Dead Players escrita por Yellow


Capítulo 4
Capítulo 3- Laços


Notas iniciais do capítulo

- Alex está a uma ação da morte! Após fugir de um pássaro negro gigante, ele se vê na mira de um garoto armado. Enquanto isso, Fred e Eva tentam achar comida, será que eles vão conseguir sobreviver?



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As luzes esbranquiçadas que se acenderam fizeram Alex piscar os olhos repetidamente. A sua frente estava um menino, pele avermelhada, longos cabelos escuros, e nas orelhas jaziam dois fones de ouvido de cor azul marinho. O menino, assim como Alex não parava de tremer com a faca na mão, mas Alex tremia de medo.

–Pensamos que fosse um desses monstros. –O menino abaixou a faca. Suas sobrancelhas cerradas agora estavam em posição de descanso.

Alex sussurrou bem baixo “Graças a Deus”, e em seguida soltou um suspiro de alivio.

–A barra está limpa? –perguntou uma voz feminina. Vinha de trás de um amontoado de caixas no final do corredor.

–Está. –O menino de fones falou em resposta.

Duas meninas se levantaram. Uma era a loira com pinta de patricinha, sua saia xadrez era curta, e sua blusa branca com listras rosas era tão apertada que os seios ficavam em evidencia. Ela arrumou os curtos cabelos cor de ouro e caminhou até o menino com a faca. A outra menina ainda parecia estar com medo, tinha pele negra, os cabelos cacheados eram curtos e os olhos eram castanhos amarelados, uma coloração tão rara que Alex nunca havia visto nada igual. Ela vestia um jeans despojado e um fino e leve casaco de lã vermelho vinho.

–Eu me chamo Gabriel. –O menino com a faca resolveu se apresentar. Ele estendeu a mão para um aperto, e não tendo outra escolha, Alex apertou. Eles trocaram rápidos olhares, e antes que ele perguntasse quem eram as outras duas meninas, Gabriel resolveu esclarecer a duvida: – Essas são Daniella e Jade.

Ele apontou para a garota loira primeiro, e depois para a de cabelos cacheados. Gabriel continuou com a faca em mãos, o que fez Alex permanecer com medo. Os quatro rumaram para uma sala-de-estar, os sofás de couro escuro combinavam com as paredes cor de sangue.

Alex fora o primeiro a se sentar. Soltou todo o ar dos pulmões quando fez isso, estava correndo desde que anoitecera, e suas pernas e pés clamavam por descanso. A menina loira sentou ao seu lado, e Gabriel e Jade se sentaram no sofá a frente.

O menino de fones deixou a faca em cima da pequena mesa de centro. Eles ficaram longos segundos apenas trocando olhares, o que Alex poderia fazer? Talvez um movimento em falso, o menino pegasse a faca e matasse ele no ato.

–O que vocês fazem nesse apartamento? –A pergunta pulou boca a fora. Alex tentou disfarçar a tremedeira, mas não funcionou.

–Estamos buscando abrigo. –Gabriel respondeu. –E acho que você faz o mesmo.

–Por que me abrigaram? –Alex não cessou com as perguntas. –Poderiam ter me matado. Estamos em um jogo de sobrevivência. Eu posso matar vocês a qualquer hora, ou melhor, eu tenho que matar vocês.

O menino de fones se inclinou para frente, bufou, e preparou uma resposta. Porem, interrompendo ele, Daniella tomou frente:

–Sabemos que você não é mau caráter. –Ela fora colocando sua mão macia em seu joelho. –Só de olhar para você podemos deduzir isso. Assim como nós, é só um garoto que não quer morrer.

–Que tal irmos dormir? –Jade sugeriu. –Já está tarde, e acho que iremos precisar de bastante energia amanhã.

–Podem deixar que eu fico de vigia. –Gabriel se levantou e pegou a faca na mesa.

–-----------------------------13---------------------------------

O dia havia chegado, Fred havia presumido aquilo. Não era uma conclusão exata, já que, o céu de cor cinza não demonstrava qualquer alteração de horário, era cinza o dia inteiro, e apenas de noite ficava escuro.

Estava deitado em um papelão, e isso fez suas costas doerem. Havia encontrado um abrigo em um beco úmido e escuro, cheio de grafites. Grafites esses que ele e Eva ficaram por observar a noite inteira, até pegarem no sono.

Virou o pescoço para o lado, viu Eva, sua companheira, ou pelo menos achava assim. Os olhos dela sem as lentes espessas dos óculos eram um pouco pequenos, mas ainda sim não eram o suficiente para deixá-la feia. Ela dormia tão tranquila, que Fred achou que ela havia esquecido que estava em um jogo de sobrevivência, e que o menino do lado dela poderia se aproveitar da situação e matá-la enquanto dormia.

Fred resolveu levantar-se. Se pôs de pé lentamente, não só por causa das dores musculares, mas para não acordar Eva. Falhou miseravelmente. A menina acordou aparentemente assustada, estava com os olhos arregalados e havia começado a soar.

–Alguma coisa? –Fred perguntou quando se abaixou para tentar ajudá-la.

–Eles.... –Ela tentou responder, mas suas respirações aceleradas não deixaram. –Eles estavam nos devorando.

–Eles quem? –Ele insistiu

–Aquelas coisas. –Eva cuspiu a resposta. Começou a tossir e fora se levantando lentamente com a ajuda do parceiro. –Acho que tive um pesadelo.

–Sente algo a mais?

–Fome. –Admitiu. –Muita fome.

–Faz sentido. –Fred concordou. –Não comemos nada desde que o jogo começou.

–Que tal irmos procurar comida?

A sugestão da menina fora acatada como uma ordem. Os dois saíram do beco que estavam e logo se colocaram a andar pelas desertas ruas do Tabuleiro.

Demoraram cerca de meia hora, até avistarem algo de portas abertas. Cruzaram uma extensa avenida que ficava na frente a um Super-mercado. Sem mais delongas, entraram no mercado como João e Maria entraram casa de doces da Bruxa.

O super-mercado, assim como o resto da cidade, não tinha luz alguma, apenas os feixes cinzentos que entravam da porta principal e das pequenas janelas. Estava frio lá dentro, e eles tiveram a impressão de ver fumaça saindo de suas bocas. O piso de mármore era branco, e a cada passo que davam, era um pequeno barulho que ecoava pelo local.

Fred sinalizou para Eva tentar fazer o mínimo de barulho possível, e ela já estava tentando. Eles passaram por um corredor de prateleiras vazias e em seguida viraram, chegaram a sessão de alimentos não perecíveis, era disso que precisavam!

Ele se apressou e pegou algumas latas de sopa de ervilha, Eva começou a fitar as inúmeras latas metálicas. Fred estendeu as mãos e deu três latas para ela segurar, pegou outras duas de e logo se virou em cima dos calcanhares.

Um forte rangido fez os dois tremerem. Ele não deduziu da onde havia saído aquele barulho, mas Eva percebera. A prateleira, estava inclinada, pronta para cair e esmagá-los.

–Cuidado! –Ela gritou, ignorando o fato de ter que manter silencio.

Eva o puxou pela manga da blusa. Ela acidentalmente não medira a força, e eles acabaram caindo no chão, um em cima do outro. As latas voaram longe, assim como os óculos da garota. Eva tentava pegar seus óculos, mas devido a sua visão turva, ela apenas tateava o chão em tentativas falhas.

–Meus óculos! –Gritou, desesperada.

Fred levantou o rosto, ainda se recuperava do súbito susto e do tombo. Pode ver uma silhueta em sua frente. Sentiu alguém pega-lo pelo colarinho da blusa. O sujeito que pegou ele, o manteve rente aos olhos escuros, e em seguida o jogou longe.

Ele caiu de mal jeito no chão gelado, sentiu sua coluna que já doía, doer mais ainda. Viu o sujeito melhor agora. O rosto era redondo e a pele bronzeada, os olhos escuros e os cabelos eram quase raspados. Tinha ombros largos e porte atlético, na mão esquerda carregava uma viga de ferro, uma arma improvisada.

–Fred? –Eva perguntou enquanto se aproximava do desconhecido.

–Eva cuidado. –Fred alertou.

A menina retrocedeu alguns passos engatinhando. O menino brandiu a barra de ferro e tentou enfiá-la contra a barriga de Eva, mas Fred conseguiu se levantar a tempo. Ele correu contra o desconhecido para salva-la, mesmo o outro menino tendo um porte atlético de fazer inveja a qualquer um.

Pulou nas costas do esportista e conseguiu morder seu ombro até ficar roxo, mas o menino se abaixou e fez ele cair. No chão, os dois começaram a brigar como gato e cachorro, entre pontas-pé e socos, mais pereciam duas crianças de maternal.

Fred sentiu um soco no seu nariz, mas descontou a raiva quando rasgou na unha a pálpebra esquerda do menino. O oponente empurrou Fred para longe, e em seguida se levantou. Diferente do menino, Fred não tinha mais forças para continuar.

Era seu fim, estava jogado no chão, enquanto o esportista havia acabado de pegar a viga de ferro, ele a girou entre os dedos e preparou para enfiar no peito do garoto.

Os olhos do outro menino se reviraram, e sua ação fora interrompida. Ele caiu no chão. Fred ficou sem reação, primeiramente levou as mãos a boca, não sabia se chorava de felicidade, ou de tristeza. Não fora ele nem Eva que havia matado aquele bruta-montes, fora uma quarta pessoa.

Essa suspeita se concretizou quando viu uma flecha cravada na nuca do esportista!


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Notas finais do capítulo

- Capítulos postados semanalmente, geralmente todos os sábados ou domingos.



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