Capítulo 06 – O irmão

Os dois saíram das dependências do colégio e como sempre, começaram a discutir.

- De táxi será muito caro – Sakura cruzou os braços – Não vou deixar você pagar para mim.

- E o que você sugere? Irmos a pé?

- Ônibus.

- Está delirando... Acha mesmo que iremos de ônibus? Vamos de táxi.

- Ah é claro. O Uchiha nunca andou de ônibus e nunca andará porque pensa que é um transporte de classe inferior.

- Não fale besteiras – o moreno revirou os olhos – O ônibus estará cheio de gente e teremos que ficar em pé.

- Se quiser ir de táxi, pode ir. Nos encontraremos lá.

- Como você é irritante. – bufou – Vamos logo de ônibus.

Sakura sorriu vitoriosa. Iria ser impagável ver a cara de Sasuke andando de ônibus. Esperaram alguns minutos e subiram no transporte público. Acharam um assento vazio, sentaram-se. Sasuke estava impaciente, já que aquele transporte parava em todas as paradas. Numa delas, uma senhora idosa subiu e não havia lugar para sentar. O moreno se levantou de seu lugar e pediu para que a senhora se sentasse. A cara de Sakura era impagável.

Chegando ao shopping, Sasuke se aproximou de Sakura, os olhares esfomeados daqueles garotos o deixava tenso, com raiva.

- Qual loja iremos? – Sakura perguntou

- Na de sempre.

Claro que ela sabia onde era. Já viera tantas vezes naquela loja ajudá-lo... Viera como namorada dele.
Andou ao seu lado até chegarem a loja. Passaram bastante tempo escolhendo peças do agrado de Sasuke.

- Essas aqui são o suficiente. – Sasuke olhou para a média pilha de roupas em seus braços e franziu a testa ao ver que Sakura escolhia mais algumas. Mulheres... – Está bom Sakura.

- Mas essas aqui são tão bonitinhas... Acho que esta aqui ficará perfeita em você.

- Vamos para o caixa. – suspirou

- Sem experimentar? – Sakura perguntou intrigada

- Você sabe muito bem que não gosto de experimentar.

- Claro que eu sei, mas deve!

- Por acaso consegue ver o tanto de roupa que estou segurando? – ele mostrou a pilha para Sakura, ela apenas sorriu

- Não precisa ser todas. Essas três bermudas, essa calça e essas duas camisas é o suficiente.

- Argh! Segure estas aqui.

- Não irá mostrar para mim? – perguntou

Sakura sorriu ao vê-lo corar levemente. Sasuke fica lindo corado, fica ainda mais perfeito, pensou. Ela o viu se distanciar para os provadores e foi se sentar. Queria muito poder ver as coisas daquela loja, mas seria melhor se controlar. Sabia bem o preço daquelas peças e não tinha dinheiro para aqueles preços. Sentada, esperando Sasuke, Sakura olhou de relance em volta e foi atraída por uma blusa roxa bem delicada. Levantou e seguiu hipnotizada por aquela peça de roupa. Observar não fará mal, pensou. Olhou, virou e notou o preço, suspirou. Por um momento pensou que poderia levar aquela blusa.

Perdida em seus devaneios, Sakura se assustou quando Sasuke apareceu atrás de si.

- Pegue-a. – ele falou no ouvido da Haruno. Tal ato, a fez se arrepiar.

- Acho que vai ficar muito curta em você. Podemos procurar um tamanho diferente...

- Não seja irônica. Acha que não vi você babando por essa blusa?

- Mesmo que eu estivesse babando por ela, não tenho como pagar. – Sakura colocou a blusa de volta ao mostruário e se virou – Vamos?

- Não sem isso. – ele esticou o braço e pegou a peça que a Haruno tanto observava

- Devolva isso Sasuke. Devolva agora!

- E porque eu deveria?

- Você não pode levá-la, eu não quero.

- Hm... Engraçado. Quando mesmo que eu falei que era para você? – sorriu

- E não é? – Sakura perguntou confusa

- Ainda não.

- Hmpf!

A Haruno seguiu Sasuke com passos irritados. Chegaram ao caixa e esperaram a balconista passar todos os produtos.

- Vocês dois demoraram para voltar dessa vez. – ela sorriu – Que bom que continuam juntos.

Os dois se olharam surpresos. Não se lembravam daquela balconista, como ela se lembrava deles?

- Desculpe-me, mas eu não me lembro de você. – Sakura falou

- Eu sei. Eu reponho o estoque, fico muito tempo atrás dessas paredes. Mas eu sempre podia vê-los, são tão lindos juntos.

- Não estamos juntos. – Sakura mordeu o lábio inferior – Viemos só como amigos, estou ajudando-o a escolher, como sempre.

- Oh! Me perdoem, eu não sabia.

- Não tem problema.

- Que pena que terminaram... – ela terminou de digitar algumas coisas e mostrou o valor da compra para Sasuke. Ele lhe entregou o cartão de crédito – Obrigada pela preferência.

Sakura sorriu e acenou para a balconista. Os dois saíram da loja e enquanto andavam, Sasuke parou bruscamente na frente de uma loja.

- Ah... O que foi? – Sakura perguntou

- É lindo.

Sakura foi para seu lado e olhou para o que ele tanto admirava. Era um pingente de colar, uma cerejeira com um falcão repousando em seus galhos floridos. Simplesmente divino. Ele entrou na loja e logo pediu o pingente.

- É um pingente muito caro... – o vendedor sorriu amarelo

- Não perguntei se é caro, eu falei que o quero. Se não quiser me vender, por favor, traga alguém que quer.

O vendedor assentiu com a cabeça e foi pegar o objeto. Sasuke lhe falou que queria com o colar e assim o vendedor lhe vendeu. Sasuke saiu da loja e Sakura o olhou intrigada.

- Você me assustou. – ela falou

- Eu preciso de um algodão doce.

Sakura sorriu ternamente e o seguiu a procura de uma carrocinha de algodão doce. Ao longe, algumas garotas o observavam.

- Eu não sabia que Sasuke tinha voltado com ela.

- Eles não voltaram. – uma ruiva afirmou

- Estão andando bem juntinhos esses dias.

- Castigo. Por isso não viajaram.

- Então é por isso que estão aqui. Karin, você acha que eles irão voltar a namorar?

- Ele é feliz com ela, isso é o que importa. – sorriu – Agora vamos às compras, não viajamos para aquele hotel fazenda justamente para nos divertirmos no shopping.

No fundo, onde ela tentava se iludir, Karin nutria um sentimento sincero por Sasuke. Um sentimento que ela estaria disposta a esquecer, já que nunca poderia ser correspondida.
Olhando ao longe, os observando brincar percebeu que o amava, mas por amá-lo desejava vê-lo feliz, e sua felicidade é com a Haruno. Sorriu para o céu azul.

- Como fazia tempo que eu não comia... Obrigada Sasuke.

Ele sorriu e roubou mais um pedaço do algodão doce da Haruno. Como sentia falta de tomar aquele doce da boca dela. Tinha um gosto ainda melhor. Sakura sentiu seu celular vibrar e escutou ele tocar, tirou-o da bolsa e viu no visor um número desconhecido. Atendeu receosa...

- Sakura? É você?

Ao reconhecer uma voz antiga seu coração bateu mais forte. O sentimento de nostalgia penetrou fortemente em seu coração.

- Itachi san! Quanto tempo, que saudades.

- Também sinto saudades. Sasuke está com você?

- Claro. Só um momento. – ela tampou o auto falante do celular e entregou para Sasuke – Quero que me explique depois porque ele ligou no meu celular.

- Itachi. – Sasuke cumprimentou o irmão

- Ei irmãozinho, já me instalei na casa do Hidan. Venha logo me ver e traga Sakura, estou com saudades dos dois.

- Não aja como um idiota Itachi. Já estamos indo.

Sasuke desligou o telefone e entregou para Sakura.

- Para onde estamos indo?

- Você não disse que está com saudades do meu irmão? Portanto iremos vê-lo.

- Sério? – perguntou alegre – Que ótimo. Agora me diga o porquê dele ter ligado no meu celular.

- Temo que meu celular esteja grampeado. Pensei que não se importaria se ele lhe ligasse.

- Ah... Não, não. – abanou o ar com as mãos – Não tem problema nenhum.

Sasuke sorriu e decidiu chamar um táxi. Sakura brigou no inicio, mas ao ver o tanto de sacolas que teriam que carregar, desistiu.
Poucos minutos depois chegaram ao apartamento do professor de religião, amigo de Itachi. Foram liberados pelo porteiro, subiram pelo elevador e foram recebidos pelo Uchiha mais velho com um caloroso abraço.

- Sakura! Você está magnificamente linda. – ele a analisou de longe – Se não estivesse com meu irmão, desculpe, mas eu estaria atacando.

- Itachi san... – corou

- Nem ouse fazer isso Itachi.

- Não precisa ficar com raivinha irmãozinho. Eu te respeito.

- Mas antes de tudo Itachi, eu e ele não estamos mais juntos.

- O que? – ele exaltou a voz surpreso – Sasuke, o que você fez?

- E porque você acha que a culpa é minha?

- Porque Sakura nunca faria nada para causar a separação de vocês dois. Sempre é você.

- Cale a boca. – Sasuke resmungou

- Mas estavam fazendo compras juntos... Que tipo de separação é essa?

- Somos amigos Itachi san.

- Amigos coloridos? – ele sorriu maliciosamente

- Apenas amigos. – Sakura corou

- Devo admitir que é uma pena não estarem juntos, Sasuke é um idiota.

- Ah sim, Sasuke é um idiota.

- Ótimo. Se vão continuar falando mal de mim, me joguem logo dessa sacada.

- Você é muito bonito para morrer assim tão cruelmente irmãozinho. – Itachi tirou as sacolas das mãos de Sasuke – Sentem-se e vamos tratar de assuntos sérios. Depois podemos nos divertir um pouco.

Itachi pediu para Sakura detalhar todas as reações de seu tio no dia do enterro de seus pais, pediu também para Sasuke explicar as ações de Madara no colégio...

- Hm... – ele colocou a mão no queixo e suspirou – Fomos muito ingênuos Sasuke.

- Por quê?

- Ter confiado no nosso tio. Depois que nos mudamos para a casa dele e percebi que Madara tentava de todas as formas possíveis me tirar de perto de você, comecei a pensar coisas óbvias. – Itachi se encostou no sofá e cruzou as pernas – Ele pode ter sido o responsável pelo acidente de nossos pais. Eu já imaginava isso e agora com que Sakura acabou de falar, minhas certezas estão completas.

- Como assim Itachi san?

- Não acham que ele apareceu em Osaka rápido demais? Konoha fica bem longe de Osaka.

- É verdade. – Sakura se levantou – Na primeira vez que terminamos o motivo foi a distância. Ele não poderia ter chegado a Osaka duas horas depois de saber da morte dos seus pais. Ele já estava em Osaka...

- Ele já sabia que isso ia ocorrer. – Sasuke bateu fortemente na mesa – Como ele ousou fazer isso com o próprio irmão?

- Quando éramos mais novos você disse que ia me matar se eu continuasse a falar carinhosamente com a Sakura.

- Madara poderia...

- Não faria sentido matá-la. – Sasuke interrompeu – Se ele amava nossa mãe porque a mataria?

- Nosso pai iria sair sozinho naquela noite. Era uma reunião da empresa, mas mamãe queria acompanhá-lo já que era o aniversário de casamento deles. Ela queria comemorar.

- Como você sabe disso?

- Eu estava em casa tolinho. – o Uchiha mais velho sorriu – Não estava no bosque encantado com a princesa.

- Itachi san, eu não sou uma princesa.

- E quem disse que não é?

- Itachi! – Sasuke bufou

- Vocês dois não estão mais juntos, tenho passe livre irmãozinho.

- Ouse fazer isso e eu te jogo pela sacada.

- Eii vocês dois, parem. – Sakura sorriu envergonhada – Estamos aqui para conversar sobre Madara.

- Acabamos de provar que Madara poderia ter matado nosso pai porque tinha inveja dele. Que ele amava mamãe... Você me ameaçou por causa de Sakura.

- Isso foi um teste? – Sasuke perguntou

- Claro que sim.

- Hmpf.

- Madara aquela noite pode ter pensado que Fugaku estava sozinho, acho que ele ficou surpreso quando soube que Mikoto san havia morrido também. – Sakura se sentou novamente – Por isso que quando seus olhos pousaram no caixão de Mikoto estavam tristes.

- Nosso tio queria o dinheiro dos Uchiha e nossa mãe. Tome cuidado Sasuke, Madara ainda não sabe que eu voltei, por isso... Tome cuidado.

- Itachi, você é bem amigo do Hidan. Você não o mandou dar aulas no colégio apenas para me vigiar, não é?

- Claro que não. Foi para vigiar Sakura também. – Itachi sorriu

- Me vigiar?

- Madara nunca gostou de você, eu temo o que ele possa fazer. Sempre achou que você é uma má influencia para meu irmãozinho.

- Mas isso ele tem razão. Sakura é uma má influência para mim. – o mais novo deu um sorriso de canto – E eu não trocaria nada disso por outra coisa melhor.

- Ah que ótimo. – corou – Os Uchiha são terrivelmente sedutores. E agora tenho dois no meu encalço. Maravilha. – bufou

- Não seja boba. Muitas desejariam estar em seu lugar, mas nenhuma é uma princesa como você cunhadinha.

- Itachi eu não sou mais sua cunhada.

- Sempre será. – sorriu zombeteiro – Estão com fome? Está na hora do almoço.

- Não será você que irá fazer nosso almoço.

- Claro que não irmãozinho, já fiz. – ele se levantou ao escutar a campainha soar – Comprei uma pizza da melhor pizzaria de Konoha.

- Faz bastante tempo que não como pizza.

- Espero que o gosto de vocês não tenha mudado. Comprei a de sempre, calabresa.

- Itachi san, quem não gosta de calabresa? – Sakura sorriu e se levantou para ajudá-lo.

Os dois voltaram para a mesinha que ficava no centro da sala e se sentaram no chão. Encaram Sasuke, esperando que ele faça o mesmo. O Uchiha mais novo bufou e se sentou também. Os três sentados em volta da mesa sorriam, brincavam e comiam.

- Se lembram da última vez que fizemos isso? – Itachi sorriu ao vê-los ruborizar – Foi quando os peguei se amassando no nosso jardim e aí para descontrair o clima eu organizei tudo.

- Itachi san não é necessário nos lembrar esse acontecimento.

- E por quê? Vocês não sabem como a cena estava engraçada.

- Você é um idiota Itachi.

Enquanto terminavam com os pedaços da pizza, Itachi pedia gentilmente para os dois contarem como andava a vida deles. Ele sorria abobalhado quando escutava as travessuras que os dois faziam. Mesmo com essa idade ainda agem como duas crianças, pensou.

O entardecer logo chegou, Sasuke e Sakura se despediram de Itachi e o mesmo fez mais uma vez Sakura corar e prometeu que logo iriam se encontrar novamente.
Esperou-os sair para pegar o telefone...

- Sasori, nós temos um trabalho para fazer. – falou seriamente enquanto olhava uma foto dos seus pais

x-x-x

Sasuke e Sakura não demoraram muito para chegarem ao colégio. Ele a acompanhou até no inicio do dormitório feminino.

- Hoje o dia foi muito divertido Sasuke. – ela sorriu – Itachi não mudou nada.

- Continua o mesmo idiota de sempre. Fico feliz que tenha gostado.

- É hora de nos despedirmos, certo? Boa noite Sasuke...

- Isso é seu. – ele lhe entregou uma sacola – É blusa por qual você se apaixonou.

- Eu já tinha me esquecido disso. Eu não queria que você comprasse.

- Um presente por ter me ajudado. – se distanciou – Boa noite Sakura.

Você esteve sozinha
Você esteve com medo
Eu fui um tolo
De diversas maneiras
Mas eu mudaria minha vida
Se você pensasse em tentar me amar

Ele olhou para o colar que tirou de seu bolso, um colar que ele lhe entregaria quando ela lhe disser sim, quando permitir seu toque novamente. Quando finalmente obter seu perdão.

Por favor, me dê outra chance
Para escrever-lhe uma outra canção
Esqueça aquelas coisas que eu fiz
Porque eu te darei meu coração
Se você me deixar começar tudo de novo