O Médico e o Monstro - Johnlock escrita por Charlotte


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Hello sweeties! Um beijo para Rafandroid, Sweetie e Redbeard. Capítulo dedicado à todos que sentiam falta do sociopata altamente funcional...
Beijos e boa leitura :)



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Sherlock chegou em casa, exausto. O caso que Lestrade tinha pedido sua ajuda era incrivelmente chato, e como se não bastasse todo o tédio do caso em si, ainda era obrigado a trabalhar ouvindo os comentários irritantes de Anderson e Donovan.

Arrastando-se para o sofá, o detetive consultor enrolou-se em uma coberta e suspirou, encarando o teto. Ainda que estivesse extremamente cansado, e sentindo como se um caminhão tivesse passado por cima (e ainda dado ré) de seu corpo, seus olhos se recusavam a fechar.

Sherlock sentia-se mais disperso ultimamente, e seu raciocínio tinha regredido um pouco no quesito velocidade. Isso o fazia querer morrer, era inaceitável que algo o distraísse daquela forma. Mas a questão não era algo, e sim alguém.

Havia um homem. Não tinha nada de relevante, nada que chamasse a atenção de imediato. Sherlock não sabia como, mas foi se sentindo cada vez mais cativado e atraído por aquele homem de estatura mediana, cabelos louros, olhos claros e feições gentis. Seu nome era John. E ele simplesmente o alucinava não só em seus sonhos, mas também em seus pensamentos.

Isso é ridículo, pensou o detetive. É simplesmente inadmissível que uma pessoa que nem existe consiga te distrair assim.

Sherlock censurava a si mesmo por ter permitido tal fato ocorrer. Sempre conseguira bloquear sua mente de todo tipo de pensamento inútil, ou qualquer emoção ou sentimento. Considerava-os, inclusive, um “defeito químico encontrado no lado perdedor”. Poderia facilmente se desconectar de qualquer um desses defeitos, mas agora, algo estava dando errado. Aquele homem - John - conseguia fazê-lo hesitar.

Uma das coisas que mais odiava no mundo era o fato de não saber alguma coisa. E principalmente, não fazer a mínima ideia de quem era John Watson.

Por que se preocupava tanto com isso, afinal? Era apenas um sonho, um rosto aleatório, que por algum motivo, se destacava em meio aos outros.

Mas por que ele?

Quem era ele?

Em meio às suas deduções e perguntas, suas pálpebras se fecharam, e quando as abriu novamente, havia uma mulher vestida de branco, com os cabelos presos em um penteado gracioso em pé em sua frente. Ela o encarava com uma expressão de satisfação.

–- Olá, Sherlock.

–- Dominatrix...?

A mulher abriu um grande sorriso ao ouvir seu nome.

–- Muito apressado... Ainda não nos conhecemos oficialmente...

–- ...nesse universo. – Sherlock completou, e o sorriso da mulher se alargou

–- Hm, que chato. Quebrou todo o meu suspense... Você já sabe então. – Dominatrix se sentou na poltrona vazia em frente a ele.

–- Não sabia. Eu vi. Só aparecem em sonhos recorrentes pessoas que já conhecemos. Mas não necessariamente nesse universo.

–- Muito inteligente, Mr. Holmes. Já sabe de onde nos conhecemos, mas sabe o motivo pelo qual estou aqui?

Sherlock a fitou.

–- Eu sei exatamente por que está aqui.

A mulher se aproximou de Sherlock e sussurrou em seu ouvido:

–- Tente.

–- John Watson, um rosto familiar em meus sonhos. Eu tenho certeza de que o conheço, e ele atrapalha meu raciocínio, contaminando minha mente com as emoções nutridas em outro universo. Aquele maldito rosto faz questão de marcar presença em absolutamente todos os sonhos que eu tenho, o que significa que é algo importante. Se ele existe, é porque tenho que me encontrar com ele, e restaurar o que quer que seja que está errado.

Dominatrix sorriu.

–- Brilhante como sempre, Mr. Holmes. Devo admitir que estou impressionada.

Sherlock abriu um sorriso de meia boca.

–- Nesse caso, não tenho muito mais o que fazer em seu sonho. Já poderá ver o rosto de seu querido soldadinho...

Sherlock corou de leve.

–- Não é um “soldadinho”. Que eu saiba, é médico, e serviu no exército.

A mulher riu.

–- Você sente falta dele...

Sherlock não respondeu.

–- Eu sei, Mr. Holmes. Você colocou uma poltrona a mais em sua sala. Por que?

–- Para visitas.

–- Não que signifique que você as aprecie... Não se importa com as visitas. Desde que digam logo o que querem, podem até empoleirar-se na janela.

Sherlock permaneceu em silêncio.

–- Então por que se importou em tão cuidadosamente e milimetricamente posicioná-la? – a mulher perguntou. – Não responda. Eu já sei. Você o está esperando... E ele virá.

–- Não vou me lembrar disso, não é?

–- Quando o Universo acertar seu curso, não haverá necessidade de saber os meios. Agora... Acorde.

Sherlock abriu os olhos, e estava novamente no sofá. Com sua respiração irregular, pensou no que a mulher lhe disse.

Você o está esperando... E ele virá.

Os devaneios de Sherlock foram interrompidos com a entrada de Mrs. Hudson no recinto. Ela trazia consigo uma xícara de chá com biscoitos.

–- Notei que estava cansado, e trouxe um chá para você. E os biscoitos de nata, eu mesma quem fiz...

Sherlock deu um longo suspiro.

–- Oh, Mrs. Hudson, você é um anjo!

A senhora deu um risinho tímido e se sentou ao lado do moreno.

–- Tenho que te contar... Temos um novo inquilino.

Sherlock revirou os olhos.

–- E daí?

–- E daí que vocês precisam se conhecer!

–- Sinceramente, Mrs. Hudson, você dá muita importância para essas coisas. É só mais uma pessoa para gastar água, luz, utilizar do oxigênio e ser normal. Não devia estar tão feliz.

–- Claro que deveria! É sempre bom ter pessoas novas.

Sherlock fez uma careta de desaprovação.

–- Ah, você devia tê-lo conhecido hoje... Ele é tão bonito... E tão gentil também! John.

Sherlock levantou-se abruptamente sofá.

–- Como disse?

–- O nome dele. É John... John Watson!

O rosto de Sherlock ficou pálido, mas Mrs. Hudson não percebeu. O detetive encarou a poltrona vazia em sua frente.

–- Ele se muda para cá amanhã.

“Você o está esperando... E ele virá.”

–- Mas é claro! Brilhante! Tudo faz sentido agora!

–- Está bem animadinho para quem achava que era só mais um para “gastar água, luz, utilizar do oxigênio e ser normal”.

–- Mrs. Hudson, você não entende! John Watson! Não é só um pesadelo. Ele é real! Mas como pode ser possível? Pense, Sherlock, pense!

–- Você o conhece?

–- Talvez! Sonhos podem ser mais que um simples resultado de manifestação instintiva ou mecanismo inconsciente que revive lembranças de fatos ocorridos no dia a dia. Por isso os déjà vus! Isso já aconteceu, já aconteceu! Ah, Dominatrix, você é brilhante!

Mrs. Hudson riu, sem entender uma só palavra que o moreno dizia.

–- Se precisar de mim, estou lá embaixo. Não vou me envolver nas suas loucuras...

Quando Sherlock se viu sozinho, comemorou em silêncio. Sua teoria estava certa, afinal. Não era apenas um sonho. Eram imagens do outro universo.

Certo, mas por que com Sherlock? Por que aquele homem, em especial, se destacava nas imagens em sua cabeça durante o sono?

Ainda que fosse angustiante, as respostas para as perguntas de Sherlock chegariam logo, e ele mal podia esperar para isso.


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Notas finais do capítulo

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