Despedaçada escrita por GiGihh


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Como prometido voltei rápido e com um cap que eu amei fazer:



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Capítulo dezesseis –

Com o céu nublado e os heróis no fundo da terra, era quase impossível saber que o sol estava há minutos, segundos para se pôr verdadeiramente. Apolo fazia o possível para brilhar com mais força e perdurar enquanto a irmã gêmea tentava de todas as formas encolher-se diminuir a chegada do astro que reinava na noite.

Thalia tinha poucos segundos para viver ou morrer inteira... E ainda continuava em pedaços aprisionada em uma pedra.

Luke não estava simplesmente caído no chão, Éris sentia prazer em torturá-lo levando sempre a luta para perto daquele corpo caído, não que ela precisasse fazer algo assim, conduzia o que parecia ser espíritos até o jovem que faziam seu sangue ferver e seu coração parar... Quando pensou que sua visão fosse finalmente ceder, as cinco Thalias apareceram, uma de cada vez: a primeira tão pequena e tão inocente apertava as mãozinhas junto ao peito e olhava-o com Sabedoria; a segunda já mais crescida tinha um ar rebelde e de seu corpo, sua postura e principalmente dos olhos emanava uma onda revigorante de Coragem; a terceira face em sua majestosa toga negra, no esplendor de seus dias, não lhe mostrava nenhum sentimento baixo, dela, Luke podia sorver Lealdade, seus olhos diziam a ele com todas as letras e com todo sentimento que acreditava nele e sempre acreditaria; a quarta, como um anjo branco e puro, olhava-o com benevolência, com Ternura. A última delas, aquela que poderia ser um pouquinho de tudo, não o cercava e olhava de pé como as outras, ela estava ali caída a seu lado, seu corpo o mais próximo possível do de Luke. Ele olhava para a última sem fôlego notando que ela sentia a mesma dor que ele, mas chocado com o Amor incondicional de seus olhos. Nem a própria deusa do amor tinha olhos tão doces ou era tão bela quanto ela. Não vou permitir que desmorone, Luke a voz dela colidiu suavemente contra os lábios dele O tempo está acabando, se não houver outro modo, meu corpo deve ser morto. Quero que crave sua faca no meu coração se não...

–Eu vou conseguir! – Thalia podia ver que o amor dele para com ela o levaria a fazer loucuras ali, mas também podia enxergar a alma dele apresentando rachaduras como a dela um dia tinha ficado. Você está se despedaçando... Para Castellan a afirmação soou como um choramingo; ele não queria que ela sofresse mais! – Não importa o que vai acontecer comigo, Thalia, o importante é que você viva. – ela se aconchegou sobre o peito dele ouvindo os batimentos fracos daquele coração, Ainda não compreendeu, não? Minha alma se partiu por sua culpa, assim como agora a sua se parte pela minha. Sempre estivemos ligados, muito além da interferência das Parcas ou deuses. Não existe vida para mim longe de você. Da mesma forma não existe futuro para você sem mim.

A verdade daquelas palavras era tão forte quanto à oração dos meio-sangues. Uma a uma voltaram ao amuleto que aquecia e estimulava aquele coração a bater. Não me deixe sozinho pediu ele olhando fixamente para a última delas. Nunca foi a resposta que recebeu.

Éris devia ser incrivelmente forte para manter Thanatos ocupado e ainda assim controlar aquela sombra para enforcar o Traidor como Annabeth, Grover, Nico e Rachel. Perseu e as caçadoras nem se moviam... O espírito fragmentado dela o mantinha calmo a ponto de fazer com que mantivesse o oxigênio por mais tempo em seus pulmões, quando nem mesmo ela pode fazer algo mais e a fraqueza reinava, uma lança de material claro transpassou o que quer que fosse aquilo... A deusa abaixou-se e examinou Luke rapidamente, não era médica, mas poderia ajudá-lo com algo simples. O vestido branco era ainda mais imaculado do que o de Thalia, os olhos violeta, os cabelos perfeitamente ondulados e loiros a identificavam: Afrodite.

Foi rápido os deuses se entenderam. Thanatos deixou a luta enquanto a deusa do amor assumia seu lugar. Afrodite não era inútil ou desprovida de experiência como é comum se pensar, era uma guerreira excepcional e tinha muito rancor para com Éris. Uma luta violenta entre mulheres se seguiu a qual não será devidamente narrada. Thanatos que temia não vencer a irmã e auxiliar o jovem renascido encontrou sua oportunidade.

–Levante – a voz dura pronunciou; Castellan ainda se engasgava com o oxigênio – Venha, temos que transpassar a barreira...

–NUNCA ME VENCERÁ! – gritou Éris enlouquecida pelo poder; Afrodite continuava linda em sua postura de batalha – VOCÊ ESTÁ SOZINHA!

–Quem disse? – Perguntaram Annabeth e Rachel ao mesmo tempo.

Nico se aproximou correndo em direção a barreira, estudou-a por rápidos milésimos e cravou a lâmina de ferro estígio, gritou com a dor que transpassou seu braço, mas não se rendeu. Murmurava as mesmas palavras de uma antiga oração que seu pai lhe ensinara naquele dia fatídico em que a alma despedaçara-se... Uma rachadura fina o bastante para que apenas um passasse surgiu. O deus diluiu-se e Luke passou sem nem pensar. Nico caiu, o braço adquiria tons de roxo e verde enquanto sua mente perdia a coerência.

Subiu três degraus até estar no mesmo patamar que o esquife. Luke ficou pasmo ao vê-la, ainda saudável, ainda com o mesmo perfume, ainda a mesma... Nas visões que lhe foram dadas, Thalia era apenas bonita e distante, como as princesas de contos de fadas, Branca de Neve ou a Bela Adormecida, ali ele conseguia o ver o movimento suave e vagaroso de seu respirar, conseguia sentir o perfume de todas as flores que estiveram ao seu redor acompanhado de algo mais cítrico como de costume, sentia a pele de seu rosto fria não como se estivesse morta, mas apenas com pouco oxigênio no corpo... Ainda assim linda e despedaçada, seu corpo frágil parecia reter forças para sobreviver. Tirou a mão daquela pele casta como se levasse um choque; não merecia tocá-la.

–O que devo fazer?

–Envolva o pescoço dela com o amuleto – com delicadeza, Luke o fez – Está disposto a salvá-la?

–Claro que estou.

–Requer um grande sacrifício, semideus.

–Como...?

–Uma vida por uma vida bastará.

Olhou fixamente o deus então olhou a princesa sobre o esquife. Lembrou-se dos versos da profecia aos quais ele pouco prestara atenção: Para o ato ser consumado/Muito será sacrificado. Em palavras mais fáceis, para que a vida dela fosse restituída ao corpo, alguém teria de sacrificar a vida. Ele não viveria, sabia que a dádiva concedida por Hades deveria durar pouco, contudo não estava ressentido, chateado, magoado. Estava em paz. Afinal, era por ela.

–O que devo fazer, Thanatos? – não piscou, mantendo a imagem daquele lindo rosto fixado na mente – Faço qualquer coisa.

O grito de Annabeth soou abafado e com o canto dos olhos o deus observou o filho do mar tentar levantar e novamente cair no chão.

–Faça um pequeno talho no pulso esquerdo. Assim mesmo. Agora deixe que o sangue caia sobre a pedra na qual descansam as cinco partes, isso deve fixá-las novamente em uma só – o sangue do jovem fluía lentamente para fora do corpo escorrendo até pingar sobre a pedra que absorvia o líquido e brilhava em um vermelho intenso... A pedra “derreteu” e vagarosamente foi tomando nova forma: uma corrente fina e um medalhão de formato circular feito de pequenas e intricadas runas possivelmente misturadas ao alfabeto grego até chegar ao centro onde uma “gota” da pedra original mantinha-se intacta. Estava encantado, mas não tinham tempo...

–E agora?

–Deixe que uma gota de teu sangue incida sobre os lábios. – a gota cheia e rubra caiu sobre os lábios já enrubescidos de Thalia com uma lentidão cruciante – Agora deves jurar-me tua existência em troca da dela. Repita em grego depois de mim.

Enquanto as palavras eram ditas do lado de fora da redoma, a lança branca e enfeitada de rosas brancas colidia com a lança negra decorada com uma maçã dourada... Annabeth lutava bravamente contra os espectros, embora Nico tivesse maior habilidade ali, Rachel estava fora de si: os olhos estavam maiores e verdes hipnóticos. O Oráculo assumira o controle e tentava ajudar como podia... No mesmo instante, duas coisas aconteceram: primeiro, no Tártaro, os três irmãos juntos ceifavam os pedaços do pai transformando-o em pedaços ainda menores. Nos céus Apolo caiu de sua carruagem, já muito enfraquecido, colidindo brutalmente com o chão de pedra do Olimpo. Se não fosse um deus estaria morto. Ártemis correu para o irmão apoiando a cabeça deste em seu colo, uma lágrima de desespero caiu de seus lindos olhos: no fundo de si ela sabia o que acontecia. Era noite, era seu momento. Era tarde demais.

De volta à redoma Luke sentiu o anoitecer como um soco em seu coração já fragilizado. Havia dito a última palavra no segundo em que sentiu seu corpo pender para frente. O choque nos olhos do deus...

–Não! – murmurou olhando com olhos embaçados por lágrimas pesadas – Thalia acorde. Vamos! Acorde Lia, acorde, acorde... – Luke segurava suavemente aquele rosto, a pele fria parecia esfriar mais, suas mãos tremiam pensando no que aquilo podia significar, Éris gargalhava de forma histérica – Não me deixe, de novo não!

Thanatos observava a tudo sem expressão, não compreendia porque não havia funcionado. Baixou a cabeça respeitando a dor do outro. Castellan se inclinou com lentidão e desespero, as lágrimas escorrendo por seu rosto – Me perdoe – murmurou antes que seus lábios se tocassem pela última vez; foi como se ele beijasse um espinheiro, não que os lábios estivessem secos ou ásperos, mas ela estava ausente, não corresponderia. Naquele instante em que os lábios se encontraram, um sopro de vida passou para o corpo sobre o esquife enquanto a sombra da morte desfalecia nos lábios trêmulos do herói... Caiu de joelhos no chão, cego pela dor, afogado em lágrimas, morto por amor. A faca a poucos centímetros de sua mão...



Thalia... Thalia...
– Clarisse chamava-a, a voz dela destacando-se enquanto o restante do acampamento gritava seu nome.

Viva Thalia. Viva para amar! – Afrodite e suas filhas, Silena em especial, murmuravam no fundo de suas almas.

Seja forte, minha filha – Zeus rogou antes de cravar um raio em Cronos.

Minha querida, não desista de si mesma, nós não desistimos de você – Ártemis pedia ainda abraçada ao irmão semi-consciente; Apolo segurou-lhe a mão em um último ato são reforçando o pedido da Lua e acrescentando nele o brilho do Sol. Ártemis correspondeu docemente ao aperto.

Thalia! Thalia! – as vozes de Annabeth, Perseu, Grover...

Por favor, Thalia, não se vá desse modo! – as Caçadora pediam.

Esse não é o seu fim, prima – Nico ergueu-se e levantou a espada apontando para Éris.

Não vou deixá-la, certo ou errado não vou deixá-la, minha Lia... Perdoe-me por chegar tarde, por não conseguir protegê-la, perdoe este amor que ainda alimento sem condições, mas não posso deixá-la, não conseguirei prender esta maldita faca em seu peito! – a angustia na voz de Luke era capaz de fazer até estrelas chorarem enquanto mais uma rachadura se mostrava em sua própria alma.



Em meio aos soluços descompassados e altos do semideus, a luta ainda corria do lado de fora, a Discórdia achando-se vencedora enquanto a Beleza e o Amor não desistiam mesmo enfraquecida, gritos de dor, de guerra, Perseu ergueu-se sobre as pernas bambas e se jogou sobre Annabeth derrubando-a no chão, salvando-a e recebendo em seu corpo as unhas de um demônio invisível aos seus olhos, Nico abraçou uma Rachel inerme: não conseguira salvar Thalia, de que então serviam sua profecias? Uma lágrima diáfana caiu dos olhos de Afrodite no mesmo momento que...

–Luke.


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Notas finais do capítulo

So lovely... s2