Love, Lily escrita por Lari
Toquei a campainha da casa de Rose e a mesma atendeu e saiu imediatamente, já pronta.
–E ai, o que temos para esse fim de tarde, outra parada gay? Um grupo de autoajuda? – Rose me olhou como uma mãe olha com repreensão para um filho, e ok, essa comparação foi esquisita.
–O que você tá achando? Que é festa todo dia, é? – ela falou, depois soltou uma risadinha. – Hoje nós vamos a um lugar que não tem nada a ver, especificamente, com gays, ok? Somos pessoas normais também sabia?
–Tá bem, eu me rendo – levantei as mãos, de brincadeira. – Sério mesmo que somos pessoas normais? Achei que nos prepararíamos para o começo de uma ditadura gay.
Rose revirou os olhos, como se já tivesse cansada de ouvir aquilo, mas ela riu, porque sabia que eu não estava falando sério.
–Isso é as quartas, você precisa aprender tanta coisa Lily – e sorriu.
Nós nos encaminhamos para um dos carros que estava estacionado na garagem e, por favor, não me julguem por não entender absolutamente nada de carros e não saber qual era aquele.
–Então quer dizer que a senhorita dirige?
–Gosto mais de andar, mas também não sou de ferro para ir tão longe.
Fiquei imaginando para onde iriamos e o que faríamos lá, e também imaginei se esse lugar seria ideal para que eu me declarasse para ela, e mais ainda como seria a sua reação.
***
No caminho para eu-não-sei-aonde-vamos, Rose ligou o rádio e inesperadamente uma de minhas musicas favoritas começou a tocar, o que eu achei muito esquisito, porque ela não era muito conhecida ou famosa.
–And if my true love is gone, I will surely find another – nós duas começamos juntas, olhamo-nos surpresas por uma a outra saber a canção e sorrimos antes de continuarmos. – And to her I will sing things that make her know I want her.
“Então você quer ir, menina, vá
E todos nós iremos juntos
Onde o tomilho selvagem da montanha
Cresce em torno do urze florescente
Quer ir, menina, vá.”
–Wow, então quer dizer que nós provavelmente temos o mesmo gosto musical? – Rose olhou em meus olhos por um instante, depois voltou a olhar para frente, mas um sorriso aparecia em seu rosto. –Realmente, Lily, o destino nos fez uma para outra.
Eu sorri com o que ela disse, olhei para baixo e sabia que estava ruborizando, meu coração estava a mil. E então nós cantamos juntas novamente.
“(...) Porque eu conheço aqueles olhos, e eu conheço aquele toque
E eu não tenho muitos, e eu não tenho muito.
Mas oh, querida, meu coração está em chamas (...)
Por você”
–Oh darling my heart’s on fire – nós praticamente gritamos a ultima frase, depois caímos na risada por estarmos sendo tão escandalosas.
Ela estacionou o carro, e só então eu vi que estávamos em frente à praia de San Diego, nossa cidade, fiquei impressionada em como estava tão absorvida em cantar e rir, acho que não me sentia tão bem e completa há tempos.
Nós saímos do carro e fui atrás dela, encostei-a contra mim na árvore mais próxima, seus olhos me olhavam com desejo, nossas respirações descompassadas se confundindo, aquela era a hora.
Tudo o que importava naquela hora era eu e ela, não queria saber se alguém podia nos ver e meus pais acabariam sabendo, isso pouco me importava.
–Uau, ousada você, não? – ela riu, mordeu os lábios e tirou uma mecha de cabelo de meus olhos, sorri.
–Oh, querida, meu coração está em chamas – recitei o refrão da musica e a beijei, no começo o beijo era lento, mas depois ficou mais intenso, ela me afastou e eu fiquei decepcionada, achando que talvez ela não me quisesse mais.
–Por você – ela sussurrou com dificuldade para respirar. – E, embora eu realmente não quisesse parar por aqui, estamos em local publico e isso está ficando um tanto... Hã, quente demais.
Eu ri disfarçadamente e senti meu rosto ficar quente. Rose pegou minha mão e disse:
–Vamos, antes que percamos a melhor hora do dia nesse lugar lindo.
Rose puxou-me pela mão até a areia, nos sentamos relativamente longe da água, eu imaginei que veríamos o por do sol, que daqui a alguns minutos aconteceria. Pensei no quão romântica aquela situação era e meu coração acelerou novamente.
–Rose, estou aqui agora, observando o mar ao seu lado e tentando realmente tomar coragem para lhe dizer algo... – eu falei e no mesmo instante senti meu rosto ruborizar, ela me olhou esperando que eu continuasse. – Estou apaixonada por você, mesmo sabendo que é bem capaz de você me rejeitar, me dando o troco, mesmo sabendo que eu estou ferrada, literalmente, por me sentir assim e mesmo sabendo que você deve estar me achando uma idiota nesse momento...
Ela não me deixou continuar, virou meu rosto para ela numa delicadeza impossível e me beijou profundamente, por vezes brincando de mordiscar meus lábios e trocando sorrisos comigo quando nossos dentes se batiam por acidente. Uma de suas mãos foi parar em minha nuca, assim como a minha na dela e a outra estava entrelaçada com meus dedos.
Aquele momento merecia uma foto, sinceramente. O sol havia acabado de começar a se por e nós nos olhamos, as testas coladas e dois sorrisos aparentes, olhando uma para a outra, como duas pessoas apaixonadas que apenas queriam se amar.
–Eu também estou apaixonada por você, Lily, e não, não vou te dar o troco – ela disse, me dando selinhos na boca, na bochecha e no pescoço, o que me arrepiou por inteira.
Nós nos beijamos mais uma vez, e depois outra, e depois outra... Era uma incansável repetição de beijos e sorrisos, de carinho e amor.
–Olha – eu falei indicando o sol, que agora estava quase realmente desaparecendo. – Você me trouxe aqui para ver esse acontecimento lindo da natureza, e eu atrapalhei tudo.
–Pelo contrário – ela falou. – Você fez tudo ficar melhor.
Rose me abraçou e nós ficamos ali, uma se reconfortando no abraço da outra, eu sentia o cheiro de perfume de rosas emanando de sua pele, ela mexia em meu cabelo e isso era como um calmante para mim, mas ao mesmo tempo meu estômago estava cheio de borboletas, simplesmente por tê-la perto e por finalmente saber que poderíamos ser algo.
–Então – eu murmurei, quebrando o silencio. – O que nós somos agora, namoradas?
Eu podia visualizar seu sorriso, embora não quisesse levantar os olhos daquela visão linda à frente.
–Se você quiser que sejamos – ela respondeu, eu apertei nossas mãos entrelaçadas como resposta, sabia que ela entenderia. Não precisávamos “formalizar” aquilo, ninguém precisava pedir a mão de ninguém porque afinal, nós duas sabíamos que o nosso sentimento era o suficiente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
A música citada no Cap é do Passenger feat. Ed Sheeran, linda demais gente, escutem :3