Linhas Borradas escrita por Iulia


Capítulo 23
Degraus Imundos


Notas iniciais do capítulo

Oi, amorinhos! Espero do fundo do meu coração que vocês estejam bem. Então. Eu demorei um pouco pra postar e passei umas três horas tentando pensar num título pra esse capítulo e eu tive umas sete bilhão de ideias, mas decidi usar todas elas nos próximos. Então eu ainda não decidi o nome. Mas. Espero que gostem c:



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Cato

Eu estou sorrindo. Eu já ouço os gritos dela. Ela vai se encolher. Os olhos vão estar fechados que nem os meus estavam quando ela jogou aquela desgraça em mim. Eu vou mandar ela abrir. Olho para a minha esquerda e já sei todo o resto.

– Ei, cravinho. Eu te dois minutos. Você primeiro, na boca.

Clove sorri e eu quero que ela fique sorrindo desse jeito quando eu encostar a espada no pescoço. Quero seu cabelo solto.

– Eu fico com os olhos.

O fracote do 3 para na melhor parte. Quando estamos chegando, a fumaça entra nos seus pulmõezinhos de bebê.

Eu puxo Clove pra frente, tiro a espada e não há nada. Apagaram o fogo.

– Você acha que ouviram a gente? – pergunto pra Fuhrman, chutando a fogueira. Ela tira o olho das cinzas e me olha como se eu fosse idiota. Às vezes essa menina me irrita.

– Claro que sim. Não tem muito tempo.

– Vamos continuar andando. Eu quero todo mundo calado – me viro pros dois perdedores lá atrás. – E é pra andar logo. Eu não vou perder essa vadiazinha de novo.

A gente chega numa segunda fogueira. A fumaça faz até Clove se escorar. Ninguém. Sem Evergreen. Sem rastro. Sem a porra de um cheiro que não foda com meu pulmão.

Eu fico nervoso. Eu quero quebrar a cara desses idiotas se arrastando do meu lado, eu quero sacudir a Fuhrman pra ela falar alguma coisa.

– Que porra é essa? Ela está tentando me fazer de idiota, não está?

Eu passo a mão pelo meu cabelo. Tenho que pensar.

Eu estava chegando na conclusão quando um barulho do inferno me desconcentra.

– Isso é uma explosão?

Eu vejo Clove empurrando o 3 antes de começar a correr. Eu escuto isso mais três vezes. Então eu chego perto.

Quando eu vejo essa porra, quando eu começo a arrancar meus cabelos, eu escuto Brutus rindo. Eu estou vendo todas as pessoas no meu distrito ofendidas. Destruíram o nosso território. Algum filho da puta de sangue ruim explodiu todo o meu suprimento.

Eu nem sei que inferno estou falando. Eu sou bom demais pra sentir a dor quando soco essa terra queimada. Me levanto, chuto toda essa merda que restou, berro pra que o esfomeado que fez isso escute que eu estou indo atrás dele. Ninguém destrói o que é meu e sai andando.

– Ativaram tudo.

Eu demoro a processar quem tem coragem de falar comigo agora. Eu nem acredito que o culpado dessa porra toda, esse desnutridinho dos infernos ousou me falar isso.

– Você, seu filho da puta! Que porra você fez, como é que você destruiu minhas coisas, seu vagabundo?!

Eu não escuto sua resposta. O agarro pelo capuz e fecho um braço ao redor dele. Fico atento pra ouvir seu último barulhinho de inseto e o largo.

– Eu vou te achar, seu desgraçado!

Avanço para a floresta. Eu vou quebrar osso por osso, arrancar cada órgão que deixa esse vagabundo viver.

E Clove está pendurada no meu braço.

– O que você quer, porra, me larga!

– Ludwig, para. Destruíram essa desgraça tentando roubar alguma coisa! O infeliz morreu!

Eu paro, mas não escuto ela. Eu não quero ouvir. Empurro Quaid quando ele começa a falar comigo. Eu quero que eles vão pro inferno, apontando pro céu que nem um bando de empregado da Capital.

– Eu estou vendo essa porra!

– Então para. Relaxa aí, Cato – Clove passa a mão no meu braço, de cara amarrada. – Para com essa porra. O bastardo morreu.

– Vamos dar espaço. Pra eles levarem o 3.

É Marvel que está falando, como se fosse uma ordem. Me levanto e passo na sua frente, esbarrando no seu ombro cheio de osso.

Clove se senta numa pedra perto de mim, mas não comigo. Ela sabe que não estou nos meus melhores, que eu não estou a fim de mexer no seu cabelo hoje. Eu quero saber agora quem fodeu com as minhas coisas.

Eu estou calado, concentrado em não cerrar minhas mãos, furioso por não ter sido eu quem matou o filho da puta. Escuto Quaid começar a cantar. A dançar, quando Fuhrman olha pra ele enquanto afia suas faquinhas. Se sacudindo igual um idiota. Quando fico entediado, começo a olhar pra ela. Ela termina de checar a mochila e troca de faca.

– Está bem agora, querido? – ela fala quase miando, com certeza tentando me irritar.

Faço que sim com a cabeça.

– O que você tem aí?

– Carne. Água. Uns saquinhos com aquelas frutinhas ruins. Os óculos, minhas facas. Um saco de dormir. E você?

– Porra nenhuma.

Ela dá aquele tipo de riso estranho e sacode a cabeça.

– Eu só tenho água, carne e os óculos. E minhas coisas – continuo olhando pra minha espada.

– Alguém vai passar frio hoje – Fuhrman fica rindo, olhando pro lago.

– Você, provavelmente.

Ela se vira, erguendo essas sobrancelhazinhas do capeta dela.

– Nem fodendo.

– Vamos ver, então, Clove.

[...]

Eu estou com tanta raiva que nem olho pra Clove pra não machucar ela. Eu tento não pensar como é que aquele merda fez pra ficar vivo no meio daquela explosão.

Tento lembrar de quando não estava com tanta raiva. Eu queria só ter conhecido a qualidade das pessoas do meu distrito. Lá nenhum inseto ousa entrar no meu caminho.

Eu vou encontrar ele. E ele vai sofrer três vezes mais que no inferno. Mais tarde, fico calmo e olho pros outros atrás de mim, quase caindo. A Clove eu até deixo porque ela é uma anã, mas o 1 está manchando o nome dele com esse vara pau.

– Vamos parar aqui. Vai buscar a lenha, Quaid.

– Não.

Me viro para Fuhrman, já largada no chão. Por que inferno ela fica tentando me contrariar?

– Não. Não vai ter fogueira hoje.

Eu sei que isso é pirraçinha porque roubaram meu saco de dormir. Essa vadiazinha está tentando desgraçar minha vida.

– Ok – Marvel se senta de novo, dando de ombros e cantando como se fosse ela que mandasse agora.

– Não tem como ter fogueira, Ludwig! A gente está se fodendo aqui, esses demônios vão vir todos pra cima da gente se virem sinal de fumaça.

– Você acha que eu tenho medo desses desnutridos de merda, Clove?

Eu não me sento. Encaro ela de cima, querendo que ela fale mais alguma coisa. Que porra é essa? Eu estou me escondendo deles agora? Eles estão me caçando?

– Acorda, Cato.

Quaid, pro seu bem, já virou a cara e está arrumando suas coisas. Continuo encarando ela.

– Que é que você quer dizer, Fuhrman?

Ela entra no saco de dormir e me encara até Marvel dizer “durmam com os anjos” e virar pro outro lado.

– Está perto – ela sussurra estupidamente. Tenho que me sentar pra ouvir. – Os covardes ganham coragem nessa hora, Ludwig. Eu não quero morrer dormindo.

– O que você acha, que a menininha do 11 vai pular da árvore em cima de você? – rio dessas ideias doentes dela. Tudo é perigo pra Clove. Uma falta de confiança dos infernos.

– Então se fode aí. Faz sua fogueira. Mas fica de guarda e vigia minhas costas – ela se deita virada pro outro lado.

Claro que eu não vou ficar de guarda. Nem fodendo que eu vou me levantar pra caçar lenha. Eu preciso dormir. E Clove precisa de mim.

– Chega pra lá.

– Qual é o seu problema? Nem fodendo, Cato – ela se levanta na mesma hora, mas eu já estou sentado do seu lado. Coloco minhas pernas pra dentro.

– Ou é isso ou você vai dormir sem porra nenhuma. Ou com o Quaid.

– Não cabe nós dois aqui – Fuhrman ruge igual um bebezinho.

– Cabe você com o Marvel. Quer, cravinho?

Eu já estou deitado. Clove continua com seu showzinho de fachada, mas como toda vez, ela se deita, com esse cheiro interessante de canela e criançinha dela. Eu respiro no seu pescoço. Ela nem ousa se mexer quando eu beijo ele.

Ela até sabe que eu poderia matar ela, mas eu não vou. Ela sabe que não é isso. Fuhrman se vira e me beija.

– Fica longe.

E se vira de novo. Quando ela dorme, eu a abraço. Quando ela morrer, quero ela desse jeito.


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Notas finais do capítulo

Eu queria pedir perdão pelo palavreado, mas eu juro que não é proposital. Todo mundo já xinga o suficiente, mas eles precisam xingar mais que a gente. Eu precisava captar até essas entrelinhas nas personalidade eles, então. E eu queria muito que pelo menos um quarto de vocês comentassem porque isso ia ser muito legal, mas de qualquer modo, eu agradeço muito a quem comenta sempre porque isso é muito muito importante pra mim. Obrigada por lerem, comentem por favor, tudo de bom e até mais c: