Depois de capotar por cima de uma garota, a etiqueta manda você chamá-la para dançar. Okay, a etiqueta não manda porra nenhuma, mas nossa noite já estava perdida mesmo, não poderia ficar pior só porque dois idiotas com nomes estranhos que acabaram de se conhecer invadiram a pista – eu espero.

            Eu a levei até o salão principal, onde Alex gargalhava num canto com os imbecis do time. Tomei um pouco de ponche para acordar e convidei Cindy, dessa vez de uma forma mais formal, para dançar.

            O DJ era ótimo, tocava rock dos anos 80 quando nos jogamos no meio da turma. Foi divertido, mesmo com a música lenta que começou a tocar repentinamente. Ah, eu não iria voltar para a mesa e ter que encarar mais uma vez o risinho vitorioso de Alex Saddle.

            É, eu e Cinderella, os rejeitados da noite, estávamos dançando valsa entre vários casais apaixonados. Quando eu percebi que a música me guiava, lembre-me da origem dela – não o DJ, mas a composição.

- Você sabe como se chama esta música? – Perguntei sorrindo.

- “Sou um saco e você me escuta quando está na fossa”? – Algo me diz que ela não é muito fã desse tipo de música.

- Quase... Na verdade, é um pouco mais curto que isso.

- Como se chama nossa serenata? – “Nossa”?

- Canção da Morte – Sibilei.

- Que sutil.

- Tanto quando você, não acha?

            A garota riu de um modo sincero, pela primeira vez na noite, e deitou a cabeça no meu ombro. Qualquer um que nos visse de fora, diria que éramos um casal apaixonado.

            Ah, sonhar não custa.