O Terrorista Íntimo escrita por Lu Rosa
Lisa estava ligeiramente adormecida, quando Michael entrou no quarto. Ele ficou por algum tempo contemplando a amada adormecida e relançou um olhar pelo quarto. Ele definia bem a personalidade de Lisa. Muitos livros, prêmios sobre um aparador e quadros representando paisagens. Lisa era uma pessoa metódica, mas totalmente sensível.
Em dado momento, ela sussurrou algo e ele chegou mais perto da cama, sufocando o desejo ao contemplar o corpo vestido pela camisola.
Ela entreabriu os lábios num sorriso e ele depositou sobre eles um beijo fazendo que ela despertasse.
– Oi.
– Oi. Você é linda, sabia?
– Foi o seu amor que me transformou. – retrucou ela sorrindo.
– Então somos dois transformados. – ele retribuiu o sorriso.
Eles estavam nesta contemplação amorosa, quando o general e sua esposa bateram à porta do quarto.
– Com licença, podemos entrar?
Michael levantou-se da cama e Lisa sentou-se nela.
– Claro papai. Entre.
O casal entrou no quarto.
– Elisabeth, - ele não conseguia chama-la simplesmente por Lisa. – sua mãe e eu conversamos e decidimos não acompanhar vocês.
– Por quê? É sobre aquilo que a senhora me disse, mamãe?
– É querida.
– Então, eu quero que vocês fiquem com isto. – entregou o envelope a Michael.
– O que é isso, senhor?
– Já que vão construir a vida de vocês em algum lugar, não quero de vocês comecem do zero.
Michael retirou alguns papéis do envelope.
– São documentos. – olhou para Lisa – Em nome de Edward e Mary Sinclair. Recibos de depósitos em um banco no Brasil.
– Sim. Todo esse tempo no Pentágono me conferiu algumas amizades dentro e fora dos Estados Unidos. Duas dessas amizades é o embaixador do Brasil e um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores também do Brasil. Lisa, há algo que você precisa saber. John Phelps e eu já estávamos investigando o grupo de Lionel Phelps em conjunto com o FBI e a CIA. Mas era somente por causa das atividades ilegais como venda de armas e tráfico de influência. O caso da tentativa de golpe contra o presidente era algo novo que complementou nossa investigação. Eu iria sair do país se as coisas piorassem. Então pedi ao embaixador e a esse funcionário do Itamaraty essa documentação. Agora eu passo para vocês essa chance de recomeçar. Vocês estão vendo que eles precisam ser retocados, mas eu já conversei com o embaixador e eles estão esperando vocês para regularizar esses documentos.
Priscilla olhou para o marido estarrecida.
– Não sabia que você fazia parte desta investigação também, Arthur.
– Desculpe, querida. Mas isso era tão sigiloso, que nem para você eu pude contar.
Priscilla permaneceu calada.
– Eu vou. – decidiu-se Michael. – Não é bom que você ande por Washington, querida. Lionel está preso, mas existem os outros.
– É. Smith tem razão. Nós dois vamos até Washington. Ele vai até a embaixada e eu vou procurar o Presidente para dar-lhe o disco.
– E eu fico aqui, esperando? – amuou-se Lisa.
– Olhe pelo lado bom, querida – sua mãe tentou animar-lhe. – Vamos começar os preparativos para o casamento de vocês.
– Priscilla, tem que ser algo simples. Não podemos chamar muito a atenção. Converse com o Reverendo Watson e diga-lhe para realizar a cerimônia o mais rápido possível, aqui em casa mesmo.
– Bem, eu queria que vocês tivessem um casamento memorável. Mas o meu consolo é ver o amor impresso nestes olhos quando vocês de olham. Então, a suntuosidade não importa...
O casal Benedict deixou Lisa a Michael a sós:
– E então? Você quer mesmo se tornar a Sra. Michael Smith?
– Mas que tudo nesta vida. – respondeu Lisa, categórica.
Michael respirou fundo.
– Ah, Lisa! Como minha vida mudou desde que eu entrei naquele escritório, anteontem de tarde.
– E eu? Jamais suspeitei quando acordei de manhã que iria me ver no centro de uma intriga de âmbito nacional. Mas o melhor de tudo foi ter conhecido você...
Ele não resistiu e a beijou longamente.
Subitamente ele levantou da cama - Bem, eu preciso ir. - e saiu antes que cometesse uma loucura.
Lisa recostou-se nos travesseiros e suspirou. Ela também sentira a centelha do desejo nascendo e se sentiu um tanto aliviada por ele ter ido embora. Seus pais eram um pouco conservadores e não iriam aprovar que eles se amassem antes de estarem casados.
Michael desceu as escadas como se alguém o perseguisse, apertou rapidamente a mão de sua futura sogra e foi em direção ao carro aonde o general já o esperava.
– Tudo bem, Smith?
– Claro, senhor. Está tudo bem. – respondeu ofegante.
Priscilla permaneceu na porta com um singelo sorriso nos lábios. Ela reconhecia os sinais. Eram os mesmos que Arthur apresentara dias antes de se casarem. O rapaz estava mesmo no limite. Era melhor apressar o casamento deles dois...
Apesar dos momentos que vivenciaram na última noite, Michael e Arthur não estavam preparados para um momento como aquele. De desafetos declarados para parentes próximos. O general foi o primeiro a falar:
– Smith, você ama mesmo a minha filha?
Michael olhou rápido para ele.
– Daria minha vida por ela, senhor.
O general conhecia Michael. Sabia que ele não era dado a sentimentalismos. Então, se ele estava dizendo aquilo, era a mais pura verdade.
– Senhor, Lisa é para mim a coisa mais importante deste mundo. Sei que tivemos nossas diferenças no passado, mas meus sentimentos estão bem longe disso. – continuou, parecendo desesperado.
O silêncio do general estava deixando Michael completamente fora de si. Se o general não aprovasse seu casamento com Lisa, ele a seqüestraria! Mas não viveria sem ela, de maneira alguma.
Seus pensamentos deviam estar refletidos em seu rosto, por que o general o tranqüilizou dizendo:
– Relaxe, Smith. Confio no bom senso de minha filha. Se ela lhe escolheu é por que você deve ter algo de valoroso. “Se eu tivesse que escolher um noivo para ela, eu também escolheria alguém como você.” – completou Arthur em seus pensamentos.
Michael sentiu como se um peso tivesse sido retirado de suas costas.
O carro entrou no perímetro urbano de Washington, seguindo pela Pensilvânia Ave até o nº. 1600. Michael parou o carro em frente a guarita e aguardou.
– Posso ajudá-los?- perguntou o agente do serviço secreto.
– Eu sou o general Arthur Benedict e vim ver o Presidente.
– Desculpe-me, general, Mas o senhor tem hora marcada?
O general saiu furioso do carro.
– Me chame o seu superior agora! Com certeza você não sabe quem eu sou.
O responsável chegou à portaria em tempo recorde.
– Senhor general! É claro que o senhor pode entrar. Winston abra os portões imediatamente.
O general entrou no carro novamente e Michael arrancou, cantando os pneus.
O agente superior chegou bem perto do outro agente e vociferou:
– Você é louco? Barrar assim o general Benedict? – ele levantou as mãos para o céu e lamentou: - Por que só me dão os novatos?
Michael estacionou o carro perto da entrada principal e o general lhe disse:
– Não precisa me esperar, Smith. Provavelmente você tem coisas mais importantes para fazer.
– Tenho sim, senhor. Mas se o senhor precisar é só me ligar neste número. – estendeu um cartão para ele.
– Está certo. Até logo.
– Até logo, general. – respondeu Michael, entrando no carro.
– Smith. - Arthur ainda o chamou.
– Sim?
– Você vai ser meu genro. Não precisa mais me chamar de general.
– Esta bem, senhor. – Michael entrou no carro, com um sorriso nos lábios.
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