Despedaçada escrita por GiGihh


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada preciso pedir perdão por esses dois meses de ausência. Não existe desculpa plausível para isso, sei que não, como leitores posso entender se me odiarem a partir de agora.
Fiquei mais do que emocionada ao receber de presente uma nova anjinha que além de me dar o enorme prazer de comentar me deixou uma recomendação linda da qual não sou capaz de esquecer as palavras. Ana, muito obrigada pelo carinho e pela paciência, espero não decepcioná-la:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/551932/chapter/16

Capítulo quinze –

No Olimpo o caos corria solto. De alguma forma a deusa do arco-íris responsável por levar mensagens havia desaparecido. No final daquele dia seria encontrada desmaiada e acorrentada por negras correntes de material divino. Além deste infeliz fato, foi constatado que o corpo de Thalia não estava onde o guardião afirmava que estava. Thalia sumira e os heróis que a buscavam estavam incomunicáveis. Hermes em algum momento derrubou o que quer que fosse que estivesse em suas mãos, George e Martha reclamavam de seu descuido, mas o deus não ouvia. Sentia em sua essência imaterial o desespero, o medo sádico do filho. Luke não conseguia deixar transparecer o motivo daquela angustia. Embora não soubesse com exatidão o porquê daquilo, sabia que o nome da Filha de Zeus estava no meio. Que mais nenhum mal recaia sobre aquele frágil corpo de mulher pensou ele se cair mais uma alma se despedaçará. Hades sabia que o filho se encontrava abaixo do solo, mas não conseguia ser específico, alguma força o confundia e atordoava seus sentidos. Atena não sentia mais os heróis, nem a filha, para que pudesse mandar calma e sabedoria. Zeus... O senhor dos raios e trovões rodava NY a procura da filha, a imagem da cidade corria rápida demais para olhos mortais, mas ele dominava bem aquilo, não a via, não via o herói renascido, aquele que jurara amá-la e protegê-la, também não via os amigos, não via as companheiras, não via nenhum sinal daquelas crianças que por vontade própria saíram para resgatar sua filha.

Estavam todos impotentes. Não havia nada a fazer que não fosse orar pela calma dos deuses, pela saúde de Thalia e pelo retorno seguro dos heróis. Clarisse foi a primeira a perceber que o tempo acabava, a primeira a notar que algo havia dado errado: o céu não estava cinza, mas praticamente tingido de negro e ainda não era noite. Os semideuses olhavam com medo para cima, o próprio centauro praguejou. Clarisse respirou fundo e lembrou-se da menina que vira inconsciente quando deixara o pinheiro, lembrava-se da companheira que ela fora durante o pouco tempo em que ficaram juntas... Sem explicação, colocou-se de joelhos na terra, as pedrinhas perfurando seus joelhos despidos, a camiseta larga e os cabelos tremularam com aquele vento ácido e agressivo, mas Clarisse não sentia-o. Juntou as mãos na altura do peito e com o rosto erguido e os olhos fechados, orou. Alguns de seus irmãos arquejaram, mas antes que pudessem falar o que fosse o corpo da irmã mais experiente emitiu um brilho avermelhado que se intensificava com o passar dos segundos. Chris imitou a namorada e orou por uma alma que não conhecia bem, orou pelos amigos, pelos deuses, por Clarisse, simplesmente orou; seu corpo emitiu uma luz laranja. Katie Gardner não perdeu tempo, os irmãos Stoll também não. Emitia ela uma luz verde, os gêmeos laranja. Assim foi até todos estarem de joelhos, as cores do arco-íris refletindo de acordo com cada pai ou mãe olimpiano, até que o céu negro voltasse a ser apenas um nublado, cinza chumbo. Mas não se atreviam a parar. Eram necessários. Importantes. Indispensáveis.

Afrodite sentia o amor entre aqueles dois jovens como um elástico: estavam sendo duramente puxados de todos os lados, e Thalia seria a primeira a arrebentar. Fungou, enxugou o rosto e se concentrou no amor dos filhos que pediam que ela se acalmasse e ajudasse os amigos que partiram. Faria isso por todos; provaria que o amor era muito mais do que um defeito. O amor no qual ela acreditava era a salvação de Thalia como fora a salvação de Luke. Sentindo aquela energia pura que emanava dos filhos e dos companheiros percebeu com mais clareza o motivo da acidez... O olhar da deusa endureceu, solidificou-se e quem a visse a temeria. Afrodite sabia quem estava causando tudo aquilo.

–ZEUS!


–Onde está Thanatos? – Hades perguntava já nervoso.

–Está auxiliando os heróis a pedido meu – respondeu uma voz melódica. Os cabelos eram tão negros que refletiam em azul e violeta, o corpete era justo e reluzente marcando muito bem os seios, a saia voava livre e solta com seu enorme poder, mas eram os olhos que intimidavam Hades: um poço sem fim de noite – Temo pela jovenzinha.

–Todos tememos, mas... Seu filho foi mesmo a melhor opção?

– Thanatos saberá lidar com a irmã. Não tenho interesse em ir até aquele templo asqueroso no qual ela agora reside.

–Cronos está lutando nas profundezas do Tártaro! Preciso que alguém desça e o dilacere...

–Você e seus irmãos são muito bons nisso. Chame-os.

Hades desdenhou. Como agradar os irmãos perfeitos sendo para sempre a ovelha imaculadamente negra? Não se esquecera do grito de Zeus, nem da acusação de Ártemis a respeito de Thalia.

–Eles não viriam, Nix!

–Virão. Chame-os. Se não vierem por você, viram pela menina e isso basta.


Luke desviou seu olhar da Deusa para sua amada. Estava ainda muito longe dela, conseguia apenas identificar o vestido negro. Ele sabia como era ter o titã no corpo e não desejava esse destino a Thalia, pensava que era um castigo, para que ele sentisse na pele o que ela sofrera. Mas ele escolhera aquele destino e Thalia não. Lutaria para salvá-la daquele absurdo.

–Você não pode estar falando sério... – sussurrou os olhos ainda fixos no esquife. A risada dela era implacável. Deus! como ele estava aflito. O que poderia fazer?

–Por que não falaria? Essa tola permitiu-se ser amada, permitiu a si mesma amar e veja onde parou. Você a destruiu, Luke Castellan. Isso é culpa sua! Acha que se ela voltar vai esquecer o fez? Acha mesmo que esse frágil amor pode resistir?

–Não espero que ela esqueça, espero que me perdoe pelos meus erros, que me perdoe por colocar meu amor por ela acima do mundo inteiro quando não deveria fazê-lo. A única coisa que espero dela é que viva... – e lançou-se sobre a deusa colidindo com aquele corpo esguio; poderia ter derrubado-a, acreditava nisso, mas ela se desfez em névoa e retornou a metros dele. Luke colidiu com o chão. Viva... Mesmo que eu continue morto.

–TOLO! – gritou Éris – Acha mesmo que pode encostar-se a mim? Sou uma deusa! Não pode lutar contra mim!

–Então deixe o menino e lute comigo – a voz fez com que a deusa voltasse seus olhos para a escada. Thanatos estava no centro enquanto os jovens o cercavam. Os cabelos da deusa moviam-se ainda em um ritmo sedutoramente anormal, o vestido condensou-se e tornou-se ainda mais sensual mostrando a barriga lisa e ressaltando os seios.

–Então, meu irmãozinho decide desafiar-me. – deu uma baixa risadinha antes de sua expressão fechar-se em escárnio – Que patético! – o insulto não surtiu efeito: Thanatos ainda permanecia frio e firme do jeito que sempre fora – Por que veio de longe de seus domínios? Duvido que fosse saudade.

–Vim resgatar a menina.

–Ela está além da morte, Thanatos. Você devia saber disto. – mal pronunciou as palavras quando Perseu e as caçadoras caíram enfraquecidos, quase inconscientes: não havia água ou luz lunar para fortalecê-los.

–O titã não retornará ao mundo dos mortais. Não tocará em Thalia.

–É o que veremos – deixando as costas nuas em evidencia, as madeixas voando hipnoticamente, Éris virou-se para o esquife, ergueu os braços e entoou uma língua estranha, um grego ainda tão antigo quanto ela. No filme da Disney, o castelo da princesa Aurora, a famosa Bela Adormecida, fica cercado por espinheiros devido a um encantamento, o que acontecia agora era muito semelhante: poderia ser uma redoma de vidro, uma camada grossa e escura de ar, fosse o que fosse cercava a moça e impedia qualquer tentativa de aproximação.

–Não – murmurou Castellan percebendo que agora tão perto, ela estava mais inacessível do que antes. Chocou-se violentamente contra o que quer que fosse aquela barreira; caiu novamente no chão. Deuses! Como ele sentia dor... Éris riu-se ainda mais quando percebeu que o medo de perdê-la começava a despedaçá-lo. Outro Titã poderia retornar junto do Senhor do Tempo – Thalia... – chamou ele ainda caído no chão, um único filete de sangue escorria pela lateral do rosto, contornando suas feições. Uma sombra enorme e negra prendia os semideuses que continuavam de pé.

Thanatos sacou uma espada e Éris uma longa lança.


Antes que Afrodite chegasse até Zeus para confidenciar-lhe os planos de Éris, foi abordada pela Noite. Ela era obrigada a reconhecer que Nix tinha uma beleza invejável, mas não conseguia se comparar a outras; era bela sabia disso.

–Criança – cumprimentou Nix – Precisa avisar Zeus e Poseidon. Armem-se. A batalha ocorrerá no Tártaro.

Levou poucos segundos para que fosse transmitido o recado, logo Afrodite corria levantando a barra do vestido, chegou a frente de Zeus que já a esperava e repetiu as palavras de Nix, revelando o que acontecia com Thalia e com seus salvadores. Zeus imitou o ato da deusa e gritou pelo irmão; Poseidon apareceu segurando firmemente seu tridente, olhou para os lados esperando por alguma explicação, então...

–Olimpianos! – Zeus falou, a voz potente como um trovão – Teus filhos, tuas crianças, nossos semideuses estão rezando por nós, podemos ver isso apenas pela cor do céu. Não podemos decepcioná-los – gritos de concordância se fizeram ouvir – O inimigo se encontra no Tártaro, onde apenas três de nós entrarão, o restante de vocês auxiliará os salvadores da Caçadora.

–Quem irá?

–Eu, Poseidon e Afrodite apenas.

–Como podemos ajudar aqueles infelizes?

–Como nossas crianças – ele desviou os olhos olhando na direção do acampamento; uma nuvem dissipou-se e apenas o céu foi visto: tingido de multicores todas alegres, carregadas de uma doce e pura energia – Orem. Direcionem suas energias e as delas para os nove.

Sumiram em névoa e se condensaram novamente na frente de Hades que permitira a entrada da família e os esperava com certa impaciência. Os irmãos discutiram o que tinham que discutir rapidamente e então se voltaram para a bela e formosa deusa, assentiram e ela desapareceu deixando apenas o cheiro marcante de seu perfume.

–Por que agimos como irmãos apenas em situações críticas? – resmungou Poseidon antes de se jogar no abismo. Hades e Zeus olharam-se não como rivais, não como que desdenhando do irmão que pulara, mas compreendendo a pergunta e aceitando sentimentos que não seriam nunca verbalizados. Sem “mas” pularam.


No chão em frente às Parcas se encontrava uma linha desfeita em pedaços, quase se esfarelando, desfiando sem motivo aparente...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sendo honesta, o cap não era para acabar aqui, ele como um todo havia ultrapassado as 3000 palavras, ia ficar muito extenso comparado aos demais capítulos então dividi-o.
O próximo não vai demorar, JURO, posto em, no máximo, uma semana.
Enfim, curtiram?