A Única Coisa... escrita por Troublemaker Girl


Capítulo 14
I need a time




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– Eu não fiz n-n-nada! – Kath tentava me convencer de que não sabia de absolutamente nada em relação à mensagem da noite anterior.

– Você tem certeza? – ela assentiu mordendo o lábio inferior. – Jura? – arqueei a sobrancelha. Eu sabia que era ela, eu não tinha amnésia e nem era louca pra mandar uma mensagem sequer para John.

– Tudo bem... – Kath soltou a respiração pesadamente. – Eu não fiz por mal! – ela bateu o pé com força no chão, trazendo alguns olhares. Estávamos na escola, já no intervalo.

– Por que fez isso? – segurei a risada. Embora não tivesse graça alguma, a careta que Kath havia feito transmitiu essa vontade de rir. Ela achou que eu iria ficar brava com ela?

– Eu... Eu agi sem pensar. Me desculpa, por favor! – antes que eu pudesse falar algo a respeito, Kath se ajoelhou no chão e juntou suas mãos, olhando em meu rosto. – Não me mata, por favor! Eu juro que faço o que você qui... – Kath foi interrompida.

– Mas o quê está acontecendo aqui? – Tyler soltou uma risada nervosa, nos encarando. John estava ao seu lado.

– Nada. – respondi diretamente, dando um meio sorriso. – Anda Kath, levanta daí. – pedi ajudando Kath a levantar, a pegando pelo braço.

– Você me perdoa? – ela sussurrou para que os garotos não escutassem, soltei um suspiro e tirei uma mecha de meu cabelo do rosto.

– Conversamos mais tarde. – balancei a cabeça e dei um sorriso sem mostrar os dentes. Logo me virei para Tyler. – Então, oi.

– Olá, moças. – ele sorriu para nós duas e correu para os braços de Kath, que ficou tão vermelha que de longe dava para ver. Soltei uma risada abafada e afastei, deixando os dois a sós.

O intervalo estava demorando, provavelmente alguma reunião estava sendo feita na sala dos professores. Me sentei num banco e observei as pessoas que estavam perto dali. O pátio estava cheio, havia grupos por todos os cantos, assim como alguns casais; balancei a cabeça negativamente e resolvi brincar com meus dedos.

– Ocupada? – uma voz masculina me despertou. Olhei para cima e avistei ele. Suspirei mais uma vez, pedindo mentalmente para meu eu interior me ajudar.

– Não. – minha voz saiu baixa. Voltei a brincar com meus dedos, encarando minha coxa. Olhei para o canto e percebi que John havia se sentado do meu lado.

Ficamos em silêncio. Um silêncio que embora parecesse perturbador, era mais agradável do que qualquer baboseira saindo de sua boca. Ele começou a cantarolar uma música que eu logo reconheci, então olhei para ele com os olhos despertados.

– Desde quando escuta A Midsummer Evening? – arqueei uma sobrancelha.

– Desde sempre (?) – dei uma risada, o fazendo franzir a testa. – O que?

– Nada... – balancei a cabeça negativamente. – Na verdade, é que é um pouco inevitável acreditar nisso. – dei de ombros.

– Que mal tem eu gostar? – John riu baixo, ainda sem entender.

– Esquece... – suspirei após dar uma última risada. Abaixei meu olhar novamente e o toque de A Midsummer Evening veio em mente.

– Sua risada é legal. – olhei para John, estreitando os olhos. – Quis dizer que ela é bonita. – franzi a testa e coloquei outra mecha do meu cabelo para trás da orelha.

– Obrigada, acho. – pigarreei enquanto ele continuava me encarando.

– Você também é – arregalei os olhos, ainda sem entender nada. – Também é bonita! – acabei dando um sorriso de lado, mas quando percebi engasguei com o próprio ar e dei algumas tossidas. Me levantei bruscamente e saí, sem ao menos me despedir dele, que ficou parado.

O que ele estava querendo dizer com aquilo? O que eu estava querendo transmitir com aquele sorriso? Rose, aquilo nem era um sorriso. Foi apenas para não deixá-lo sem graça. Soltei o meu centésimo suspiro do dia enquanto corria pelos corredores daquela escola a procura de meu armário. Olhei em meu relógio de pulso e já marcava as horas para o último horário, já que devido à duração longa do intervalo não houve terceiro horário. Agradeci a Deus por logo estar indo embora e corri para a sala, assim que peguei os materiais.

A aula foi longa e cansativa, mas pelo menos eu não estava atoa pela escola ocupando a mente com um ser vulgo nome era John. Eu realmente não sabia o que deu em mim pra do nada estar assim. Balancei a cabeça, me despertando e lembrando que eu tinha um dever para fazer. Voltei a copiar a matéria que o professor de Biologia passara na lousa.

– Rosee? – Kath me balançou. Fiz uma careta e massageei minha têmpora.

– O que foi? – levantei o olhar sonolenta. Olhei ao redor e não havia mais ninguém na sala de aula, apenas Kath e eu.

– Como assim o que foi? Você some no intervalo e ainda demora pra sair da sala. Fiquei preocupada e resolvi entrar, mas aí você dormiu e eu fiquei igual uma acéfala tentando te acordar. – ela fez bico. – Eu ainda perdi um encontro ‘pós escola’ com o Tyler!

– Encontro pós escola? – franzi a testa, ignorando o resto que ela tinha falado.

– Arrghhh! – dei uma risada e me levantei, arrumando minha roupa. Guardei os materiais em minha mochila e logo saímos da sala.

Anyway, I've lost my face. My dignity, my look… – cantarolei um trecho de Monochrome enquanto andávamos pelas ruas em direção a minha casa. Kath permaneceu quieta. – O que foi? – olhei para ela, que andava olhando para o chão.

– Ahn? – assim que a chamei, ela me encarou assustada.

– Você não trocou uma palavra depois que saímos. – estalei meu dedo.

– Ah, eu estou um pouco cansada... – ela bocejou e eu suspirei.

And I’m tired now. – continuei a música, fazendo uma dança estranha na rua. Kath riu e deu um soco leve em meu ombro. – Já estamos chegando, relaxa, lá tem comida. – Kath deu um sorriso de orelha à outra. Dei de ombros e sorri satisfeita ao avistar a porta de minha casa.

Entramos e Kath foi logo até a cozinha. Ignorei e desci para meu quarto, guardei a mochila e tirei meu sapato. Amarrei meu cabelo e coloquei rapidamente um moletom largo do New York Red Bulls, que eu não usava há anos. Voltei para a sala e Kath estava com um pote em seu colo, ela comia pipoca.

– Onde achou isso? – arregalei os olhos me sentando ao seu lado.

– No armário. – ela deu de ombros e voltou a assistir TV. Suspirei e peguei meu caderno na mesa. Eu precisava terminar de preparar as notas musicais que as crianças apresentariam no evento. Levantei mais uma vez, já que eu era inquieta e corri para o piano que meu pai havia colocado num canto da sala. Me preparei, coloquei a folha erguida para que eu enxergasse perfeitamente as notas e me sentei. Percebi pelas notas que a primeira música seria Passaggio. Assim que a primeira nota foi tocada um sorriso involuntário surgiu. Dedilhei o piano e a mesma sensação de anos apareceu; o frio na barriga nunca iria embora, assim como as espinhas arrepiadas. Naquele momento esqueci absolutamente de tudo, até de que Kath estava ali. Mas o que me intrigou foi saber que do que eu mais precisava esquecer, não o fiz. Ele continuou rondando minha cabeça enquanto a música tocava. E o pior disso tudo era eu não saber o real motivo disso.

Eu precisava de um tempo.


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