Olá Pessoas. Sou eu, a Beckie. Vocês não precisam saber tudo sobre mim, não é?! Também nem me interessa, eu não ia dizer mesmo. Bom, hoje vocês irão saber mais um pouquinho sobre a minha vida. Mas só um pouquinho. Ah e lembrando, se algo que eu disser aqui for parar no jornal de fofocas da escola, eu irei atrás de quem disse isso e irei enfiar a minha faca em suas nádegas. Por isso, pensem bem antes de sair por aí falando sobre mim.

Esta é a minha casa. Meu pai sai de manhã e só volta a noite, por isso eu mal o vejo, já que quando ele chega, toma banho e vai deitar. Minha mãe sempre diz que nós não devermos acordá-lo, mas eu não estou nem aí. Fui até o quarto dele e o acordei.

–O que foi filha?! –Ele perguntou

–Preciso de dinheiro.

–Pega 20 na minha carteira.

Ele voltou a dormir e eu abri a carteira dele. Tem cinco notas de 100 reais e ele só me deixa pegar 20?! Ah, não faz diferença, ele nem vai sentir falta desse cemzinho aqui.

Desci as escadas e de cara me encontro com meu irmão. É, eu tenho um irmão. Um pestinha de 6 anos. Ele fica me encarando com aquela cara de mongo.

–O que você quer?! –Pergunto

–Mamãe disse pra você preparar a janta pra mim, por que ela precisou sair.

–Eu por acaso tenho cara de empregada?!

Infelizmente, eu também estava com fome. Tive que fazer alguma coisa né?! Caso o contrário minha mãe ficaria me enchendo o saco a noite toda. Vamos ver o que eu posso fazer para ele...Ah, legal, tem miojo. Abro o saco e jogo tudo dentro do pratinho dele.

–Agora é só comer.

–Ãn... Você não devia esquentar antes?!

–A mamãe disse pra mim te dar o que comer e não preparar pra você. Agora eu tenho que sair.

–Onde você vai?! –Perguntou

–Vou na lanchonete comer alguma coisa com os 100 reais que o papai me deu. Você não achou que eu iria comer miojo frio né?!

Fechei a porta, mas tive que voltar por que esqueci de pegar uma faca na minha gaveta. Meu irmãozinho ficou me olhando de boca aberta.

–Vou levar caso precise.

Isso é tão legal. Sai e ele não podia fazer nada, já que a mamãe sempre diz que não devemos acordar o papai. Certamente, ela ficará irritada comigo quando voltar, mas não ligo. Quem mandou ela não deixar a janta pronta?! Eu não comi nada na festa da paty. Sinceramente, os caras são ricos e servem aquelas coisas estranhas de pequena quantidade. Nem pra colocar uma máquina de batata-frita aqueles mãos de vaca tiveram coragem.

Entro na lanchonete e... Droga. A fila está enorme. Mas isso não é um problema para Beckie Shay. Ando normalmente e passo do primeiro da fila. Todos começam a reclamar, acho que nenhum deles sabe que eu tenho uma faca guardada no meu bolso. Faço o meu pedido. Um cara grandão se aproxima de mim, ótimo, um pouco de diversão.

–Ei, pirralha. Quem te deu o direito de cortar a fila?!

Argh que bafo é esse?! Ele não escova os dentes não?! E que dentes amarelos são esses?! Não sou muito de higiene, mas poxa, dava pra ver um pedacinho de pão mofado ali.

–Sai de perto de mim, Shrek.

É, ele ficou nervoso. Estranho, era pra ele ficar verde e não vermelho. Enfim, o cara é tão idiota que teve a coragem pra me empurrar. Ah não, ele não sabe com quem ta se mexendo. Levantei rapidamente e ele começou a rir. Cuidado com o que vem de baixo manezão. Acertei nos ‘’kiwis’’ dele.

Lentamente ele foi agachando. Puxa, isso deve doer mesmo. (e dói) Legal. Mas ainda não acabou, pulei em cima da corcunda do grandalhão e comecei a socar seu rosto. Ele se mexia todo. Uhu, vai touro. Ups, meu lanche está pronto. Sai de cima dele e chutei sua cara. Não sei o que aconteceu direito, só sei que ele ficou dizendo que eu havia quebrado o nariz dele. Se isso realmente ter acontecido, beleza.

Caminhei até uma mesa cheia de garotas metidas a cinderela. Não sei por que todas saíram quando me viram. Eu sou um amor de pessoa. Bom, pelo menos tenho uma mesa só pra mim.

Voltei pra minha casa, com a minha mãe me olhando brava. A Tv estava no chão e os sofás estavam estragados. E onde estava meu irmãozinho querido?! Dormindo, como sempre. Coloquei o guarda-chuva que peguei de um garoto na hora da vinda do lado da porta.Estava chovendo muito e eu não queria gripar. Mas tenho certeza de que ele pegou pneumonia. Também guardei a jaqueta que peguei do mesmo.

–Onde você estava?!

–Na lanchonete.

–Na lanchonete?! E deixou seu irmão sozinho aqui, destruindo a casa?!

O que?! Ele que apronta e eu que levo a culpa?! Cadê as leis desse país?!

–Você está de castigo. Amanhã, depois da aula, quero que você volte imediatamente para casa, ouviu bem?!

–Ok

Acho que devia dizer a ela que amanhã depois da escola eu tinha detenção. A única diferença entra ficar de castigo e ir pra detenção é que no castigo eu durmo em algo macio. Sinceramente, por que as mesas da escola são feitas de madeira?!

Enfim, essa é a minha vida. Não é assim todos os dias, mas é só pra vocês me conhecerem mais um pouco. E é só isso que irão querer saber, acreditem em mim, vocês não iriam querer me conhecer melhor. Eu podia dizer até mais, só que eu não quero expor minha vida de novo, então, até nunca mais.