O Terrorista Íntimo escrita por Lu Rosa


Capítulo 2
Dois




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Enquanto Lisa se debatia com questões éticas de sua profissão, John analisava o homem à sua frente, também se perguntado se estava agindo certo.

– Faz muito tempo, Smith.

– Faz sim, Coronel.

– Há muito tempo que ninguém mais me chama assim. O que você tem feito? – perguntou Phelps para quebrar o gelo.

– Senhor, eu acredito que não fui chamado aqui para uma conversa informal. – disparou Michael.

“Eu estava certo. Smith ainda é o mesmo.”

– Tem razão. Eu lhe chamei aqui por que preciso de alguns de seus talentos.

Michael inclinou a cabeça, dando-lhe um sinal para que continuasse.

– Eu estou mandando alguns documentos para certa pessoa, que deverão ser entregues ainda hoje. Eu espero que não, mas talvez você encontre alguns contratempos para chegar ao seu destino.

– Que tipo de contratempos?

– Tentarão matar você e o mensageiro para que estes documentos não cheguem até esta pessoa. Você deverá proteger o mensageiro acima de qualquer coisa. Ela é muito importante para mim. É como uma filha, embora ela nem tenha consciência disto.

– É aquela moça lá da outra sala?

– Sim. Você não a conhece, mas conhece o pai dela. O nome é Benedict.

– General Benedict?

– Sim. Lembra-se dele?

Michael não queria se lembrar.

– Então sua secretária é a filha dele?

– Exatamente. Será que você pode cumprir esta missão, major?

“Não. Diga não. O General Benedict não há de querer ver a filha dele com o soldado que desafiou sua autoridade e quem ele disse que haveria de perseguir pelo resto da vida.”

Mas Michael se lembrou também que apesar das diferenças, o Coronel Benedict era a pessoa mais corajosa com quem ele já tinha servido. Automaticamente outra imagem se sobrepôs a do general. A da moça de olhos negros que o impressionara. Por alguma razão sentia que tinha que lhe proteger. Michael então se decidiu.

– Já a considere cumprida, Coronel.

– Pois então, vamos conhecer a sua “acompanhante”. – Retrucou John, levantando-se.

Mas assim que ele abriu a porta, viu que a sala de Lisa estava vazia.

Só havia a faxineira.

– Onde está a Srta. Benedict?

– Sr. Phelps, ela já foi.

– Há quanto tempo? – perguntou Michael

– Há uns dez minutos

John voltou-se para Michael:

– Rápido. Talvez a peguemos no hall de entrada. – e a despeito de sua idade John lançou-se em direção ao elevador privativo.

Enquanto os dois homens desciam em direção ao térreo, Lisa já atravessava o hall de entrada em direção a saída. Ao olhar para a portaria ela viu Lionel Phelps acompanhado de três homens com aparência de seguranças. Ele a viu e apontou: - É aquela ali.

Lisa não pensou duas vezes. Voltou correndo para a porta das escadas, com os três correndo atrás dela. Nisso a porta do elevador privativo se abriu a tempo de Michael ver Lisa passando pela porta.

Lionel também viu o irmão e se dirigiu a ele:

– Olá John. Já vai embora?

– Não. Ainda não. Você viu Lisa?

– Ah eu a vi sim. Você quer falar com ela?

Michael olhou para John:

– Eu vi por onde ela saiu. Vou atrás dela.

E saiu em disparada pela porta das escadas.

Lionel abraçou seu irmão pelos ombros, levando-o de volta ao elevador.

– Por que não pegamos suas coisas, John. Quero conversar com você.

John olhou bem fundo nos olhos frios de Lionel e viu que estava perdido.

Lisa sabia que sua única esperança era chegar ao estacionamento do prédio e tentar se esconder. Felizmente ela havia trocado seus sapatos de salto alto pelos os de salto baixo, caso contrário não teria a mínima chance.

Correndo por entre os carros, ela se escondeu atrás de um deles e aguardou.

Os três homens chagavam com uma distância mínima dela e por pouco não a viram.

Ela continuou escondida, tentando nem respirar, como um coelho assustado.

Eles olhavam por todo o lado, quando resolveram se separar.

– Johnson, você vai por ali. Martin, você fecha as portas do estacionamento. A moça não deve estar longe.

Lisa começou a se mover devagarzinho em direção à porta das escadas. Se ela conseguisse passar por eles, era só voltar pelas escadas até a saída, já que pelo estacionamento já não era possível.

Ela estava quase chegando quando um deles a viu.

– Ela está ali!

Assustada ela começou a correr por entre os carros. Ao olhar para trás ela se desequilibrou e caiu no chão.

Imediatamente ela sentiu que era puxada para cima.

– Venha. – Era o mesmo homem que ela tinha visto com o Sr. Phelps, o tal Michael Smith.

Logo que eles começaram a correr juntos, tiros se fizeram ouvir.

Lisa sentiu uma ardência no ombro direito, mas não deu importância. Se aqueles homens a pegassem ela estaria perdida.

Ela ouviu um sinal de alarme de carro e logo em seguida estava dentro de um.

– Não, deixe-me sair! – gritava ela em desespero.

Michael nem a olhou. Deu a partida e o carro automaticamente se travou. Cantando pneus, ele se dirigiu ao portão do estacionamento.

– Você é louco? Eles trancaram o portão.

– Isso não quer dizer que não podemos abri-lo. Acho melhor você se segurar.

Ela tentou se segurar como podia. O carro corria veloz, enquanto os três homens os perseguiam em outro carro.

A batida foi estrondosa. Logo os dois carros estavam na avenida, enquanto outros carros tentavam se desviar daquela entrada repentina.

Endireitando-se no banco do passageiro, Lisa observou:

– É. Você é louco.

– É. Talvez eu seja. – disse ele, olhando-a. – Mas a loucura ainda não terminou. Dizendo isso, ele deu uma guinada forte para a direita, para tentar despistar o outro carro. Não conseguiu. Logo eles estavam colados nele.

Michael continuou seguindo pelas avenidas e ruas tentando despistar seus perseguidores. Até que ele tentou uma saída desesperada. Entrou no estacionamento de um shopping e disse para Lisa descer.

– Vamos.

– Pra onde? – perguntou ela, saindo do carro. Já vira que, com aquele homem, não se argumentava. Bastava obedecer.

– Vamos usar os corredores do shopping para despistá-los. – Nisso ele viu o outro carro descendo pela rampa.

Os dois corriam pelos corredores, tentando não esbarrar nas pessoas, coisa que os três homens que os perseguiam não se preocupavam em fazer.

Logo a segurança do shopping foi acionada, dando inicio a uma corrida pelo shopping.

Aproveitando-se da confusão, Michael puxou Lisa para um canto encoberto por folhagens.

– Fique quieta. – disse ele, pousando o dedo sobre seus lábios. Aquele toque, embora superficial, foi o suficiente para que ele ficasse inquieto.

“O que está acontecendo comigo? Devo estar cansado.” – pensou ele para se acalmar. A verdade é que ele estava sentindo falta de uma missão como aquela.

Os dois puderam ver os seguranças do shopping levando os três brutamontes para fora sob os aplausos dos freqüentadores.

Quando viu que o caminho estava livre, Michael puxou Lisa pela mão.

– Vamos.

Lisa tentou se mexer. Mas suas pernas não obedeciam. – Não posso.

Michael então notou a mancha avermelhada na camisa que ela usava na altura do ombro. Delicadamente puxou a gola da camisa, descobrindo o ferimento.

– Você está ferida.

Para sua surpresa, Lisa não desmaiou ou gritou à vista do ferimento. Ela olhou para os lados e disse:

– Tenho que colocar alguma coisa aqui. Ainda está sangrando. – ela revelou ao tirar os dedos de dentro da blusa.

– Vamos para algum hospital?

– Não. Lá seria muito difícil de explicar um ferimento à bala. Vamos pra minha casa.

– Por que não pra minha casa? – perguntou ela, suspeita.

– Por que a sua casa seria o primeiro lugar que Lionel Phelps iria mandar procura-la.

– Você desconfia dele também?

– Alguma coisa no olhar dele o denunciou. Aquele homem tem culpa no cartório.

– É. Tem sim. E é por isso que eu tenho que ir a Arlington o mais depressa possível.

– Seu pai continua morando lá? – perguntou ele desviando a atenção da estrada por um minuto.

– Você também conhece meu pai? Primeiro o Sr. Phelps, agora você. – ela fez uma pausa, olhando pela janela do carro. – Você também é do Exercito?

– Já fui.

– E como conheceu o meu pai? Ele já esta na reserva.

– Na primeira Guerra do Golfo. Ele era meu comandante.

– Ah, então ele vai gostar de revê-lo. Ele gosta de conversar sobre o tempo que ele era da ativa.

Ele parou o carro em frente a um prédio de dois andares e olhando fixamente para ela, disparou:

– De todos os homens na face da Terra, eu sou o único que seu pai gostaria de ver... Morto.


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