Harry Potter e a Ameaça das Profundezas escrita por JMFlamel


Capítulo 9
O LIVRO QUE NÃO MOLHOU


Notas iniciais do capítulo

Uma assustadora revelação pode mudar os rumos da investigação dos Inseparáveis. Mas será que foi ele mesmo o responsável?



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CAPÍTULO 9

O LIVRO QUE NÃO MOLHOU

À medida que Hermione ia retornando ao normal, com os pêlos do corpo desaparecendo, perdendo a cara felina, não mais cuspindo bolas de pêlo e com seus olhos voltando a ficar castanhos, Hogwarts parecia retornar à calma habitual. Afinal de contas, não havia ocorrido mais nenhum ataque naqueles dias.

O plano da Poção Polissuco não havia resultado em um total fracasso, já que havia sido confirmada a data em que ocorrera a abertura da Câmara Secreta, o ano de 1943. Aliás, por uma coincidência (ou não) os bruxos que estavam listados na relação que Dumbledore entregou a Harry eram quase todos eles formados por volta daquela época. Rony não estava presente, pois havia ido levar as aulas do dia, para que Hermione estudasse os assuntos abordados. Estavam na Biblioteca, vendo os nomes e os destinos de seus donos. Gina e Algie estavam tendo aula de Transfiguração.

_Bem, há muitos aqui que já podemos descartar, tanto por estarem mortos quanto por não serem do lado das Trevas. _ disse Soraya _ Por exemplo, Hiram e Renata, pais do Prof. Mason. Além de terem sido Aurores, foram mortos por Voldemort, pessoalmente.

_Interessante o fato deles terem sido alunos naquela época e o Prof. Mason ter sido colega de nossos pais. _ disse Harry _ Ou Renata foi mãe em idade avançada ou houve outra coisa.

_Fabiola Wayne está aqui. Não, ela não poderia ser, primeiro porque já é falecida. _ disse Neville _ Era minha avó materna, casada com Marcus Westenra, ambos eram do Departamento de Pesquisas Farmacológicas do Ministério.

_Salvatore Zabini e Giuletta Fornari. _disse Harry _ Avós paternos de Blaise e Blasius Zabini, da Sonserina.

_Seriam bons candidatos. _ disse Nereida _ Se não fosse por alguns poréns.

_Realmente, não fosse o fato deles terem sido contra as Trevas. Inclusive foram membros dos Partigiani, durante a II Guerra. _ disse Harry _ E foram elementos de ligação com a FEB, na Campanha da Itália.

_Sim, isso está no livro “Bruxos Europeus na II Guerra”. Aliás, também formaram-se naquela época o avô de Draco, Abraxas Malfoy e seu irmão gêmeo, Jean-Marc. Ele chocou a família ao juntar-se aos Maquis. _ disse Nereida _ E casou-se com uma trouxa, que foi torturada e morta pela Gestapo, Valentine D’Alembert. Ambos falecidos, Abraxas por Varíola de Dragão e Jean-Marc por Enfisema Pulmonar. Ficou deprimido e passou a fumar muito, depois da morte da esposa.

_Minerva McGonnagall, ela foi Monitora da Grifinória e depois também foi Monitora-Chefe no tempo em que era aluna, vejam. _ disse Soraya _ E ainda foi presidente da torcida organizada da equipe de Quadribol da Grifinória.

_Aqui há outro, que foi Monitor-Chefe de Hogwarts, junto com a Profª. McGonnagall. _ disse Neville _ Tom Marvolo Riddle. Uau! Primeiro lugar geral da escola, em 1943. Devia ser um crânio.

_E a Profª. McGonnagall em segundo lugar, classificada atrás dele por apenas dois centésimos. _ disse Harry _ Bem que eu ouvi mesmo dizer que ela foi uma das melhores alunas de todos os tempos. E ela gosta muito da Mione, parece que ela se lembra de quando era aluna.

_Bem, vamos voltar para nossas Casas. _ disse Nereida _ Papai foi especialmente “generoso” na quantidade de deveres para a semana.

_Com certeza. _ responderam os outros.

_Já o tal Riddle que, realmente, foi um dos mais brilhantes alunos de Hogwarts, pelo que eu ouvi dizer, desapareceu sem deixar vestígios, ninguém mais ouviu falar dele, depois de 1944 ou 1945. Podemos perguntar para a Profª McGonnagall se ela lembra dele, já que foram contemporâneos, embora haja a possibilidade dele já ter falecido. _ disse Algie, que acabara de chegar, com Luna.

_Oi, Algie. _ disse Harry _ Já terminaram, então?

_Foi a Profª McGonnagall que quase terminou conosco. _ disse Algie Potter, dando um suspiro e massageando o pulso _ Gina já foi para a Torre e está esperando por você, mano.

_Ótimo, estou morrendo de saudades dela. _ disse Harry, para implicar com Rony, que também vinha chegando e fez sua famosa cara de irmão ciumento, para divertimento de todos. Hermione teria alta dali a três dias, foi o que Madame Pomfrey havia dito ao ruivo.

Luna foi para a Corvinal e Nereida para a Sonserina. Os grifinórios tomaram o caminho da Torre e de sua Sala Comunal.

Ao passarem pelo segundo andar, os Inseparáveis viram que uma verdadeira inundação espalhava-se pelo corredor e logo viram de onde vinha.

_Xii, a Murta que Geme surtou de novo, gente. _ disse Soraya.

_Pode crer. _ disse Rony _ inundou o banheiro de tal modo que a água está por toda parte.

_Quem iria surtar seria o Filch, se não tivesse sido petrificado. Afinal, ele é que teria de limpar tudo. _ disse Algie.

_E parece que ela está chorando. _ disse Harry, apurando os ouvidos _ Vamos ver o que houve, qual a razão de toda essa “molhança”.

Chegando ao banheiro, que estava com uma placa de “INTERDITADO” na porta, viram que a água corria solta das torneiras e Murta chorava. Quanto mais ela chorava, mais as torneiras despejavam água.

_Ei, Murta, o que foi que houve? _ perguntou Soraya.

_O que é que vocês vão jogar em mim desta vez, Black? _ redargüiu Murta, entre lágrimas, as torneiras diminuindo um pouco o seu jorro, conforme a fantasminha se acalmava.

_Alguém jogou algo em você? _ perguntou Algie _ Quem foi?

_Não consegui ver direito, “Potter-2”. _ respondeu Murta _ Quando vi, um livro me atravessou.

_Atravessou? _ perguntou Harry.

_Claro, “Potter-1”! _ exclamou Murta, furiosa. As torneiras voltaram a jorrar água, acompanhando o humor da fantasminha _ Sou um fantasma! Muita gente divertia-se jogando coisas em mim, afinal de contas, eu não sentia mesmo!

_E o que foi que jogaram em você? _ perguntou Harry.

_Um livro, está caído debaixo daquela pia. _ e Murta apontou para um canto, mais calma e fazendo com que a “molhança” cessasse.

Harry foi até o local e pegou o livro.

_Parece um diário comum. _ disse ele.

_Cuidado ao abri-lo, Harry. _ disse Rony _ Muitos Feitiços de Vingança são ocultos em livros e acionados quando eles são abertos.

_É verdade. _ disse Soraya _ Vamos ver qual é a dele. “SUSPECTUM REVELIO”!!

Soraya Black lançou no livro um Feitiço Para Revelar Coisas Suspeitas, constatando que nada havia nele.

_Parece que está limpo, Harry. _ disse Rony.

_É. Parece ser um diário antigo. E tem o nome do dono. _ disse Algie.

Pequenas letras douradas, meio gastas, formavam o nome “T. M. RIDDLE”. Na última página, havia o endereço do local onde ele havia sido adquirido, na Rua Vauxhall, 155.

_Isso fica em Londres, mas não me lembro de nenhuma papelaria lá.

_Hoje é uma galeria, Algie. _ disse Soraya _ A “Gasworks Gallery”.

_Ah, sim, perto do “The Brit Oval”, em Kennington Oval. _ disse Algie.

_Repararam no nome? _ perguntou Harry.

_Por quê? _ perguntou Rony.

_Ah, você estava levando o material para a Mione, na Enfermaria. Pois esse nome estava na lista que Dumbledore me deu. _ disse Harry.

_É mesmo. _ disse Soraya _ “T. M. Riddle”... “TOM MARVOLO RIDDLE”!

_Não me falem nesse nome. _ disse Rony.

_Por quê, Rony? _ perguntou Harry.

_Lembram-se de quando cumpri aquela detenção com o Filch, polindo troféus? Pois o tal troféu que eu tive de polir várias vezes foi desse cara, por serviços prestados à escola.

_O que será que ele fez? _ perguntou Algie.

_Não sei, só sei que deve ter sido algo grande. _ disse Harry _ Para justificar um troféu por serviços prestados... É, acho que vale a pena verificarmos. Vamos à sala de troféus, antes de irmos para a Grifinória.

Na sala de troféus, viram que o prêmio de Tom Riddle estava bem ao lado de um grande troféu de Quadribol, de quando Tiago Potter era o Capitão da equipe.

_Aqui está. _ disse Rony _ Quase tive uma tendinite por causa desse troféu, foi o tal em que Filch achou que eu tinha deixado um “rastro-de-lesma”. Vejamos o que está escrito na placa... “A ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS CONFERE O PRESENTE PRÊMIO AO MONITOR-CHEFE TOM MARVOLO RIDDLE POR RELEVANTES SERVIÇOS PRESTADOS A ESTE ESTABELECIMENTO. HOGWARTS, 13 DE JUNHO DE 1943”. Só a dedicatória, nada que especifique quais foram os serviços.

_Bem, nada de muito concreto, realmente, a não ser que...

_O que foi, Harry? _ perguntou Soraya.

_Acompanhem o meu raciocínio. _ disse Harry _ Draco confirmou que a Câmara Secreta foi aberta em 1943, quando uma aluna de origem trouxa morreu.

_Sim. E o responsável foi descoberto e expulso, embora não se saiba quem era, parece que abafaram a coisa para evitar um escândalo. _ disse Rony _ Porque acabaria prejudicando a escola.

_Certo. E Tom Riddle recebeu um prêmio em 1943, por “Relevantes Serviços Prestados a Este Estabelecimento”. _ disse Algie _ E se os tais serviços fossem...

_... TER DESCOBERTO O RESPONSÁVEL PELA ABERTURA DA CÂMARA SECRETA DE SLYTHERIN!!! _ completaram os outros.

_Claro, as peças estão se encaixando. _ disse Harry _ Vamos ver se o diário conta alguma coisa a respeito. Afinal, já vimos que não há feitiços nocivos ocultos nele, embora dê para perceber que seu dono era poderoso, pela energia mágica residual.

Harry abriu o diário de Tom Riddle, esperando encontrar algum tipo de referência a fatos daquela época, mas as folhas estavam todas elas em branco, sem exceção. Não havia o menor sinal de tinta nas páginas de papel linho-creme do diário. Ele estava como no dia em que fora adquirido.

_Estranho. _ comentou Algie _ Nenhuma anotação, nem mesmo um rabisco, nada de “T&M” dentro de um coraçãozinho.

_ “T&M”? _ perguntou Soraya.

_ “Tom & Minerva”. _ brincou o bruxinho _ Ora, os dois eram contemporâneos, Monitores-Chefes... será que não rolou nada?

_Meio difícil, parece que ele era um sonserino e, sendo ela uma grifinória, creio que não haveria uma relação mais próxima. _ disse Harry _ Embora não seja impossível. Bem, já que você comentou, o Dia dos Namorados está perto. Ouvi dizer que o pavão está planejando alguma coisa para levantar o moral da galera.

_Tenho até medo do que poderia ser. _ disse Soraya, enquanto todos riam.

No Dia dos Namorados, Hermione já havia recebido alta da enfermaria e estava com os amigos, reunidos no Salão Principal. Depois do almoço e de uma gincana de perguntas e de alguns alunos pagarem divertidas prendas, os casais já conhecidos trocaram cartões e, após alguns instantes, Lockhart fez uso da palavra.

_Bem, gente, para tentarmos elevar o moral de todos, apesar de todas as petrificações ocorridas, o Prof. Dumbledore autorizou esta pequena confraternização e, depois de termos nos divertido, eu gostaria de oferecer a todos algo que fará com que se sintam melhor, por algum tempo. Sintam o aroma dos cálices à sua frente e, antes que comecem a me xingar, adianto que não é a verdadeira. _ disse ele, ao ver que os presentes começavam a fazer cara feia, pensando que era a verdadeira poção nos cálices _ Esta é uma criação de Lílian e Severo, nos tempos de estudante, na qual tive o prazer de colaborar (“Sim, colaborou muito. Enxugava a testa de Lílian e a minha, quando começávamos a suar e ia pegar ingredientes no armário, quando pedíamos”, sussurrou Snape, ao ouvido de Mason, que fazia força para não rir). Embora seja bem semelhante, seu efeito é bem diverso. Enquanto a verdadeira Amortentia induz quem a toma a uma desenfreada paixão por quem a preparou, essa versão faz com que quem a toma sinta-se bem, junto às pessoas de quem gosta. Lembro-me de que foi um trabalho de conclusão de ano letivo quando Severo e Lílian estavam no quarto ano e foi batizada de “Pseudo-Amortentia”, devido à sua semelhança, mas há algumas diferenças, principalmente quanto ao aspecto do vapor e o aroma menos adocicado. Lembro-me de que o Prof. Slughorn ficou admirado.

_Então você aprendeu a preparar a “Pseudo-Amortentia”, Gilderoy?

_E quem não aprenderia, vendo o trabalho de vocês, Severo? Não é à toa que Lílian é uma excelente Medi-Bruxa. Bem, vamos experimentá-la. Afinal de contas, precisamos de algo para nos animar. Saúde. _ e Gilderoy Lockhart tomou o conteúdo da taça à sua frente.

Todos tomaram a “Pseudo-Amortentia”, realmente sentindo-se muito bem ao lado das pessoas de quem gostavam. Quando Harry foi tomar a sua, uma persistente vibração no seu Ki fez com que parasse e prestasse mais atenção ao aroma. Confirmando o que desconfiava, pensou em como faria para livrar-se daquela situação, discretamente.

Como não estavam quarteados nas mesas de suas Casas, coincidiu que Roger Davies, Capitão da equipe de Quadribol da Corvinal, estava sentado bem ao seu lado e ainda não havia bebido de sua taça (“Desculpe por isso, Davies, mas eu não vejo outra alternativa”, pensou o bruxinho). Com o poder do seu Ki, aplicou Telecinese nas taças, trocando-as de lugar. Sentindo o aroma correto, tomou a “Pseudo-Amortentia”, sem medo e sentindo-se ótimo ao lado de Gina, perto de seu irmão e seus amigos.

Quanto a Roger Davies, bem... algo de diferente aconteceu.

O rapaz, com toda a seriedade possível, levantou-se do seu lugar e dirigiu-se até onde uma certa garota estava sentada, fazendo a ela uma apaixonada declaração de amor. Ela, sem saber onde enfiar a cara, pegou-o pelo braço e o retirou do Salão Principal, a fim de que ele tomasse um antídoto para a dose de “Amortentia”, a verdadeira. Sim, pois a garota havia colocado, não se sabia como, a Poção de Amor na taça de Harry, julgando que ele iria tomá-la. Só que ela não contava com o poderoso Ki do garoto, nem com seu sexto sentido para o perigo, desenvolvidos através do árduo treinamento Ninja com Derek Mason.

Sorrindo por dentro, Harry Potter prometeu contar a Gina o que havia sido preparado para ele e, dali para diante, procuraria ficar mais alerta.

Pois ele já havia descoberto que Cho Chang estava ficando disposta a pegar pesado e ele não poderia dar mole, pois ela também possuía corpo e mente muito fortes.

Foi o único acontecimento digno de nota na confraternização organizada por Gilderoy Lockhart.

Quanto ao diário de Tom Riddle, Hermione examinou o livro, utilizou Feitiços de Revelação de Texto e acessórios reveladores de que dispunha, sem que nada aparecesse. Então, tanto ela quanto Rony deixaram de dar importância ao livrinho.

Mas Harry não se desfez dele, pois lembrava-se de uma coisa interessante que notara, quando haviam recolhido o diário no banheiro da Murta que Geme.

Embora houvessem respingos de água na capa, as páginas permaneciam completamente secas. Realmente, algo meio estranho.

Imaginando o que poderia ter feito com que o livrinho absorvesse a água, Harry estava sentado à escrivaninha da sala de estudo da Grifinória, depois que todos já haviam se recolhido. Com o diário de Tom Riddle aberto à sua frente, resolveu fazer uma experiência. Molhou a pena no tinteiro e deixou que um pingo de tinta caísse sobre o papel. A tinta foi prontamente absorvida, sem deixar vestígios.

Resolvendo correr o risco, empunhou a pena e escreveu “Meu nome é Harry Potter”. Imediatamente a escrita foi absorvida e outra frase se formou, com uma letra fina e caprichada “Olá, eu sou Tom Marvolo Riddle. Então, encontrou o meu diário”?

Animado, Harry continuou escrevendo, após a escrita de Riddle desaparecer: “Sim, e achei interessante que as páginas permaneceram secas, mesmo que o livro tivesse sido molhado. Como você fez”? E o livro respondeu: “Criei, quando aluno, um feitiço para que minhas memórias permanecessem no livro, não importando que o texto fosse apagado ou que o livro sofresse algum dano. E isso foi bom, pois há coisas importantes nele, coisas do meu tempo de aluno”.

Você era Monitor-Chefe, em 1943, não era? O ano em que a Câmara Secreta foi aberta”?, Harry continuou escrevendo e a resposta surgiu na folha. “Sim, eu era. E fui eu quem pegou o responsável, mas ele não foi preso e o monstro continuou vivo, mesmo depois de uma aluna ter morrido. O Diretor da época, Armando Dippett, quis evitar um escândalo que mancharia a reputação da escola e me pediu para não divulgar nada. Recebi um prêmio por serviços prestados à escola e a versão oficial foi que a colega havia morrido em um acidente. Pegou mal, mas não tanto quanto se a verdade tivesse sido revelada. De certo modo foi menos pior assim”.

Curioso, Harry escreveu: “Você poderia me contar algo mais sobre o que aconteceu naquela ocasião”? “Posso fazer mais, posso dividir minhas memórias com você, para que possa ver o que rolou naquela noite. Aceita”? “Sim, me mostre o que houve”, escreveu Harry, enquanto o diário começou a se folhear sozinho e parou em 13 de junho de 1943. A página alargou-se, parecendo uma tela de TV e uma legenda apareceu: “Toque na página, Harry Potter”.

Tocando na página, Harry sentiu-se puxado para dentro do diário e, quando percebeu, estava no Gabinete do Diretor, assistindo à conversa entre Armando Dippett, a quem já conhecia de notícias e retratos e um aluno, alto e esbelto, de pele clara, com olhos e cabelos negros. Seu uniforme era impecável, o modelo utilizado em 1943 não mudara muito, o Blazer possuía o brasão da Sonserina no bolso superior e, na lapela, brilhava um distintivo de Monitor-Chefe.

Aquele era Tom Marvolo Riddle.

_ “Sim, Tom, parece que teremos de fechar a escola, para que o Ministério realize uma investigação. Será uma mancha em Hogwarts, mas creio ser preferível a deixar esse mistério sem ser esclarecido”. _ disse o Diretor.

_ “Isso significa que terei de voltar para o Orfanato Stockton. Não que seja um dos piores lugares. Pelo contrário, fiz bons amigos lá, as pessoas nos tratavam bem, mas tenho algumas lembranças tristes daquele lugar”. _ respondeu Tom.

_ “Sua amiga, Amanda Benson, que morreu de difteria, eu sei. Mas não poderei deixá-lo ficar, Tom. Se o Ministério vier investigar, os alunos terão de ir para suas casas, sinto muito”. _ disse Dippett.

_ “É uma pena, considero Hogwarts como um lar. Mas e se, por acaso, o responsável pelos ataques fosse identificado, não seria necessário fechar a escola, não é”?

_ “É verdade. Você sabe algo a respeito? Tem alguma idéia de quem pode estar por detrás disso”? _ perguntou Armando Dippett.

_ “Não, mas gostaria de ajudar a descobrir, principalmente para que a morte dela não fique sem punição e para evitar o fechamento da escola. Bem, acho que vou indo. Com licença, Diretor”.

Saindo do Gabinete do Diretor, Tom Riddle desceu as escadas. Logo atrás dele, seguia Harry, assistindo às memórias do rapaz, como se estivesse no meio de um filme antigo, já que tudo parecia estar com cores esmaecidas e ele era o único cujas cores estavam bem vivas. No caminho para a Sala Comunal da Sonserina, cruzou com Dumbledore, cujos cabelos não eram brancos, mas sim acaju, como Harry se lembrava de ter visto em uma foto do grande bruxo, quando jovem.

_ “Olá, Tom. Veio do Gabinete do Diretor”?

_ “Sim, Prof. Dumbledore. Assim como ele, eu também estou preocupado com os ataques. Não gostaria que a escola fosse fechada”.

_ “Todos nós gostaríamos que não, Tom”. _ disse Dumbledore, olhando firmemente para o garoto _ “Mas será difícil evitarmos, a não ser que descubram o responsável pela abertura da Câmara Secreta”.

_ “Gostaria de ajudar, professor. Eu não quero sair daqui”.

_ “Sabe de algo, Sr. Riddle”? _ perguntou Dumbledore, ainda olhando para Tom com um olhar que Harry conhecia bem.

_ “Não, professor. Mas se eu descobrir algo que possa ser útil, antes que a escola seja fechada, ficarei feliz em ajudar”. _ e continuou seu caminho, após despedir-se de Dumbledore.

Tomando o caminho das masmorras, Tom passou pela porta secreta da Sala Comunal da Sonserina, mas não entrou. Em vez disso, desceu por uma escadaria que levava a partes mais profundas, onde parou em frente a uma porta. Sacou a varinha e entrou.

Dentro da sala, uma enorme figura, com vestes de aluno, tentava trancar uma caixa.

_ “Preciso tirar você daqui, antes que pensem que é o responsável pelos acidentes”.

_ “Mas você sabe que não há como ser eu o responsável. Eu não saio desta sala, você pode ter certeza”. _ ouviu-se uma voz grave, entrecortada pelo estalar de pinças.

_ “De qualquer modo, vou te levar para a Floresta Proibida. Lá, ninguém irá te perturbar ou te caçar”. _ disse o enorme garoto a quem Harry ia, aos poucos, reconhecendo como alguám bem próximo, mas aos treze anos.

_ “Só que não será possível, Hagrid. Acabou. Essa... essa coisa que você guarda e alimenta pode realmente ter sido responsável pelos ataques e, pior, pela morte da garota da Corvinal. É hora de darmos um basta nisso”. _ disse Tom Riddle, apontando a varinha para o Rúbeo Hagrid de treze anos à sua frente.

_ “Não, Riddle! Aragogue não fez...” _ mas o apelo de Hagrid se perdeu na confusão gerada por uma coisa de várias pernas, do tamanho de um cachorro, que saltou da caixa e saiu pela porta a fora, por pouco não sendo atingida por um poderosíssimo feitiço lançado por Tom Riddle. Os leves passos da criatura perderam-se no corredor, certamente alcançando uma fenda ou uma passagem que lhe permitisse sair do castelo e ganhar a segurança da Floresta Proibida.

_ “Hagrid, infelizmente não poderei deixar esta situação passar em branco. Terei de informar ao Diretor Dippett. E isso vai acabar custando a sua varinha, você não me deixa outra saída. Lamento, Hagrid”. _ disse Tom Riddle, saindo pela porta e logo retornando, acompanhado por Dippett e Dumbledore.

_ “NÃO! NÃO FUI EU QUEM ABRIU A CÂMARA SECRETA! POR FAVOR, ACREDITEM EM MIM”!!! _ os gritos do jovem Hagrid ecoaram pelo corredor, cada vez mais fracos à medida que ele ia sendo levado pelos professores até os representantes do Ministério da Magia. Estes, em um sumário ritual, partiram a varinha do garoto em três pedaços e conduziram-no para fora dos limites de Hogwarts.

Naquele momento, as imagens começaram a ficar borradas e turbilhonadas, como se Harry estivesse no meio de um redemoinho. Ele se sentiu sendo puxado para longe daquele cenário e então reapareceu, novamente sentado à escrivaninha da sala de estudo da Grifinória, mas já não estava sozinho. Algie e Rony estavam ao seu lado, boquiabertos.

_Ei, mano, como é que você surgiu de dentro desse livro? _ perguntou Algie.

_Hein? Vocês não estavam dormindo? _ perguntou Harry.

_Estávamos, mas Algie sentiu sede e levantou-se para tomar um pouco de água e não viu você na cama. _ disse Rony.

_Então eu passei pela porta da sala de estudo, apenas a tempo de ver você ser como que engolido por esse tal livro. Acordei Rony e viemos para cá, alguns minutos antes do livrinho praticamente te cuspir. Afinal, o que é que está havendo, mano?

_Muito mais do que vocês podem imaginar, maninho. _ disse Harry, aproveitando-se do copo cheio que Algie carregava e tomando um gole _ Esse livro contém memórias de Tom Marvolo Riddle, dos seus tempos de estudante. Descobri como acessá-las e vi uma coisa que vocês talvez não acreditem.

_O quê, por exemplo? _ perguntou Rony, curioso.

_Que, provavelmente, o responsável pela abertura da Câmara Secreta de Salazar Slytherin, em 13 de junho de 1943, foi ninguém menos que... Rúbeo Hagrid.

As bocas abertas e os olhos arregalados dos dois garotos traduziam a enorme surpresa que aquela estarrecedora revelação os fez sentir.

E o pior é que aquilo parecia estar acontecendo, novamente.


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