Love, Lily escrita por Lari


Capítulo 4
Let's just pretend anything happened!


Notas iniciais do capítulo

oooooi genteney! Quero agradecer muito à "A sua mai" que recomendou a fic *-* muito obrigada linda, fiquei super feliz!!
O cap de hoje ta curtinho, mas espero que gostem :)



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Demorou um pouco até que eu e Rose voltássemos a nos falar, o resto da semana foi de plena tensão entre nós, nos cumprimentávamos, mas isso era o máximo que fazíamos. E pelo resto da semana foi assim, eu sentia falta de uma pessoa que eu mal conhecia, embora parecesse conhecer há tempos.

Melissa descobriu que não estava gravida, e que aquilo tudo era coisa de sua cabeça, ela fez o teste cinco vezes e em todas o resultado foi negativo, fiquei feliz por ela não ter que passar pelo drama de ser mãe adolescente. Ela prometeu pra si mesma que a partir daquele dia começaria a usar anticoncepcional, mesmo que engordasse – acredite, ela fez um sacrifício –, ela preferia estar segura.

Na manhã de sábado, a campainha da minha casa tocou às nove da manhã, quando eu surpreendentemente já estava acordada. Minha mãe atendeu, e eu espiei discretamente da cozinha para ver quem era.

Vi seus cabelos ruivos e seu sorriso radiante. Vi minha mãe sorrindo para ela também e se virando para me chamar. Não acreditei.

–Lily, filha, você tem visita – minha mãe sorriu pra mim e eu fui até a porta. – Com licença meninas, entre e fique a vontade Rose, a casa é sua.

–Obrigada Sra. Grace – Rose sorriu.

–Me chame de Erica, por favor, querida.

Ela assentiu com a cabeça, ainda sorria quando minha mãe saiu. Convidei-a novamente para entrar, ela negou com a cabeça.

–Poderíamos conversar aqui fora?

Saímos para a varanda e eu cruzei os braços e não olhei para ela, sabia que se o fizesse de imediato as chances de eu ficar pior do que já estava eram grandes.

–Eu vim pedir desculpas, não quero perder a sua amizade – ela falou. – Embora eu saiba que meus sentimentos por você são diferentes, tentarei superar isso, se você também não quiser tentar um “nós”.

–Eu aceito suas desculpas – olhei-a. – E me desculpe também, eu estou muito confusa no momento, não entendo nada disso que está acontecendo comigo.

–Você não tem porque se desculpar – ela suspirou. – Amigas de novo?

–Claro – sorri, ela também, e o sentimento apareceu novamente. Desviei o olhar.

–Lily, você está bem? Quer conversar sobre isso?

Assenti, nós nos sentamos no gramado, lado a lado. Olhei para o céu e observei o quão azul ele estava aquele dia. E foi então, por algum motivo, que eu reparei no quão desajeitada eu estava, com o short do meu pijama e uma camiseta velha que eu havia achado no guarda-roupa, fiquei sem graça por isso, mas preferi disfarçar.

–Eu beijei o Tyler, e não senti nada. Nunca senti atração por menino algum, e com você é tudo tão... Bom. Ah desculpe, eu não deveria estar falando isso.

Ruborizei na hora em que terminei a frase, ela me olhou e riu sem graça.

–Não tenho culpa de beijar bem – brincou. – Mas sério, isso não é coisa de outro mundo, ser lésbica, eu digo. É normal, quero dizer, não deve ser muito pra você, por ter nascido em uma família muito religiosa, mas você vai se acostumar, amor é amor, independentemente de sexo.

–Você já se assumiu pra sua família? – perguntei.

–Sim, mas eu sou bi, às vezes o preconceito é maior por causa disso, às vezes é menor por acharem que eu ainda tenho salvação, depende muito – sorriu. – Minha família me aceitou sim, mas acham isso estranho, é claro que preferiam que eu fosse hétero.

–Acho que a minha nunca me aceitaria, eles odeiam os gays, acham que são do diabo e essas coisas sabe...

–Sabe, eu também pensava assim, mas seus pais te amam, vão acabar entendendo.

–Eu duvido muito – falei, e percebi que ela usava calças hoje, diferentemente de quase todos os dias, nos quais ela usava vestido. Ela estava de top largo, e não, eu não pude deixar de reparar no quanto seu corpo era lindo. – Mas talvez um dia eu me assuma.

–Quando estiver pronta, e se precisar de ajuda estarei aqui – ela falou olhando em meus olhos, sorri pensando em beija-la, mas sabia que não era uma boa hora, eu ainda estava me descobrindo.

Então fiz um gesto menor, relei meu dedinho no seu e depois peguei sua mão na minha, meu coração estava disparado, assim como sempre acontecia quando tocava nela. Era automática a reação do meu corpo ao toque dela.

Sorrimos uma pra outra, acho que aquilo poderia ser interpretado como um gesto de amizade.

–Queria que tivesse um jeito de lutar contra isso e vencer – suspirei. – Eu me pergunto: por que justo eu, meu Deus?

–Lily, esse preconceito contra gays que as pessoas têm um dia foi o mesmo contra os negros, já percebeu que os homofóbicos odeiam os gays por amar? Por que Deus julgaria o filho que ele mesmo fez assim? Homossexualidade não é doença e não é anormal, são as pessoas que deveriam aprender a amar e respeitar o próximo. Amor não vem regrado.

–Mas na Bíblia...

Ela revirou os olhos.

–Olha, não querendo criticar a sua religião, mas às vezes vocês são meio fanáticos por esse livro escrito há não sei quantos mil anos atrás, em uma época diferente, e por homens, não por Deus propriamente dito. E outra, por que seguem só a parte que lhes convém? E não diga que não é bem isso, porque é sim, não vejo nenhuma mulher se trancando no quarto no período menstrual, ou apenas perguntando ao seu homem o que quer saber.

Mordi os lábios, é ela tinha razão...

–Esse livro deveria servir para pregar o amor, e não o ódio, acha que Deus quereria isso? Seus filhos odiando seus irmãos? Pela Bíblia, o homossexual peca tanto quanto o que o julga, então não faz diferença. Já a leu inteira? É muito contraditória, você ficaria perplexa, não sei se fui eu que a entendi errado ou o que, mas realmente, as pessoas deveriam parar de criar opiniões apenas lendo um livro de dois mil anos atrás.

–É, talvez você tenha razão. Você pode até conseguir mudar a minha mente, mas a dos meus pais, acho que será bem impossível.

–Não, eu tenho razão – ela sorriu. – E nada é impossível.

–Você vai à igreja, Rose? – perguntei de repente curiosa.

Ela negou com a cabeça e respondeu, olhando em meus olhos:

–Na verdade, eu sou espírita – arqueei as sobrancelhas, pronto, era o que faltava pra piorar tudo.

Meus pais tinham um sério preconceito principalmente com a religião espirita, diziam que era coisa de macumbeiro e que essas coisas não existiam, condenavam que seguia o espiritismo, mas na verdade não sabiam nem metade do que era realmente a religião.

–Diz que está brincando – falei, preocupada.

–Lily, eu não sou uma macumbeira e nem vou fazer um espirito encarnar dentro de você. Por favor, temos ideias tão normais quanto a sua religião.

–É só que... Meus pais não pensam bem assim.

No momento em que disse aquilo, me calei e percebi que não havia motivos pra eu querer que meus pais pensassem bem dela, porque ei, éramos só amigas! Ela percebeu que eu fiquei tensa de um momento para o outro e tocou minha mão de repente.

–Mas nada que nos impeça de mudar a cabeça deles.

–Acho melhor – eu queria, desesperadamente, concertar o que havia dito. – Porque realmente, eles não me deixariam ser amiga de uma macumbeira.

Ela riu e eu também, e aquele foi o primeiro momento em que eu senti que estava perdidamente caindo por ela, mesmo que não quisesse estar.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews né? :3



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