Mistake escrita por Fidelity


Capítulo 7
Entrando Numa Fria


Notas iniciais do capítulo

~TÍTULO DE SESSÃO DA TARDE POR QUE VAI TER A VER COM O PRÓXIMO, AGUARDE E CONFIE!!!~
gENTE, recebi uma recomendação *-* obrigada Amante Imortal, sua liiiinda, vc sabe que já surtei nas MP's, enfim kkkkkk
Demorei por que estava viajando e não pude postar, levei até o notbook pra praia por que na barraca tinha wi-fi, mas achei melhor esperar chegar.
Enfim, boa leitura!



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Eu pensei que, depois da nossa madura conversa no parquinho próximo à minha casa, estaria tudo terminado entre eu e Christian e poderíamos nos comunicar apenas por telefone dali para frente.

Doce Ilusão.

Christian, do nada e de repente, resolveu se tornar o melhor pai da década. Ele me ligava todos os dias para perguntar como eu estava e disse que já havia contado para a mãe.

– Ela pareceu estranhamente animada com isso. – Ele me falou, no telefone.

– Você está estranhamente animado com isso, garoto. – Respondi, distraída, tentando entrar em um vestido justo. Minha barriga parecia a barriga de uma criança com vermes um pouco fora do controle. Ou algo do tipo.

– Tanto faz. E vamos contar para o meu pai... Amanhã a noite.

– Quanta maturidade. – Dei uma risadinha – Precisando da ajuda da mamãe para contar que engravidou alguém.

– Pare de pirraçar. – Respondeu. – Você contou sozinha?

– Claro. – Não quis contar a ele que talvez tenha deixado escapar para a mamãe no calor de um momento e ela contou para o papai. – Olha, eu não me interesso na sua vida. Desculpa, tá, mas é verdade. Me diga o que você quer.

– Tá. Minha mãe disse que quer pagar as consultas médicas até o fim da gravidez e não me pergunte por quê, eu nem tinha a falando disso ainda. Ela disse que vai fazer um cheque.

– Que ótimo. – Arqueei as sobrancelhas. Peguei a maçã que estava em cima da mesa e dei uma mordida. Estava faminta. – É só isso? Tenho um jantar de família na casa da minha avó.

– Onde sua avó mora?

“É da sua conta?”, pensei – Dois quarteirões depois da minha rua. Na esquina. – Falei, meio sem pensar. – Por quê?

– Estou lá em quinze minutos.

– Surtou? – Literalmente gritei. Ouvi um grito assustado da minha mãe do seu quarto, mas tirei o telefone do ouvido e respondi “nada”.

– Está na hora de você contar para a sua família que o bebê tem um pai.

– Já falei que ele será adotado.

– Você falou que estava pensando.

– Tá. Mas olha, Christian, você não pode, a vovó e o vovô acham que eu só estou engordando por causa de vermes e...

– Que nojo, Amanda! Fale a verdade para os senhores!

– Cale a boca! Você não vai, eu te proíbo!

– Vai ser uma surpresa e o seu pai não vai poder me bater com o taco de golfe dele.

– É de beisebol. Mas meus tios jogam golfe e aposto que tem tacos na casa da vovó.

– Eu estou entrando no carro.

– Não! – Revirei os olhos, sem opção. – Vista algo decente! – E desliguei.

***

A tensão durante os passeios de carro já tinham acabado, e agora meus pais reclamavam do insuportável trânsito da cidade e das obras intermináveis do novo aeroporto, enquanto minha irmã conversava com alguém no celular. Mas eu fiquei calada o tempo todo.

Ai meu deus. Hoje, eu vou me encrencar.

Quando entrei na casa da minha vó, cumprimentei todos os meus tios, primos, tias (Que passavam a mão na minha barriga discretamente, com medo dos meus avôs acabarem descobrindo alguma coisa), sorri para Morgana e dei uma desculpa de que estava indo ao banheiro.

Corri para o “Quartinho da bagunça”, onde encontrei os tacos de golfe que eram, na verdade, do meu avô. Meus tios não jogam golfe. Eles nem levantam para ajudar a vovó a por a mesa, quanto mais para praticar um esporte. Levantei a bolsa, pesada demais para eu tirar dali.

“Grávidas não podem carregar peso” Falou minha professora de artes quando fui levantar algumas cadeiras para ajudar a arrumar a sala.

“Meu avô carrega isso?” Pensei. “Ah, é. Ele não joga mais.” Desde que descobrimos que ele e a vovó tinham Alzheimer, parou de jogar. E de fazer qualquer coisa, na verdade. Mas meu pai ainda pode tentar pegar esses tacos e jogar no Christian. Ele fez isso uma vez, com um namorado da Michelle. Não, foi com o de beisebol mesmo. Deixa pra lá.

Larguei a bolsa gigantesca no chão do quarto e peguei a chave, trancando tudo.

Vamos apenas garantir que alguém vai pagar minhas coisas, certo?

Recebi uma mensagem de Christian, avisando que estava chegando.

– Vovó? Vovô? – Gritei – Ah, a senhora está aí. – Segurei a mão dela, falando próximo ao ouvido – Acho que a tia... Melinda está te ligando. No telefone. Lá em cima.

– Melinda? – Ela respondeu. Droga.

– É, Melinda. A... loira. – Dei um sorriso amarelo. – Telefone. Lá em cima.

– Melinda. Já vou. Obrigada, Morgana.

– Amanda.

– Obrigada, Isabella.

Virei as costas, ouvindo meus tios falarem alto.

– De quem é esse carro parado na porta da garagem?

Mau começo, Christian.

– Eu vou perguntar! – Me prontifiquei, levantando a mão. – Aproveito e peço para sair da garagem da vovó. – Sorrindo, apertei o botão do interfone, ao lado da porta da cozinha, e saí.

Caminhei pela calçada e lancei um olhar de raiva a um Christian atrapalhado saindo do carro.

– Você é idiota? – Dei um tapa em seu ombro. – Saia da garagem da minha avó!

– Eles dirigem? – Olhou surpreso.

– Não! Só saia! Idiota!

Ele entrou no carro novamente, e deu ré até estar o mais longe possível da garagem, quase na outra esquina da rua. Meu Deus, o pai do meu filho tem retardo mental.

Fiquei parada na porta da casa, encostada por uma pedra, enquanto Christian andava até mim.

– Escondi os tacos de golfe. Boa sorte.- Abri espaço para ele passar.

***

Se contar para a minha família que estava grávida tinha sido “fácil”, toda a dificuldade foi devolvida ao triplo quando entrei com aquele garoto desconhecido na sala.

– Mãe, pai, tia...enfim, família. – Comecei. – Eu... – Olhei para os lados, desesperada. – Acho que a vovó esqueceu de desligar o fogão! Já volto. – Abri a porta da cozinha bruscamente e entrei. Meu avô estava ali, quieto, jogando paciência com o celular de algum dos meus tios, parecendo um pouco confuso. Sorri, dei a volta pela porta dos fundos, e me esgueirei como uma criancinha até a janela da sala, onde vi Christian começando a falar. Não conseguia ouvir o que ele estava falando, mas o meu pai se levantou, olhando ameaçadoramente para o coitado, que apesar de ser mais alto que o meu pai (não consegui definir se papai era muito baixo ou Christian muito alto, mas tinha uma certa diferença de altura ali.)

Minha mãe se levantou e pensei que ia brigar com ele, mas simplesmente se virou para a janela, o que me fez ser notada por todos presentes ali.

Minha tia abriu a janela, dando apoio a minha mãe e eu só escutei:

– Amanda Miller, não fuja dos seus problemas!

Entrei na sala pela porta da frente, com o mesmo “sorriso amarelo”.

– Mãe, não grite! – Sussurrei – A vó e o vô vão escutar!

– O pai está tão distraído com aquele joguinho no celular que não vai escutar nada. – Ela parou por um instante. – Espera, cadê a minha mãe?

– Eu mandei ela atender o telefone, mas...

– Melinda não estava me ligando, Morgana. – Falou a minha avó, saindo do corredor e abrindo a porta da cozinha para encostar, deixando aberta.

– Amanda.

– Quem é Melinda? – Perguntou minha mãe.

– Tia Melinda, mãe. – Dei uma cotovelada nela.

– Ah. A ligação deve ter falhado, mãe. – Respondeu.

Estávamos eu, minha mãe e Christian com olhar bobo parados em pé no meio da sala, olhando para a minha avó.

– Vovó, senta ali, por favor? – Falei, apontando para o lugar no sofá ao lado da mesma tia que tinha entregado meu esconderijo, abrindo a janela. Ela andou devagar até lá e se sentou. Minha mãe se apressou em sentar do lado dela. – Primeiro, querida vovó, minha avó preferida, por favor me desculpe.

– O que está acontecendo? – Ela perguntou. Todos da família estavam em silêncio. A vareta humana, Christian, estava parada ao meu lado esperando alguma reação.

– Bom, eu sou extremamente irresponsável, e sinto muito por isso, segundo, não contar para a senhora foi ideia da mamãe, e terceiro... – Abaixei a cabeça, apertando os olhos. – Estou grávida.

Ela suspirou assustada, olhando para a minha barriga, depois para o garoto alto parado ao meu lado, para minha mãe, e de novo para mim.

– Se quiserem bater em alguém – Abracei o braço de Christian – Eu sou uma mulher grávida, então, não podem. Mas podem bater nele. – Ri, nervosa, dando um soco no braço do garoto e soltando – Até eu quero bater nele, mas vou fazer ele pagar tudo. Não é?

– Sim. – ele respondeu , também olhando para baixo e alisando o próprio braço.

– Isso vale para todos. – Falei. – Vamos lá, batam nele.

– O que você pretende fazer, Amanda? – Perguntou a minha avó, um pouco assustada.

– Minha filha irresponsável pretende entregar para a adoção. – Interveio meu pai, e eu assenti.

– Terminamos por aqui? Vamos jantar? – Puxando uma cadeira na mesa, e lançando um olhar para Christian, falei: - Você não. Tchau.

– Amanda está grávida? – Falou meu avô, que tinha surgido do nada. Me virei e só deu tempo de vê-lo ser amparado por minha mãe, meu pai e mais algumas pessoas enquanto desmaiava.

Droga.

– Olha o que você fez! – Dei um tapa forte na cabeça do garoto. Morgana passou carregando um copo com água e eu corri para abanar o rosto do meu avô, segurado por tios e meu pai.

– Vamos levá-lo para o hospital! – Falou alguém. – Ele tem pressão alta!

– A gente sabe, Mary. – Respondeu minha mãe, pegando a bolsa.

– Eu levo no meu carro! – Falou Christian, elevando a voz.

Por um instante todos pararam o que estavam fazendo e olharam para ele, parecendo cogitar a possibilidade, até que uma risada perfeitamente sincronizada invadiu a sala. O garoto ficou sem expressão.

– Essa foi ótima. – Disse minha mãe. – No nosso carro. Mary, James, venham com a gente. Amanda, Michelle, se virem aí. – Em concordância, foram todos saindo apressados para os devidos carros.

– Boa tentativa. – Segurando Morgana com uma mão e Michelle com a outra, chamei Christian com um gesto com a cabeça e fomos para o carro dele.

– Que loucura. – Pronunciou Michelle pela primeira vez naquela noite. – Adorei seu carro, Christian, devia providenciar um para a Mands.

– Michelle! – Reclamei, virando para olhar as duas sentadas no banco de trás.

– Espero que você não mate o vovô do coração. – Falou Morgana, rindo.

– Vira essa boca pra lá! – Respondi.

***

Depois de um tempo amontoados na sala de espera, resolvi sair para respirar. Uma enfermeira já tinha falado que provavelmente não era nada demais e iam fazer alguns exames pra garantir, então saí caminhando pelo hospital e acabei chegando na maternidade.

Havia uma sala de espera e uma garotinha sentada ao lado de uma senhora de idade, ambas parecendo esperar algum parto acabar.

Olhei para o berçário, onde havia um homem vestido de branco sorrindo apaixonadamente para um bebezinho, que estava em seus braços.

Instintivamente levei a mão à barriga, mas logo tirei.

“Ótimo, saia daqui.” Pensei.

Encontrei minha mãe na sala do hospital, conversando com um médico junto com um vovô já em pé, parado ao lado dela. Todos já estavam saindo, e minha mãe mandou adiantar com papai e Michelle.

– Posso falar com você? – Falou Christian, que ainda estava ali.

– Tudo bem. – Lancei um olhar para o meu pai, que devolveu um olhar raivoso, mas virou para o carro.

Acompanhei Christian até o carro dele. Me apoiei no capô, esperando uma reação. Ele me olhou de volta e pareceu lembrar do que ia fazer. Abriu o porta malas, pegou um embrulho e estendeu.

– Desculpe por aparecer na casa da sua avó e... indiretamente fazer o seu avô ter uma parada cardíaca. – Falou.

– Ele não teve uma parada cardíaca. – Olhei para o embrulho, ainda estendido. – Comprou um presente?

– Não, foi a minha mãe que mandou.

Peguei o embrulho azul bebê e abri. Tinha uma roupinha de bebê que dizia “Sou Da Vovó” estendi e olhei para o garoto parado na minha frente.

– Eu também não entendi. – Deu de ombros.

– Agradeça a ela, tudo bem? – Sorri, confusa. – Tchau.

– Tchau.

Virei-me e voltei para o carro do meu pai, ainda olhando para a blusinha. Ri pelo nariz enquanto virava a cabeça e via Christian dando um tchau com a mão.


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Notas finais do capítulo

Estava querendo mudar a capa, mas eu gosto tanto dessa que fiquei na dúvida agfsdags vocês querem que eu mude?



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