O Médico e o Monstro - Johnlock escrita por Charlotte


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Ainda sem conseguir responder os reviews :c
De qualquer forma, um beijo para Sweetie, pelo comentário, e para Mallu, por favoritar. 2 dias e já 6 acompanhamentos, muito obrigada mesmo, vocês são maravilhosos!
Beijos e boa leitura :)



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O nome é... Sherlock Holmes?

–- Bem John... – a mulher de pele cor de café começou, apoiando seu bloquinho no colo. – Como vai o blog?

Ele respirou fundo, acomodando-se na poltrona.

–- Bem... Caham...Bem.

A terapeuta lhe lançou um olhar reprovador.

–- Ok. Ele está lá sim, mas eu nem escrevo nele.

–- Escrever num blog vai te ajudar, e muito, a superar os fantasmas do passado.

–- Eu não tenho problemas com o passado. Dane-se o passado. Meu problema é o presente! – John aumentou o tom de voz.

–- Perdão? – a mulher parou de escrever, e o encarou, confusa.

–- Eu... Mais cedo ou mais tarde eu ia ter que contar, então...

–- O que houve?

–- É... um sonho. Com um homem familiar. Nós vivemos muita coisa juntos, resolvemos crimes, e... – John resolveu omitir a parte sentimental da coisa. – eu nunca o vi na minha vida.

–- Sonhos, para a psicanálise, são apenas um espaço para realizar seus desejos inconscientes reprimidos. É o resultado de manifestação instintiva ou mecanismo inconsciente que revive lembranças de fatos ocorridos no dia a dia. Você deve ter visto esse homem na rua, e por algum motivo seu cérebro gravou a imagem.

–- Não, tenho certeza de que nunca vi.

–- Você vê milhares de pessoas todos os dias, John. Não vai lembrar de todos os rostos que já viu.

–- Esse eu ia lembrar.

–- E sobre “resolver crimes”... Você leu algum romance policial, ou quem sabe, assistiu à uma série do mesmo tema...

–- Eu mal tive tempo de parar no hotel desde que cheguei em Londres. Além disso, meu quarto não tem TV.

–- Isso não faz sentido, John. Não é possível formular um sonho tão bem detalhado apenas com sua imaginação, independentemente o quão fértil ela é.

–- Pelo visto, é possível sim.

A mulher suspirou, e anotou disfarçadamente “psiquiatra” em seu bloquinho.

–- Sei que você me acha louco.

–- Louco? Não...

–- Escreveu “psiquiatra” em seu bloquinho.

–- E você leu o que eu escrevi de ponta cabeça. – ela disse, grifando o “problema de confiança” escrito mais em cima. – Assim que sair aqui, entre na sala 3. Continue com o blog, ele pode te fazer melhor.

John saiu da sala da terapeuta, sem conseguir tirar Mike da cabeça. Estava pensando em voltar lá, e pedir explicações, mas tinha medo que ele ficasse nervoso e alguma coisa ruim acontecesse, afinal, ele era basicamente a ponte entre John e Sherlock Holmes, além de um bom e velho amigo. Perdê-lo não era uma opção.

Caminhou até a sala de espera, e retirou a senha, que iria encaminhá-lo à sala 3. Enquanto isso, não parava de divagar.

Talvez fossem os remédios revirando sua cabeça, talvez Sherlock não fosse real. Mas então, como Mike saberia esse nome?

Deve ser um nome comum.

John estava prestes a acreditar que a terapeuta estava certa em acha-lo um completo maluco, mas era tudo muito real para ser apenas um sonho.

–- Sr. John Hamish Watson! – a voz rouca do médico chamou seu nome. Suspirando, apoiou-se em sua bengala, e entrou no consultório.

–- Bem, Jessie não mandaria aqui se não achasse que consegue resolver. Ela já me mandou o relatório mais relevante das últimas sessões, respeitando o sigilo, obviamente. – ele disse, distraidamente.

–- Hã... o que você é, exatamente?

–- Psiquiatra.

John suspirou.

–- Certo, ela deve me achar bem louco então.

–- Por fora não há nada, então devo pedir uma vigilância mais... interna... – o médico disse, ignorando-o completamente, e escrevendo uma bateria de exames aos quais John teria que passar. – Primeiro passe no laboratório para um exame de sangue. Ainda dá tempo de ir hoje, que está vazio.

–- E por que essa pressa toda? Não vou matar ninguém nesse meio tempo.

–- É... importante, eu não sei... – ele parou de escrever, mas balançou a cabeça em negação. – Esqueça. Quanto mais rápido fizer os exames, mais rápido resolvemos seu problema.

–- Mas eu não tenho problema nenhum!

–- Todos dizem isso. Até logo, senhor Watson. – o médico praticamente enxotou John do consultório, deixando-o totalmente confuso.

Como John não queria voltar para o hotel tão cedo, e ainda queria achar um emprego, pensou que se fosse ao laboratório, poderia encontrar algo. Sem perder mais tempo, saiu do prédio, e acenou para um táxi, em direção ao laboratório indicado.

Subiu até o andar dito pela recepcionista, e sentou-se na sala de espera. Muitas pessoas circulavam pelo corredor onde estava, e a polícia estava por lá. Vários homens com suas armas rondavam por lá, fazendo John lembrar-se dos longos períodos em que passara em uma trincheira, com um fuzil, pronto para matar quem fosse, e sempre preparado para socorrer qualquer um que se machucasse. Foram tempos difíceis, no Afeganistão, que o assombraram tanto, e agora lhe causavam um grande vazio.

Um homem alto e grisalho, acompanhado de uma mulher mulata de cabelos enrolados na altura do ombro passaram apressados por John, fazendo-o sair de seus devaneios. A mulher derrubou sua bengala.

–- Desculpe. – ela disse, apressada, entregando a bengala. Antes de se levantar, encarou o rosto de John, assustada.

John arregalou os olhos. Aquela mulher aparecia em seu sonho também. Inclusive, vivia dizendo para John se afastar de Sherlock, por julgá-lo um psicopata que não media suas ações e palavras.

–- Donovan! – o homem grisalho gritou, e ela saiu do transe.

–- Estou indo! – ela se levantou, apressada, e logo se juntou a ele.

Donovan olhou para trás algumas vezes, antes de desaparecer, dobrando o primeiro corredor à direita.

Como se uma memória esquecida voltasse em sua cabeça, John sentiu que conhecia muitas pessoas lá. Donovan, a mulher que derrubou sua bengala. O homem grisalho. Um outro homem de cabelos pretos até o pescoço e expressão de nojo. Todas aquelas faces, tão desconhecidas, apareceram diversas vezes em seus sonhos. E de algum jeito, estavam ligados à Sherlock Holmes.

Como se uma mão invisível viesse motivá-lo, John arranjou um jeito de segui-los. Levantou-se, amassou sua senha e jogou-a no lixo. Determinado, saiu correndo pelos corredores, seguindo a cabeleira de Donovan, evitando ser visto.

Sabia que toda aquela situação era extremamente confusa, mas sentia a necessidade de descobrir quem era o homem de seus sonhos (de um modo quase metafórico). Suas pernas mexiam-se com um vigor e agilidade admiráveis.

John saíra sem sua bengala.


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Notas finais do capítulo

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