O Terrorista Íntimo escrita por Lu Rosa


Capítulo 8
Oito




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Lisa estava ligeiramente adormecida, quando Michael entrou no quarto. Ele ficou por algum tempo contemplando a amada adormecida e relançou um olhar pelo quarto. Ele definia bem a personalidade de Lisa. Muitos livros, prêmios sobre um aparador e quadros representando paisagens. Lisa era uma pessoa metódica, mas totalmente sensível.

Em dado momento, ela sussurrou algo e ele chegou mais perto da cama, sufocando o desejo ao contemplar o corpo vestido pela camisola.

Ela entreabriu os lábios num sorriso e ele depositou sobre eles um beijo fazendo que ela despertasse.

– Oi.

– Oi. Você é linda, sabia?

– Foi o seu amor que me transformou. – retrucou ela sorrindo.

– Então somos dois transformados. – ele retribuiu o sorriso.

Eles estavam nesta contemplação amorosa, quando o general e sua esposa bateram à porta do quarto.

– Com licença, podemos entrar?

Michael levantou-se da cama e Lisa sentou-se nela.

– Claro papai. Entre.

O casal entrou no quarto.

– Elisabeth, - ele não conseguia chama-la simplesmente por Lisa. – sua mãe e eu conversamos e decidimos não acompanhar vocês.

– Por quê? É sobre aquilo que a senhora me disse, mamãe?

– É querida.

– Então, eu quero que vocês fiquem com isto. – entregou o envelope a Michael.

– O que é isso, senhor?

– Já que vão construir a vida de vocês em algum lugar, não quero de vocês comecem do zero.

Michael retirou alguns papéis do envelope.

– São documentos. – olhou para Lisa – Em nome de Edward e Mary Sinclair. Recibos de depósitos em um banco no Brasil.

– Sim. Todo esse tempo no Pentágono me conferiu algumas amizades dentro e fora dos Estados Unidos. Duas dessas amizades é o embaixador do Brasil e um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores também do Brasil. Lisa, há algo que você precisa saber. John Phelps e eu já estávamos investigando o grupo de Lionel Phelps em conjunto com o FBI e a CIA. Mas era somente por causa das atividades ilegais como venda de armas e tráfico de influência. O caso da tentativa de golpe contra o presidente era algo novo que complementou nossa investigação. Eu iria sair do país se as coisas piorassem. Então pedi ao embaixador e a esse funcionário do Itamaraty essa documentação. Agora eu passo para vocês essa chance de recomeçar. Vocês estão vendo que eles precisam ser retocados, mas eu já conversei com o embaixador e eles estão esperando vocês para regularizar esses documentos.

Priscilla olhou para o marido estarrecida.

– Não sabia que você fazia parte desta investigação também, Arthur.

– Desculpe, querida. Mas isso era tão sigiloso, que nem para você eu pude contar.

Priscilla permaneceu calada.

– Eu vou. – decidiu-se Michael. – Não é bom que você ande por Washington, querida. Lionel está preso, mas existem os outros.

– É. Smith tem razão. Nós dois vamos até Washington. Ele vai até a embaixada e eu vou procurar o Presidente para dar-lhe o disco.

– E eu fico aqui, esperando? – amuou-se Lisa.

– Olhe pelo lado bom, querida – sua mãe tentou animar-lhe. – Vamos começar os preparativos para o casamento de vocês.

– Priscilla, tem que ser algo simples. Não podemos chamar muito a atenção. Converse com o Reverendo Watson e diga-lhe para realizar a cerimônia o mais rápido possível, aqui em casa mesmo.

– Bem, eu queria que vocês tivessem um casamento memorável. Mas o meu consolo é ver o amor impresso nestes olhos quando vocês de olham. Então, a suntuosidade não importa...

O casal Benedict deixou Lisa a Michael a sós:

– E então? Você quer mesmo se tornar a Sra. Michael Smith?

– Mas que tudo nesta vida. – respondeu Lisa, categórica.

Michael respirou fundo.

– Ah, Lisa! Como minha vida mudou desde que eu entrei naquele escritório, anteontem de tarde.

– E eu? Jamais suspeitei quando acordei de manhã que iria me ver no centro de uma intriga de âmbito nacional. Mas o melhor de tudo foi ter conhecido você...

Ele não resistiu e a beijou longamente.

Subitamente ele levantou da cama - Bem, eu preciso ir. - e saiu antes que cometesse uma loucura.

Lisa recostou-se nos travesseiros e suspirou. Ela também sentira a centelha do desejo nascendo e se sentiu um tanto aliviada por ele ter ido embora. Seus pais eram um pouco conservadores e não iriam aprovar que eles se amassem antes de estarem casados.

Michael desceu as escadas como se alguém o perseguisse, apertou rapidamente a mão de sua futura sogra e foi em direção ao carro aonde o general já o esperava.

– Tudo bem, Smith?

– Claro, senhor. Está tudo bem. – respondeu ofegante.

Priscilla permaneceu na porta com um singelo sorriso nos lábios. Ela reconhecia os sinais. Eram os mesmos que Arthur apresentara dias antes de se casarem. O rapaz estava mesmo no limite. Era melhor apressar o casamento deles dois...

Apesar dos momentos que vivenciaram na última noite, Michael e Arthur não estavam preparados para um momento como aquele. De desafetos declarados para parentes próximos. O general foi o primeiro a falar:

– Smith, você ama mesmo a minha filha?

Michael olhou rápido para ele.

– Daria minha vida por ela, senhor.

O general conhecia Michael. Sabia que ele não era dado a sentimentalismos. Então, se ele estava dizendo aquilo, era a mais pura verdade.

– Senhor, Lisa é para mim a coisa mais importante deste mundo. Sei que tivemos nossas diferenças no passado, mas meus sentimentos estão bem longe disso. – continuou, parecendo desesperado.

O silêncio do general estava deixando Michael completamente fora de si. Se o general não aprovasse seu casamento com Lisa, ele a seqüestraria! Mas não viveria sem ela, de maneira alguma.

Seus pensamentos deviam estar refletidos em seu rosto, por que o general o tranqüilizou dizendo:

– Relaxe, Smith. Confio no bom senso de minha filha. Se ela lhe escolheu é por que você deve ter algo de valoroso. “Se eu tivesse que escolher um noivo para ela, eu também escolheria alguém como você.” – completou Arthur em seus pensamentos.

Michael sentiu como se um peso tivesse sido retirado de suas costas.

O carro entrou no perímetro urbano de Washington, seguindo pela Pensilvânia Ave até o nº. 1600. Michael parou o carro em frente a guarita e aguardou.

– Posso ajudá-los?- perguntou o agente do serviço secreto.

– Eu sou o general Arthur Benedict e vim ver o Presidente.

– Desculpe-me, general, Mas o senhor tem hora marcada?

O general saiu furioso do carro.

– Me chame o seu superior agora! Com certeza você não sabe quem eu sou.

O responsável chegou à portaria em tempo recorde.

– Senhor general! É claro que o senhor pode entrar. Winston abra os portões imediatamente.

O general entrou no carro novamente e Michael arrancou, cantando os pneus.

O agente superior chegou bem perto do outro agente e vociferou:

– Você é louco? Barrar assim o general Benedict? – ele levantou as mãos para o céu e lamentou: - Por que só me dão os novatos?

Michael estacionou o carro perto da entrada principal e o general lhe disse:

– Não precisa me esperar, Smith. Provavelmente você tem coisas mais importantes para fazer.

– Tenho sim, senhor. Mas se o senhor precisar é só me ligar neste número. – estendeu um cartão para ele.

– Está certo. Até logo.

– Até logo, general. – respondeu Michael, entrando no carro.

– Smith. - Arthur ainda o chamou.

– Sim?

– Você vai ser meu genro. Não precisa mais me chamar de general.

– Esta bem, senhor. – Michael entrou no carro, com um sorriso nos lábios.


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