Atração Perigosa escrita por BTrancafiada


Capítulo 27
Capítulo XXVI - TOM


Notas iniciais do capítulo

Já que tivemos duas recomendações 2/2

Booa leitura :))



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Rachel bateu a porta transtornada e Alison caiu no chão e começou a chorar. Peguei os tecidos de minha camisa que minha filha rasgou e fiquei segurando e como um pateta observando Ali chorar.

– Ali, Ali. – chamei cutucando seu cotovelo e ela mal se moveu. – Alison, levanta, se acalma, vem, nós precisamos enfrentar isto juntos.

Ela levantou a cabeça, seus olhos vermelhos e enchados.

– Nós não vamos enfrentar isto juntos. Porque nós não estamos mais juntos. – Sua voz era amarga e seu olhar quase debochado. Transtornado, eu a puxei com força do chão e ela se levantou meio tonta.

Tentei beijá-la, mas ela me afastou com um grito.

– Sai! Você precisa cuidar da sua esposa. – Ela soluçou e secou o rosto. – Tom, ela está doente. Ela precisa de você.

Olhei para ela, confuso. – Não seja absurda. Nós nos separamos ontem.

– No papel?

– Não... Eu apenas disse que estava tudo acabado. – Ela revirou os olhos e deu uma risada sarcástica cruzando os braços. – Olha, eu vou lá cuidar dela, tudo bem? Mas vou apenas porque...

– Porque ela é sua esposa, Tom! Você tem que ficar com ela. – Ela começou a andar em direção ao quarto e quando entrou nele, abriu o guarda-roupa e colocou uma camisa vermelha.

– Alison, por favor, vamos conversar. Quando ela melhorar, peço a separação. – Fui até ela segurando seus braços e ela me empurrou.

– Ela não vai melhorar. Ela está muito mal. – Ela vestiu uma calça.

– Então, tudo bem. – Suspiro juntando as mãos e pensando em um modo para não perdê-la. Eu não posso perdê-la. Não posso simplesmente deixá-la ir. – Você me espera, O.K.? Quando ela... – Procurei as palavras e como não achei deixei a frase no ar.

– Morrer? – Ela balançou a cabeça e depois alisou os cabelos. – Quer saber? Não quero ficar com um egoísta como você.

– Não me interprete mal. Eu... – Ela começou a ir para a sala com o rosto vermelho de raiva. Que droga! Será que ela não entendia que eu a amava? E que eu queria ficar com ela? E que ela é tudo na minha vida? Mas que merda! Eu a amo!

– Tom, me deixa em paz. Vai embora, por favor. – Ela foi para a cozinha e pegou a garrafa, colocando água no copo com a mão tremendo e segurando choro.

– Me dê um motivo. Só um motivo pra ir embora e nunca mais te ver. – pedi do outro lado do balcão enquanto ela segurava a garrafa de olhos fechados deixando a água transbordar.

Sua esposa vai precisar de você. O câncer já é difícil, sem a figura masculina na qual ela se sente tão próxima e tão segura vai ser mais difícil ainda. – Tentei argumentar, mas ela abriu os olhos e levantou a mão pedindo que eu parasse. – E quando ela souber do que tivemos, ela vai se sentir trocada por uma garota mais jovem. – Ela voltou a chorar, desta vez olhando pra cima e tamborilando os dedos na bancada. – E aí, o cabelo dela vai começar a cair e ela vai se sentir feia e ela vai repetir isso todos os dias e quem vai estar lá para negar? Rachel? Pelo amor de Deus, ela precisa de você! – Ela bebeu um pouco da água. – E ela vai desistir de lutar contra a doença e vai morrer. Por que viver se não tem ninguém para amá-la? Nós vivemos de amor, Tom. – Ela abaixou a cabeça e alguns fios vieram para frente, ela os afastou colocando atrás da orelha e suspirou.

– Então, pensa em mim também. Você é o meu amor. Por que eu viverei sem você? – argumentei, mas ela nem parecia me ouvir ficava balançando a cabeça repetindo “Droga, droga!” e sem olhar pra mim.

Ela saiu da cozinha e foi para a porta.

– Alison, eu te amo. Isabel. – Engoli em seco, falar o nome dela parecia tão incomum é como se eu não a conhecesse. Me sinto estranho em relação a ela. – Isabel é meu passado e você é o meu presente.

Comecei a chorar e não tentei impedir. Suas sobrancelhas louras se levantaram brevemente e depois se abaixaram em uma expressão triste.

– Desculpe, mas você não me terá no seu futuro. – Ela abaixou a maçaneta e abriu a porta. Fiquei olhando para o corredor escuro com medo de sair e ter que entender que acabou.

Saí.

***

Fui ao hospital mais tarde naquele dia, Rachel estava na cafeteria e não quis falar comigo. Eu não pude entrar na sala, então apenas acenei para Isabel da janela de vidro, ela sorriu e virou a cabeça de lado.

Estava fraca e pálida, vários tubos ligados ao seu corpo e aquela imagem me assustou. Suas olheiras estavam bem mais roxas e marcadas do que as de Rachel e sua testa meio vermelha.

Fiquei até a noite no hospital, tentei entrar na sala três vezes, mas eles não deixaram. Quando não teve mais como argumentar, fui embora.

***

Cheguei em casa e Rachel não estava, mas como a boa e responsável filha que é deixara um bilhete avisando onde estava, na casa do amigo Carlos.

Se fosse há algum tempo atrás ela estaria na casa de Alison e a ideia de que eu pudesse ser o culpado pelo fim desta amizade me deixou irritado. Magoado e frustado.

Tomei um banho gelado e quando terminei fiquei alguns minutos parado no box com a cabeça encostada na porta de vidro deixando as lágrimas caindo e sabendo que perdi a mulher da minha vida, estou perdendo a mulher que amei e posso perder a que mais me importa.

Doeu, doeu saber que eu parti o coração de três pessoas – mulheres, minhas mulheres – simplesmente porque amei uma delas mais do que devia.

Liguei para Alison quando me deitei e demorou um bom tempo para ela atender.

– Apenas mais uma chance! – pedi antes mesmo de cumprimentá-la.

– Não dá. – Sua voz estava chorosa, ela não estava chorando, mas eu sabia que estava prestes a fazer isso. – Você precisa ser pelo menos leal a ela, já que a traiu. – Ela fungou. – Comigo.

– Eu sei, mas... Eu não a amo mais. Pelo menos não como marido, eu...

– Olhe a sua mão direita. O que você vê?

Revirei os olhos, não queria responder.

– Minha aliança.

– E essa aliança significa amor, lealdade e essa lealdade tem que ser na saúde e na doença, lembra?

Suspirei. – E a nossa? Olhe a sua mão, eu sei que não a tirou! – insisti.

– Ela está aqui ainda. E não é isso que ela representa? Ela esta aqui ainda. – Não pude deixar de sorrir. – E ela sempre estará aqui no fim do dia.

Assim como o nosso amor.


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Notas finais do capítulo

Quem vocês acham que está sofrendo mais: Tom, Alison ou a própria Rachel?

Posto o próximo com 2 comentários :*



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