Survival Game: O Começo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 13
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É, com certeza, estou lascado! O cara deu uma olhada no seu braço ferido e para mim, lançando um olhar bravo, feroz, veio na minha direção, a ponto de me surrar.

– Qual é a sua, garoto? - ele brigou.

Eu dei um passo para trás, tentando ao menos me afastar dele.

– Eu, - balbuciei. - eu posso explicar. Eu não tive a intenção...

Mas fui interrompido pelo cara, que avançava, à medida que eu me afastava, apreensivo.

– É, mas posso ter a intenção de te matar aqui mesmo!

Eu não quis causar problemas no momento. Apenas esperei pelo fim, pelo soco na cara, pela dor lancinante, e aí, o fim. Seria isso, se não fosse pelo segurança que estava nos vigiando, que o segurou pelo braço. Era um segurança nazista, tinha cabelos loiro-escuros, olhos verdes e barba e bigode. Usava óculos.

– Você não vai querer matá-lo aqui, vai? - sua expressão era tranqüila. - Se o fizer, será punido com cinqüenta açoitadas. Você não quer isso, quer? Deixe para fazer isso quando entrar no reality, ok?

– Vamo lá, Lorne, deixe ele aí. - um outro cara o convenceu a sair do local, a fim de evitar mais confusões.

Lorne é o nome do robusto. Ele é daqui. De Berlim. Voltou os olhos verdes para mim, ainda com raiva.

– Dessa vez eu deixo passar, garoto. - me avisou. - Mas se prepare para morrer, que eu vou te matar.

Lorne deu as costas e foi embora. Fiquei apreensivo, mas ofegante. O mesmo segurança chegou em mim e perguntou:

– Você está bem, garoto?

– Estou. - balbuciei, não que eu estivesse com medo do segurança, mas sim pelo que aconteceu hoje. - Por quê?

– Por um bom motivo. - falou, como se estivesse tentando me proteger. E voltou para os curiosos que estavam parados. - E vocês, voltem ao trabalho!

O pessoal continuou com o treino, inclusive Desmond, o responsável pela confusão. O guarda me puxou para o lado da porta, parecendo que quer ter uma conversa particular.

– Você tem 15 anos, né? - ele perguntou.

– Desesseis, senhor. - respondi. Por que cargas d'água, ele tinha que saber a minha idade? Fiquei inseguro.

– Pois tome muito cuidado na hora em que entrar no reality, pois a floresta possui muitas emboscadas e armadilhas para matar qualquer um. - ele falou, como se fosse um mentor meu. - É por isso que você está aqui, Heinrich Holger, treinando não para matar, mas para salvar aqueles que você mais ama neste mundo e para sobreviver. Você pode levar este exemplo para os seus aliados no jogo da sobrevivência.

– Desculpe perguntar, mas como o senhor sabe o meu nome?

– Sou primo de Margot, sua tutora. Ela me falou sobre você. Está muito preocupada.

Primo? Margot contou tudo a ele? Pude sentir o sangue ferver na veia, com raiva dela. Ela tinha que contar justo para um guarda nazista? Ela é uma alemã ariana.

– Ela me contou isso porque você é um garoto especial, muito inteligente. Mas precisa se proteger a qualquer custo.

– A minha irmã... - murmurei tristemente. - ela deve estar precisando de mim...

– Eu sei, Heinrich. Eu entendo perfeitamente você. - falou o guarda. - Apenas quero que me entenda, só me alistei no Partido Nazista porque fui forçado pelo meu pai. Mas sempre queria que tudo isso acabasse de uma vez por todas. É por isso que a minha prima me contou e quero lhe ajudar, assim como a sua amiga e o seu amigo.

A Anne, perfeitamente! Já Desmond, não éramos amigos, apenas colegas da mesma escola. Eu me arrependo profundamente do mau sentimento de Margot. Lhe peço desculpas pela raiva. Se bem como ele pode me ajudar, ainda sinto o pingente da Cruz do Sol entre as clavículas, além da corrente em meu pescoço.

***

O sinal do término do treino soou. Todos saíram das alas para o almoço. Em meio às pessoas caminhando, os sexos se juntando novamente, pude ver Anne saindo entre as moças, caminhando em nossa direção.

– E aí, como é que foi? - ela perguntou para mim e Desmond.

– Foi um barato, - Desmond respondeu. - apesar de ser cansativo.

– Cansativo? - Anne estranhou. - Eu treinei tiro ao alvo com facas e arco-e-flecha e vocês dois acharam cansativo?

– Eu achei que fosse dar uma ênfase ao assunto.

– Ah, vocês dois estão começando a ficar preguiçosos. - replica Anne.

– Preguiçosos? - Desmond rebateu. - Desde quando, homens aspirantes a robustos começam a ficar preguiçosos?

Deixei os dois discutindo e fui embora. Foi a melhor coisa que pude fazer naquele momento. Não que eu estivesse triste ou com raiva do que aconteceu, mas sim porque quis ir mesmo, estava com vontade de ficar sozinho. No caminho, vi Lorne conversar com uma moça alta, encorpada e loira. Deve ser a companheira dele. Ele me olhou, fazendo a moça me olhar também, como se ele me apontasse como o principal alvo. Desviei o olhar e segui em frente.

Entrei no quarto e desabei na cama. Nem fui direto para o restaurante do hotel para esperá-los para almoçar. Pelo contrário, perdi a fome. Olhei para o teto. Quero ir para casa. Quero morrer. Quero ir para casa e morrer tranquilo. Uma lágrima sai dos meus olhos. Por que eu tinha que chorar? Agora estou marcado para morrer. Se não fosse pelo idiota do Desmond. E Anne? Que petulância! Nos chamando de preguiçosos. Eu era apaixonado por ela! E Edith, Elise, os meus pais e Moe? Os meus amigos de verdade? Eu estaria seguro em Munique, se não fosse sorteado pelo endiabrado do Bertrand. Enxuguei com muita força a lágrima e, com a cólera crescendo dentro de mim, soquei com muita força o travesseiro e o colchão juntos, e enterrei o meu rosto nele e rapidamente tirei. A raiva se transformou em ódio, ódio de Desmond, de Anne, de todos eles. Quero voltar para casa!

Uma porta se abriu. Era Margot. Ela vinha me perguntando se eu não ia almoçar. Balancei a cabeça negativamente, com o cenho franzido. Ela chegou, sentando perto de mim. Ela queria entender a minha tristeza.

– O seu primo me contou sobre a sua preocupação comigo.

Margot me acariciou a cabeça.

– Eu só quero te proteger, pois você tem uma família que sempre queria o seu bem, principalmente a sua irmã.

– Elise. - a minha voz ficou embargada. - Eu quero voltar para casa.

– Eu entendo a saudade que você sente. Mas Helmut me contou que você foi ameaçado de morte.

– Fui. Foi um acidente.

– Eu sei. Mas precisa tomar cuidado com Frieda. Ela é a pior de todos os participantes.

– Aquela loira, a robusta?

– É ela, sim. - e me abraçou. - E não quero que nada de ruim aconteça com você.

Apertei, fazendo a pressão com os dedos nas costas dela. Me lembrei do abraço da minha irmã, depois de desviarmos da tropa de nazistas, horas antes de ser sorteado.


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