Love, Lily escrita por Lari


Capítulo 3
I Kissed a Girl... And I liked it!




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Eu remoí aquele beijo a noite inteira, não consegui dormir. E quando conseguia pegar no sono, eu me lembrava dos lábios de Rose tocando os meus e subitamente acordava novamente, sentindo o gosto de morango que ela tinha em minha boca.

O que me incomodava mais era saber que aquilo era errado, pelo menos na visão da minha família, mas se era tão errado, por que então me fazia tão bem?

Pelo menos aquela hora eu tinha uma explicação pra nunca ter tido atração por um garoto, nunca ter beijado um e sempre rejeitar todos que apareciam na minha frente... Não, eu precisava beijar um garoto, aqueles sentimentos deviam ser em função de aquele ter sido o meu primeiro beijo.

Definitivamente Lily, você tem que beijar um garoto! Hoje!

Não passei na casa de Rose hoje, fui direto pra escola e mais cedo, para que não nos encontrássemos. Não que eu não queria vê-la, mas meus sentimentos já estavam muito confusos.

–Mel! – corri para Melissa quando ela chegou. – Por favor, me diz que o Tyler ainda está interessado em mim.

Ela tinha uma expressão assustada, mas respondeu, mesmo assim:

–Ele está... Mas por que mudou de ideia tão rápido?

–Ah, sei lá, só tive vontade. Vamos acabar logo com isso, diz pra ele me encontrar no intervalo, atrás do campo de futebol.

–Ok, mas pra que tanto desespero? Eu só não entendo essa mudança de ideia tão rápida.

–É complicado, te explico depois que eu e ele ficarmos – falei, afinal ela era minha melhor amiga e merecia saber o que havia acontecido. – Mas e ai, o que deu no resultado do teste?

–Ah, ainda não tive tempo de comprar, mas hoje sem falta eu farei e juro que você será a primeira a saber.

–Ok – falei. – Está com medo?

–Um pouco – ela respirou fundo, fechando os olhos. – Mas o que quer que aconteça eu tenho que assumir a responsabilidade.

–É bom ver que você pensa assim – estávamos andando em direção ao banheiro, e foi quando eu vi Rose saindo dele. Nós nos olhamos, uma esperando que a outra dissesse algo. E por fim ninguém disse nada, ela saiu andando e eu e Melissa seguimos nosso caminho.

–Por favor, Lilian! O que aconteceu entre você e a Rose? – Melissa perguntou quando já estávamos no banheiro. – Até ontem estavam grudadas, e hoje já nem se falam mais.

–Não... Foi nada, tá? Esquece isso – respondi.

–Não vou esquecer não, você ainda vai me contar, Lilian Jane Grace.

Arqueei as sobrancelhas, ela sabia que eu não gostava de ser chamada pelo meu nome completo. E eu sabia que ela não iria desistir até saber a verdade.

***

Fui direto para o campo de futebol quando o primeiro intervalo chegou. Eu estava nervosa e morrendo de medo, medo de eu não sentir nada, medo de eu ser o que achava que era.

Tyler chegou cinco minutos depois, e quando me viu sentada na arquibancada, foi direto até mim. Comecei a morder os lábios, minhas mãos estavam suando, típico de quando eu ficava nervosa.

–Olá Lily – ele me cumprimentou. O clima era tenso, nós já havíamos nos falado algumas vezes, conversado até. Mas mesmo assim, isso é uma coisa que eu nunca pensei que faria com ele.

–Então... Como vai? – perguntei meio sem jeito. E foi quando a vi, de novo, parecia que ela estava me perseguindo. Rose me olhou e me chamou para ir até ela. – Você me da licença? É só um minuto.

Ele assentiu.

Ela estava do outro lado do campo, eu não sei porque consegui avistá-la assim tão rápido. Aquela garota mexia comigo. Ah, e como mexia.

–Tudo bem? – ela perguntou, eu respondi:

–Nem tanto – uma expressão confusa surgiu em seu rosto. – Escuta Rose, aquele beijo... Aquilo mexeu tanto comigo que eu fiquei assustada. Eu não deveria me sentir desse jeito por uma garota, Deus odeia os gays e...

Ela me puxou pelo pulso para si e sussurrou baixinho:

–Deus é amor, Lily. E o amor deveria ser o mais importante, não é? Se Ele é tão bom, porque julgaria duas pessoas do mesmo sexo juntas, só por elas serem do mesmo sexo?

O toque da sua mão estremecia meu corpo. Eu fechei os olhos e revidei:

–Porque assim está escrito na Bíblia, Rose. Então é assim que é.

–Lily, não foi Deus quem escreveu a Bíblia, foram pessoas que assim como nós, eram corrompíveis pela maldade.

–Não posso, Rose...

Então ela me beijou de súbito, e todo aquele sentimento em mim voltou mais uma vez. E a culpa também tomou conta de mim. Por isso me separei dela e sem olhar pra trás corri até a arquibancada, até o Tyler.

–Escuta, eu não quero te obrigar a nada, eu vi vocês...

Eu o beijei antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa. E nada, não senti nada. Eu juro que queria, ele até beijava bem, mas eu simplesmente não gostei, não foi bom, não foi prazeroso. E eu sentia falta do beijo da Rose, por mais que fosse errado.

Olhei em seus olhos, sua expressão era confusa, mas parecia que ele havia gostado.

–Desculpe, eu preciso ir.

E me levante, quando entrei na escola dei de cara com a Mel. Ela estranhou ter me visto, mas disse:

–Como foi? Por que não está mais lá com ele?

–Mel eu... – cai no choro e a abracei forte. Fomos para a sala de Inglês, que era a nossa próxima aula, mas no momento não tinha ninguém ali.

–Me diz o que aconteceu, tudo – Mel disse acariciando os meus cabelos enquanto eu ainda chorava. Estávamos de pé, porque eu não conseguia sentar, tudo o que eu sentia era uma mistura de desespero e confusão dentro de mim.

–Mel, eu preciso te contar uma coisa... Se você prometer não me julgar.

–Mas é claro que eu não vou, Lily. Você é minha melhor amiga e eu estou aqui pro que der e vier. Sempre.

Abracei-a novamente, o choro cessou um pouco e eu comecei a falar:

–Eu e a Rose, nós nos beijamos. Foi ontem, no vestiário, antes da aula de educação física. Foi sem querer, aconteceu.

–Ah Lily, tudo bem, isso é normal. Pode ter sido um súbito momento de curiosidade apenas.

Eu neguei com a cabeça, as lágrimas já estavam secando no meu rosto.

–Eu gostei Mel, eu senti algo aqui dentro queimar. E hoje ela me beijou de novo, antes de eu beijar o Tyler, e a pior coisa foi que eu senti tudo aquilo de novo com ela, mas não senti nada quando beijei-o. Mel... Eu acho que sou gay.

Ela não ficou boquiaberta, como eu achei que ela ficaria, apenas me abraçou forte e ficamos ali por um tempo.

–O que eu faço, Mel? Minha família vai me matar, Deus odeia os gays, e agora eu... – quando falei isso, não pude segurar e comecei a chorar novamente.

–Calma Lily, você ainda não tem certeza de nada. Beijar um garoto e não sentir nada por ele não significa que você é de fato gay. Você pode ser bi ou só estar confusa...

–Melissa, não é só questão de beijar e não sentir nada. Eu nunca senti atração por um garoto sequer, e agora a Rose aparece e mexe comigo desse jeito.

–Ah Lily, seja o que você for eu estarei do seu lado pra tudo, ok? Eu te amo e nunca te deixaria sozinha.

Ela limpou as minhas lágrimas. O sinal tocou e os alunos começaram a entrar, sentamos nos nossos lugares e eu fiquei pensando o que seria de mim se eu fosse de fato lésbica. Na aula nem consegui prestar atenção, e isso foi uma surpresa, porque a aula de inglês era a minha preferida.

Não vi mais Rose o resto do dia, mas estava certa de que a veria no dia seguinte, e por isso eu ficava feliz e triste ao mesmo tempo. Eu queria vê-la, mas não queria ceder a tentação. É, eu estava ferrada, literalmente.


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