Linhas Borradas escrita por Iulia


Capítulo 27
Clove


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Me desculpem pela demora. Hum... Meu olho suou muito enquanto eu escrevia esse capítulo kk. Ele é bem triste, e eu quis que o nome fosse esse porque o Cato simplesmente teve que enfrentar isso, ver ela se perdendo, ver que ele estava perdendo ela, vendo que a morte é mais inacreditável do que ele sabia. E sobre o fim, eu quis que ele ficasse incompleto porque tudo sobre a Clove é bem incompleto pra mim. E abrupto, então esse capítulo está desse jeito.
Peguem o sorvete e chamem um migo pra chorar. Aí está, senhoras e senhores.



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Cato

– Eu quero sair antes de amanhecer, desgraça, levanta!

Eu quero que ela saiba que eu estou apenas rindo disso tudo quando me viro pro outro lado. Fuhrman está toda empolgadinha porque eu deixei a brasinha pra ela. Eu iria adorar ver o olho dessa menina ficar estranho de novo, sem parar de olhar pra cara de pobrezinha da 12. Mas Thresh não vai me fazer perder meu tempo.

Quando eu fico de pé e eles já vão colocar esse sol do inferno, cravinho sai andando na minha frente, nem sequer mexendo a boquinha pra falar qualquer coisa. Eu deixo ela. Ainda estou com sono demais pra achar mais graça da concentraçãozinha dela.

Só acabo com a brincadeirinha quando chegamos na Cornucópia. Puxo ela pra baixo e chego bem perto. Dessa vez não é pra ver o rosinha nas sardas dela.

– Fica calada. Eu vou dar a volta e ver se tem algum esfomeado perto.

– Ok.

Eu já me levantei, mas até olho pra trás quando ela responde. Clove continua olhando pra frente, apertando os olhinhos de gato dela. Ela nem falou que queria vim comigo. Dou um sorrisinho pra ela saber que eu reparei no seu grande esforço e saio, entediado de pensar que ainda tenho uma 5 pra pegar.

Faço uma varredura só pra eles não reclamarem quando eu voltar, mas não acho ninguém. Os covardes nem devem ter chegado ainda. Além de pobres, essas misérias são preguiçosas. Eu nem preciso dessa porra e estou aqui.

Cravinho quer ir logo pra casa. Só que ela também quer fazer showzinho com a 12, então eu não volto pra ela. Corto todos esses galhos miseráveis bem devagar, aproveitando meu tempo até ter que acabar com o Thresh.

– Trabalho bom, garotinha das facas.

– O que você está fazendo, imbecil, eu te venci. Me chama pelo meu nome.

– Por que eu faria isso?

– Porque você sabe o nome dos adversários dignos.

Eu nunca esqueço os valentezinhos. Questão de honra.

Acelero meu passo, aperto a espada. Eu vou cumprir a promessa. Isso vai demorar, eu preciso começar essa porra logo. Thresh estava confiante demais e Clove consegue se virar sem mim. O sangue dele não deve ser ruim e, qual é, eu preciso de diversão. E aí vou puxar pelo cabelo a princesinha pra minha casa. E ela vai ficar lá pra sempre.

– Termina logo essa porra, Fuhrman. A casa da Enobaria é longe.

– Eu não vou pra casa da Enobaria.

– Por que não?

– Eu não sei por quê.

– Que porra é essa, Clove? Você vai pra onde, então?

– Eu quero ir pra sua casa.

Algum idiota passa correndo bem do meu lado. Ela que devia ser chamada de foguinho, com esse cabelo. Decido pisar nos insetinhos menores antes. Vou atrás dela.

Ela é rápida, a ruivinha. Ela sabe que depois que eu pegar ela, já era. Até rio da carinha dela. Olhos grandes.

– Eu estou chegando, ruiva! Fala que perdeu que eu te trato com gentileza.

A 5 não para. Corre que nem o inferno, a infeliz, se embrenhando nesse mato que engancha em mim. Só que eu vou pegar ela, eu vou pegar todos eles. Eles são rápidos, mas eu sou o maior. Eu orgulho meu distrito, eu nunca perco.

Essa vadia já me trouxe pro outro lado da floresta. Puxo minha lança. Ela está me cansando e eu odeio quem me cansa.

– Cato!

Eu me viro pro outro lado. Corro mais. Não pode ser. Alguém quer encostar nela.

– Cato!

Algum covarde encostou nela. Essas porras de galho estão fodendo tudo. Plantaram raízes no chão, eles querem machucar ela. Me arranho quando vou cortar qualquer desgraça na minha frente. Eles têm que tirar eles. Eu corro.

– Clove!

Não tem resposta. Eu estou sem ar pra gritar, mas encostaram nela. Meus dentes começam a doer. Eu corro.

Não encostem nela. Não encostem nela.

– Eu estou chegando, Clove.

Eu acho ela. No chão.

– Clove!

Minhas pernas param, mas não tenho tempo pra isso. Corro pra cima dela.

– Clove! Respira, Clove.

Sem respirar direito. A cabeça amassada. Eles machucaram a minha garotinha. O que eles fizeram com ela, porra? Por que não mandaram o remédio ainda?

– Abre seu olho! Eu vou salvar você, a gente já vai pra casa. Fala, fala o que eu faço.

Ela continua respirando. Não tem canhão. Ela vai viver.

– Respira, princesinha. Fala comigo.

Eu não tiro o olho dela. Do tamanho da menina do 11. Ofegando. Ela vai viver, ela vence. Ela tem que falar comigo. Ela está tentando. Ela é uma lutadora, a garotinha, ela é minha.

– Você está conseguindo, garotinha? Você está, Clove, você consegue respirar?

Ela não fala nada, ela não me responde. Dá esses montinhos alvoroçados que nem dá uma respiração direito. Continua olhando pra cima. O que eles fizeram com ela? Ela parece aqueles peixes que não conseguem mais respirar. Isso não é a Clove. Ela fica olhando pra cima. Ela quer falar, eles estragaram até isso. O que eles fizeram com ela?!

– Olha pra mim – minha voz começa a falhar. – O que é que eles fizeram com você, Clove?

– Thresh – ela me responde. Eu vou resolver o que aconteceu com a cabeça dela. – Não sai, Cato. Você venceu.

– Você não vai, abre a porra do olho, Clove! – ela tem que me ouvir. – Fica. Você tem que ficar, respira, garotinha. Você não pode largar agora, parceira. Acorda.

Meu olho fica embaçado. Eu estou fazendo aquilo que bebês fazem, eu estou com tanta raiva. Puxo ela pro meu colo e ela parece uma boneca. Coloco minha cara no seu pescoço. Ela ainda está quente, ainda cheira a canela. Eu não vou deixar ela fechar os olhos.

– Clove! Tenta, Clove, fica aqui comigo. A gente está indo pra casa, princesa. Respira.

A Clove sorri. Ela tem que continuar falando. Eu gosto da voz dela.

– Eu perdi, Cato.

– Você não está indo embora!

– Não deixe eles me chamarem de perdedora. Esmaga cabeça deles.

Thresh esmagou a dela. Solto seu cabelo. Ela é minha. A respiração. A respiração quase não existe. Eles querem foder meu trevo. Eu quero sacudir ela, ela tem que falar mais.

– Respira, Clove! Me dêem alguma coisa, seus filhos da puta! Não deixem ela, não deixem ela, não deixem ela!

Eu soco a terra, mas minha mão vai ficar suja pra encostar na cara dela. Eu seguro seu rosto.

– Cato. Fica aqui.

Eu devia ter salvado ela. Eu tinha que ter ficado. Eu podia correr mais rápido.

– Você sempre precisa de mim. Só chama, meu amor, e eu vou salvar seu traseiro.

“Abre os olhos. Respira, Clove. Fica viva, desgraça. A gente é uma equipe. Eu quero ter uma equipe. Você é minha pra sempre.”

Eu não falo mais nada disso. Ela é uma garotinha mesmo. A minha. E ela pediu pro Thresh parar, ela chorou e ele não parou. Ela gritou e eu não vim. O 11 machucou ela. O filho da puta machucou a Clove pra sempre. Eu não salvei ela.

Eu cerro minhas mãos e olho pra ela. Chego perto do rosto dela, olho as sardas, os olhos de duas cores. Encosto no seu nariz. A boca dela vai ser minha sempre. Tudo isso vai ser meu pra sempre. Abaixo a voz. Chego mais perto dela.

– Eu vou ficar, princesa. A gente fica junto pra sempre. Você fez o pacto com o diabo.

Ela ia me responder. Ela ia sorrir. Ela ia falar mais, ela ia ficar comigo, ela ia pra casa. O canhão soou.

A Clove vai desaparecer.

– Você sabe onde me achar, Cat Cato.

Ela vai deixar de existir. Vão esconder ela de mim, ela vai sumir. Eu vou andar pra casa da Clove e não vai ter Clove.

– Acorda. Acorda, menina, acorda. Clove. Clove. Clove.

– Você vai invocar o morto se continuar repetindo o nome dele desse jeito.

Eu não vou largar ela. Ela é minha pra sempre. Não vou sentir minhas pernas nunca mais. Ela fica fria. O 11 tentou roubar minha mulher. Eu não vou deixar ninguém levar. O aerodeslizador vem.

– Não! Vão embora! Vocês não vão levar ela! Vão embora!

Ele fica parado na floresta. Eles estão esperando eu deixar ela. Eu estou fazendo ela tremer. Olho pros olhos dela. Não tem mais nada, mas é de gato e tem uma cor estranha. Eu fico parado olhando até fechar, cerrando meus dentes até doer.

Ela era minha princesinha. Ela era minha.

– Desculpa, cravinho.


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Notas finais do capítulo

O fim é cortante, a moça simplesmente acabou, é Cato sem Clove.
Eu realmente preciso e espero que vocês todos comentem dessa vez. Por favor, por favor, eu preciso saber o que vocês acharam, eu preciso de alguém pra dividir as lágrimas comigo - justo o capítulo 27, isso significa tanto pra mim, que olha. Eu tô morta.
Vou esperar vocês, estrelinhas, e beijo c: