Love, Lily escrita por Lari


Capítulo 5
"God hates gays"


Notas iniciais do capítulo

Meus sinceros agradecimentos de coração à Kira sama pela recomendação linda! *-* só pra constar, eu meio que retrato nessa história algumas coisas que eu mesma estou passando, então é meio que uma ajuda à algumas garotas e a mim também, por colocar os sentimentos para fora! Haha
Desculpa a demora...



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No domingo de manhã eu e minha família levantamos cedo para ir à igreja, como usualmente fazíamos. Mas naquele dia havia algo de mais especial, eu havia chamado Rose para ir conosco e ela havia aceitado, com uma mente aberta e de coração aberto também, fiquei feliz por isso, pensei até que poderia visitar algum centro espírita alguma vez também, se ela me convidasse.

A minha família é católica desde que me conheço por gente e a nossa igreja é muito conservadora, daquelas que acham que “ou é desse jeito ou você vai para o inferno”. É, está ai mais uma razão para eu ter medo de me assumir realmente lésbica.

Eu geralmente tinha o dom de dormir durante quase toda a missa, meu cérebro simplesmente achava que era hora de adormecer quando o padre começava seu sermão, e eu nada contra isso poderia fazer. Porém naquele domingo eu senti vontade de participar, porque Rose estava ao meu lado eu não queria dormir, não tinha a menor vontade de sentar e quase adormecer.

–E por fim, reforcemos hoje a nossa campanha para a cura gay, que essas almas deixem de seguir o demônio para se juntar à Deus realmente, e se convertam. Amém.

Olhei para Rose, sua expressão era cínica e eu sentia que ela estava se segurando para não falar nada.

Ouvi todos à minha volta juntando-se ao coro e dizendo “amém”, respirei fundo e tive de dizer também, Rose foi a única que ficou quieta nesse momento, eu também ficaria se não soubesse que levaria um sermão dos meus pais mais tarde.

–Se algum de vocês possuir um filhou ou parente homossexual, conduzi-os para a luz de Deus, conduzi-os para a igreja e livrai-os do pecado. Vão em paz e tenham um bom dia irmãos.

Na saída da igreja, haviam pessoas entregando folhetos com um escrito bem grande em vermelho “A cura gay é possível – sessões às 11:00 da manhã todo domingo”.

Eram onze da manhã e na entrada da igreja eu vi uma senhora esperando junto a um garoto que aparentava ter uns dezesseis anos ao lado, imaginei que ela estava esperando pela “sessão de cura gay”.

–Só um minuto, eu já volto – Rose virou-se na direção deles e foi até lá.

–Sua amiga faz bem se quer orientar eles ao bem, Lily – minha mãe falou. – Por que não vai lá com ela?

Eu assenti, já pretendia ir para lá mesmo. Parei ao lado dela e vi que ela estava conversando com o garoto que tinha lindos olhos azuis, eles estavam um pouco afastados da senhora.

–Está tudo bem, ok? Você vai ficar bem, só tente conversar com sua mãe, sentem e tenham uma conversa, deixe seus sentimentos fluírem para ela que tudo ficará bem.

O garoto estava chorando e Rose tentava o acalmar, a senhora o puxou para dentro da igreja como se fosse qualquer outra coisa, menos uma pessoa, perguntei-me se aquilo era o que aconteceria comigo se eu contasse aos meus pais sobre meus sentimentos.

–O nome dele era Victor, a mãe dele está levando ele para a tal da sessão de cura gay, estava desesperado – Rose falou. – Eu tentei acalma-lo, mas meu Deus, Lily, o povo da sua igreja é cruel!

–E eu não sei?! Ah Rose, não quero nem ver quando eu contar aos meus pais...

–Ei, não se preocupe, se precisar estou aqui – ela sorriu para mim e começou a andar em direção aos meus pais. Como sempre, Rose usava um vestido de saia rodada, este era rosa de vários tons e combinava com seu sapato pink gritante.

Ouvi ela dizendo para os meus pais que iriamos dar uma volta pela praça ali ao lado, eu amava como ela conseguia me surpreender, nem havíamos combinado nada e ela já havia decidido por nós duas.

–Lily, vem – estávamos na praça da igreja, Rose me puxou para um canto escondido de tudo e eu fiquei com medo de que ela fosse fazer algo. – Ah, ar puro, sem pessoas malucas.

Sorri e encostei do outro lado da parede, ainda assim estávamos bem perto uma da outra. Ela me encarou.

–Não vou fazer nada contra sua vontade, não precisa ficar com medo de mim.

Neguei com a cabeça e disse:

–Tudo bem.

–Tudo bem eu fazer algo?

Sorri e decidi que eu queria descobrir mais a mim mesma e aquele sentimento, então cheguei mais perto dela e a beijei. Ela pareceu surpresa com meu ato, mas correspondeu ao beijo de imediato.

–Tomou alguma coisa alcoólica hoje?

Eu ri e a beijei mais uma vez, dessa vez levando minha mão até a sua cintura, o que pareceu ter sido como um sinal verde para ela, que levou as mãos até o fim das minhas costas.

Eu estava respirando aceleradamente quando uma de suas mãos foi parar por dentro da minha calça e a outra abaixo da minha cintura. Ela parou um pouco o beijo para perguntar:

–Tudo bem para você?

Assenti com a cabeça enquanto ela voltava a me beijar. Senti sua mão adentrando mais na calça, porém ela parou de súbito, também de me beijar, e vi que ela tirou a mão de lá sussurrando “não”.

Rose me olhou apaixonadamente e sorriu, colocando meu cabelo por trás da orelha, ela falou:

–Você é linda, tão linda que me faz perder o ar.

Senti-me corar e fiquei sem jeito, olhando para todos os lados, menos eu seus olhos. Ela entrelaçou sua mão na minha e continuou:

–Desculpe, só acho que ainda não é a hora...

–Não, tudo bem – a interrompi de repente. – Eu... – olhei em seus olhos, tão azuis e tão brilhantes, respirei fundo e continuei. – Rose, você é linda e... Eu acho que estou literalmente caindo por você.

Vi seu sorriso aumentar e seus lábios virem de encontro aos meus, e dessa vez ela me deu um beijo leve e carinhoso, mas que me deu arrepios ao primeiro toque.

–Estou aliviada em saber que não estou nesse barco sozinha.

Sorri, e eu também estava.

Ela começou a rir de repente, colocou as duas mãos na cabeça e falou:

–Meu Deus, Lily! – seus olhos sorriam para mim. – Meu Deus.

Eu sentia que ela queria dizer mais alguma coisa, mas deixei de lado e não perguntei, mas me aproximei mais dela e a abracei, o abraço mais carinhoso que eu poderia ter dado algum dia em alguém.

O cabelo dela tinha cheiro de shampoo de morango, ou talvez fosse algum spray que o deixasse com aquele cheiro, eu só sei que ele impregnou em mim logo de cara, e eu gostei.

–Vocês não vão acreditar no que minha irmã me contou hoje – estávamos todos sentados na mesa antes do jantar, que ainda não estava pronto, quando minha mãe começou a falar. Rose estava conosco, ela finalmente cedeu quando meus pais não paravam de insistir.

Então ela continuou:

–Disse que o sobrinho do marido dela virou gay, a família dele ficou louca de decepção, ela disse que quase o expulsaram de casa. É o que dá não ir à igreja ou não encaminha-los para o caminho do bem.

–Senhora Grace... Quero dizer, Erica, posso lhe fazer uma pergunta? – Rose falou, eu congelei, já tinha uma ideia do que ela iria perguntar e não achava boa ideia. Cutuquei o braço dela discretamente na esperança de que ela desistisse.

–Claro, querida, o que quiser perguntar.

–Não quero ser inconveniente, mas... O que os homossexuais fazem de mal para o mundo?

Ai. Meu. Deus. Por que Rose? Por quê?

Eu estava completamente imóvel e tensa, perguntas desse tipo, ou mesmo comentários, não eram bem-vindos pela minha família, Rose definitivamente não devia ter perguntado isso. Porém, fiquei surpresa com a resposta calma e direta de minha mãe, embora ela tenha ficado assustada inicialmente.

–Bem Rose, Deus fez a mulher para o homem, então assim deve ser, como Ele quer, não como, me desculpando a palavra, esses pervertidos querem.

Estava quase rezando para que ela não continuasse a conversa, não queria mesmo que minha mãe implicasse com ela. Mas essa era Rose, e ela com certeza tinha que continuar a conversa.

–Tudo bem, mas, me desculpe, a senhora ainda não respondeu à minha pergunta... E mais uma coisa, amar é uma perversão?

–Tudo é ruim quando vai contra a vontade de Deus, querida. E sim, amar é uma perversão quando não feito de forma correta.

A expressão de Rose indicava que ela queria falar mais alguma coisa, mas se conteve em assentir com a cabeça e dar um sorriso de canto de boca em minha direção.

–Acho que o jantar já está pronto, com licença.

Minha mãe saiu sorrindo, mas eu sabia que lá no fundo ela estava com algum pressentimento ruim sobre Rose, e eu realmente não queria aquilo.

Ela prendeu seu mindinho no meu por debaixo da mesa, e depois entrelaçou nossas mãos por inteiro, senti calafrios e borboletas no estomago, eu queria tanto poder ficar com ela sem ter que esconder.

–E além do mais, Rose – era meu pai falando agora. – Ser gay é pecado, está na bíblia, Deus odeia os gays.

Senti que ela apertou mais forte a minha mão, bela família para se nascer a minha.


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Notas finais do capítulo

Se tiver comentários eu prometo que faço um esforço pra postar mais rápido! hahaha



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