Noites de Um Século escrita por Dead Coyote


Capítulo 11
Capítulo 10 - Crepúsculos




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6-         Crepúsculos

Patric abre os olhos, tonto, sentindo uma estranha presença próxima de si. A sala parecia excessivamente clara. Estava amanhecendo, de acordo com o que percebia. Ele observa em volta, forçando as vistas contra a claridade repentina. Não parecia haver mais ninguém ali além dele.

Engano. A porta que dava na cozinha range ao final do corredor e ele ouve passos apressados vindo em direção à sala, onde estava. Tenta se levantar, mas mal consegue se mover na poltrona. Contenta-se em virar a cabeça para fitar a porta, apreensivo. Os passos diminuem o ritmo e param ao chegar ao cômodo, revelando um garotinho de cabelos e olhos claros, sorridente, vestindo um velho macacão encardido e os pés descalços.

“Dam...” Ele não completa o nome.

“Você tá bem, Patric? Parece muito cansado. Estava preparando algo para você comer.”

O menino se aproximava da poltrona, depositando em cima dela uma bandeja de cobre decorada com relevos e repleta de biscoitos e pães fatiados. Uma garrafa de leite na outra mão foi logo deixada sobre a mesa ao lado da bandeja.

“Você está bastante fraco. Deveria comer um pouco de carne... deve ter algo lá dentro...”

Vai dizendo enquanto se encaminha novamente para a porta, desaparecendo no corredor, longe da visão de Patric. Tudo haveria sido um sonho afinal? O homem mal consegue virar-se, esticando o braço para alcançar algumas fatias de pão de milho. Seu corpo todo doía e o mínimo movimento era um insuportável sofrimento, mas a fome que sentia parecia apagar-lhe toda essa agonia quando os lábios tocaram o pão macio. O sabor leve parecia há muito esquecido e só agora que forçava-se a engolir o pequeno pedaço que mastigava percebeu como gostava daquela massa branca a que raramente dava atenção.

Apoiando-se com dificuldade no braço do sofá, tentou alcançar a garrafa de leite, mas ela parecia pesada demais para sua mão trêmula. Suspirou, enchendo o pulmão de ar e soltando levemente ao sentir a cabeça pesar e latejar profundamente. Fechou os olhos e quando os abriu estava novamente deitado no sofá e a sala começava a escurecer-se, tomada por tons alaranjados do fim da tarde. Piscou os olhos, tonto. E então reparou o menino de macacão sentado na poltrona única de frente para si. Entre eles havia a mesinha onde estava a bandeja e a garrafa, mas agora via-se uma vasilha da qual a fumaça erguia-se lentamente do caldo quente em seu interior, e ao lado, a garrafa continha vinho tinto. O garoto sorriu quando Patric voltou-se indagador para ele. Passara-se um dia inteiro num mínimo momento em que ele piscou? Estaria sonhando ou aquele era mesmo Damien? Os acontecimentos pareciam desconexos, sem muito sentido. Lembrava-se claramente do corpo de Damien no beco, largado, entregue à fome dos ratos naquele dia escuro. E agora ele estava ali... como se não tivesse sido nada além de um sonho estranho e distorcido.

Lembrando-se dos olhos extremamente amarelos que o encarou naquele beco ao amanhecer percebeu que o pequeno garoto de rua estava sentado no chão, ao seu lado, oferecendo-lhe uma colher de sopa com um grande pedaço de carne. A tigela já estava pelo meio, assim como a garrafa de vinho já havia servido pelo menos um copo, e o sabor do caldo quente em seus lábios deixava claro que Damien o alimentava há algum tempo... Seria mesmo Damien?

Fechou os olhos e os abriu. A cabeça voltara a doer, e o corpo tremia e continuava dolorido. Sentia frio, um frio intenso que o fez encolher-se. Olhou ao redor. Estava em seu quarto? Não se lembrava de como fora parar ali... Olhou para a janela, percebendo que estava fechada, a cortina impedindo a entrada de luz, caía até quase tocar o criado ao lado da cama. Onde estaria o menino?

“Dam...” A voz não saiu, presa em sua garganta rouca. Observou as sombras do quarto, alcançando no chão o grosso cobertor que provavelmente caíra. Talvez fosse tudo um estranho e confuso sonho mesmo... Cobriu-se, percebendo que a coberta estava um pouco úmida, assim como o travesseiro e sua própria face. Estava suando, e com muita febre.

A noite passou-se e uma luz branda começava a anunciar o dia no horizonte. Patric abriu os olhos, encontrando a poltrona e a mesinha em seu campo desfocado de visão. Piscou duas ou três vezes, acostumando-se com a luz trêmula de um castiçal sobre o piano. Voltara para a sala? Damien estava sentado ao pé da poltrona, abraçado aos próprios joelhos e brincando distraído com um cavalinho de madeira. Sim, voltara para a sala.

“Damien...?” Ele duvidou que fosse o menino, chamando o nome sem muita convicção. O garoto o encarou com seus olhos cor de mel. “Damien, há quanto tempo você está aqui...?”

O menino de rua apenas sorriu e mostrou três dedos com a mão direita, voltando a brincar com o cavalinho. Patric apoiou-se no cotovelo, observando-o. Três dias ou três horas?

“Três dias...” Damien respondeu, fazendo o homem perguntar-se se havia falado em voz alta. “Quer comer algo? Tem frutas e leite na cozinha... Quer que eu pegue?”

Patric não respondeu, mas o menino levantou-se e saiu pela porta do corredor, retornando rapidamente com uma bandeja que continha frutas, pães e uma garrafa de leite. A mesma cena da manhã anterior. Como? Pegou um pedaço de pão e sentou-se. Conseguiu se sentar! Ficou surpreso ao perceber que, apesar de sentir o corpo pesado, já não doía mais.

“O que...” A pergunta pareceu-lhe um tanto estúpida. “O que aconteceu antes desses dias?”

O menino o encarou por um longo momento em silêncio, e por fim, sentando-se na mesa de centro, sorriu.

“Ivan pediu que eu cuidasse de você. Você estava em seu quarto, muito fraco... e Ivan disse que eu cuidasse de você durante o dia.” Patric o encarou, depositando o copo de leite na mesa ao lado do menino. Mas e os ratos? Aquela conversa no beco? Damien estava morto, ele o pegara em seus braços, sentira o corpo rígido e gelado da criança... Como? Aquilo tudo teria sido apenas delírios de sua mente. Três dias, o menino disse. Talvez as brechas de sua memória nesses três dias seriam delírios de seu corpo cansado e fraco que teriam criado aquelas imagens. Não fazia sentido mesmo. Olhou ao redor reparando que não havia na sala nenhum sinal da luta com Ivan após a morte do menino. Mas o menino não morrera. Estava ali, brincando com um brinquedo de madeira a sua frente, sorrindo.

Eu tinha que acabar com você. A voz do vampiro ressoou em sua mente. Aquilo foi na noite em que viu o corpo de Damien... Teria sido mais um delírio? Não fazia sentido...

“Onde está Ivan?” Perguntou, sem tirar os olhos do canto da sala, ao ledo do piano, onde tinha certeza que atingira o ombro do vampiro com o ferro. Deveria ter sangue ali... Mas não tinha.

“Ivan? Não sei. Ele não veio aqui...” O menino disse, olhando para a janela. Patric acompanhou o olhar dele, constatando que o sol começava a surgir no horizonte lançando dentro do cômodo a luz pálida da manhã. “Durma um pouco, Patric, Tem que descansar...”

Dizendo isso o menino levantou-se e seguiu para o corredor. O corpo de Patric pareceu pesado, cansado. Tomou mais um gole do vinho e deitou-se. Realmente ele precisava descansar. Fechou os olhos.

Quando voltou a abri-los já era noite. Sentiu um estranho incômodo, uma sensação de perigo próximo, de alguém o vigiando. Patric olhou ao redor. Tudo estava escuro e silencioso, e entre as silhuetas negras dos móveis divisou uma estranha forma sobre o piano. Piscou, e enquanto seus olhos começavam a se acostumar com a escuridão conseguiu identificar o corpo de um homem sentado ali. Este se levantou, caminhando lentamente em sua direção. Além dele, Patric via sombras no chão. Manchas ao lado pé do piano e próximas à porta. Seriam as manchas de sangue do momento que feriu Ivan com o ferro? Elas não estavam ali antes... Suspirou, sentindo dificuldade em respirar. O corpo pesado não permitindo que ele se levantasse ou falasse algo. Observou o homem se aproximar e olhar ao redor da sala. Era Ivan. Os cabelos negros contra o rosto extremamente pálido, ele parecia estudar cada milímetro do ambiente, ignorando Patric como se buscasse por mais alguém no local. Enfim encarou a bandeja sobre a mesinha de centro. O prato com um resto de sopa no fundo e a garrafa de vinho vazia ao lado.

“Quem trouxe isso?” A voz do vampiro pareceu a Patric muito mais alta do ele esperava ouvir. E surpreendeu-se por reconhecê-la, como se ainda duvidasse que fosse Ivan quem estava ali.

O humano piscou inúmeras vezes encarando o vampiro enquanto seu contorno parecia se misturar com as sombras da sala e apagar-se lentamente. Não conseguiu responder, apenas desviando o olhar do rosto de Ivan para os recipientes na mesinha e dali para a mancha escura ao canto da parede perto da porta de entrada. Enfim fechou os olhos e voltou a dormir, como se não tivesse realmente acordado.

E a cada pequeno vislumbre dos dias e das noites, Patric começava a desacreditar de tudo. Os pensamentos já não fazendo mais sentido, tanto quanto as memórias que pareciam não mais se encaixarem. Ora era noite, ora dia. Às vezes o amanhecer era seguido de nova alvorada, enquanto ele sentia como se um único por do sol pudesse durar dias. Um piscar de olhos e do seu quarto ele estava na sala. A única coisa que parecia não mudar era a presença do garoto de macacão desbotado trazendo-lhe algo de comer ou apenas o vigiando. Aquela única aparição de Ivan tornando-se uma estranha peça fora do conjunto. Um novo amanhecer, a claridade invadindo a janela do quarto, despertou Patric de seu sono.

O menino estava lá, novamente. Parecendo brilhar com a luz que nascia no horizonte e batia em seu rosto pálido. Ele parecia tão pálido quanto estava nas lembranças do corpo desfalecido no beco, apesar dos olhos brilhantes e grandes encararem o homem na cama com uma luz que lembrava os olhos vivos de Scarlet. E foi o tempo de Patric piscar os olhos e o amanhecer novamente se tornava entardecer, e a luz avermelhada coloria o céu do lado de fora da janela. Mas o menino permanecia sentado ao canto de sua cama, os olhos brilhando como os olhos da mulher que Patric tanto amou. O homem arriscou levantar-se, e sentiu uma estranha leveza tomar seu corpo. Não sentia dor ou cansaço, nem precisou de força para colocar-se sentado de frente ao garoto. Os olhos amarelos e felinos como os de Scarlet piscaram para ele.

O garoto não deveria ter mais de doze anos, reparou. Talvez dez... Patric observava os contornos da face redonda e inexpressiva. Os cabelos muito loiros, talvez se fossem mais avermelhados, poderia ser ele próprio quando criança. Mal se lembra de seu reflexo nos espelhos de casa naquela época antigo. Mas a visão do garoto invadia-o com uma profunda sensação de aconchego, a mesma que o tomava ao relembrar seu passado ao lado da mãe e amante. Suspirou, estendendo a mão em direção ao pequeno Damien, mas parou a meio caminho de tocá-lo e novamente a abaixou.

De repente o coração de Patric acelerou, tomado por uma incompreensível certeza. Aquele garoto poderia ser seu filho. Scarlet morrera ao dar a luz e depois de perdê-la seu mundo se tornou um redemoinho de lembranças e ilusões desconexas... “Só pode ser...” sussurrou para si mesmo, e ao encarar a criança, ela sorria para ele, como se confirmasse tudo. Ivan não existia... Era uma criação de seu inconsciente para os homens que lhe tiraram sua Scarlet quando ainda era apenas um garotinho solitário, como seu filho ali. Os homens que Scarlet levava para afastá-la de Patric... Os homens sem nome ou rosto que Patric tanto odiava.

O homem ajoelhou-se na cama, aproximando o rosto do pequeno garoto que apenas piscou algumas vezes para ele. Se Ivan era apenas uma miragem em sua mente, esse garoto era seu único ponto de firmeza, que agora tentava traze-lo de volta da insanidade em que havia mergulhado por... dez anos? E todas essas estranhas suposições vinham à mente de Patric como certezas que ele acabara de enxergar. Como se estivessem o tempo todo ali, e por algum estranho motivo ele as ignorava. E então, com um sobressalto, ao ver nos olhos do menino tudo o que ele ignorou por tanto tempo, Patric afastou-se rapidamente, batendo as costas contra a cabeceira da cama, dolorosamente.

Se então esse garoto a sua frente era mesmo seu filho, quanto tempo ele passou nesse mundo de ilusões onde existiam criaturas fantásticas como vampiros...? Sim, o vampiro representava a morte de Scarlet também... Mas o que significava então a visão do corpo de Damien naquele amanhecer, no chão do beco? Damien estava bem ali, sentado em sua cama... O que foi aquilo, então? Tão real e palpável... Patric lembrava-se com nítida certeza do toque gelado do corpo inerte da criança. Lembrava-se do peso real daquele pequeno corpo... E a lembrança da morte parecia tão mais autêntica e absoluta do que agora se mostrava o menino sobre sua cama a encará-lo. Levou a mão esquerda inconscientemente ao pescoço, na região onde lembrava que Ivan o mordera. Não sentia dor ou inchaço ali, e sua pele parecia estar isenta que qualquer ferida ou cicatriz, como se nunca houvesse sido maculada. Talvez Ivan nunca fora real... Encarou novamente o garoto.

Uma forte dor em suas têmporas fez Patric apertar os olhos e sua visão, ao abri-los novamente, estava turva e falhando, com inúmeros pontos brilhantes que surgiam e desapareciam entre as manchas negras que a embaçava. Divisou, ainda em sua cama, o menino a encará-lo friamente e estendeu a mão para tocá-lo. Patric sentia, como se fosse algo vital, mais que qualquer outra coisa naquele momento, que deveria alcançar o corpo daquela criança. Ter certeza que ela realmente existia, e que pelo menos ela poderia estar ali.

A dor novamente o tomou, com maior intensidade, que sentiu apenas o corpo tombar enquanto tudo escurecia ao seu redor. Não sentiu o baque com a cama, nem sentiu o calor avermelhado do pôr-do-sol ir-se para dar lugar ao frio da noite.

Abriu os olhos, colocando-se sentado na cama com tal rapidez que foi tomado por uma leve tontura. Despertou de repente, o corpo alerta e totalmente desperto não mostrava a entorpecência natural que o toma sempre que perde o sono no meio da noite. Divisou rapidamente os contornos do quarto, os olhos ainda se acostumando ao escuro paravam em uma ou outra sombra, identificando o vão entre os móveis, roupas sobre uma cadeira e... a sombra de um homem em pé ao lado de sua cama, recostado contra a parece da janela, parcialmente coberto pela cortina que pendia imóvel sobre a janela.

“Ivan...?” Patric perguntou, receoso, enquanto virava-se na direção às sombra.

O vampiro aproximou-se lentamente dele, estendendo o braço e tocando com dedos gelados e queixo de Patric, fazendo-o erguer o rosto em sua direção. Observou com olhos atentos e preocupados toda a extensão da pele pálida do pescoço do homem, correu os dedos longos por essa região, fazendo uma corrente de calafrios arrepiar os pêlos da nuca e braços de Patric. E então, com uma expressão de desagrado que sumiu rapidamente de seu rosto, o vampiro afastou-se do humano e virou-se para a janela, observando a rua deserta do outro lado do vidro.

“Quantos dias se passaram, Patric, desde a última vez que nos vemos?”

Patric não soube responder, mesmo parecendo algo tão simples que o fez abrir a boca para uma resposta que não veio. Não conseguia se lembrar, e ainda tinha em sua mente a nítida impressão que o garoto ao seu lado era muito mais real do que Ivan. Tanto que olhou ao seu redor procurando-o inconscientemente. Sentiu-se confuso, entre duas realidades que poderiam, ambas, não condizer com a verdade. Abaixou o olhar para suas mãos sobre os joelhos, engolindo em seco.

“Fazem-se apenas três dias, Patric...” O vampiro continuou, sabendo que o outro não o daria uma resposta. “E seu corpo está totalmente recuperado do meu ataque. As feridas cicatrizaram-se e o sangue que perdeu já foi compensado pelo seu organismo... Nenhum mortal se recupera dessa forma. Na verdade, um mortal não conseguiria se recuperar sozinho no estado em que eu te deixei...” Falando isso, Ivan o encarou com uma longa pausa. Patric abriu novamente a boca para dizer algo e a fechou em seguida, quando Ivan balançou negativamente a cabeça em uma resposta silenciosa para a pergunta que Patric nem pronunciou. “Não, Patric. Você não é um vampiro. Você ainda é você, humano e mortal.”

Patric franziu o cenho, sem entender. A idéia de ter passado apenas três dias ainda o incomodando, tanto quanto se perceber sem capacidade de diferenciar o que era ou não real em todos aqueles amanhecer e anoitecer que se seguiram com a ausência do vampiro. E ainda assim, a incômoda certeza dentro de si que ele tinha uma vida muito mais longa do que essa, e que talvez ela fosse real, com um filho e uma história da qual não conseguia se lembrar. Ivan o encarou por todo o tempo que essas dúvidas correram-lhe a mente, e foi quando o vampiro desviou os olhos negros dos seus que ele percebeu a presença sobrenatural ainda ali.

“Patric. Quero que me prometa uma coisa...” O homem o encarou, e Ivan voltou a fixar seus olhos profundos sobre os olhos confusos de Patric. “Logo irá amanhecer, e assim que eu me retirar, você trancará todas as portas e janelas, e esquecerá completamente tudo o que se passou ou o que você sentiu nesses últimos três dias.” Com uma pausa o vampiro observou o lado de fora da janela e voltou-se para Patric, que ainda o encarava. “E não tente encontrar respostas, ou mesmo distinguir o que está em sua mente. Não espere que ninguém volte e não queira procurar por mim. Não deixe que ninguém, - entendeu? -, ninguém entre em sua casa, nem mesmo eu.”

“Mas... Por que isso? Do que você...?”

“Preste atenção, Patric! Siga sua vida e você esquecerá isso tudo. Eu não quero te matar e você não tem que querer morrer.” Ivan avançou em direção ao homem, agarrando a gola do casaco que vestia, colando seu rosto ao do outro de forma que as pontas dos narizes se tocaram. “Não pense nem tente relembrar o que se passou.” Ele sussurrou entre dentes, os olhos negros com um brilho incisivo contra o olhar assustado de Patric.

O vampiro então se afastou, largando o homem e voltando-se para a janela. Patric respirava rápido, os batimentos de seu coração acelerados. “Ivan...?”

E o vampiro voltou-se para ele. “Um dia eu te explico, Patric. Por enquanto, só esqueça tudo que sabe sobre a minha existência ou de outros como eu.” Abriu a janela e, colocando um dos pés no mármore da base, sussurrou como um pedido. “Tranque assim que eu sair...” e desapareceu.

Patric ergueu-se rapidamente, alcançando a janela e trancando-a, sem mesmo compreender por que fazia isso sem questionar. Apenas sentindo que o pedido do vampiro tinha uma certeza sólida acima de qualquer outra estranha questão que o perturbava. Dali, puxando o casaco contra o corpo devido ao frio, os pés descalços, sem se preocupar com isso, seguiu para os outros cômodos, constatando, em cada porta e janela, que tudo estava meticulosamente trancado. Se foi Ivan que trancou, ele não tinha como provar, mas tinha apenas certeza disso. Não pensou a respeito, como a criatura da noite o pediu, voltando rapidamente para seu quarto, enrolando-se sob os lençóis e cobertores, sentindo o peito arfar e o coração pulsar exigente contra suas costelas, como se instintivamente seu corpo se preparasse para o perigo iminente, mesmo que ele nem suspeitasse o que pudesse ser. Não conseguiu fechar os olhos, esquadrinhando infinitas vezes as sombras do quarto até que cada uma delas se tornasse tão grandes e tão negras, a medida que seu peito se acalmava e uma dormência aconchegante tomava seus membros e ele adormecesse em silêncio.


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Notas finais do capítulo

-oOo-
Bem... desculpe-me a demora... Fora o Nyah! ter ficado inativo por um longo tempo, a memória RAM do meu pc queimou... aí já viu né... Eu desesperada achando que tinha perdido tudo, até descobrir que era memória, fiquei três semanas sem escrever... o que atrasou muito! O_o
Mas... agora também tem o período de provas da facul, o que significa que demorarei um pouco mais a escrever... mas paciência, sempre que possível eu irei atualizar a fic!
Obrigada a todos que estão acompanhando, e obrigada a lidi pelos reviews (e MP cobrando atualização XD~~)!!!!

Coyote



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