Linhas Borradas escrita por Iulia


Capítulo 28
Vermelho


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Será que vocês poderiam me desculpar pela demora? Eu não tenho muito tempo, mas consegui finalizar e postar. Hum. O Cato está louco e tudo que ele sente é ódio, e ódio e amor pra mim é vermelho. A maioria das coisas pra mim é vermelho, mas a raiva, a intensidade, principalmente. É meio confuso, porque ele está loucão de verdade, mas eu tentei. Espero que esteja tragável c:



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Cato

É melhor você calar sua boca e me vingar.

Você tem que vingar ela, Cato.

Se eu morrer, eu quero que seja pelas suas mãos.

Arranca a cabeça de quem falar dela, Cato.

Ela virou o demônio. É pior do que ela disse, é pior do que eu achava; ela não fez um pacto, ela virou ele, ela não me deixa em paz. Ela é essa coisa na minha cabeça, essa porra de buraco, cochichando coisas que nem o vento.

É minha culpa. Eu falhei. Eu não lembro mais da cara dela, mas tem essa vozinha que fica “Cato, Cato, Cato!”. Eu quero ela de volta.

Não sei que hora é essa. Mas eu estou andando pra achar uma coisa. Eu ainda tenho que fazer alguma coisa. Eu ainda estou na missão, ela não foi finalizada ainda.

Eu acho que eles estão vindo me buscar quando o hino toca, mas não é pra isso. Eles vêm me mostrar a coisa que eu não posso ter. Isso nunca aconteceu comigo, eu sempre tenho as coisas. Só que eu fui roubado.

Ela sorri, fazendo coisas com as sobrancelhas enquanto o hino toca só pra ela.

– Clove – eu gosto do nome dela. – Eu vou te achar, 11. Eu vou quebrar sua cabeça em quatro partes.

E aí tiram ela.

Eles são um bando de trapaceiros do inferno. Me fazem cair enquanto estou arrancando essas desgraças de galho fora. Não enxergo nada nesse escuro do inferno. Eu fico com tanta raiva que fico no chão. Rosno até meus dentes doerem, destruo tudo que tem ao meu redor até que fique tudo bagunçado, remexido, estragado. Eles fizeram isso com a Clove. Pegaram ela e puseram ela aqui que nem uma princesinha pra depois deixar gente do 11 encostar nela.

Eles tinham que ter deixado ela. Tinham que ter desgraçado a 12 e deixado ela comigo. Ela era minha.

– Vocês vão pagar por isso – eu falo pra câmera. – Vocês estão me colocando aí pra todo mundo ver? Então me coloquem, porra, porque eu vou caçar vocês! Vou caçar cada coloridinho de merda e vou quebrar a cabeça de vocês até os miolos saltarem. Eu não aceito traidores, vocês não deviam ter tocado no que era meu! Esperem por mim. Eu estou chegando.

Eu vou vencer essa porra pra isso. O meu distrito merece a honra, mas eles não vão me segurar quando eu chegar na Capital e matar todos eles. As paredes do lugar da entrevista vão estar cheios de sangue e eu quero que eles saibam que foi porque eles mentiram pra mim. Eles disseram que eu ia levar a Clove pra casa e deixaram o 11 encostar nela. Eu disse pra não encostarem nela, pra mandarem um remédio, pra salvarem ela, mas nenhuma daquelas desgraças me respondeu.

Eles vieram e levaram ela embora.

Eu não devia ter deixado. Eu não sei o que eles estão fazendo com ela lá.

“Cato. Fica aqui.” Eu não fiquei. Eu não fiquei nenhuma vez. Eles não me deixaram bom o suficiente e agora ela morreu.

Eu abro a mochila dela bem devagar e enfio minha cara dentro. Acho as faquinhas dela e pego todas. São minhas agora. É tudo meu e tudo tem cheiro de cravo.

– Eu vou te pegar, 11.

Um barulhinho do inferno começa a aumentar até que uma coisinha de metal cai perto de mim.

– Que porra é essa, hein? Vocês vão mandar dádivas agora que não servem mais de nada, seus filhos da puta?

Mas eu abro mesmo assim.

– “Coma e durma antes disso terminar.” Então é isso? No fim de tudo eu preciso de remedinho pra dormir?! Vocês acham que eu quero esse frango de merda de vocês?! Eu não preciso dessa porra!

Eu jogo os comprimidos no chão, enterro eles com as minhas botas. Estou quase jogando esse frango nojento na terra quando outro pára-quedas aparece.

– O que será agora? – olho bem pra câmera enquanto abro, mas fico calado quando leio a nota. Diz que vai me ajudar a acabar com o Thresh. É uma seringa. Eu rio, colocando perto da minha veia. – Se vocês estiverem tentando me matar, vou mandar meus parceiros te jogarem no inferno pra mim.

Então injeto essa desgraça de vez. Quero saber o que é tão bom nessas drogas, eu quero sair e testar todas pra ver qual é que vai me deixar com menos raiva. Que essa seja forte.

[...]

Eu sabia que aquele filho da puta ia jogar sujo. Não basta só foder a Clove o tempo todo. Me faz carregar essa porra com o tornozelo torcido.

– Eu te falei, porra, pra não ficar roçando com essa gentinha que fica em última na classificação. Se eu perder por conta dessas vagabundagens, Clove...

– Sabe de uma coisa, Ludwig? É melhor você calar sua boca e me vingar, é melhor você quebrar os braços daquele bastardo e deixar ele saber que eu vou caçar ele. E é pra você fazer essa porra direito ou então é nos seus pesadelos que eu vou aparecer.

Ela aparece. Essa droga me envia pro inferno e a Clove aparece em todo canto. Várias dela, com seus namoradinhos, olhando por cima do ombro, aparecendo no escuro. Rindo que nem o demônio. Eu quero sair dessa porra, a Clove de verdade não me assusta.

Fica tentando segurar no meu braço, mas toda vez ela puxa a mão de propósito.

– Você não me salvou, Cat Cato.

– Eu tentei.

– Perdedor. Você me perdeu, Cat Cato, e você vai pro inferno por isso. Você falhou.

Eu quero gritar com ela, mas só fico falando que tentei. Mas ela sabe. Ela ri. Não é que nem a princesinha que ela era. Eu quero gritar pra ela me responder, porque ela é minha e está fodendo tudo.

– Isso é tudo sua culpa. Eu não perdôo você, Cato.

– Clove. Eu tentei.

– Você não me levou pra casa! Você é um traidor.

Traidor.

Traidor.

Traidor.

Eu não sou um traidor.

E aí ela começa a chorar. Mas a Clove só chorou uma vez. Não tem mais Clove de verdade. Eu nunca consigo sair dessa porra.

[...]

Eu acordo com raiva. Eu berro até parar de ouvir esses trovões do inferno.

– Parem com essa porra de chuva!

Eles não me obedecem. Quebro a câmera que estava perto de mim. Eles têm que saber. Eu não sou um traidor, eu não vou mais falhar. Eu vou atrás da minha honra.

– Eu estou indo te pegar, 11! Espera por mim!

Aí eu corro. Eu ainda sou o vencedor, eu não saio da missão até finalizar. E eu sorrio quando chego.

– Cato! Cato!

Ele não parou quando ela pediu. Ele matou ela.

Corto cada miserável planta roçando em mim até chegar nele. Eu não sei que porra de lugar é esse, mas essa chuva me irrita ainda mais. Eu puxo minha espada e as faquinhas da Clove arranham meu peito onde a porra da camiseta rasgou. É pra ela.

– É aqui que você está se escondendo, 11? É pra cá que os covardes correm? – eu grito, olhando ao redor. – Eu vim atrás de você!

E ele sai. De trás de uma árvore. Com uma espada e uma pedra.

– Eu estava esperando.

– O que você tem aí, Thresh? Você bateu nela com isso?

Ele não responde. Fica parado do outro lado, o filho da puta, cheio de raios atrás.

Thresh.

Esmaga a cabeça deles.

Eu agarro o pescoço dele com toda a força, mas de algum jeito ele consegue socar minha cara. Eu fico com tanta raiva que bloqueio em cima da hora a espada dele. Mas eu seguro, porque eu quero um ataque perfeito. Eu quero que ele saiba o que é honra, o que é vingar alguém direito.

Então eu volto. Corto o braço dele e empurro seu estômago até uma árvore querendo que eles mandem um raio pra acabar logo com essa porra. Eles não mandam. Ele bloqueia agora.

– Ela torturou uma menina de doze anos – ele está rosnando. Aperto mais. Ele está mentindo.

– Não fala sobre ela, 11. Não se atreva.

– Ela mereceu.

– Não se atreva a falar isso!

– Ela matou a Rue.

– Cala a sua boca!

– Eu faria de novo.

Ele não cala a boca. Ele não me escuta. Eu grito. Até fazer ele fechar os olhos. Ele ouve agora.

Ela mereceu.

O último dos golpes perfeitos que aprendi. A minha espada está direto no coração. A dele está no chão. Só que ele não está morto ainda. Eu quero que ele fique. Igual ela ficou. Olho bem na cara dele.

– Ela pediu pra você parar.

Troveja mais que nunca. Thresh está no chão, me encarando enquanto cerro meus dentes pra encostar na pedra. Eu viro ela em cada ângulo, eu quero que eles vejam mesmo que eu esteja amargando segurar essa desgraça.

Eu bato ela na cabeça dele e escuto o barulho. Eu escuto o barulho mais dez mil vezes. Escuto o canhão. Os olhos abertos. Que nem naquela vez. Eu cerro meus dentes de novo. Eu grito de novo. Minha garganta dói. Tudo igual naquela vez.


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Notas finais do capítulo

Ei, vocês meio que sumiram quando eu postei o último, né? Kk, eu entendi que a morte da Clove foi hard, mas foi só isso mesmo ou eu fiz alguma coisa errada? Bom, espero que não. Espero também que vocês saibam que esse é o penúltimo capítulo e por isso eu espero que vocês apareçam e me falem qualquer coisinha. Eu ando numa bad, que olha. Bem gótica e emo e qualquer coisa me faz chorar então se vocês estão aqui, por favor. Apareçam.
Com muito amor e já saudades,
Isabella c: