Forest Lake escrita por CeloFilho


Capítulo 4
Capítulo Quatro - Coincidências


Notas iniciais do capítulo

Hey leitores, foi mal por não ter feito o capítulo da semana passada, mas em compensação, este capítulo, para quem leu do começo, está recheado de segredos não revelados no primeiro capítulo, Boa Leitura :D



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Toda a fábrica de luto. Apesar de não ser querido por todos, nem ser o melhor empregado da fábrica, Howl Cameron fazia falta em seu posto do “o cara do computador”.

Em seu velório, todos usavam roupas pretas, a Sra. Cameron, mãe de Howl, chorava aos soluços abraçada com o caixão, Diana olhara o caixão distraída demais para prestar a atenção no discurso do pai do cadáver. Robbie chegou atrasado ainda com o uniforme da empresa, todos percebem sua presença pelo seu desajeitado jeito de andar. Ele senta ao lado de Diana e tenta puxar assunto:

–Então... Diana. –Robbie fala com um olhar que mesmo na realidade sendo um olhar meio psicótico, para Diana era fofo – Meu pai é dono disso aqui.

–Do cemitério?

–Isso, quer dizer, era do meu avô, então ele bateu as botas e o papai acabou ficando com esse sótão mortal, onde a morte joga seus resquícios de carcaça e leva consigo a alma de cada um... –Robbie olha para as redondezas.

–Nossa... Isso foi bem profundo e sinistro. –Diana muda de assunto– Mas então... Era amigo dele?

–Eu? Bem... Eu trabalhava com ele no mesmo bloco, na computação...

–E... Como é que ele era, sabe, pra você.

–Um pé no saco, ele falava que eu não tinha chance nenhuma de conseguir o cargo e que era um narigudo estranho e inútil. Mas eu acho que no fundo ele tinha um bom coração... Quer dizer, não falo isso só por ele ter morrido, mas, digo...

–Já entendi, veio neste cemitério aqui porque tem respeito à fábrica e não porque quis.

–Não, que é isso, claro que eu queria vir.

–Ah, perdão, eu achei que... –Robbie a interrompe:

–Eu queria o ver sendo cremado, sabe queimado, incinerado, virando pó.

–Ah, claro, nesse caso retiro o meu perdão, sua sinceridade me comove.

–Sua beleza me comove... –Diana arregala os olhos.

–O quê? –Diana estranha o comportamento do amigo.

–Seu rosto com essa maquiagem, ééé... É linda essa cor do seu batom, é bem vermelhão! –Robbie tenta disfarçar, mesmo o fato de ele acha-la bonita ser discrepante até para um estranho que passasse por eles.

–É que eu não tô usando batom. –Diana olha para os olhos de Robbie e ri. Ela viu algo em Robbie que a deixou encantada, e com certeza foi sua personalidade.

–Então... –Ele sorri mostrando seus dentes enquanto olha os olhos de Diana sem disfarçar nada.

–É... –Os dois pareciam hipnotizados, porém, o Sr. Schwarz chega e faz os dois voltarem ao normal.

–Boa tarde senhores– Os dois viram-se para Schwarz e respondem:

–Bom tarde, Senhor! –Diana sorri.

–Boa. –Robbie responde.

–É realmente muito triste não é? Bom, ele não tinha chance nenhuma de conseguir o emprego, nenhuma mesmo, era rude, muito diferente de quando o entrevistei. Mas ele era um bom homem.

–Era... –Robbie segura à mão de Diana que arregala os olhos para Robbie– Nós já estamos de saída, obrigado. –Robbie caminha segurando a mão de Diana que estava achando aquilo encantador, mas não dizia uma palavra.

Enquanto isso, Sandy estava lá no fundo, na penúltima cadeira posta para homenagem de Howl. Ela estava acompanhada de Selena e Will. Todos calados, até que Selena quebrou o silêncio:

–A Charlotte não quis vir... Ela disse que não ia aguentar... Eu queria ter ido a casa dela, mas em momentos como este, o melhor remédio, é a pessoa ficar sozinha, sabe, ela disse que queria assimilar tudo aquilo sem ninguém chorando ao seu lado, por que afinal a mãe do Howl, a Senhora Cameron, iria se pendurar no pescoço dela pra chorar até o fim da cremação...

– Pobre Howl, logo ele, logo nós, que acabamos de ser salvos por você, Sandy. Achei que não teríamos mais contato com nenhum tipo de tragédias por muito tempo. E agora isso... –Will olha para Sandy discretamente.

–Gente, eu não salvei ninguém, quer dizer, eu salvei, mas eu... Eu sinto que não salvei... –Sandy ajeita seu cachecol.

–Como assim? –Diana interrompe a conversa e todos se viram para ela, Diana então senta em uma cadeira – por sua causa, todos nós estamos vivos, apesar de todos nós estarmos mortos de curiosidade pra saber como você previu aquilo, como viu aquilo acontecer exatamente como aconteceu. O que importa é que você deve sentir-se uma heroína.

–Eu não me orgulho de ter visto aquele vagão imenso matando um monte de gente, quer dizer. Já que tocamos no assunto...

–É isso aí Sandy pode se abrir conosco, somos seus amigos– Will puxa sua cadeira de plástico para perto da cadeira de Sandy.

–Eu acho isso, bem estranho, quer dizer, na visão...

–Premonição! –Charlotte entra na conversa, com o rosto inchado, e com os olhos fundos, seu cabelo estava assanhado.

–Espera aí, –Sandy vira para o lado– Charlotte! Ai que bom que você veio, estávamos preocupados! –Charlotte abraça Sandy– Pega uma cadeira.

–Obrigada, e você dizia... –Charlotte tinha ouvido partes da fala de Sandy e já tinha entendido o conteúdo.

–Bem, na visão... –Charlotte a interrompe novamente:

–Premonição.

–Que seja, na premonição, todos nós morríamos isto é fato, mas estranho é... O Howl e a Charlotte eram os primeiros da premonição a morrer, mas eu não vi qual morreu primeiro, apesar de eu mesma tentar me convencer de que eu precisava esquecer esta premonição, eu estava na minha mente me perguntando quem será que teria morrido primeiro se nós tivéssemos ficado, se era você Charlotte–Charlotte faz cara de assustada– ou ele, foi então que recebi o telefonema comunicando a morte do Howl. Foi então que eu pensei primeiro que tinha sido uma monstruosa coincidência, mas depois... Eu me lembrei de outras coincidências estranhas, que tinham acontecido antes do acidente do trem e antes do Howl morrer.

–Coincidências estranhas? Que tipo de coincidências? –Will faz uma cara de curioso e franze a testa.

–Algumas coisas bizarras como...

–Como o quê? –Selena demonstra seu nervosismo com as pausadas frases de Sandy, que gaguejava quando raramente tocava no assunto.

–Como mensagens subliminares, números, vultos... –Sandy procurava palavras para que todos entendessem.

–Premonições. –Charlotte complementa.

–Como se alguém quisesse nos alertar de que alguma tragédia iria acontecer. –Will completa o raciocínio.

–Exato! –Sandy aponta para Will.

–Espera um pouco, esse alguém não seria a própria Sandy? –Selena levanta da cadeira– Quer dizer, ela que nos avisou sobre o trem na sala de cinema!

–Mas não fui eu que avisei, quer dizer, se fosse por causa da premonição e desses sinais, eu não teria nem ideia do acidente. Não fui eu a causa dos sinais. Talvez, não seja alguém. Talvez seja algo! Alguma força da natureza sabe lá de onde veio!

–Vocês vão engolir a história dessa louca? –Todos se viram para trás e veem Penny Thompson sentada de forma folgada, com os pés apoiados em outra cadeira, com um cigarro entre os dedos liberando fumaça e com algumas amigas ao lado dela. –Força da natureza? Sinais? É como eu digo. Se não sabe fumar– Penny levanta os dedos que seguram o cigarro– Não fuma.

–Louca? –Sandy olha para Selena, que se levanta e avança em Penny:

–Olha aqui sua branquela detestável! –Selena vai chegando perto de Penny que não parecia intimidada, não tirava o cigarro na boca.

–Gente, isso aqui é um funeral! –Diana tenta acabar com a briga.

–Chama a Sandy de louca de novo que eu te dou um chute no meio dessa sua cara sua palhaça, olha lá a maquiagem pesada no rosto dela! –Penny procura o seu celular para conferir na câmera frontal se ela estava exagerando ou não. Sandy estava furiosa por dentro– E para de soprar essa fumaça nojenta na minha cara que eu não sou um cinzeiro! –Charlotte grita para Penny, que por sua vez, sopra sua mão discretamente para conferir se seu hálito era tão horrível assim. Todos se surpreendem. Não pelo fato de Charlotte implicar com Penny, até porque isso não é muita novidade, e sim por ela defender Sandy que por sua vez respirava fundo para não gritar com Penny ou fazer coisa pior. As pessoas presentes no enterro começam a olhar. Selena esconde com a mão sua risada discrepante, ninguém percebe o sorriso de canto de boca de Diana. Sandy não tinha expressão facial bem definida, só respirava fundo. Selena estava furiosa com o comportamento de Penny, afinal, que mal fizera Sandy a Penny? Logo, Robbie nota a situação e discretamente, liga sua câmera do celular.

– E você, Charlotte, fica quietinha no seu canto que não é de você que eu estou falando. Você fica melhor de boca fechada, seu batom combina com seu tom de pele.

–Charlotte, se acalma! Não se baixe ao nível dela. Vamos embora. –Will segura o ombro direito de Charlotte, tentando acabar com a situação antes que piore.

–Não vale a pena, vamos embora que já tá todo mundo olhando. –Will permanece calmo.

Sandy sai andando na direção oposta a Penny, para não armar confusão.

–Will, há quanto tempo! Você tá um gato, areia de mais para o caminhãozinho da nossa Franjolinha. –Penny provoca Sandy testando sua paciência. Sandy quando ia sair do local, ainda virada de costas para Penny:

–Bom, eu tentei. Vocês são a prova de que eu tentei. –Sandy ainda estava de costas.

–O quê? –Penny não entende.

Sandy vira-se com o punho fechado e soca o nariz de Penny com força, o barulho do soco foi alto, a fumante cai para o lado, seu rosto fica com uma marca de cigarro, Uma pequena parte da bochecha de Penny estava meio queimada por causa da droga legalizada que tinha sido esmagada entre o punho de Sandy e a bochecha da intrometida, as garotas ao redor de Penny tentam levanta-la. Penny tira sua cabeleira do rosto, revelando seu nariz ensanguentado. Sandy olha para baixo e vê Penny caída na grama. Sandy depois que deixa seu recado para Penny, mais pessoas notam a presença dela. Ela logo sai do lugar junto com os seus amigos, que ela deu carona para o enterro.

Sandy entra no carro e todos seguem para uma lanchonete. Selena, Charlotte e Will estavam no carro com Sandy. Eles chegam à lanchonete. Logo, surgem os comentários:

–Aquilo foi incrível Sandy, eu esperava que você tivesse tido qualquer reação, menos aquela!

–Ela merecia mesmo uma lição! –Will sorri.

– É, então, eu achei até que você podia complementar aquela liçãozinha com um chute, né? –Sandy olha para Selena com olhar de espanto, nunca vira Selena tão violenta– Não que eu seja agressiva, mas você já tinha consertado o nariz dela com o soco, faltava o conserto dos dentes!–Selena sorriu.

–Nossa, vocês não tem ideia do que eu fiz, eu desmanchei a minha reputação de calma e dócil, quer dizer, eu devia ter paciência e... –Sandy é interrompida por Will:

–Eu não sou a favor de agressividade, mas ela te desrespeitou, não te deixou outra saída, não se sinta culpada.– Sandy sorri e aproxima a sua cadeira– Porque eu te conheço bem, e sei que se alguém me contar pra mim que alguém foi esmurrado por Sandy Campbell, eu vou saber que você fez de tudo para não apelar para sangue, mas não teve escolha.

–O Will está certo. Sandy, eu, por exemplo, sou excessivamente calma, e mesmo assim você me viu ter aquele comportamento. –Charlotte segura na mão de Sandy.

Selena tem uma crise de riso:

–Você? Calma? Onde? –Selena ri de novo. Charlotte não se mostra bem humorada com a piada, mas também não reclama.

–Olha, o que eu sei é que a Penny não vai mais te intimidar Sandy! –Charlotte põe sua mão no ombro de Sandy.

–Mas, gente, sobre aquele assunto, sabe... Das coincidências! –Murmurou Will.

–Sim, claro, dos sinais e tal... –Lembra-se Selena.

–Então, eu vou falar algo muito a ver com isso... Lembra-se do motivo de eu ter chegado atrasado no dia do acidente na sala de cinema? –Will põe sua franja para o lado.

–Bom... Você disse que a catraca barrou você na hora em que você ia entrar no estacionamento, por isso você se atrasou para o filme, não foi?

–Bem, olha... Na verdade, não. Eu disse isso pra vocês não me acharem estranho.

–E o que aconteceu de verdade? –Charlotte pergunta por todos.

–Bom, a história foi o seguinte...


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Notas finais do capítulo

Pois é, o que será que realmente aconteceu com o Will para ele se atrasar lá no comecinho do primeiro capítulo? O que você acha que realmente aconteceu? Conte nos comentários o que você achou deste capítulo!



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