17:00, Sexta Feira, Novembro de 2014

Charlotte caminhava até a sua casa, esperançosa de que encontraria um ônibus. Logo, Howl que também entraria no ônibus, reconhece a garota, e lembra sobre o compromisso deles que ele tinha marcado.

–E então, Charlotte, você vai poder vir comigo?

–Pra onde? –Na hora Charlotte lembra-se do compromisso e recomeça sua frase– Não dá, Howl, já disse, vou receber uns amigos lá em casa.

–Amigos? Por onde eu andei?

–O que quer dizer?

–Ok, eu também não ia mesmo, mas quem são esses amigos que fariam você furar com o nosso encontro na minha casa pra gente ver se rola alguma coisa, sei lá...

–Você os conhece, e os meus motivos de não poder ir, quer dizer, eu já conheço você, sei o que você gosta e o que não gosta, mas eu estou começando a ter novas amizades, dá pra você entender?

–Tá de sacanagem?

–Não, eu não tô de sacanagem– Charlotte faz aspas com as mãos na palavra ”Sacanagem”– Eu só acho que eu mereço isso.

–Você com novos amigos? –Howl olha para o céu­– Como patos voando ou tubarões no lago? Isso faz mesmo sentido pra você?

–Eu sei ser legal, eu sou legal, e eu vou ter novos amigos, gente melhor do que você!

–Se você está me dispensando, eu fico de boa– Howl vai falando e se distanciando de Charlotte a cada palavra– Mas um dia, quando eu morrer, você vai se lembrar dessa nossa conversa, e vai se arrepender por ter me dispensado.

–Nossa, que draminha, te vejo amanhã no trabalho! –Diz Charlotte não ligando para o drama de Howl. Logo, ela manda uma mensagem para Will, Sandy e Selena, confirmando a reunião.

“Confirmado, hoje, às seis da noite, cerveja liberada :D.”

No bairro vizinho, em seu apartamento, Sandy está deitada, com a cabeça repousada sobre o queixo, enquanto assistia a notícia do desastre, mas ela não estava prestando a atenção na TV, na verdade, ela estava muito reflexiva, pensando qual seria o motivo da tragédia, como foi possível o trem invadir a sala e matar as pessoas que estavam mais distantes do telão, quer dizer, seria mais provável o trem atingir as pessoas mais perto, mas na premonição, ela conseguiu ver nitidamente, o trem dando uma curva vertical, para cima, como se naquele meio tempo, o sádico esquema do destino seria levar do reino dos vivos, as pessoas mais distantes do telão, e depois os que assistiam de perto.

–Estranho... –Sandy pensa alto. Então, sua luminária começa a piscar, mas apesar do susto de Sandy sobre aquela situação, a luz do objeto piscava discretamente, como se a luz tivesse fraca. Então, ela desliga a luminária no botão. A luz continuava a piscar discretamente, ela fica mais assustada, arregala os olhos, olha para os lados e puxa com violência o fio do objeto luminoso que para de piscar de imediato após a ação da garota. Sandy estava tensa, estava querendo que o tempo passasse rápido para se encontrar com seus amigos. Ela gostava de ficar sozinha, mas não nesse caso.

Ela tenta ligar para Will, que não atendia, antes dela bloquear o celular sem esperanças, ela recebe a mensagem de Charlotte, e vai se arrumar, mas ainda com a luminária piscando em seu pensamento.

Meia hora passou, Sandy estava pronta, ouviu a buzina do carro de Selena:

–Oi Sandy, agora vamos buscar o Will.

–Ele não sabe o caminho? –Sandy franziu a testa.

–Não é bem isso, é que ele quer poupar gasolina. –Selena destrava o carro.

–Ah, claro.

–Entra aí! –Sandy entra no carro. Logo, eles param na porta da casa de Will. O número da casa era 023. Sandy olha para os números e vê uma sombra passando entre os números “2” e “3”. Sandy ignora este estranho vulto.

–Fala Selena, oi Sandy! –Exclama Will animado entrando no carro pelo vidro aberto.

–Oi! –Sandy responde voltando a sorrir.

–Will, sabia que eu destravei a porta! –Selena responde fechando o vidro do carro.

–Ah, é que assim é mais divertido.

–Tá bom, que tal irmos logo pra casa da Charlotte. –Sandy termina a discussão. Selena e Sandy estavam nos bancos da frente e Will no meio do banco de trás, elas não usavam cinto. Enfim eles chegaram, Charlotte morava em uma casa muito bonita, a frente era espetacular, tinha algumas moitas de enfeite na entrada. Charlotte abre a porta e todos entram:

–Charlotte, sua casa é incrível! –Diz Sandy olhando para cima.

–Deve ser por isso que o Howl tá com você, Charlotte. –Diz Selena pulando sentada no sofá.

–Selena, menos! –Diz Sandy abaixando a animação de Selena.

–Sabe Sandy, acho até que ela tem razão –Então Selena olha para Sandy com um olhar de “Está vendo”– não é que eu tenha gostado desse comentário –Sandy faz a mesma cara para Selena –Mas errada ela não está...

–Me diz uma coisa Charlotte, pra que você faz o estágio para trabalhar na fábrica se você tem isso –Will pula no sofá– aqui.

–Alguém tem que sustentar isso aqui, essa casa foi deixada pra mim em testamento depois do enterro do papai. –Charlotte olha para um quadro e rapidamente se volta para a turma.

–Era dele? –Diz Sandy se aproximando do quadro que ela percebeu depois do rápido olhar de Charlotte– Esse quadro que você olhou com rapidez quando tocou no assunto.

–Era. –Charlotte olha para o quadro.

–Só tem manchas pretas em um fundo branco. –Diz Will.

–Talvez pra você, mas pro papai, isso significava muito mais.

–O que significa? –Pergunta Selena.

–Eu não sei, ele morreu na hora em que ia me contar. –Responde Charlotte franzindo a testa.

–Isso é triste. –Diz Will olhando para o nada.

–Mas, pra mim, este quadro significa a morte...–Todos Arregalam os olhos.

–Que tal nós aproveitarmos, colocamos um programa de comédia na TV e pegamos uma cerveja? –Selena anima a conversa.

–Selena, você sabe que eu não bebo! –Sandy interrompe e vira de costas.

–Não bebia, quando você experimentar essa bebida que eu trouxe você vai mudar de ideia na hora. –Selena vai buscar as bebidas na mala o carro.

Enquanto isso estava Howl, bebendo em seu sofá, sozinho, assistindo a um filme de censura 17 anos.

–Já chega, eu vou tomar um banho, ela que se dane, que ela fique com os amiguinhos dela, ela não sabe o que ela tá perdendo. –Howl, estava muito bêbado, falava sozinho horrores de Charlotte como se estivesse desabafando com alguém. Ele vai tomar banho, puxa a toalha com força do varal. Ele não lembrava que a empregada doméstica chegava em pouco tempo. Howl liga o chuveiro e grita muito alto!A água estava muito gelada.

–MARINE! A ÁGUA ESTÁ GELADA, ESTÁ CONGELANDO! MARINE! Não chegou ainda... Aquele... Monte de estrume, não sei ainda o motivo dela trabalhar pra mim, é uma incompetentAAAAAI!–A água ficou mais gelada.

Ele tenta mudar a temperatura e vê que o chuveiro elétrico estava com defeito. Ele então vai de toalha até a cozinha, enquanto ele anda, deixa rastros de pingos de água, ele vai onde estavam os disjuntores elétricos da casa, ele desliga tudo para poder mexer com os fios do chuveiro.

Ele sobe em um banquinho, liga a lanterna de seu celular para poder enxergar, e começa a tentar consertar no próprio chuveiro, mesmo não vendo as coisas muito bem por estar bêbado, em seguida, algo muito estranho acontece, alguém ou alguma coisa, tranca a porta pelo lado de fora do banheiro, trancando Howl. A doméstica Marine chega no condomínio onde ele reside, abre a porta com a chave reserva entregue a ela assim que ela começou a trabalhar lá, e estranha tudo estar escuro.

Enquanto isso, na casa de Charlotte, Sandy era a única que não bebia, ela estava com um pressentimento ruim, olhava para televisão enquanto Will com o controle mudava de canal, ele para em um episódio de Chaves, em que todos os habitantes da vila estavam de mãos dadas, sendo eletrocutados.

–Podemos mudar de canal?

–Ah, eu sempre assistia isso na época, velhos tempos aqueles. –Diz Charlotte.

–Afinal, todos desse episódio morrem? –Selena pergunta com cara de espanto.

–Todos, menos o protagonista que é o Chaves, ele é muito sortudo, né! –Diz Will.

–Eu não sei, eu estou sentindo uma dor de cabeça... –Sandy passa a mão na testa.

–Eu acho que é porque você NÃO está bebendo!

–Droga...Está latejando. Alguém tem remédio?

–Ei, sabe quem tem uma prateleira de remédios? O Howl, quando eu fui na casa dele, estava lá, uma mesa cheia de medicamentos. –Charlotte toca no assunto.

–Ele coleciona comprimidos? –Will pergunta estranhando o comportamento de Howl.

–São todos da mãe dele, é que ele disse que não quer morrer cedo. –Charlotte responde, Sandy arregala os olhos e diz:

–Morrer cedo?...

Na casa de Howl, Marine olha para o interruptor individual e tenta ligar, não consegue, quando olha os disjuntores elétricos e vê tudo desligado, pensa alto:

–Bebeu de novo... –Marine abre os disjuntores elétricos e os liga. Howl instantaneamente começa a tremer, suas mãos pareciam estar presas aos fios do chuveiro, o banquinho vira e Howl treme, começa a sair saliva de sua boca, sua cabeça baita no ombro rapidamente como se fosse um cacoete, seus olhos piscavam rapidamente e seus braços pareciam congelados, ele não conseguia fazer nenhum som entendível, só barulhos de sua boca, ele remexia como se estivesse pendurado, enfim, ele perde a consciência e seu corpo para de tremer aos poucos, dos fios saíam faíscas, e a doméstica sem nenhuma ideia do que acontecia enquanto ela recolhia os pratos, Marine a doméstica então, escorrega na água do chão deixada pelo homem, os pratos todos caem junto com ela fazendo muito barulho. Então ela vai chamar o Howl para ele explica-la o motivo de tanta água no chão.

–Howl, posso saber a razão do chão da cozinha estar ensopado? Howl! –Howl estava pendurado no chuveiro sustentado por uma mão, seu corpo estava parado, não tremia, naquele banheiro não restava nada, apenas um corpo sem vida.

–Howl! –Ela percebe que a porta do toalete está trancada e decide gritar:

–Oi, você tá vivo? Howl! –Do nada, a porta se destranca e fica escancarada. Ela tenta bater na porta e ela abre. A toalha do Howl havia caído, os cadáver de Howl estava pendurado. Marine sente a fumaça, abre a porta e quando percebe a situação grita muito alto, em um tom muito agudo. Howl foi embora e mudou-se para o Reino dos Mortos. Em breve, a notícia se espalhara com muita rapidez.