou do medo. A última coisa de que me lembrava era do cara da máscara me batendo, então como havia ido parar ali?
O relógio na escrivaninha marcava quatro e meia da manhã, Ouvi passos e vozes pelo corredor e me retesei. E se o tal cara ainda estivesse lá? Assim que a porta do quarto de abriu soltei um grito.
– Meus Deus, me desculpe, Megan. - disse Blake apressado com metade do corpo para dentro do quarto. - Não queria te assustar.
– Tudo bem. - relaxei um pouco ao ver que era só o Blake.
– As meninas disseram que você não estava se sentindo muito bem. Está melhor? - perguntou.
– Claro, claro, estou bem. - assegurei-lhe sem muita firmeza.
– Certo. - concordou com um sorriso, depois saiu fechando a porta.
Eu esperei eu alguém aparecesse perguntando o que havia acontecido, porque estava tudo quebrado. Afinal eu ouvira barulho de estilhaços. Mas ninguém perguntou. Comecei a me perguntar se eu não havia imaginado tudo. Mas não era possível, não tinha como.
Voltei a deitar na cama, esperando que algumas horas de sono me fizessem bem. Outro bilhete. Com a mão tremula peguei-o. Em letras vermelhas, de novo, pude ler a palavra solitária seguida pelo sorriso macabro.
COMEÇOU.
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