Love, Lily escrita por Lari


Capítulo 6
Prejudice


Notas iniciais do capítulo

E ai gente linda que eu sei que vai me perdoar pela incrível demora



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–Hoje eu quero que você participe comigo de uma coisa – era segunda-feira à tarde quando eu e Rose estávamos andando pela rua, havíamos deixado a escola mais cedo naquele dia.

–Que coisa? Não vai me levar pra uma câmara de tortura não, né? – eu mesma ri do que disse, e ela se juntou a mim, depois tomou minha mão na sua e olhou em meus olhos.

–Uma coisa que eu espero que te ajude nessa jornada de descobrimento próprio, e ainda tem mais um outro lugar que eu quero que a gente vá amanhã.

–Nossa, eu estou é ficando com medo de você – sorri. – Não da pra me dizer aonde vamos, ao menos hoje?

Ela fez que não com a cabeça e respondeu:

–Surpresa.

Entortei a boca e ela me empurrou para o lado, brincando. A empurrei de volta para o outro, e sorri ao ver seus olhos brilhando em minha direção.

–Acho que você vai gostar, ou espero, só que seus pais não podem ficar sabendo, ao menos que você queira contar e como consequência ter uma grande dor de cabeça.

–Estou ficando com medo de você, Rose.

Ela riu e depois de algum tempo andando eu consegui enxergar um aglomerado de pessoas usando roupas coloridas, algumas até com perucas. Quando fomos chegando mais perto eu percebi que o aglomerado de gente era maior que eu esperava, e bem mais colorido também.

–Rose, a gente vai participar e uma parada gay? É isso mesmo?

–Ah, vamos lá! Você vai gostar, eu prometo – ela falou sorrindo, eu só tinha medo de meus pais me verem ali, do resto, por mim estava tudo bem.

–Tá bem, você é quem manda! – ela sorriu e me deu um beijo em uma das bochechas, passando um dos braços pelo meus ombros e me abraçando enquanto andávamos.

***

–Me conta tudo amiga! – Melissa tinha ido a minha casa naquele dia a noite, Rose estava no Centro Espirita, não fui com ela aquele dia porque passar o dia inteiro com ela já ficaria suspeito demais. – Como é o sexo com menina?

Fiquei de boca aberta com aquela pergunta, Melissa estava com os olhos cheios de curiosidade, e eu não sabia como responder uma pergunta tão precoce.

–Melissa! Você está achando o que, menina? Primeiramente agradeceria se você pudesse falar mais baixo, porque meus pais estão em casa e são homofóbicos e conservadores, caso você não tenha percebido.

Ela sussurrou, para tirar sarro:

–Desculpa, mas me conta, por favor.

Revirei os olhos, respirei fundo e respondi, com muita calma:

–Melissa, mas é óbvio que ainda não transamos, você só pode estar doida, acabamos de nos conhecer e nem em um relacionamento ainda estamos, pelo menos que eu saiba.

Ela fez uma expressão de decepção, eu ri um pouco.

–Ah, sério? Mas nem umas dedadas rolou amiga?

Eu quase quis bater nela, mas ruborizei na hora, lembrando como isso quase tinha acontecido há uns dias atrás.

–Chega desse assunto, hoje nós fomos à uma parada gay e eu gostei bastante, acho que estou aprendendo a como lutar pela minha própria causa.

–Olha só, agora então você é gayzista... – ela parou, percebendo o que tinha dito, e eu não acreditei que havia ouvido aquilo, justo Melissa, preconceituosa? – Quero dizer, me desculpe, eu não quis... Ah Lily, isso saiu sem pensar.

–Quais as outras expressões preconceituosas que você usa e que eu não sei, Melissa? Chama os outros de viadinhos para ofender, ou você prefere chamar as meninas que têm que “aprender a gostar de homem” de sapatonas vadias?

Fiz uma expressão de indignação, eu sabia que a maioria das pessoas se comportava daquele jeito, mas Melissa não podia ser assim, ela era minha amiga. Mas foi ai que eu entendi que seria assim com a maioria das pessoas, até com gente que eu confiava e que eu pensava que não me julgaria.

–Desculpe, Lily, eu realmente não quis ofender...

Respirei fundo, apesar de chateada, precisava que essas coisas eram comuns no mundo, que as pessoas, em sua maior parte, mesmo sem perceberem, reproduziam o preconceito, a homofobia ou a bifobia.

–Ninguém nunca quer, não é? Mas tudo bem, só gostaria que você tentasse parar de reproduzir esses discursos, porque sério, Melissa, eles não são nada inocentes.

Ela fez um gesto afirmativo com a cabeça, e depois de alguns segundos de tensão, continuou a conversa, um pouco apreensiva:

–Mas então... Você e a Rose estão em um relacionamento ou o que? – ela falou baixo, tinha entendido a gravidade que a aquilo teria se meus pais escutassem algo.

Eu sorri com o canto da boca, gostava de pensar que nós poderíamos estar em um relacionamento, queria até que começássemos um, mas temia ser muito cedo para tal.

–Eu não sei, mas acho que não. Sabe, eu acho que a gente se gosta muito, mas ela quer me dar espaço, quer que eu tenha tempo para me descobrir e respeita isso.

Melissa revirou os olhos, eu não entendi a principio, mas ela me explicou:

–Ora, pelo amor de Deus Lilian – falou com a expressão indignada. – Olha, eu não faço ideia de como é um relacionamento entre duas meninas, e, por favor, isso não é preconceito. Mas é sério, se você gosta de uma pessoa, tem que ficar com ela antes que outra pessoa o faça, tem que demonstrar e se entregar. Eu sei que está confusa, mas ela não pode justamente te ajudar com isso?

Comecei a mexer no cabelo, impaciente, acho que ela realmente tinha razão, e eu estava dando desculpas para não dizer a Rose que a queria, com todas as letras, eu a queria.

–Eu odeio ter que dizer isso, mas você está certa Mel. Acho que posso estar com medo por isso ser uma coisa totalmente nova para mim e não só na questão da minha sexualidade, como também na questão de começar um relacionamento com alguém.

Mel pegou minhas mãos nas suas e olhou em meus olhos para dizer:

–É horrível em algumas partes, amiga, vou ser sincera.

–Belo incentivo – eu ri, ela também.

–Ah claro, desculpe começar pela pior parte. Mas continuando, é ótimo quando as duas pessoas se gostam muito, elas começam a se conhecer de verdade e isso é lindo, o amor vai ficando mais forte com o tempo.

Sorri, ela tinha um pensamento lindo sobre isso, mas eu sabia que nem tudo eram flores, não era a toa que ela começara pela pior parte.

–Posso conviver com a parte horrível, eu acho.

Melissa sorriu.

–Pode sim, no começo vai ser um pouco difícil, mas você se acostuma – ela piscou para mim. – E por favor, me ajude com essa coisa de desconstrução do preconceito, porque eu posso realmente estar sendo homofóbica e nem saber.

Assenti com a cabeça, já sabia que no próximo dia seria hora de conversar com Rose e tomar coragem para dizer a ela o que sentia e o que queria.


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