Survival Game: O Começo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 14
13


Notas iniciais do capítulo

Valeu pelo comentário, Natália Romanova!
Mais um capitulo!



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Saí do quarto acompanhado de Margot. Ela foi a última a sair, trancando a porta 700. Ela havia me falado que Anne e Desmond ficaram que nem loucos me procurando para almoçar. Que nada! Eu tinha perdido a fome. Não passava pela minha cabeça ter sido marcado para morrer, ser assassinado por um berlinense.

– Frieda é a tal loira robusta? - perguntei, pois eu vi os nomes de Lorne e Frieda na segunda coluna indicando que são daqui.

– Exatamente. - Margot respondeu. - Não gosto nem um pouquinho dela, por ser tão esnobe e petulante. Ela sempre esperava pelo dia em que fosse escolhida para matar.

Escolhida para matar. E ela pode matar a quem? A qualquer um? Principalmente a mim? Só porque eu acertei a faca atingindo de raspão, o Lorne, acidentalmente? Foi só um acidente, eu juro! Não adianta jurar, que em um dia você estará morto. Seja por ela ou não, principalmente por Lorne.

– É por isso que eu quero que você tome muito cuidado. - Margot me precaveu.

Não demonstrei nenhuma reação em relação a isso. Provavelmente eu serei imediatamente morto por culpa de Desmond. Mas eu serei o primeiro a matá-lo. Por vingança. Eu sei que eu vou perder muitos amigos, mas ele me deu motivo para isso.

Logo em que eu cheguei ao restaurante do hotel, não demorou muito e vi Anne e Desmond sentados. A garota logo se levantou da cadeira quando me viu, indo em minha direção. Ela parecia um pouco preocupada com o meu sumiço.

– Heinrich! - falou. - Onde você estava, esse tempo todo?

– Nós vasculhamos o hotel todo à sua procura, cara. - Desmond falou, aturdido. - Onde você estava?

Eu tinha vontade de matá-lo naquele momento, mas me lembrei do que o primo de Margot dissera para o Lorne, que deixasse isso para quando entrar no reality. E isso me fez lembrar que eu seria marcado para morrer.

– Ele estava no quarto o tempo todo. - Margot respondeu por mim, me olhando em seguida.

Tratei de me sentar para almoçar. Eu tinha perdido o apetite, mas me sentia fraco por dentro. Margot chamou o garçom. Enquanto ele estava de frente à nossa mesa, ela perguntou para mim. Eu queria guisado de frango com acompanhamento de bolinho de arroz e batatas fritas. Para beber, um milk-shake de chocolate. O garçom anotou tudo, agradeceu e foi tratar do trabalho.

– Vamos, confesse, Heinrich. - Desmond quis tirar a satisfação comigo. - Por que você nos deixou de lado? Foi por causa da discussão entre Anne e eu? Ou por causa daquele cara em que você acertou com a faca...

– ...por culpa sua! - eu o interrompi.

– Mas o que foi que eu fiz? - Desmond indagou, parecendo desconfiado.

– Não se faça de desentendido, Desmond. - brigo. - Errei o calculo por causa do susto que você me deu.

– Eu só quis te acordar, você estava sonhando acordado. - replicou.

– Sonhando acordado? - debati. - Com toda a sinceridade, você devia ao menos ter sussurrado em meu ouvido.

– Pessoal, - Anne interveio. - parem de discussão. Vocês não vão fazer isso no dia, não é?

– Como assim? - nós perguntamos, com uma das sobrancelhas erguidas.

– Pois essa discussão pode levar ao assassinato e matar o colega da mesma cidade pode gerar inimizades na escola e na vizinhança.

Nos entreolhamos. Anne está certa, coberta de razão. Pois se eu matasse, eu seria mais odiado que amado e, consequentemente, mais vilão que herói. E eu não quero isso para mim.

– Foi mal, Desmond. - suspirei, tentando fazer as pazes. - Eu estava com saudades de casa, entende?

– Não tem problema, Heinrich. - Desmond se desculpou. - Eu também sinto falta. E me desculpe por te acordar.

– É nisso que tenho dúvidas... - hesito.

– Como assim?

– Lorne estará me caçando no reality. Eu tenho medo.

– É só se esconder em um lugar seguro e estar pronto para matar.

– E uma aliança deve ajudar bastante. - concluiu Anne.

– É... - falei. - Tem razão. Estou nessa.

***

Uma hora depois, fomos para uma ala atrás do hotel para o Teste de Simulação. O objetivo é avaliar o nosso potencial para o reality, por meio de uma simulação computadorizada. Todos nós ficamos sentados esperando, formando fila. Eu, Anne e Desmond fomos os últimos da fila. Pelo alto-falante, chamava os nomes.

– Ronan, Frieda!

Esse foi o primeiro nome. Frieda é a pior de todos os participantes., lembrei das palavras de Margot. O corte loiro era um chanel irregular, ou seja, cortado atrás, enquanto as madeixas da frente eram maiores. Era uma mulher monstruosa! Com sede de sangue, como se fosse uma vampira. A probabilidade dela ganhar é muito alta. Com as suas mãos seria fácil estrangular uma pessoa comum.

As horas se passaram e só restou Anne e eu. Desmond saiu agora há pouco. É uma pena não contar o que rolou na simulação, pois não era permitido ficar no corredor batendo papo, nem mesmo esperar. As câmeras estão aqui, em algum lugar? Se estão, devem estar escondidas em algum lugar, tenho certeza. Meu nome é chamado.

– Holger, Heinrich!

Respirei fundo e me levantei. Uma mão me puxou. Era Anne.

– Boa sorte. - disse.

Retribui com um sorriso cerrado e prossegui. Ao entrar na sala de simulações, encontrei uma mulher gorda, com cabelos platinados curtos. Pensei que fosse um homem, pelo fato dela ser parecida com um homem.

– Sente-se, Heinrich. - disse, apontando a cadeira acolchoada e reclinável para mim.

Me sentei. Fiquei com uma ponta de nervosismo dentro de mim.

– Está pronto? - ela me perguntou.

– Estou.

– Então, mantenha o braço direito apoiado sobre o suporte - apoiei. - e fique imóvel.

Fiz o meu braço ficar imobilizado. A mulher aplicou uma seringa com uma agulha em meu antebraço (depois que arregacei a manga, é claro), doendo como se fosse picada de inseto. Ela injetou um liquido âmbar, que me fez fechar os olhos. Fui sedado, dopado.

De repente, abri os olhos. Estava em uma floresta de coníferas, fechada, mas a luz do sol atravessava as copas das árvores. Caminhei, mesmo não sabendo onde eu estou. Subitamente, me dei de cara com uma sequóia. Eu era pequeno para ela, uma espécie de formiga humana. Uma voz veio do nada.

– Sabe o quê que vai fazer, não sabe? - era uma voz feminina.

Sei, pensei. Procurei um galho ou uma saliência proeminente, mas não encontrava. Tive que tentar em uma outra árvore. Subi, segurando pelos galhos. Quando encontrava um galho na sequóia, pulava direto para ela. Quando cheguei à copa, o galho ainda estava alto. Olhei em volta e encontrei uma outra árvore, só que mais alta que esta. Saltei do galho em que estava para o outro, da outra árvore. Senti o suor brotar na minha testa, mas ignorei. Continuei subindo até chegar à copa. Finalmente, um galho na sequóia encontrei. Sorri triunfante. Tive que me preparar para soltar para o galho. Respirei fundo, afastando a franja e o suor da testa para o lado. Apesar de eu estar uns 15 metros acima do solo, tive que teimar em concentrar, pois um simples erro de cálculo, ponho tudo a perder, me espatifando no chão.

– Um, dois, três! - contei, antes de saltar para o galho da sequóia. Porém, fiquei pendurado nele, fazendo as palmas das minhas mãos ficarem vermelhas por causa do esforço, mas consegui me segurar, ficando de bruços.

Respirei fundo, rindo não sei do quê. Será que é porque eu consegui? Tratei de me levantar, segurando pelo tronco e subir de galho em galho, até chegar à copa. Depois de tanto esforço, atingi a copa da àrvore. A luz do sol quase me cegou quando cheguei. A ventania levou os meus cabelos para trás, refrescando a testa. Me deixei levar pelo vento. Fechei os olhos.

Abri. Estou de volta à sala de simulações. Olho para as minhas mãos, que deveriam estar vermelhas. Não estavam, tampouco tinha o suor na testa.

– E aí, fui bem? - perguntei.

– Foi ótimo. - a moça respondeu. - Se escalar uma sequóia exige esforço, imagina escalar o Monte Everest. - ela estava impressionada com isso.

Enquanto isso, pude ver os jurados nazistas tomando notas.


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Notas finais do capítulo

Parece Brienne de Tarth, mas não é