O Médico e o Monstro - Johnlock escrita por Charlotte


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Mais uma fanfic Johnlock (♥), espero que gostem! Beijos e boa leitura :)



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"I think you should know you're his favourite worst nightmare"

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John olhava para o teto, sentindo um gosto amargo na boca. Tinha acabado de acordar de mais um sonho. Seu suor escorria lentamente pela testa, e ele tentava neutralizar sua respiração. O pior de tudo é que não era um pesadelo, como aqueles recorrentes que tinha logo após a guerra. Era um sonho tão bom, que chegava a ser até atormentador.

Havia um homem nele, que atendia pelo nome Sherlock. Não tinha ideia como aquela face tão bela e tão misteriosa fora parar em seus sonhos, pois ele não a conhecia. Mas as feições fortes e delicadas ao mesmo tempo passavam uma angústia tamanha em John.

Tudo era familiar. Familiar até demais. Como uma outra realidade, que era barrada por uma piscar de olhos ou o som do despertador. A sensação de viver realmente tudo o que sonhava era uma tortura.

John levantou-se, e foi tomar um banho para esfriar a cabeça. Estava em Londres há uma semana, e precisava de um lugar para ficar, pois os hotéis menos caros já causavam lá seu prejuízo no bolso. O que estava hospedado não era cinco estrelas, mas dava pra um homem solteiro recém chegado do Afeganistão, com uma bengala e algumas armas de fogo (obviamente, sem o conhecimento da recepção). Tinha hora marcada com a terapeuta, mas não queria ir e ouvi-la escrever fervorosamente em seu bloquinho, dizendo que tinha “problemas de autoconfiança” ou qualquer coisa do tipo. Além de tudo, descobriu que um velho amigo de King’s College, Mike Stamford tinha sofrido um acidente, e queria visitá-lo para relembrar velhos tempos e reconforta-lo.

Colocando seu tradicional suéter por baixo de uma jaqueta preta, John apoiou-se em sua bengala e pegou um táxi até o hospital onde Mike estava.

Olhando a paisagem pela janela, não conseguia parar de pensar em Sherlock, o homem que invadia seus sonhos mais íntimos sem permissão nenhuma. Seria possível se apaixonar por alguém que nem existe? E John sabia que não era gay. Ou talvez não tivesse mais tanta certeza assim. Resolveu ignorar o pensamento.

Chegou ao hospital e disse seu nome à recepcionista, que depois de alguns segundos, acenou com a cabeça e lhe deu um adesivo escrito “visitante”. Meio desajeitado, pegou o elevador e entrou no quarto de Mike.

-- Oy... – John disse, e o amigo olhou. – Vim ver como você está.

-- John! – os bipes do aparelho aumentaram a velocidade. – Quanto tempo!

-- Verdade... Te olhando agora, não consigo acreditar como o tempo passou... Lembrando dos tempos de King’s Collage agora, éramos muito ingênuos... e Deus do céu, como você engordou!

-- Ah, nem me fale. E você até que está bem, mas ganhou uns quilinhos, huh? – Mike soltou uma risada, mas teve um acesso de tosse. Recuperando-se, continuou. – Há quanto tempo está em Londres? Está gostando da cidade?

-- Ah sim, é sempre bom voltar às origens. Não mudou muita coisa. Estou há uma semana e pouco, mais ou menos, em um hotel mais pro interior. A grana está curta, você sabe...

-- Sim, são tempos difíceis... E Harry? Por que não foi morar com ela?

-- Ah, nós brigamos feio de novo. Ela e a noiva se separaram, ela voltou a beber... Não ia dividir uma casa com ela de novo nem morto!

-- Entendo... E essa bengala? Lembro que você foi acertado na perna, mas não sabia que tinha sido grave assim.

-- Ah, é uma grande merda. Ainda que me atrapalhe em algumas coisas, vou sobreviver...

Mike riu.

-- É, a gente vai levando como dá...

John assentiu.

-- Estava tentando recuperar os contatos de King’s Collage, mas nenhum queria voltar a falar com o gordo virgem que tinha tesão pelas bonecas do laboratório...

John riu, lembrando-se do episódio.

-- Adolescência era coisa triste... Pelo amor de Deus, Mike, elas pareciam uns travestis!

-- Vai dizer que não gostava da bunda daquela de peruca ruiva? – Mike piscou e riu.

-- Se a bunda dela fosse real, eu podia até pensar no caso...

Os dois riram.

-- As vantagens de se trabalhar na medicina... Você lembra do dia em que tivemos que simular um exame de toque?

John riu alto.

-- Meu Deus, foi um dos piores dias da minha vida! O pior é que estávamos tocando um cara depois da morte dele!

Mike estremeceu.

-- Acho que aquele Caleb curtiu, ele tinha um jeito que olha...

-- Nem sei, mas todo mundo tinha medo de dividir quarto com ele.

-- Óbvio, né, vai que ele decide fazer um “exame de toque” em algo vivo?

-- Deus me livre! Além de tudo, ele era estranho.

Os dois permaneceram rindo por um tempo, relembrando histórias, e de repente, Mike parou e encarou John.

-- Estranho... Eu tinha uma coisa muito importante pra te dizer, mas não consigo lembrar agora.

John deu de ombros.

-- Depois você lembra. Acho que já deu a minha hora... A enfermeira está me olhando com uma cara feia pela janelinha...

-- Eu precisava mesmo falar com você... – Mike ignorou, e arregalou os olhos. – Ah, sim! Você recebeu minha mensagem?

-- Que mensagem?

Mais bipes.

-- Ah não, não! Era importante, era sim...

-- Tudo bem, você me fala depois. Acabou de se recuperar de um acidente feio, precisa descansar. Só vim dar um alô.

-- Mas... eu arranjei um colega de quarto pra você...

-- Mike, isso não é importante agora, trate de descansar.

-- Não deveria ser, mas é como se minha vida dependesse disso... – o homem disse, aflito, e os bipes aumentaram mais uma vez. Mais um pouco e o coração dele não aguentaria.

-- Sua vida depende da sua calma, Mike. Respire fundo...

-- O nome é Sherlock Holmes! – Mike disse antes de desmaiar. O aparelho que media os batimentos foi neutralizando até chegar ao ritmo normal. John não tinha visto que a enfermeira tinha acabado de aumentar a dosagem do sedativo, e agora, ele dormia tranquilamente.

John ficou encarando o rosto gordo de Mike por alguns segundos. Era aquele nome. “O” nome. Nome daquele que o atormentava de um jeito tão agradável, que queria fazer parte de seu próprio sonho.

-- O nome é... Sherlock Holmes?


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Notas finais do capítulo

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