May Singer escrita por Violetta


Capítulo 12
Capítulo 12




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–May, isso significa que...-Ele perguntou atordoado
–Sim. Eu estou grávida- Falei baixinho
–May, mas o médico disse que você não podia engravidar. Que você e o bebê poderiam morrer,
–Miguel, eu sei. Mas se eu tiver que escolher, escolho meu filho
–Eu não posso viver sem você May- Disse Ele chorando
Foi assustador para mim vê-lo assim, nunca tinha o visto chorar abertamente
–E eu não posso viver com mais uma perda dessa- Falei chorando também
Ele me abraçou
–Eu vou ficar bem Miguel. Eu te amo.
–Também te amo May
***
Voltamos para casa e Miguel logo fez questão de me instalar em um hospital. Ele contratou seguranças para ficarem de vigia. Embora eu tenha achado exagerado, agradeci. Eu estava com medo que Natasha pudesse fazer alguma coisa.
O hospital ficou sendo o meu lar. Passei o tempo inteiro sob observação constante dos médicos. Miguel nunca saía do meu lado, e America passava um bom tempo aqui com Lucy e Vitória, cuidando de mim.
Mas eu estava bem, não precisava de tanto mimo.
Estou com 8 meses e muito enjoo, emagreci muito e estou com rosto de doente. Todos me olham preocupados ao redor da cama
–Eu estou bem- Repito pela milésima vez.
–Não, não está.- Diz Miguel preocupado
–Mas eu vou ficar- Respondo.
Todos saem do quarto, menos Miguel. Ele sempre permanece comigo.
Sinto uma dor forte, uma contração.
não pode ser -penso- ainda não está na hora.
Miguel corre em minha direção e eu seguro sua mão forte.
Começo a gritar e logo os médicos aparecem.
–Temos que levá-la para a sala de cirurgia- Disse um médico
–O que?- Perguntou Miguel -Mas ainda não está na hora
–O bebê vai nascer prematuro. Porque se não fizermos isso logo, os dois morrem.
Olhei assustada para o médico, o dever dele não era me tranquilizar? dizer que vou ficar bem? Começo a ficar desesperada e solto a mão de Miguel com relutância, posso ver que ele está chorando.
–Eu te amo May- Grita ele quando eu cruzo a porta.
Me levaram para uma sala bem iluminada, eu estou morrendo de dor. Estou quase desmaiando quando sinto um tubo de oxigênio sendo colocado em mim, e agulhas perfurando minha veia. Minha visão começa a ficar embaçada e eu não vejo mais nada além disso.

Acordei alguns minutos depois, gritando de dor. Ela ia e voltava, insistindo em me lembrar o estado que eu estava. Eu estava morrendo, e podia sentir isso.
Nem as anestesias conseguiram diminuí-la. Passei minutos agonizantes, ouvindo a batida do meu coração cada vez mais fraca no aparelho ao meu lado. As linhas que deveriam estar subindo e descendo, estão constantes, me lembrando de que eu estou fraca demais para lutar.
–Precisamos fazer cesária- Disse um médico
–Rápido- Disse o outro
Eu devia estar mesmo muito mal, porque trouxeram Miguel. Ele estava chorando e segurou a minha mão. Mas eu só soube disso porque vi seus dedos entrelaçados nos meus. Não estava sentindo o resto do meu corpo.
Senti uma dor terrível, a última de que me lembro. Ouvi algo sobre o cordão umbilical do bebê estar enrolado em seu pescoço, sufocando-o. A cada palavra dos médicos, eu ia me distanciando mais. Até elas se tornarem pequenos ecos na minha cabeça.
Não ouvi nenhum choro de bebê. Eu deveria ter ouvido, não é mesmo? Eu estava desesperada. A única coisa que me importava era saber que ele estava bem.
Ouvi um choro estridente de criança e senti uma lágrima cair do meu olho. Virei a cabeça para o lado lentamente. Miguel estava maravilhado com a nossa filha. Pude ver seus olhos brilhando, mas não vi o bebê.
Senti a força saindo do meu corpo. Tentei o máximo que pude ficar ali, firme. Mas eu estava tão cansada que aos poucos me permiti ser levada. A última coisa de que me lembro foi do monitor cardíaco... Ele mostrava sua linha reta e seu bip contínuo como uma prova de que eu fui fraca.
***
Ponto de vista: Miguel.
Procurei os olhos de May, para ver se também estavam no nosso filho. Ela estava com os olhos fechados. Me desesperei ao ouvir um som agudo. O som vinha do monitor cardíaco, que emitia um bip indicando que seu coração havia parado.
–Não estamos registrando frequência cardíaca- Disse um médico
Eu fiquei desesperado e logo me tiraram da sala. Ainda pude ficar do lado de fora, assistindo através do vidro.
Bati freneticamente, mas ninguém pareceu dar importância. Só eu sei o quanto foi agonizante ver a minha May naquele estado e não poder fazer nada.
Um médico parece ter tido compaixão de mim, porque saiu da sala e veio conversar comigo.
–Me deixa entrar- Pedi desesperadamente
Sua expressão permanecia indecifrável. Não conseguia saber se ele estava com pena de mim, ou culpado por não conseguir fazer nada.
–A May teve a (DAEG) Doença Hipertensiva Especifica da Gravidez- Explicou ele - Ela acontece principalmente em pacientes grávidas pela primeira vez, ou que sejam muito jovens ou que tenham mais de 30 anos. E no caso da May, ela já teve uma gravidez complicada antes, junto com um aborto espontâneo. Caso a paciente seja diagnosticada perto do dia do parto, o recomendável é que se faça uma cesariana. E foi o que nós fizemos. A pressão da May ficou muito alta, e... ela teve um infarto.
Segurei no vidro para não cair. Ele me ajudou a ficar de pé novamente.
–Um infarto?- Perguntei incrédulo
–Estamos tentando reanimá-la, mas não podemos dar esperanças- Respondeu ele frio.
Não o culpo, ele é médico e esse é o seu dever. Eu só queria que isso não fosse verdade.
–Ela vai ficar bem, não é?
Ele não respondeu.
–Ela vai ficar bem. Não vai?!- perguntei de novo, agarrando seu jaleco. Ele soltou minhas mãos com cuidado e me olhou nos olhos
–Não sabemos- Respondeu, e simplesmente saiu. Me deixando sozinho.
Observei do vidro enquanto eles tentavam reanimar a May. A minha May.
–Não posso perder você- Sussurrei contra o vidro.


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