O Médico e o Monstro - Johnlock escrita por Charlotte


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, eu não consegui tempo para atualizar a fic essa semana. Cap dedicado à Sweetie. Ele ficou bem grande também, então acho que compensa, hahaha! Beijos, obrigada pelos reviews, e boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/553522/chapter/7

O sol despontou no horizonte, e John ainda não tinha conseguido dormir.

As palavras firmes da mulher ecoavam em sua cabeça, e não havia nada que as fizesse sair dali. Para esfriar a cabeça, decidiu tomar um chá - preto com leite - e olhar a paisagem da janela do quarto.

O céu tinha uma tonalidade alaranjada, com tênues traços rosados, que o lembrava muito a cor que as maçãs do rosto de Sherlock assumiam quando ele estava nervoso.

Logo depois de refletir sobre o próprio pensamento, corou.

O problema, é que não sabia se isso realmente acontecia. Tudo o que sabia, todos os detalhes, eram todos em sonho. John tinha medo que toda a paz que sentia quando aquele rosto maravilhoso o “visitava” durante o sono virasse um caos. Ele não o conhecia. Só porque vê a cara dele diversas vezes, não quer dizer que realmente o conheça.

Todas essas preocupações invadiam a mente do loiro. Naquela manhã, se mudaria definitivamente para Baker Street, e conheceria o verdadeiro Sherlock.

Nem era preciso dizer o quão nervoso e ansioso estava.

Nas poucas horas que cochilou, as atividades oníricas ocorreram a todo vapor. Fendas e portais sem lógica simplesmente o colocaram no cenário de sempre, sem sua permissão. Nos últimos dias, era mesmo sonho, todas as noites. A única diferença é que agora, o rosto anguloso de Dominatrix aparecia em momentos cruciais, e o despertava.

John sentia-se exausto. Era como se, cada vez que fechava os olhos, mergulhando na inconsciência, era transportado para o mesmo laboratório, a mesma cena, o mesmo tudo, com uma “participação especial” de Dominatrix, que tinha a função de trazê-lo de volta.

Mas e se ela não aparecesse? E se, por algum motivo, ficasse preso no sonho? A ideia lhe causava um calafrio na espinha.

Terminando seu chá, olhou para o papel que Donovan tinha lhe entregado antes de ir. O número de Molly Hooper resistia bravamente no papel molhado, apenas com alguns borrões no M.

O telefone de John tocou. Um número privado.

–- Alô?

–- John Watson? – uma voz feminina falou.

–- Hum... Sim... – John respondeu, hesitante. – Quem é?

–- Acredito que Donovan tenha lhe passado meu número. Queria te convidar para vir aqui no necrotério para conversarmos.

–- Molly Hooper?

–- Sim! John, eu sei de tudo. Eu sonhei com você. Eu vi o que aconteceu. E eu acho que sei como podemos consertar.

–- Consertar o que?

Molly não respondeu.

–- Ok, Mycroft, isso não tem a menor graça! – ela esbravejou, mas sua voz doce não causava medo algum. – Escute, John, você precisa vir aqui. Mycroft está grampeando a ligação, esse xereta...

John estava completamente confuso.

–- Mycroft? Quem é Mycroft?

–- Certo, você ainda não chegou nessa parte. Mas venha, venha aqui no St. Barts. Peça para falar comigo na recepção, vou deixar avisado que você vem.

–- Mas...

–- Até logo! – ela disse, e logo depois a linha ficou muda.

John encarou o papel, e depois o telefone já desligado.

–- Perdão, Mrs. Hudson, mas eu vou me atrasar um pouquinho...

Pegou seu casaco, e saiu em disparada para o Hospital St. Barts.

_______________________________________________________

Sherlock encarou a janela, pensativo. Toda aquela situação com sonhos lhe remetia à mitologia grega. Morfeu - deus dos sonhos, filho de Hipnos - possuía a habilidade de assumir qualquer forma humana e aparecer nos sonhos das pessoas, como se fosse a pessoa amada por aquele determinado indivíduo.

Isso o intrigava muito.

Primeiro porque, segundo suas concepções, amor era uma coisa completamente inútil e sem fundamento, a qual podia muito bem viver sem.

Ou talvez não.

Sherlock abanou a mão na frente do rosto, tentando espantar o pensamento. Ultimamente, vinha pensando muitas coisas sobre sentimentos, coisas que nunca imaginou que pensaria. Mas um vazio inexplicável tomava conta de seu peito, e o fazia pensar sobre ele.

Segundo, que aquilo nunca o tinha incomodado. Sempre sentiu que faltava algo em sua vida, mas nunca deu importância, realmente. O que quer que fosse, poderia viver muito bem apenas descartando. Os sentimentos eram uma coisa muito complexa, até para Sherlock, e reviravam sua cabeça, atrapalhando seu raciocínio lógico.

O telefone de Sherlock tocou. Era Mycroft.

Sherlock simplesmente ignorou, bufando. Contou até três.

–- Não, você não vai me ignorar... – Mycroft disse, com sua tradicional voz serena.

O moreno revirou os olhos.

–- Precisa melhorar suas “entradas triunfais”. Sabia que estava aqui no momento que discou meu número. – Sherlock disse. – Ia ser mais chocante se entrasse pela janela.

Mycroft sorriu sem mostrar os dentes, e tentando não enforcar Sherlock, que se deliciava internamente com a irritação do irmão.

–- Muito engraçado, irmãozinho. Mas de qualquer maneira... Você vai ao médico.

Sherlock virou-se abruptamente.

–- Médico? E quem disse que eu preciso de um médico? Estou perfeitamente bem. – Sherlock disse, e em seguida tossiu, arruinando sua pose de “saudável”.

–- Não está não. Mamãe está preocupada.

–- Ah, e você acha que vai ficar tudo bem com ela ao fingir que se importa com a minha saúde! – Sherlock soou indignado.

–- Eu me importo.

–- Coisa nenhuma! Só quer se redimir com ela!

–- Não sou eu quem decepciona ela toda vez... – Mycroft disse, encarando as unhas aparadas.

–- Eu? Eu decepciono a mamãe?!

–- De qualquer forma, Sherlock. Você vai. Não me faça te obrigar.

Sherlock deu uma risada de escárnio.

–- Gostaria de ver você tentar.

–- Isso é um desafio?

–- Hey, meninos, agora não... – Mrs. Hudson entrou na sala, onde os dois se encaravam ferozmente. – Acho que deve ir ao médico sim, senhor! Ah, Mycroft, ele anda tão abatido... Só fica nesse computador. Não come, não sai, não faz mais nada...

Mycroft lançou um olhar reprovador à Sherlock, que revirou os olhos.

–- Ande logo. Já marquei um horário para você no St. Barts.

–- Sempre o mesmo hospital, parece que não existe outro... – Sherlock resmungou.

–- Mas é um dos melhores, senão o melhor. Quem marcou a consulta fui eu, então cale a boca.

Sherlock fez bico e virou-se para a janela.

–- Eu não vou. – disse, pausadamente. – Tenho coisas muito importantes para fazer hoje, não tenho tempo para seus teatrinhos.

–- Ah é? Que tipo de coisas?

–- Coisas que não te interessam. Agora dê o fora.

–- Uma pena que eu tenha que fazer do jeito difícil... – Mycroft suspirou e estalou os dedos. Dois homens gigantescos, vestidos em ternos pretos entraram pela sala. – Eles não vão ter que te trocar?

Sherlock fez uma cara de desprezo.

–- Você vai colocá-los em uma situação constrangedora. Sabe muito bem que eu não me importo com isso.

Mycroft girou o guarda-chuva.

–- Separei uma muda de roupa para você. Seja rápido, não tenho o dia todo... – Mycroft disse, e os dois brutamontes agarraram um em cada braço do moreno, que permaneceu com sua cara blasé, e se deixou ser conduzido até o banheiro.

Ansioso para se livrar logo de Mycroft, Sherlock resolveu se trocar.

No bolso da calça, seu Blackberry vibrou.

“St. Barts urgente.

– MH”

Mas pelo amor de deus!

“Não me apresse, Mycroft.

– SH”

Segundos depois, o celular vibrou novamente.

“Quem fala é Molly Hooper :X

– MH”

Sherlock ficou por alguns segundos encarando a tela do Blackberry. Dando uma última bagunçada nos cabelos, saiu do banheiro e seguiu Mycroft até o hospital.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?