Mistake escrita por Fidelity


Capítulo 6
Parabéns, papai!


Notas iniciais do capítulo

SOU A PIOR PESSOA DO MUNDO COM TÍTULOS KSHJKSFJAFJ. 57 acompanhamentos, turn down for whaaat! (Eu queria falar dos acompanhamentos desde sempre, mas sempre esquecia.) Tive uma séria crise existencial enquanto escrevia esse capítulo, pois estava todo pronto e quando fui salvar, apertei em não salvar E NÃO SALVEI JYTRGASDSDFJH aí eu tive que escrever tudo de novo. (mas ficou maior, aehoooo)



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Elevator buttons and morning air. Stranger silence makes me wanna take the stairs.

Entrei no elevador do centro médico gigante e apertei o botão do quinto andar. Estava cheio, e as pessoas ficavam olhando para os números e tremendo a perna como se isso fosse fazer o elevador ir mais rápido. Dei uma risadinha.

Depois da escola inteira descobrir que eu estava grávida, por incrível que pareça, eu estava com menos peso na consciência. Só não entendi por que.

Os meus colegas passaram, depois da onda de me perguntarem (e me irritarem) quem é o pai, eles estavam até tendo aquele sentimento, que com certeza saia do lado mas obscuro e profundo de seus corações:

Compaixão.

Minha mãe decidiu que já que não tinha mais nada para esconder, eu tinha que começar a fazer compras para o bebê. E um chá de bebê. Eu quero vomitar. E não é por causa do filho não.

Mãe, eu não sei o sexo da criança.”

“Mas eu quero começar a comprar as roupas! Podemos comprar amarelo, já que não sabemos se é um netinho ou uma netinha!”

“Mãe, eu não sei nem se eu vou cuidar do bebê! Eu não decidi nada ainda! Só que não vou abortá-lo!”

Ela deve ter ficado um pouco triste ou ofendida, por que parou de conversar sobre roupas e chazinhos comigo.

Mas a minha madrinha ainda está me fazendo ir ao médico. O que é bom, eu deveria agradecer. Obrigada, madrinha. Eu...

Um homem me deu um empurrãozinho no ombro e só ai eu percebi que já estava no quinto andar. Agradeci e saí andando o mais devagar possível.

Não me leve a mal, eu estou agradecida por ter alguém pagando para eu ir ao médico, mas grávidas podem ser muito cruéis ás vezes.

Olha, eu tenho dezesseis anos e a maioria das mulheres que frequenta aquele consultório tem uns trinta e elas fazem questão de olhar pra mim com aquela cara de “Onde esse mundo vai parar!”

Quem eu quero enganar? Eu faço essa cara quando me olho no espelho. Aliás, minha barriga realmente cresceu de uma hora para outra, o que é bizarro. Mas eu ainda não estou do tamanho de um planeta anão.

Quer um resumo rápido? O médico disse que íamos finalmente descobrir o sexo do bebê, mas ele resolveu virar-se ou sei lá o que, o que vai deixar minha mãe muito triste. Ele disse para voltar na semana que vem e poderíamos tentar. Que escolha eu tenho?

Tenho algumas outras coisas para me preocupar no momento, inclusive. Uma delas é Christian.

Eu estava sentada na minha cama, com Morgana novamente assistindo suas séries e fazendo comentários sobre as mesmas, lendo uma dessas revistasCosmopolitan, quando a minha irmã entra sorrateiramente no quarto.

Quer dizer, ela só entrou em silêncio e eu me assustei quando ouvi a porta fechar, fechando a revista.

Ela tinha uma expressão meio tensa.

– Adivinha quem me ligou. – Falou se aproximando da cadeira da escrivaninha e sentando.

– Tá namorando de novo? – Perguntou Morgana, tirando os fones.

Não é sobre isso! – Respondeu, nervosa. – Christian. – Ela abaixou a cabeça.

– O quê?- Levantei, desesperada. – O que ele queria com você?

– Imagina se ele ligou pra dar em cima da Michelle, e você que está grávida. – Falou Morgana, sorrindo. – Nossa, dava um filme.

– Me poupe desses comentários, prima. – Michelle fez um gesto de “não”

– Tem gelo aqui? Por que eu só estou tentando quebrar ele. – Respondeu.

– Fala logo! – “Seja sobre a carteira, seja sobre a carteira”, implorei mentalmente.

– Bom, ele soube dos boatos na escola. – Falou. – Sobre você. Ele queria falar com você, mas eu desliguei e tirei a bateria do celular.

– Por que você tirou a bateria do celular? – Falamos eu e Morgana juntas.

– Para ele não ligar! Vocês são burras? – Revirou os olhos. – Ele queria a todo custo falar com você!

– Como é que é? – Eu e Morgana, paradas na frente de Michelle, viramos assustadas ao ouvir a voz da minha mãe, que tinha metade do corpo escondido atrás da porta. – Esse é o garoto, Amanda? – Ela olhou para a minha barriga.

– Mãe, é feio ouvir atrás da porta. – Falei, puxando ela pelo braço pra dentro do quarto.

– É ou não é? – Ela lançou aquele olhar para mim.

– É. – Respondi, abaixando a cabeça.

– Eu disse que isso ia chegar nos ouvidos dele. – Interrompeu Morgana, olhando para Michelle, sentada na cadeira. – Eu sou uma mutante, agora vocês tem que acreditar no que eu falo.

– Chega de comentários inconvenientes! –Minha mãe respondeu. – Vamos ligar para esse garoto.

– Mãe, essa decisão não devia ser minha? – Falei, enquanto minha mãe olhava para Michelle com a mão estendida.

– Você já tomou decisões demais e elas não foram muito boas. Anda, Michelle. – Minha irmã entregou o celular. Droga.

***

Estávamos as três sentadas na minha cama, enquanto minha mãe ligava para Christian.

– E você dirá que quer encontrá-lo. – Falou ela.

– Mas mãe...- Respondi. – Então eu vou sozinha. Se você chamar o papai, ele vai querer levar o taco de beisebol dele.

– Está bem, agora...

Ele atendeu. Minha mãe passou o telefone rapidamente para a minha mão.

– Alô? – Eu estava literalmente suando frio. Meu coração disparou.

– Quem é? – Respondeu a voz masculina. – Não é a Michelle, é?

– Amanda. – Falei baixinho, desejando que ele não ouvisse.

– Amanda, meu deus. – Ele pareceu ficar bem mais sério. – Você tá gráv...

– Podemos nos encontrar em algum lugar? – Minha mão estava tremendo.

– Claro. Agora. Onde você está?

– Em casa, ué. – Ouvi minha mãe dar um tapa na própria testa – Mas você não vai vir pra cá! – Me corrigi, rapidamente – Vamos nos encontrar naquele parque perto da minha casa. Você sabe onde é, né?

– Sei. Chego aí em alguns minutos.

– Tchau. – Não esperei resposta, e apenas desliguei.

– Então, vamos. – Falou minha mãe, e levantando. Vou te deixar lá.

Morgana e Michelle se levantaram, seguindo a mim e a minha mãe.

– Vocês não estão convidadas! – Falei.

– Quem disse que precisamos de convite? – Respondeu minha irmã, saindo. Morgana e minha mãe já estavam descendo as escadas. Coloquei uma jaqueta qualquer e saí do quarto, mas voltei rapidamente para pegar a carteira de Christian.

***

Estava um frio congelante no parquinho, e tinham algumas crianças brincando por ali, sem nenhum casaco. E eu aqui, congelando! Sentei em um balanço e fiz uma trancinha no cabelo, que não pude terminar, já que não tinha nenhuma liga de cabelo comigo.

Vi um garoto virando a esquina correndo, e apesar do capuz cobrindo o cabelo, era ele.

Christian.

Ele me viu sentada, e correu até mim, sentando- se no balanço ao lado, ambos olhando para o chão. Devagar, começou a levantar o olhar direto para a minha barriga, já grande ao suficiente para entender que eu estava grávida.

– Você veio andando? Vai adoecer. Está frio. – Falei, para puxar assunto.

– Meu carro está logo ali. – Respondeu. – Você ficou no frio me esperando, e...

– Não tem problema. – Enfiei a mão no bolso, pegando a carteira. – Esqueceu lá em casa.

– Obrigado. Pensei que tinha sido roubado na rua ou algo do tipo. Tive que fazer outros documentos, então...

– Você foi roubado, de certa forma. – Dei uma risadinha, olhando para o céu. – Não tem mais um centavo aí. Mas eu tô grávida, então era meu direito.

– Tudo bem. Então...

– Então.

– Quantos meses? Três, quase quatro, certo?

– Você sabe melhor do que eu. Perdi a conta.

– Você está indo ao médico?

– Minha madrinha anda pagando pra mim.

– Eu vou pagar agora. Eu vou assumir, é claro. E vou te dar dinheiro para comprar berços, e roupas, e esse blá, blá, blá.

– Não precisa de tanta coisa. Eu acho que a adoção é a melhor escolha. E pode contar isso para os seus pais, viu? Não vou ser a única a me encrencar. E sim, você vai pagar meu médico. Não é um problema, certo? Você come diamantes com salada no café da manhã. – Levantei, a trança interminada, porém sem ter se desmanchado completamente, caindo sobre o ombro. – É só isso?

– Posso te ajudar a escolher a família para adoção? Quer dizer, se pretende...

– Tá. Sabia que um garoto se ofereceu par assumir o bebê? Ainda bem que me ligou logo, ou eu poderia até ter aceitado. – Mexi no cabelo, pirraçando.

– Ei! – Ele se levantou também. – Aliás, você não pretendia me contar sobre isso, pretendia?-

– Como você descobriu que eu estava grávida?

– Eu perguntei primeiro.

– Não, não pretendia. Como você descobriu?

– Colegas me disseram que “a irmã da Michelle estava grávida”.

– E você simplesmente deduziu que era seu?

– É, não é?

– É óbvio que é! – Respondi, ofendida. – Acho que eu já vou, certo? Está frio e ventando muito. A gente pode conversar depois.

– Espera um pouco. – Me virei, com as mãos nos bolsos, olhando para ele. – É uma menina ou um menino?

– Não descobriu ainda?

–É óbvio!

– Ah, sim. Eu queria que fosse menina.

– Você não tem que querer nada – Rimos, os dois, mas eu parei de rir bruscamente. – Bom, pra mim tanto faz.

– Se for menina, vai ser uma princesinha de vestido rosa e coroa.

“Da onde você tá tirando essas coisas, criatura?” pensei.

– Bom, eu acho que pode ser uma princesinha usando preto e um colar doguetto. – Nós rimos, novamente. – Tchau, Christian.

– Quer uma carona?

– Minha casa é perto.

– Tá frio. – Ele fez uma expressão autoritária.

– Você não se importa comigo. A gente se odeia, lembra?

– Verdade. – Ele pareceu pensar um pouco. – Mas você tá grávida de mim e vai ficar doente, anda, vamos para o carro.

Revirei os olhos rapidamente e o segui até o carro. Como eu disse: Christian come diamantes com salada no café da manhã, diamantes ao molho pardo na janta e toma banho com dinheiro, então seu carro era definitivamente chique. Estou grávida dele, então por que não aproveitar?

– Sou uma grávida faminta. Você deveria comprar comida para mim. – Falei, brincando.

Ele riu, mas respondeu:

– Quer ir no Starbucks? É ridículo, mas é o que tem por perto. Eu pago.

– Serve. Mas ainda te odeio.


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Notas finais do capítulo

Obrigadaney a quem desejou sorte pra mim no recital, deu tudo certo! (quase tudo, eu bati o pé no palco quando estava subindo e quase caí, mas disfarcei. KKKK)