Meu estômago estava dando voltas.

Eu estava - mais uma vez – procurando por minha mãe. Eu queria me despedir dela. É claro que não contaria que estava fugindo, mais eu queria a ver e a abraçar mais uma vez antes de partir. Enquanto andava pelos corredores do Castelo, alguém segurou meu braço e me parou.

– Aonde vai com tanta presa docinho? - Luan perguntou com um sorriso - que ele pensou ser – sedutor.

– Não é da sua conta. E pare de me chamar de docinho. – Não me preocupei em ser educada, Luan vivia me enchendo o saco. Ele achava que eu algum dia da minha vida ia me apaixonar loucamente por ele. O que nunca ia acontecer. Ele não era feio nem nada, muito pelo contrario, um metro e setenta e cinco, cabelos e olhos Azuis escuros, forte. Ele era bonito, mais não fazia meu tipo. Era aquele tipo de pessoa que se achava o mais bonito do Universo.

– Bom, não por enquanto, mais daqui a um tempo, vai ser sim.

– O que? O que você quer dizer com isso? - Perguntei.

– Acabei de falar com seu pai, parece que ele e o meu andaram conversando...

– Conversando o que?

– Sobre você ser minha esposa.

Um murro teria sido melhor do que ouvir isso.

– Como? – disse irritada.

– Pois é, parece que vamos ter um casamento arranjado.

– Jamais.

– Ah docinho, não seja tão pessimista. Até parece que e muito difícil casar com tudo isso. – E apontou com as duas mãos pra si mesmo.

– Ah, acredite, e sim, Prefiro a morte a casar com você.

– Que pena, acho que você não pode driblar seu Pai.

– Que pena, acho que ninguém pediu sua opinião. – Retruquei e sai marchando rapidamente.

Meu sangue fervia.

Nunca estive tão decidida a sair daqui. Agradeci a mim mesma por ter feito esta fuga. Ela viria a calhar. Nunca me casaria com Luan.

Enquanto andava, vi meu Pai. Parei. A vontade de voar nele e dar um soco naquele rosto era enorme, não só por essa ideia maluca de casamento, mais por tudo que fez a minha Mãe. Mais optei por seguir em frente. Até porque meu soco não faria diferença nenhuma nele.

Quando encontrei minha Mãe arrumando alguns documentos, enlacei seu pescoço com os braços e a apertei.

– Que foi meu amor? – Ela perguntou passando a mão nas minhas costas.

– Nada, só queria te ver. –

Então a liberei.

Olhei para seu rosto. Ela era perfeita. Tinha os Cabelos Lisos até um pouco menos que os ombros, cinzas, da mesma cor do olho. A pele era da cor dela. Da cor da Lua. Sorri.

– Que foi? – Perguntou.

– Você e tão bonita. – Respondi. Porque era mesmo.

– E você então? E maravilhosa. – disse.

– Não sou não.

– É sim, olha esses cabelos e olhos enormes prata, emitem luz própria. Essa pele Lilás e esse corpão. – Completou sorrindo.

Sorri também.

– Já vai dormir? – Perguntei.

– Vou sim, estou morta, mesmo isso sendo impossível.

– Eu já vou também. Boa noite.

– Boa noite. – Deu um beijo em minha testa e saiu.

Então eu fui pro meu quarto.

E esperei.

Quando deu a hora que Cristal e Lúcio tinham combinado comigo, levantei da cama e peguei minha mochila.

Parei no espelho pra me analisar uma ultima vez.

Meus cabelos completamente lisos foram presos pra trás em um rabo de cavalo deixando apenas minha Franja solta. Coloquei um vestido preto com mangas até os pulsos, que acabava um pouco acima do joelho, coloquei uma bota de cano curto sem salto, que também era preta. Respirei fundo. E fui até a frente do castelo.

Lúcio me esperava lá.

– Oi. - Ele disse baixinho.

– Olá. – Respondi baixo também.

– Você tem certeza do que tá fazendo né?

– Sim, pegou a chave?

Ele assentiu.

– Cadê a Cristal?

– Terminando de dar o suco para os guardas, ela vai vir pra cá assim que terminar.

– Ok.

Esperamos em torno de cinco minutos até Cristal aparecer.

– Olá Honeys. – Ela sussurrou.

– Oi. – Nós dois respondemos.

– Já tá pronta?

– Sim.

– Vamos então.

Andamos sorrateiramente até o portão que dava pra fora do Reino, olhando pra todos os lados para ver se ainda tinha algum guarda acordado.

Quando chegamos ao portão Lúcio tirou a chave do bolso e destrancou. Abriu apenas o suficiente pra eu passar.

Olhei pra ele, era alto, forte, tinha os cabelos e os olhos azuis piscina, e ele estava preocupado.

– Vai ficar tudo bem. – Garanti a ele.

– Espero que sim. Vou sentir saudades Luna.

E eu tive que conter as lagrimas. Lancei-me até ele e o abracei com força, e ele retribui.

Me liberei e segurei seu rosto com as duas mãos.

– Se cuida, e cuida da Cristal também.

Ele assentiu.

Me virei e vi Cristal, ela tinha cabelos médios lisos com cachos nas pontas, roxos e os olhos da mesma cor estavam marinados.

Abracei-a também.

– Fica bem tá? – Ela disse.

– Pode deixar.

Fui até o portão. Estava quase saindo quando me virei.

– Eu amo vocês dois. Não se esqueçam disso. – Falei.

– Nós também te amamos Luna.- Lúcio disse e Cristal, que agora chorava muito, apenas assentiu.

Então sai.

Era tudo preto.

Havia uma ponte que dava a uma pequena Luz amarela na outra ponta.

Segui reto e conforme me aproximava a Luz amarela ia aumentando.

Quando fiquei frente a frente com ela, vi que era um Portão.

Respirei fundo.

Fechei os olhos.

Empurrei o portão silenciosamente um pouco e entrei.

Abri os olhos. E uma luz tão forte entrou neles que perdi o equilíbrio e cai.

Lagrimas caiam compulsivamente de meus olhos e eu comecei a piscar muito, tentando me acostumar à luz do lugar.

Abri novamente os olhos e olhei pra cima.

E desta vez não estava sozinha.

Um homem de porte alto, provavelmente um e oitenta e tantos me observava com o cenho franzido.

O encarei.

Meu Deus. Ele era divino.

A pele era bronzeada e um pouco alaranjada, os olhos uma mistura de amarelo com laranja e o cabelo era um loiro forte.

Me levantei e esfreguei os olhos, porque ainda não estava completamente acostumada a luz do local.

Mais então senti algo na minha testa.

Abri os olhos e olhei pra ele.

E me amaldiçoei por ter pensado qualquer coisa boa sobre ele.

Porque o cara que eu achei lindo,

Estava apontando uma arma pra minha cabeça.