Incrível.  Há umas quatro horas atrás, eu estava tendo uma péssima noite. Agora eu estava no carro, com não só uma, mas duas garotas, indo tomar milk shake numa “lanchonete super badalada”, o Mc. Claro que Cindy não parecia gostar da idéia – de fato, eu preferia estar a sós com ela – mas sequer protestou.

                Fomos ao maior McDonalds da cidade, o que ficava no centro e tinha aqueles playgrounds, onde íamos prender Amanda. Tá, é brincadeira, mas vontade não faltava, principalmente quando ela levou 20 minutos para escolher um sabor.

- Morango – Disse por fim ao atendente, que já estava impaciente.

- Chocolate.

- Caramelo – Completei de forma risonha, dando graças a Deus por poder sentar ao ar livre.

- Genteeee! Esses escorregadores gigantes me lembram tanto  a minha infância! – Aposto cinco dólares que Amanda vai começar a tagarelar em 5... 4... 3... 2... 1... – Quer dizer, eu era tão adorável quando era pequena! Era um toco! E vivia da Maria Chiquinha! Ai, um dia, quando eu tinha uns 6 anos, minha mãe me trouxe aqui, exatamente aqui, para tomarmos sorvete. Ai, eu fui toda faceira no brinquedão, né? Como qualquer criança normal faria, mas eu fiquei com medo de descer do escorregador mais alto, porque eu sempre fui meio miudinha, sabe?

- Amanda! – Interrompeu Cinderella. Obrigado – É isso! Por que você não aproveita que estamos aqui e vai escorregar no tubo mais alto?

- Que bobagem, Cindy! Eu não tenho mais seis anos, e...

- Não me diga que você está com medo, Amanda – Entrei no plano “fazer uma loira entalar no brinquedão” – Vamos, aposto que você vai se divertir!

- Os tios não vão nos deixar entrar no brinquedão.

                Bem nessa hora, o “tio” chegou com nossas bebidas, colocando-as sobre a mesa com o clássico “bom apetite” estampado nos lábios.

- Hei, sr. Lucca – Li em seu crachá – É nossa formatura, podemos entrar no brinquedão?

- É! – Cindy parecia animada – Uhu! Finalmente terminamos o colégio! Queremos comemorar, sabe?

- Ah, tanto faz – Lucca olhou no relógio – Duvido que alguém vá incomodar a esta hora. Só tirem os sapatos e não vomitem lá dentro.

- Pode deixar!

                Fiz uma nota mental de deixar um gorjeta gorda para Lucca. Deus, Amanda realmente estava com medo de entrar nos tubos coloridos, mas afirmamos que estaríamos logo atrás dela. E estávamos.

- Genteee, eu acho que eu não caibo aqui! – Amanda gritou, lá da frente.

- Cabe sim, adultos têm que caber aqui para limparem o negócio.

- Que negócio? – É loira mesmo.

- O brinquedo, Mandy! Vai logo, não me obrigue a te empurrar! – Cindy era a segunda na fila de gatinhas – Para de mexer a bunda, está bloqueando minha visão!

- Desculpa...

                É, exatamente como eu queria terminar a noite, preso num playground.