Linhas Borradas escrita por Iulia


Capítulo 9
Fugitivos Involuntários


Notas iniciais do capítulo

Alguém mais está em casa curtindo uma deprê com seu Rivotril e um pijama sábado à noite?
Não, né? É o que eu imaginava. Mas, como meu yakisoba já está acabando, decidi postar esse capítulo curto e um pouco raso, mas necessário. Ah e meu Deus, eu não poderia me esquecer disso em um milhão de anos: Eu estou tão feliz com vocês! Eu amei amei amei amei cada um dos comentários e eu amei amei amei amei duplamente vocês. Muito obrigada mesmo, eu achei que deveria postar mais cedo como agradecimento. Então. Está aí. Eu amo vocês e por favor não me abandonem.



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Cato

– O que tem de errado com você? – Clove sibila, parada na porta do seu quarto como se eu fosse idiota. Ela bate as mãos no meu peito, no intento de me empurrar.

– Isso é sério?

Claro que uma pessoa como Clove conseguiria me empurrar. Isso faz sentido na cabeça dela.

– Eu estou certa de que há um outro quarto a cinco passos daqui. É o seu – Fuhrman fala estúpida e antipática como ela é, batendo freneticamente no botão para abrir sua porta.

– Eu sei. Mas eu quero ficar nesse – respondo, sorrindo falsamente.

– Então eu vou para o outro.

– À vontade – continuo sorrindo, enquanto ela bate os pés até a próxima porta. – Não tranque, meu amor, já estou indo! – grito, voltando minha cabeça na direção da sala.

– Cato, seu filho...

– A mocinha sem dúvidas precisa ter uma... Oh, céus, interrompi? – Nyra grita, atraindo os dois funcionários atrás dela. Fuhrman está parada na minha frente, tentando me chutar enquanto prendo seus punhos.

– Sem dúvidas – Clove rosna, ironizando sua situação plenamente favorável.

– Era um ensaio. Na arena, eu vou girar e...

– Oh, sim, sim. Eu entendo, querido, me desculpe – a mulher tapa o rosto e atravessa o corredor cambaleando com seus saltos e as pessoas com cadernos.

– Vamos ficar nesse mesmo – falo, abrindo a porta e jogando Fuhrman pra dentro. Ela me encara com raiva, tira o cabelo da cara e suspira. Para o seu bem, ela desiste. Anda pelo quarto enquanto eu me deito e ligo a televisão.

– Olha isso – ela diz rindo, me mostrando uma coleira para a cintura. – Esse é o cinto certo pra mim.

– Vai nessa. Você vai ficar deslumbrante – comento, olhando para a reprise da Colheita e para ela, pegando todos os objetos estranhos do quarto. Isso só funciona assim. Eu faço o que quero e ela se vira. – Você está melhor, Clove?

– Aham – Fuhrman fala casualmente, abotoando um sapato com o salto do tamanho do seu braço agora.

– Bom.

– O que você acha da garota do 4? – ela se senta na cama, decidindo tirar o salto depois de cair.

– Eu já falei.

– Fala direito comigo, imbecil – Clove rosna, fechando a cara de repente. Me viro pra ela, ergo as sobrancelhas e rio. Ela sabe que não me intimida.

– Ok, meu amor, eu vou te dizer: Nós não vamos nos aliar a ela porque ela não está preparada e só vai atrapalhar. Me fiz compreensível agora?

– Perfeitamente. Mas nós vamos nos aliar a ela porque precisamos de alguém não preparado para montar guarda e precisamos fechar a aliança com o maior número possível.

– Isso quebra meu coração, meu amor, mas vou te dizer não.

Fuhrman sustenta meu olhar e ergue as sobrancelhas.

– Ludwig. Durante toda a minha vida trabalhando com você, nenhuma de suas ideias deu certo. Não quero ferir seus sentimentos – ela para, colocando as mãos no coração -, mas sempre fui eu que dei a sugestão certa. Você sabe que se der errado agora, Enobaria e Brutus não vão gritar com a gente, eles vão nos enterrar.

Continuo a encarando. Sacudo a cabeça e empurro a bochecha com a língua me deitando de novo. Clove devia calar a boca. Mas em vez disso, ela está se deitando ao meu lado.

– Não encosta em mim. E não me chama de “meu amor”.

[...]

Cato – Distrito 2. 17h49min, 01/12

Quando meu braço para em algo fofo, abro meus olhos. Isso são travesseiros. Isso não é a Fuhrman. E eu tenho certeza de que meu braço estava ao redor da Fuhrman.

Olho para o relógio. Já estamos chegando. Minha aparência é impecável, mas a aperfeiçôo antes de sair. Me jogo no sofá onde Clove está ajoelhada para ver as janelas, de novo no seu vestido legal.

– Eu não quero olhos inchados – Nyra canta, pulando até agarrar meu rosto e dar uns tapas no meu olho.

– O que você está fazendo? – Fuhrman exclama se virando e empurrando a mulher. – Por que é que você está batendo nele, sua doente?

– Intervenções desnecessárias serão cortadas terminantemente do seu cotidiano, queridinha! – ela fala como se fosse um discurso. Rio. Clove sacode a cabeça, olha para ela e diz:

– Vai se foder.

– Que falta de classe, queridinha – digo, ainda rindo.

Eu acho que Nyra vai tirar a sandália e tacar na cara da Fuhrman, mas Brutus intervém.

– Deixe eles. Vai ter tempo suficiente.

Ela sai se lamentando como se alguém se importasse com seus sentimentos.

– Eu não gostei disso. São essas pessoas que têm que agradar. São elas que te salvam – ele continua, apontando para Nyra e para nossas caras.

– Ah, ela é insuportável! – Fuhrman diz. – Tudo por causa do Ludwig.

– Você está ficando doida, idiota? O que inferno eu tenho a ver com aquela praga?

Ela olha para Brutus como se eu fosse idiota.

– Ela gosta de você – ele diz finalmente, se levantando. – Chegamos em vinte minutos.

– O quê?

– Meu Deus – Clove está tendo um acesso de riso largada no sofá. – É a melhor edição. Largue a Glimmer, essa mulher é fantástica.

– Cala a boca.

– Ah, me desculpa.

Fuhrman sabe que não vou responder mais, então não fala também. Mas continua rindo.

A paisagem que antecede a Capital é a mais interessante até agora, mas não o suficiente para não me fazer bocejar. A única coisa que vou fazer nesses dias aqui vai ser dormir. Não preciso mais de treino. Vou lá fazer minhas alianças e intimidar os que eu não quero nela. Então eu volto e durmo enquanto vou querer fazer isso.

Quando finalmente chegamos, já me deitei no sofá.

– Levantem, imprestáveis. Tem gente que trouxe foto de vocês – Enobaria me empurra e puxa Fuhrman pelo braço. Somos jogados contra a janela. – Sorrisos contidos.

As portas são abertas e a primeira coisa de que me dou conta é de um arranhão no meu braço. Essas pessoas têm vozes agudas e anormais e suas unhas seguem o mesmo padrão. Eles me pedem o tempo todo para beijá-los. Um monte de coisas estúpidas e indecentes.

A glória daqui é falsa. Se eu vencer isso, vou ter a de verdade.

Dentro do carro já estou irritado. Me livro da mulher quando ela tenta agarrar meu braço. Não falo mais. Não gosto da gente daqui.

– O andar de vocês é o segundo! – ela grita como sempre, me olhando e esperando que eu saia pulando quando chegamos no Centro dos Tributos. – Sempre é assim, o seu distrito, o seu andar.

O lugar é luxuoso e parece uma nave alienígena. Nyra continua falando, mas sua voz me irrita demais para que eu preste atenção. Esse só é um lugar grande e bonito. Mas eu vou receber a recompensa em casa.

– As suas equipes chegarão pela manhã junto com os outros tributos. A programação de hoje é livre, façam o que quiserem.

Eu ando até um quarto e me tranco lá, me jogando na cama baixa. Tudo aqui é verde, então eu fecho logo meus olhos pra não ser perturbado.

Mas depois de um tempo sem conseguir dormir, me levanto e abro a porta do quarto ao meu lado. Clove está sentada em sua cama, agarrando os joelhos e olhando para a televisão como se olha pro nada.

Eu me deito ao seu lado. A encaro de volta e nesse meio tempo, considero a ideia de beijar ela de novo. Ela sacode a cabeça e muda o canal da televisão. Estou cansado agora.

E isso não faria diferença. Fuhrman é minha. De qualquer jeito.


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Notas finais do capítulo

Sério, vocês foram tão doces. Por favor, por favor, por favor, por favor voltem. Não vão embora, não larguem essa pobre e pequena garota ao relento. Não deixem Cato e Clove no vácuo. Sejam ainda mais fofos. Me contem o que vocês querem ver para que eu escreva. Me deem ideias. De qualquer modo, muito obrigada por tudo e espero que comentem. Vocês são os melhores leitores do mundo c: c: c: c: c: c: c: