"August 17, 2015.

Hey Sammy,

O que você tem feito ultimamente além da faculdade? Sei que o seu ciclo social é pequeno mas você deve ter se enturmado já. Você deve ser conhecido como 'o garoto das tranças' por aí neste ponto. Bitch. Você continua trabalhando naquela cafeteria? Espero que não, por Deus Sammy, aquilo nem era maldito café. Alguma mistura obscura de muito açúcar no leite, caramelo e duas gotas de café. Faz tempo que te levei até aí pra procurar um emprego decente, só que me sinto mal do estômago só de lembrar do cheiro daquele lugar. Ugh.

Desculpe por demorar tanto pra escrever, cara. O trabalho realmente está me desgastando, não tenho mais idade pra essa merda. Mas eu não tenho o que reclamar, se eu for honesto. Eu ganho bem, o horário combina com o trabalho do Cas então podemos ir e voltar juntos (na volta eu tenho que esperar meia-hora antes dele ser liberado mas eu posso lidar com isso).

Ontem nós fomos ao jogo de Baseball. Eu tinha esquecido o quanto eu gostava daquilo. Nós sentamos nas fileiras de cima, compramos refrigerantes e alguns salgados. No final do jogo eu até comprei pipoca doce, já que o Cas disse, meio constrangido, que nunca comeu aquilo. Ele também não parecia entender metade do jogo e ainda assim estava se divertindo. O cara comprou até uma luva gigante, Jesus.

Teve um momento em que aparecemos no telão e ele não sabia como reagir. Parecia uma criança sendo pega pela mãe comendo escondido ou algo assim. Eu disse pra ele relaxar então ele faz um gesto (com a mão sem luva) de 'paz e amor'. Foi hilariante, meu Deus. O resto do jogo foi tranquilo, bem, o mais tranquilo que se pode ser numa arquibancada lotada de torcedores entusiasmados.

Acho que não houve muita coisa interessante nessas últimas semanas. A gente acorda, se arruma, eu deixo o Cas na livraria e vou pra oficina. Almoço e volto ao trabalho. Depois do meu expediente eu volto para buscá-lo, fico lendo Vonnegut (é um clássico, cale a boca) na sala dos fundos enquanto espero seu horário acabar e depois voltamos pra casa. É bom ter uma rotina.

Eu uh, acho que vou comprar um carro pra ele. Não é nada de especial, você sabe. E não por agora também. Não é que seja ruim ter que ir com ele na cidade quando o cara precisa de algo mas fala sério, todo mundo precisa de privacidade as vezes. De qualquer forma, eu ainda não disse nada pra ele. Conhecendo o Cas, ele provavelmente iria me deixar comprar o carro e depois tentar me pagar ou alguma merda do tipo. Por enquanto ele vai ter que lidar com a Impala - não que ele tenha o que reclamar, Baby é demais. E pare de fazer essa bitchface, Sammy, eu te conheço.

Alguns dias atrás eu tive problemas com uns demônios em uma farmácia. Fui buscar uns remédios de anti-infecção já que os do Cas tinham acabado e eles me viram na saída. Bastardos do caralho. Só que não foi nada pra se preocupar, você sabe. Eles vieram pra cima dizendo que os Winchester's largaram essa vida e estavam mais vulneráveis. Até parecem não saber que andamos armados. Eles vieram, deu briga, um maxilar quebrado, uma lâmina de anjo suja de sangue e dois corpos pra enterrar. Nada demais.

E parece que o inferno está um desastre. Procuram um novo rei, já que Crowley está uma poção de quase humanidade. Irônico. Anjos caindo, demônios subindo. Humanos com destinos parecidos. Céu, terra, purgatório e inferno. Até parece um poema clichê em aula de filosofia, ugh.

Espero ter notícias suas. Sinto falta do meu baby-bro. Ok Sam, só brincando aqui. Tomara que suas aulas estejam indo bem. E sério, tire um tempo pra dar notícias a seu velho irmão aqui.

Até mais,

Dean Winchester."