Tomorrow Heroes — The Heirs of Avengers escrita por Lady Twice


Capítulo 12
Chapter XI-Alyss Foster




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–Tem certeza que consegue carregar ela?- o garoto atrás da minha madrinha perguntou à Howard pela terceira vez. Ele, nervoso, levantou a cabeça.

–Absoluta, cara.- disse.

–Certo. Você nos deve algumas explicações, milady.- Owen disse, quando o choque do desmaio de May passou.

–E umas boas.- eu completei. -Começando por por que estamos aqui.

Ela suspirou.

–Sabemos tanto quanto vocês.- disse o garoto atrás dela, começando a me irritar. Ele se parecia com minha madrinha, de certa forma. Era, sem dúvidas, bonito; com os olhos azuis cintilantes e os cabelos castanhos rebeldes. Usava um manto de peles roxo e levava uma espada de duas mãos no cinto. Ele me parecia levemente familiar, mas eu não fazia ideia do porquê.

–Não, sabem de algo a mais.- James disse. -E, aliás, quem é você?

O garoto suspirou, e olhou para a minha madrinha-que também suspirou antes de me encarar.

–Alyss, você sabe que meu interesse em seu pai não poderia ser menor, não sabe?

–Claro que sei.- devolvi. -Ou você não teria aceitado ser minha madrinha quando mamãe pediu.

–Certo.- ela confirmou. -Eu me casei com Balder, o mais gentil e amado dos deuses, que foi resgatado do Reino de Hela por Thor, rei dos deuses e seu pai.

Assenti, apesar de estar meio confusa. Eu já sabia disso, papai me contara. Mas, pensando bem, não parecia que ele me contara muito.

–Mas o que esse garoto tem a a ver com isso?- perguntei, impaciente.

–Você não era tão impaciente assim.- ela disse.

–Bom, eu não estava totalmente sem comunicação com meus pais e perdida com cinco amigos. Quem é ele, madrinha?

–Este é Aryeh, Alyss.- ela o indicou pacientemente com a mão, e ele levantou as sobrancelhas. -Ele é meu filho.

Senti meu mundo cair. Como assim ela nunca falara para mim, sua afilhada, que tinha filhos?

E a lembrança de minha única vez em Asgard veio à tona. Eu me lembrava dos corredores dourados, de passear com tia Sif, tio Balder e papai pelos jardins. E lembrava de uma garota e dois garotos brincando.

A garota devia ser uns dois anos mais nova que eu, com oito na época. Ela se parecia muito com um dos garotos, o moreno de olhos azuis que observava a menina e o menino loiro discutirem. Perguntei ao meu pai quem eles eram, e ele me disse que eu estava imaginando coisas. Mas porquê ele esconderia aquilo de mim? Eu não sei.

–A senhora tem filhos?- Owen perguntou, surpreso, olhando para mim. -Com Balder?

Entendi o que ele dizia, e saquei o livro que os garotos tinham achado de minha bolsa- que, milagrosamente, ainda estava comigo. O abri na página que eu já tinha lido e relido e o entreguei para minha madrinha.

A impressão dos garotos sobre ele estava certa. O livro afirmava que eu tinha um meio-irmão chamado Erik, que estava sendo treinado para ser rei de Asgard e falhando miseravelmente.

Minha madrinha levantou as sobrancelhas, e fez com que Aryeh lesse também.

–Onde achou isso?- ele me perguntou, calmo. Sabia que ele perguntava porque sua mãe explodiria se fosse falar qualquer coisa. Olhei, furiosa, para Owen e Howard.

–Digamos que meu pai esqueceu isso em Midgard.- respondi.

–É verdade?- indagou James, e Aryeh suspirou.

–Mãe?

–Conte-os tudo, Aryeh. Tudo.- ela disse, e deu as costas para nós. -E, aliás, leve-os para a biblioteca e providencie roupas adequadas. Devem estar morrendo de frio aqui no topo de Yggdrasil.

E se foi.

Aryeh fechou o livro, tomando o cuidado de marcar a página, e fez sinal para que nós seguíssemos ele. Enquanto caminhávamos de volta para o Palácio- de meu pai, agora eu sabia -, James se aproximou de mim.

–Não estou gostando disso, Alyss.- ele disse. -Esse cara...

–Não vejo nada de errado com ele.- devolvi, mirando a nuca de Aryeh. -Mas tem sim, algo errado. Que estão escondendo da gente.

–E precisamos descobrir o que é.- ele completou.

–Concordo.- eu disse. -Até lá, tente ser gentil com o pessoal daqui. Eles foram receptivos da vez que eu vim.

–Tão receptivos que não te contaram nada sobre esse cara, ou sobre o casamento de sua madrinha, ou sobre seu suposto irmão.- James devolveu.

–Bom, eu sei porque não me contaram nada sobre eu não ser a herdeira.- sorri. -Se eu tenho mesmo um irmão mais velho, ele é Príncipe Herdeiro por direito. Não eu.

–Mas sempre te fizeram acreditar que você é a Princesa Herdeira.

–James, eu não sou uma deusa completa.- repliquei, tomando cuidado para não ser ouvida. -Sou metade mortal, você se esquece. Nem se eu quisesse o trono seria meu, porque minha vida é curta em relação a deles.

Ele bufou.

–Algo ainda cheira mal aqui.

–Cheira sim.- concordei. -E nós descobriremos o que é.

Foi quando Aryeh parou de andar. Ele suspirou, eu ouvi, e se virou para nós.

–Acha que ela ainda vai ficar desmaiada por quanto tempo?- perguntou, a ninguém em específico. Olhei para Ben.

–Se essa é a May, vai acordar alguma coisa como agora.- o ruivo disse, e Mayday abriu os olhos. Aryeh levantou as sobrancelhas, impressionados.

–Me perdoe, Prinsesse, mas ainda não sei seu nome.- ele se virou para mim, todo formal. Quase dei risada.

–Sou Alyss. Alyss Foster Odinson.- devolvi, porém.

–Acho que posso te chamar de Alyss, não?

–Vamos ver...- brinquei. -Você é filho da minha madrinha. Está prestes a contar pra gente o que de verdade está acontecendo. E, provavelmente, meu pai te adora, já que você é filho do tio Balder e da tia Sif.

–Como sabe disso?- Howard perguntou, enquanto May se punha de pé. Sorri para ela.

–Intuição feminina.- respondeu a ruiva por mim, e só então pareceu reparar em Aryeh direito. Me lançou um olhar travesso que indicava o que ela achava do meu recém-conhecido primo, e eu revirei os olhos.

–Sim, você pode me chamar de Alyss.- eu disse por fim.

–Certo.- Aryeh disse, segurando a risada. -Vá com sua amiga até a quinta porta à esquerda. Vão arranjar roupas adequadas para vocês duas lá.

–E os meninos?- May tirou as palavras de minha boca.

–Eu mesmo lhes arrumarei trajes.- meu primo sorriu, sem-jeito. -Pergunte à qualquer uma das criadas como chegar à biblioteca. Nós as encontraremos lá.

Quando Aryeh se virou, sorrindo e falando para os meninos o seguirem, James me lançou um olhar desconfiado. Eu levantei as sobrancelhas como quem diz que tudo está bem, e ele acompanhou os outros. Ben e Owen já haviam engatado uma conversa com Aryeh, que os ouvia e respondia com balanços de cabeça. Howard andava ao outro lado de Aryeh, periodicamente acrescentando algo, enquanto James pisava forte ao lado do Stark. Revirei os olhos e fui com May para a sala que Aryeh nos indicara.

–Você nunca me disse que tinha um primo tão lindo assim.- ela brincou.

–Se eu soubesse, teria dito.- devolvi.

–Ele é mesmo filho da sua madrinha?

–É, é sim.

–Com seu tio Balder?

–Uhum.

–Incesto rola solto por aqui, né?

–Cala a boca, Mayday.

Quando abri a porta da tal sala, as criadas pararam de conversar. Eram todos belas mulheres, mas de cores diferentes-como azul, rosa e roxo. Provavelmente vindas das raízes mais profundas de Yggdrasil para servir o Palácio, o que era triste.

Elas me fitaram primeiro, e se curvaram numa reverência. A que parecia ser a líder se dirigiu à mim.

–Prinsesse?- ela perguntou, e eu assenti. -Sou Brandya, a chefe das criadas do Palácio. Esta senhorita está com você?

–É May, minha amiga e acompanhante.- respondi. -O senhor Aryeh disse que deveríamos pedir por roupas aqui.

Brandya sorriu.

–Admiro sua cortesia, Alteza, mas Aryeh não é senhor para mim.- disse, me puxando para perto de uma estante de roupas. Vi uma criada azul fazer o mesmo com May. -Cresci cuidando do garoto. Pelo menos não tive o azar de ter de ser ama de Vossa Alteza o Príncipe.

–O príncipe?- perguntei.

–Ah, sim, ele.- ela disse, pegando um vestido marrom e pensando se ficaria bom em mim. -Mas presumo que Aryeh vá explicar tudo a vocês assim que se aprontarem.

Assenti, e deixei que ela me vestisse. No final, me vi em frente a um espelho trajando um vestido longo azul e dourado, sandálias, joias nos braços e pescoço e uma tiara na cabeça. Então ela jogou uma capa branca, confortável e quente, por cima de tudo. Sorri em agradecimento.

–Não há de que, Prinsesse.- Brandya disse-me. -Sua companheira não está pronta ainda.

–May é mais exigente que eu.- justifiquei.

–Então diga-me, Alteza, que faz aqui?- ela perguntou.

–Compartilho de sua dúvida, Brandya.

–Quem lhe recebeu?

–Minha madrinha, Lady Sif, e Aryeh. Havia também duas garotas com Sif, mas não nos acompanharam.

Brandya sorriu.

–Naturalmente, havia duas garotas.- ela parecia discursar. -São Helmi, filha da senhora Sif e Lena, uma protegida do Rei. Estão sempre acompanhando a milady, agora que Aryeh tem responsabilidades por demais para fazer-lhes companhia.

–Ele tem?

–E se tem, pobrezinho.- ela começou a passar uma escova por meus fios soltos. -O príncipe é um tanto quanto inconsequente, todos sabem que não será apto a governar. Aryeh, além de protegido de Vossa Majestade o Rei, é o terceiro na linha de sucessão.

–Segunda, Brandya.- a corrigi. -Nunca poderei reinar em Asgard.

Ela sorriu, branda.

–Vossa Alteza poderia tentar.

–Não, não poderia.- repliquei suavemente. -Não sou uma Aesir como meu pai. Aryeh é um.

–Então, ele é o segundo na linha de sucessão.- ela cedeu, mas vi a insatisfação em seus olhos. -E tem de ajudar sua Majestade o Rei em tudo o que é necessário. Às vezes, ajuda até mais do que deveria. Pobre Aryeh. Ele sempre foi um bom garoto.

Não tive chance de pensar sobre isso, uma vez que May e a criada azul apareceram perto da gente, surgidas do nada. May portava aquele sorrisinho debochado dela, enquanto a criada azul mordia os lábios para não rir.

A ruiva trajava um vestido rosa de alcinhas, com detalhes em prata, sandálias. Tinha muito mais braceletes que eu, e seu colar era bem maior e muito mais chamativo que o meu. Brandya a arranjou uma capa marrom, e ela agradeceu.

–Eu descobri que essa moça azul não fala inglês.- minha amiga me informou, e eu ri. -Aí tivemos de nos comunicar por gestos.

–Imagino.- levantei as sobrancelhas.

–Ei!- ela apontou pra minha cara. -Por que você ganhou uma coroa e eu não?

–Mayday, pense de novo na sua pergunta.

–Opa. Esquece.- ela brincou, e Brandya soltou uma risadinha pelo nariz.

–Obrigada, Brandya.- eu agradeci e me levantei.

–À sua disposição, Alteza.- ela se curvou numa reverência, e eu e May começamos a sair do quarto.

–Ah, e, Brandya?- me lembrei de perguntar assim que cruzamos o batente. Ela se virou para mim de imediato. -Poderia nos dizer onde é a biblioteca?

Brandya sorriu e instruiu a menina azul a nos levar até lá. Ela assentiu e o fez, fazendo uma reverência antes de partir.

As portas estavam abertas, e os meninos estavam com Aryeh numa das mesas. Acho que a biblioteca era o único lugar no Palácio inteiro que não reluzia de tão dourada. Na verdade, até me lembrava um pouco a biblioteca de New York-o que me deixou nostálgica. Era de madeira, com cadeiras acolchoadas, lareiras e incontáveis estantes. Me senti tentada a andar até os livros e tocá-los, mas reprimi o desejo e andei até meus amigos.

James, Owen, Howard e Ben estavam trajados em roupas nórdicas que consistiam em blusas de malha de cores foscas, calças rudes- mesmo que um tanto refinadas na opinião de nórdicos -e botas, cobertas por um manto de pele. Na verdade, pareciam muito com Aryeh-fora o fato de que seus mantos eram marrons ou azuis, e o de Aryeh roxo. Provavelmente pelo fato de que Aryeh era filho de Balder-era um legado, assim como a capa branca. Branco era usado pelas damas, roxo e vermelho pelos homens da nobreza.

Os olhos de nossos amigos pareciam presos em mim e May, enquanto Aryeh lia o livro que lhe entregáramos. Andamos até eles.

–Então.- eu disse, me apoiando no braço da cadeira de James. -Que descobriram?

James limpou sua garganta, desviando os olhos para Aryeh. Balançou a cabeça, como que para afastar algum pensamento, e começou a falar:

–Contamos nossa história para Aryeh.- ele apontou-o com a mão, e Aryeh acenou sem levantar os olhos do livro. -Ele só assentiu o tempo todo, e disse que só explicaria o que está havendo quando estivéssemos todos aqui.

Percebi em seu tom de voz que ele queria me mostrar o quanto aquilo era suspeito. O encarei, cética, e ele revirou os olhos.

–Estamos.- Howard disse, meio impaciente. -Então, Aryeh, pode nos contar que merda que está acontecendo aqui?

Aryeh soltou uma risadinha irônica, e fechou o livro.

–Há vinte e três anos atrás, antes de Thor ir pela primeira vez à Midgard- ele começou, como se estivesse contando uma história para criancinhas. -, ele e a deusa Sif tiveram um filho. Erik Odinson, príncipe herdeiro de Asgard e meu melhor amigo.

–Então é verdade?- eu o interrompi, engolindo o nó em minha garganta. -Eu...

Ele assentiu.

–Mas p-por que ele n-não me contou?

–Ele pretendia te contar.- Aryeh me assegurou, e James pôs a mão em meu ombro. -Quando fizesse vinte e um anos, ele dizia, traria você para Asgard e te apresentaria como princesa.

E meu mundo caiu de novo.

Imagine se alguém chegasse para você, depois de ter passado a vida toda acreditando que era filha única e que teria de governar um reino sozinha, e dissesse que você tem uma irmão mais velho e três primos-fora o fato de que seu pai escondeu isso de você desde que você nasceu. Literalmente.

Consegue imaginar isso? Então você tem uma boa ideia do que está havendo comigo.

Balancei minha cabeça.

–Certo. E o que mais?- perguntei com a voz trêmula.

–Bom, Erik é um bocado inconsequente, sabe? E os Aesir estavam pensando no que fazer com ele quando estourou uma batalha em Svartalfheim, e Thor teve de ir. Sabe, nestes dias qualquer batalha ou rebelião significa Ragnarok para os Aesir.

–Alyss, traduza.- May disse, cínica.

–Aesir são os deuses completos, Svartalfheim é o Mundo Dos Elfos Negros, abaixo de Midgard e Ragnarok é o apocalipse nórdico.-eu sintetizei rapidamente.-Prossiga.

–Meu pai, Balder, está regendo o reino por hora; uma vez que Erik não está aqui.- ele continuou, e James o interrompeu.

–Calma aí, cara.- disse meu amigo. -Está dizendo que o irmão da Ally sumiu?

–Por aí.- Aryeh confirmou. -Aconteceu que, cinco dias depois da partida de Thor e seus guerreiros, o céu começou a escurecer, e qualquer um fora dos portões morria. Então eles foram fechados, e os muros são constantemente vigiados. Vocês devem ter reparado isso.

Owen assentiu.

–Agora deveria ser meio de tarde, não é mesmo?

–Exato. E mesmo assim, o céu está preto.- Aryeh continuou. -Erik foi ter com Heimdall, saber se ele sabia de algo, e sumiu. Heimdall não estava no portão de Bifrost, que, de qualquer forma, está fechada. E vocês apareceram. Faz uma semana que Thor está sumido, e um dia que Erik desapareceu.

–E por isso Bifrost está fechada?- perguntei, e ele assentiu.

–As pessoas na cidade cochicham sobre o Ragnarok ter chego, mas nada indica que Loki e suas tropas estão vindo nos matar.- ele continuou. -Parece ser algo... Maior.

Eu me surpreendi. Nunca havia algo maior que o Ragnarok para os Asgardianos. Ele seria o fim de sua existência. E, mesmo assim, Aryeh, que havia crescido para temer o Ragnarok, achava que aquilo era algo maior.

Olhei para James, dizendo com o olhar: Achamos o que cheira mal, não é mesmo? Ele bufou e se esparramou na cadeira, como pessoa madura que é.

Em suma, eu descubro que tenho um irmão mais velho- sumido–, que meu pai sumiu, que minha madrinha tem dois filhos e uma protegida e que nunca me disseram nada. E o que é que meu melhor amigo faz pra me amparar?

Age como um completo idiota.

É. A sorte não estava ao meu favor.


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Notas finais do capítulo

Bom, dessa vez eu nem tentei fazer Notas lá em cima, porque eu não sabia o que escrever.
É o seguinte: sei que na mitologia nórdica, Sif se casa com Thor e Balder se casa com Nanna e então os dois morrem. Mas, 1)Isso é Marvel. E o Thor é da Jane; e 2)É uma fanfic. Não tem de ter precedência histórica.
Peço, mais uma vez, que chequem o Tumbr e comentem, ok? Ok.
Até o próximo!



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