Fui correndo para o jardim, porque era o único caminho que eu me lembrava.

Lagrimas rolavam pelo meu rosto, mais eu não me importava mais.

Parei apenas quando cheguei da frente do portão.

Porque diabos eu estava chorando? Era obvio que ninguém aqui confiava em mim. Eu tinha que ficar lá e mudar isso. Não sair correndo como uma garotinha de cinco anos. Talvez eu fosse mesmo infantil, talvez eu precisa-se mesmo de uma babá.

Ou talvez eu esteja certa, e talvez meu lugar não seja aqui.

Dei dois passos pra mais perto da saída.

Mais então eu parei.

Não, eu não iria sair como a garotinha sensível que não aguentava a verdade.

E também minhas coisas tinham ficado no quarto.

Virei-me e meu olhar encontrou o de Sonne.

Ele estava preocupado.

– Ainda e a luz daqui que faz você chorar? – Ele perguntou se aproximando.

Passei rapidamente as mãos no rosto secando as lagrimas.

Ele soltou um suspiro frustrado.

– Me desculpe, por aquilo lá dentro, e que, bom...Merda. Olha, não ligue para a Serena, ela simplesmente não pensa no que fala, vou conversar com ela, dizer que não quero mais esse tipo de atitude. Sei que você não precisava ouvir aquilo. Deixou seu reino pra nós ajudar e só precisa de um voto de confiança. Juro que isso nunca mais vai acontecer. Vou te proteger.

Tive vontade de me jogar em seus braços.

– Você vai ficar contra ela, por mim? – As palavras saíram de minha boca.

– Você também esta fazendo isso não está? De certa forma, quer dizer. Está ficando contra seu Reino, não é? Porque eu não faria o mesmo?- Ele fez uma pausa e chegou mais perto. - Eu confio em você Luna.

E dessa vez não me segurei. Enlacei sua cintura e o abracei.

Ele ficou travado por um momento, mais logo cedeu e me apertou contra ele. O calor que ele me transmitiu foi uma das melhores coisas que eu já senti. Tive vontade de ficar ali pra sempre. Mais não podia. Me soltei dele e coloquei uma pequena distancia entre nós.

– Obrigada. Eu precisava ouvir isso. – Disse.

Ele assentiu e sorriu.

– Venha, vou te mostrar o castelo e te apresentar de verdade pra todo mundo aqui. – Ele disse e estendeu uma mão pra mim. Eu fiz o mesmo com a minha e a segurei.

É ele me guiou pra dentro.

***

Os três dias que se passaram foram incríveis.

Sonne havia me apresentado para varias pessoas. Algumas relutaram no início, mais assim que Sonne assegurou que eu era legal e boazinha, as pessoas começaram a se abrir mais comigo.

As cozinheiras me perguntavam como eram as comidas no meu castelo, se tinham algum tipo de tempero ou algo especial. E eu não soube como responder. Mais isso não importou, elas continuaram dizendo sobre a culinária do Reino Sol e eu ouvi tudo com um sorriso no rosto.

Depois ele me apresentou a alguns amigos. Com eles foi a mesma coisa, mais depois se soltaram. Ouvi um loiro dizer que eu era “Gata pra caramba” e levar um olhar de repreensão de Sonne.

Mari agora aparecia sempre no meu quarto e me obrigava a contar pra ela sobre meu Reino. Quando descobriu do que Cristal me chamava, garantiu que ia encher o saco de alguém assim.

Revirei os olhos e sorri.

Eu estava mesmo me adaptando.

Sonne me buscava na porta do quarto todo dia para tomarmos café da manhã, ele não me deixava sozinha e eu adorava isso. Quanto mais conversávamos mais eu gostava dele.

Nós dois estávamos indo para o centro de treinamento atrás do castelo, porque sem querer deixei escapar em uma conversa que sempre quis aprender a usar arco e flecha, porém nunca tive a chance, e agora ele estava decidido a me ensinar.

– Está gostando daqui? – Ele perguntou.

– Sim, e bem mais fácil se acostumar quando não tem ninguém te encarando. – Respondi e fiz uma careta.

Ele sorriu.

– É, realmente é mais fácil. – Ele concordou e fez uma pausa.- Sente falta do seu Reino?

– Sim, quero dizer, não exatamente de lá. Mais de minha Mãe e Cristal. E também de Lúcio. – Disse.

Ele ficou sério e olhou pra frente.

– Esse Lúcio, e seu namorado?

Eu arregalei os olhos. Não sei se foi por causa da pergunta, ou por ele querer saber isso.

– Não, de jeito nenhum, somos só amigos, nós conhecemos desde crianças, mais só isso. – Me aprecei. Não sei por que mais senti uma vontade enorme de explicar pra ele.

Sua expressão suavizou um pouco.

– Ah, sim. Perdão por perguntar, sei que não e da minha conta.

– Tudo bem, não tem problema. Você, você tem namorada? - E eu senti novamente uma vontade de saber.

– Não. – Ele disse e sorriu um pouco.

Apenas assenti.

Eu devo estar ficando louca ou algo do tipo.

Mais de algum modo, eu fiquei feliz por ele não ter.